A Glória do amor na Cruz (Texto, áudio e vídeo)* – Jo 13: 21-38 - Manoel Coelho Jr.
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I – INTRODUÇÃO:
Este texto está ligado de maneira fortíssima ao anterior, pois
se inicia assim: “Ditas estas coisas...”, o que é uma referência clara ao
trecho antecedente que trouxe como tema a grande lição que Cristo deu aos seus
discípulos em relação à humildade, pondo-se como exemplo. Como já vimos à
partir do capítulo treze mostra-se neste
Evangelho o amor de Cristo pelos seus, visto que se encerrou o ministério
público de Cristo, que teve como resultado geral a incredulidade por parte dos
ouvintes judeus. Mas Cristo tem os seus. Mas, destes “seus” Judas não faz
parte. Mesmo no grupo menor havia um reprovado. Porém os seus Ele amou e amou
ao extremo. É claro que este pequeno grupo aponta para todos os eleitos, pois
Ele veio morrer pelas suas ovelhas que estão entre os judeus, mas também entre
os gentios (Jo 10:14-16). Assim, a morte de Cristo é a manifestação de seu amor
pelo seu povo. E lembremos que o lava pés é um símbolo desta morte. Agora Ele
diz aos seus discípulos que eles devem servir uns aos outros em humildade como
Ele mesmo o fez em amor. E que dessa forma devem amar uns ao outros.
Mas o no mundo, ao contrário, há o exemplo de Judas. Homem traidor, falso, soberbo, ganancioso, que se serve dos outros em vez de servi-los. Judas se serviu dos discípulos fazendo-se um deles. Serviu-se do próprio Cristo traindo-o por interesse financeiro. Ele ouviu o diabo tornando-se seu instrumento. E a partir daí começou a mostrar quem de fatoera. Dessa forma Judas é um exemplo do homem ímpio que não ama a Deus nem ao próximo. Mas no Reino de Cristo não é assim. Ora ainda havia a natureza pecaminosa nos discípulos manifestando-se no fato de um querer ser maior que o outro. Mas Cristo lhes diz que no seu Reino é diferente, pois aquele que é o primeiro será o servo de todos, como Ele mesmo fez dando a vida por muitos. O Reino de Cristo é um Reino de amor, onde amamos a Deus, a Cristo, e por isso amamos os irmãos estando dispostos a servi-los em tarefas mais humilhantes como até mesmo lavar seus pés sujos. Então pensemos: Somos como Cristo ou como Judas?
Neste texto o Senhor avança mostrando o traidor claramente,
pois até aquele momento Ele falara, mas não desmascarando explicitamente aquela
realidade como vai fazer agora. E Ele se angustia diante da traição. Deus
aborrece e abomina a maldade. Os homens costumam tratar os seus pecados como se
não fossem nada, mas para Deus é muito sério. E ai daqueles que desprezam a
avaliação de Deus, porque tal avaliação é a correta, pois Cristo é a Verdade e
a Palavra de Deus é Luz. Outro dia eu ouvi um comentário no Facebook muito
interessante. Foi na época da Copa do Mundo quando a Brasil perdeu de sete a um
para a Alemanha, causando choro e lamento no estádio e por todo o país. Bem,
alguém comentou mais ou menos assim: “Eu
ficaria muito impressionado se esse choro fosse pelos pecados da Nação e não
pela derrota para a Alemanha no futebol”. Mas o fato é que no Brasil não há
choro pelos pecados. O Brasil é um dos países mais violentos do mundo. País
onde a corrupção impera; onde a violência cresce a cada dia; onde drogas
destroem a vida das pessoas; onde o adultério, promiscuidade, a prostituição a
destruição dos lares é crescente; onde a idolatria domina como vemos nesta
cidade (Belém) no Círio, e o vemos de várias outras formas de Norte a Sul; onde
as “Igrejas Evangélicas” se tornaram uma falsificação; onde o Evangelho é
distorcido. Mas ninguém chora, ninguém lamenta, nem mesmos os ditos crentes.
Não há sequer uma lágrima de quebrantamento pelos pecados seus e dos outros.
Eles choram sim, mas por suas doenças, por seus sofrimentos, por suas lutas, e
por tantos outros motivos até mesmo banais como por um jogo perdido na Copa.
Mas não choram pelos seus pecados. E nós como estamos diante de nossos pecados
e os pecados da nação? Porém Cristo, Aquele que é Santo Deus Encarnado, quando
esteve diante daquela traição angustiou-se em espírito e disse: “Em
verdade, em verdade vos digo que um dentre vós me trairá.” Jo 13: 21. Um
de vocês deste grupo seleto, grupo que escolhi, me trairá.
Então há aqui uma revelação clara sobre o terrível fato. E
nisso Ele apresenta Judas como um exemplo de traição, um exemplo de falta de
amor ao próprio Cristo. Um exemplo de falta de amor aos seus companheiros.
Enfim, um exemplo de falta de amor total. Cristo o denuncia diante de todos e o
alerta. Mas ao mesmo tempo Cristo se entrega ao serviço de morrer por amor,
cumprindo a Vontade do Pai em cada detalhe, até mesmo em relação a Judas, o
traidor. Cristo se entrega àquela situação. Assim que temos aqui um Judas que se
entrega a sua maldade, mas também, e muito ao contrário disso, temos um Cristo
que se entrega a vontade do Pai até as últimas consequências. Dessa forma temos
mais uma vez um contraste semelhante ao trecho que estudamos anteriormente. Há
um exemplo de amor, de sacrifício cheio de amor, e por outro lado um exemplo de
maldade, egoísmo, traição, perversidade, ódio, e destruição ao próximo.
Portanto Cristo diz: “Filhinhos, ainda por um pouco estou
convosco; buscar-me-eis, e o que eu disse aos judeus também agora vos digo a
vós outros: para onde eu vou, vós não podeis ir. Novo mandamento vos dou: que
vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos
outros.” Jo 13: 33, 34. Amem como eu amei, ou seja, com amor
sacrificial. Então enquanto Judas é um exemplo de pessoa maldosa que não se
sacrifica, mas sacrifica aos outros, Cristo é um exemplo supremo de amor
sacrificial, e que nos chama para este mesmo tipo de amor. E tudo isso, o texto
vai nos mostrar, não é pelo poder do homem, mas pela graça de Deus.
II – A TERRÍVEL SITUAÇÃO DE JUDAS (Jo 13:21-30).
Mas o verso 21 nos diz: “Ditas estas coisas, angustiou-se
Jesus em espírito e afirmou: Em verdade, em verdade vos digo que um dentre vós
me trairá.”. Os discípulos olharam uns para os outros sem saber a quem
ele se referia. Esta notícia foi um susto para aqueles homens e eles não tinham
ideia de quem era o traidor. Isso só pode significar que Judas se passava por um
deles e fazia isso muito bem, pois ninguém percebia, com exceção de Cristo. Ora
Judas estava sempre com eles, ouvia os mesmos ensinamentos, via os mesmo
milagres, e estava aparentemente em comunhão com Cristo e com eles. Ele até
mesmo chegou a operar milagres e expulsar demônios com eles (Mt 10: 1-8).
Enfim, era como um deles. Não havia diferença aparente entre Judas e os demais
discípulos, de forma que quando Cristo disse aquilo eles pensaram: Mas quem
será? Isso é muito sério, pois mostra que é possível uma pessoa incrédula e
ímpia parecer de Deus, de Cristo, e enganar a todos, de forma a que as pessoas
da comunhão cristã chegam a acreditar que se trata de uma pessoa genuinamente
temente a Cristo. Mas a intenção do coração é o que importa. Esta intenção,
neste caso, mostra que a pessoa não ama a Cristo, mas tem um propósito
interesseiro e traidor. No entanto a aparência é outra. É claro que mais cedo
ou mais tarde tal intenção vai se manifestar, como aconteceu com Judas. Todavia
este caso é um alerta a todos nós, nos chamando a uma avaliação constante sobre
as reais intenções de nosso coração, para que não nos enganemos nem enganemos
aos outros. Lembremos que há alguém que nunca se engana. Quem é Ele? Resposta: O
próprio Cristo, como o texto nos evidencia. Ninguém pode enganar a Cristo, pois
Ele sabe o que vai no homem (Jo 2: 23 -.25). Por isso nunca tentemos enganar a
nós mesmo ou aos outros a respeito de nossa relação com Jesus Cristo.
Perguntemos: Já entendemos o princípio do amor e humildade do Reino de Cristo?
O que amamos e queremos? O que vai em nosso coração? Somos como Judas, ou
seguimos a atitude de Cristo?
Em seguida o texto diz: “Ora, ali estava conchegado a
Jesus um dos seus discípulos, aquele a quem ele amava;” Jo 13: 23.
Havia uma relação estreita entre Cristo e este discípulo, que podemos crer ser
João. Ora, como de costume, Pedro não se contem e questiona a tal discípulo
assim: “Pergunta a quem ele se refere” Jo 13: 24. João então pergunta e
recebe a resposta: “É aquele a quem eu der o pedaço de pão molhado” Jo 13: 26. Este
ato se fazia a alguém que se valorizava. Lembremos que no verso 18 Cristo
citara o Antigo Testamento com estas palavras: “Não falo a respeito de todos vós,
pois eu conheço aqueles que escolhi; é, antes, para que se cumpra a Escritura:
Aquele que come do meu pão levantou contra mim seu calcanhar.”. Aquele
a quem eu trato dessa forma, dando o pão, me trairá. Agora Cristo dá o pão a
Judas. Com isso Cristo estava alertando a Judas. É como quem diz: “Olha o que estás fazendo. Estás te voltando
contra Aquele que te dá o pão”. É um alerta de Deus a um homem reprovado,
um homem que não é eleito, homem que não recebeu a graça, homem que foi deixado
ao seu próprio coração traidor e maldoso. Mas ainda assim, um homem totalmente
responsável pelas suas ações e pela sua traição. A Bíblia mostra que Deus
alerta a todos os homens. Acaso o Senhor nos ordenou pregarmos apenas aos
eleitos? Não e não! Ele disse para irmos a todo o mundo. Você vê em toda a
Bíblia Deus alertando àqueles que não vão mesmo ser salvos. Deus alertou Caim.
Deus alertou a Faraó. Deus agora alerta a Judas. Deus alerta aos ímpios. Deus
alerta a todos os homens porque os considera responsáveis. No Juízo tais
alertas se voltarão contra os ímpios mostrando-lhes que Deus os chamou e os
preveniu, mas mesmo assim eles teimosamente prosseguiram nos seus pecados e
maldade. Lembremos que “ao que tem se lhe dará, e terá em
abundância; mas, ao que não tem, até o que tem lhe será tirado” Mt 13:
12. Deus tem dado sua Revelação, mas os homens a têm desprezado e por isso
serão julgados. O fato é que Deus nos trata como seres responsáveis e nos
alerta por isso. Em tudo Deus está dizendo: O
que estás fazendo com tua alma? O que fazes quanto ao pecado? Como reages a
Cristo? Ora, Judas estava indo contra Cristo. Deus diz: “Arrependei-vos,
pois, e convertei-vos para serem cancelados os vossos pecados, a fim de que, da
presença do Senhor, venham tempos de refrigério, e que envie ele o Cristo, que
já vos foi designado, Jesus, ao qual é necessário que o céu receba até aos
tempos da restauração de todas as coisas, de que Deus falou por boca dos seus
santos profetas desde a antiguidade.” At 3:19-21. “Homens de dura cerviz e
incircuncisos de coração e de ouvidos, vós sempre resistis ao Espírito Santo;
assim como fizeram vossos pais, também vós o fazeis. Qual dos profetas vossos
pais não perseguiram? Eles mataram os que anteriormente anunciavam a vinda do
Justo, do qual vós agora vos tornastes traidores e assassinos, vós que
recebestes a lei por ministério de anjos e não a guardastes.” At 7:
51-53. “Tomai, pois, irmãos, conhecimento de que se vos anuncia remissão de
pecados por intermédio deste; e, por meio dele, todo o que crê é justificado de
todas as coisas das quais vós não pudestes ser justificados pela lei de Moisés.
Notai, pois, que não vos sobrevenha o que está dito nos profetas: Vede, ó
desprezadores, maravilhai-vos e desvanecei, porque eu realizo, em vossos dias,
obra tal que não crereis se alguém vo-la contar.” At 13: 38-41. “Ora,
não levou Deus em conta os tempos da ignorância; agora, porém, notifica aos
homens que todos, em toda parte, se arrependam; porquanto estabeleceu um dia em
que há de julgar o mundo com justiça, por meio de um varão que destinou e
acreditou diante de todos, ressuscitando-o dentre os mortos.” At 17:
30, 31. Será que você não ouvirá estes alertas de Deus?
Mas Judas não ouviu o alerta. Não ia mesmo ouvir, pois seu
coração não era regenerado. O texto
prossegue: “E, após o bocado, imediatamente, entrou nele Satanás. Então, disse
Jesus: O que pretendes fazer, faze-o depressa.” Jo 13: 27. Isso deve
significar que após Cristo alertar a Judas, este rejeitou tal alerta no
coração, e então imediatamente ficou nas mãos do diabo. O Maligno já vinha tentando
a Judas no coração, levando em conta sua avareza (Jo 13:2). Assim é que Judas
em vez de ouvir o alerta de Cristo, na verdade já vinha ouvindo a satanás,
passando então a ser seu instrumento. Não há neutralidade. Ou se pertence a
Cristo ou se pertence a satanás. Ou as influencias que estão sobre nós são de
Cristo, isto é, a Palavra, a Verdade, o Evangelho, a Graça; ou são a carne, o
mundo e o diabo (Ef 2:1-10). Ou se é Filho de Deus ou se é filho do diabo. Ou
amamos a Verdade e nos apegamos a ela, ou se seguimos a mentira do maligno,
sendo por ele induzidos, enganados, destruídos. Ou somos de Cristo ou do
maligno. Judas foi se entregando cada vez mais a satanás até que chegou a estar
totalmente em suas mãos.
Jesus diz em seguida: “O que pretendes fazer, faze-o depressa”.
Não há mais esperança para Judas. Que terrível é isso. Que Deus nos guarde de
estarmos nesta situação. Que Deus nos livre de sermos por Ele mesmo entregues
ao coração não regenerado e ao diabo. Isto é a pedra rolando ladeira abaixo. É
um avião sem as asas. É um carro sem freio. É o homem indo para a destruição. É
Deus tirando toda a restrição deixando o ímpio seguir o curso livre de seu
coração corrupto. Mas qual o motivo de chagar-se a este ponto? Olhando para
Judas, e do ponto de vista da responsabilidade humana, podemos responder que
tal coisa ocorre quando há uma sistemática negligência ao que Deus tem
concedido de revelação de sua Verdade. Judas teve as mesmas revelações que os
demais discípulos, mas nunca as recebeu com fé. Assim é que “ao
que tem se lhe dará, e terá em abundância; mas, ao que não tem, até o que tem
lhe será tirado” Mt 13: 12. Portanto, cuidado com seu coração. Cuidado
com sua alma. Cuidado com o que você está fazendo com Cristo. Cuidado para não
continuar teimosamente resistindo a Palavra de Deus. Ouça os alertas de Deus,
pois chega o tempo em se tira todas as restrições e se diz: “O que
pretendes fazer, faze-o depressa”.
Leiamos mais um texto para reforçar este ponto.
Jeremias ora: “Acaso, já de todo rejeitaste a Judá? Ou
aborrece a tua alma a Sião? Por que nos feriste, e não há cura para nós?
Aguardamos a paz, e nada há de bom; o tempo da cura, e eis o terror.
Conhecemos, ó SENHOR, a nossa maldade e a iniqüidade de nossos pais; porque
temos pecado contra ti. Não nos rejeites, por amor do teu nome; não cubras de
opróbrio o trono da tua glória; lembra-te e não anules a tua aliança conosco.
Acaso, haverá entre os ídolos dos gentios algum que faça chover? Ou podem os
céus de si mesmos dar chuvas? Não és tu somente, ó SENHOR, nosso Deus, o que
fazes isto? Portanto, em ti esperamos, pois tu fazes todas estas coisas.”
Jr 14: 19-22.
Mas Deus não atende e responde:
Disse-me, porém, o SENHOR: Ainda que Moisés e Samuel se pusessem diante
de mim, meu coração não se inclinaria para este povo; lança-os de diante de
mim, e saiam.” Jr 14:19-15:1.
Deus não ouviria mais tal oração. Acabara a paciência de
Deus. Para Judas Deus diz: “O que pretendes fazer, faze-o depressa”.
Acabou para Judas a também acabara para todos que continuarem desprezando os
alertas de Deus. Deste ponto em diante somente haverá a obra de satanás levando
a derrota completa. Este é o caminho do pecado. Cuidado!
Mas o texto segue dizendo: “Nenhum, porém, dos que estavam à
mesa percebeu a que fim lhe dissera isto” Jo 13: 28. Isto deve incluir
João e Pedro. E continua: “Pois, como Judas era quem trazia a bolsa,
pensaram alguns que Jesus lhe dissera: Compra o que precisamos para a festa ou
lhe ordenara que desse alguma coisa aos pobres.” Jo 13: 29. Como certo
comentarista o coloca, deve assim ter ocorrido diante da grande perplexidade
que tomou conta dos discípulos. Assim eles pensaram que Judas iria cumprir
alguma ordem de Cristo dentro da sua função de tomar conta do dinheiro. Mas o
que se diz a seguir é muito importante: “Ele, tendo recebido o bocado, saiu logo. E
era noite.” Jo 13:30. Logo sai Judas totalmente dominado pelo maligno.
E quando aconteceu isso era noite. Era escuro. Havia trevas. Como certos
comentaristas destacam...Não era noite somente lá fora, mas também no coração
de Judas. Agora Judas está em completas trevas. Não há mais luz, não há graça,
não há mais a direção de Deus, mas apenas trevas, densas trevas espirituais.
Jesus diz: “Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas; pelo
contrário, terá a luz da vida.” Jo 8: 12. Mas Judas já não estava mais
com Cristo. Ele havia negado o ultimo alerta de Cristo, entrara nele satanás e
agora ele pega aquele bocado de pão e adentra as trevas da noite, porque em
Judas agora há uma noite no coração. Agora ele está por si e na mão do diabo.
Deus nos guarde disso. Um homem sem a Graça é um homem morto. É um Judas indo
em direção a morte. Ninguém mais o para. Não há esperança. A apostasia é
completa.
III – O GLORIOSO AMOR DE CRISTO E SEU EXEMPLO AOS DISCÍPULOS.
(Jo 13: 31-35).
Quando Cristo disse a Judas “O que pretendes fazer, faze-o
depressa” Ele também estava demostrando a sua entrega voluntária para
cumprir toda a vontade do Pai para salvação dos seus amados. Ele estava pronto
para morrer por eles. De fato Ele os amou ao extremo. Assim é que o verso
trinta esta ligado ao seguinte. Observe o trinta: “Ele, tendo recebido o bocado,
saiu logo. E era noite.”. O trinta e um então diz: “Quando
ele saiu, disse Jesus: Agora, foi glorificado o Filho do Homem, e Deus foi
glorificado nele;”. Por que agora? Porque naquele momento em que Judas
saiu iniciaram-se os eventos decisivos para a morte de Cristo. Ora, Judas era a
oportunidade que os inimigos de Jesus esperavam. Por isso diz: “Agora, foi glorificado o Filho do
Homem, e Deus foi glorificado nele; se Deus foi glorificado nele, também Deus o
glorificará nele mesmo; e glorificá-lo-á imediatamente.” Jo 13: 31, 32.
Por que Cristo fala assim? Resposta: Porque era na morte que Cristo serviria
aos seus amados em extremo. Era na morte que a Glória de Deus se manifestaria
em seu amor em dar seu próprio Filho pelos seus eleitos. Era na morte que o amor
do Pai e do Filho se mostraria em glória. Trata-se da Glória de Deus no amor.
Ou em outras palavras, trata-se da manifestação de Deus como amor. Por isso que
o capitulo começa dizendo: “Ora, antes da Festa da Páscoa, sabendo Jesus
que era chegada a sua hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os
seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim.” Jo 13:1. Agora Judas
sai para entregar a Cristo. Chegara a hora da manifestação deste amor até o
fim. Deus estava sendo glorificado. O texto destaca também que “se
Deus foi glorificado nele, também Deus o glorificará nele mesmo”. Há
uma comunhão de glória visto que o Filho era enviado do Pai. Assim podemos
dizer que o Pai, O Filho e também o Espírito, a Trindade Santa é glorificada
nesta hora. À Deus a glória! E “glorificá-lo-á imediatamente”, pois
daí a poucas horas Cristo seria crucificado. Judas já havia saído para entrega-lo
aos inimigos para ser esbofeteado, para ser chicoteado, para ser maltratado,
para levar a coroa de espinhos, para carregar a Cruz, e para finalmente ser
pendurado nela, derramando o seu sangue, e recebendo naquela hora a Ira de Deus
em lugar dos seus amados eleitos “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que
deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a
vida eterna.” Jo 3:16. De fato Deus estava sendo glorificado e isto
seria logo.
Agora Cristo olha para seus discípulos e fala com eles
carinhosamente assim: “Filhinhos, ainda por um pouco estou
convosco; buscar-me-eis, e o que eu disse aos judeus também agora vos digo a
vós outros: para onde eu vou, vós não podeis ir.” Jo 13: 33. Esta é uma
linguagem do amor de Cristo pelos seus. Cheio de amor é o Nosso Senhor. Como
Ele trata os seus com tanto amor. Com Ele é cheio de compaixão pelos seus
amados. Saiu Judas e agora só ficaram os seus amados. Ficaram apenas os
filhinhos. Enquanto Judas estava lá Ele dizia: “vós estais limpos, mas não todos”,
“Não
falo a respeito de todos vós, pois eu conheço aqueles que escolhi; é, antes,
para que se cumpra a Escritura: Aquele que come do meu pão levantou contra mim
seu calcanhar”, e “O que pretendes fazer, faze-o depressa”.
Mas agora Judas saiu e o tratamento é “Filhinhos”, pois ali estavam seus
amados, os que Ele veio servir, aqueles por quem Ele veio dar a sua vida. Como
o Senhor é amoroso. Como Ele trata os seus com amor. Seguindo um texto de Jonathan
Edwards afirmo: Se somos seus não devemos temê-lo, pois é bem verdade que para os
seus inimigos Ele é terrível, mas para os seus é todo amor e compaixão. Que
consolador é isso. Console-se leitor crente, pois seu Senhor é extremamente
amoroso.
Agora Ele lhes diz: “Filhinhos, ainda por um pouco estou
convosco; buscar-me-eis, e o que eu disse aos judeus também agora vos digo a
vós outros: para onde eu vou, vós não podeis ir.” Jo 13: 33. Ele está
dizendo: Eu vou morrer, vou ser sepultado e depois ressuscitarei e vou para o
Pai, mas vocês ainda não vão. Ele diz a Pedro: “Para onde vou, não me podes
seguir agora; mais tarde, porém, me seguirás.” Jo 13: 36. Mais tarde
Pedro, mais tarde. Ele está dizendo isso não só para aqueles onze, mas para
todos os seus discípulos. É para mim e você, se somos uns de seus amados
filhinhos. Ele diz: Vocês ainda não podem estar onde Eu já estou. Sim, vocês
ainda estão neste mundo mal. Mas eu orei por vocês assim: “Já não estou no mundo, mas eles
continuam no mundo, ao passo que eu vou para junto de ti. Pai santo, guarda-os
em teu nome, que me deste, para que eles sejam um, assim como nós.” Jo
17: 11. Vocês ainda estão neste mundo mal, perverso, pecador, que odeia-os, que
os abomina, mas tenham paciência. Há um tempo para ficar aqui. Ainda não chegou
o momento de estarem comigo na Glória. Mas esse tempo vai acabar. Sim “Não
se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu
Pai há muitas moradas. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito. Pois vou
preparar-vos lugar. E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos
receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós também.”
Jo 14: 1-3. É isso que deseja o Senhor. Sim, que Naquele Dia Glorioso a Noiva adornada
e pura esteja com o Noivo para sempre, sempre, e sempre. Vai chegar este dia,
mas ainda não. Ainda estamos neste mundo. Mas Ele já está lá e também lembremos
que ao morrermos estaremos com Ele. Por isso Paulo diz: “para mim, o viver é Cristo, e o
morrer é lucro” Fp 1:21. Consolemo-nos com todas estas verdades.
Mas enquanto estamos no mundo o que devemos fazer? Ele nos
responde assim: “Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu
vos amei, que também vos ameis uns aos outros.” (Jo 13:34), ou seja,
que enquanto estamos no mundo amemos como Ele amou. Não vivamos evidentemente como
Judas de forma traidora, maldosa, perversa. Não, mas ao contrário, sigamos o
exemplo de Cristo, exemplo de amor. Ele como que nos diz: Lembrem do amor que
tive por vocês ao servi-los, em dar a minha vida por vocês, e agora façam disso
vosso exemplo e amem dando-vos a eles em amor sacrificial. Lembrem que vocês
não devem amar os irmãos por eles serem perfeitos, pois eu amei vocês quando
eram meus inimigos, amei-os apesar de seus pecados e imperfeições. Então
enquanto estão nesta vida sejam dominados pelo meu amor, amor que vem do Pai
através de mim para vocês. Portanto, vivam neste amor amando seus irmãos. E diz
mais o Senhor: “Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns
aos outros.” Jo 13: 35. As pessoas olharão para você e vão julgá-lo
pelo que? Você diz que é de Cristo? Pois bem, elas somente se convencerão de
que isto é verdade se você amar seu irmão. Pois, “Nisto conhecerão todos que sois
meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros.” Jo 13: 35. É a
medida que recebemos o amor de Deus em Cristo, que também amamos ao nosso Pai e
amamos nossos irmãos, perdoamos nossos irmãos como Cristo nos perdoou, temos
paciência com eles como o Senhor a tem conosco todos os dias. Sim, ele nos
perdoa todos os dias. O Senhor olha para
nós com seu zelo, carinho, paciência. Ele nos chama de “filhinhos”. Ele chamou
Pedro, que logo se mostraria soberbo, de filhinho. Pedro sou eu, Pedro é você,
somos todos falhos, mas Ele nos trata como filhinhos. Por que não faríamos o
mesmo com nossos irmãos quando se mostram imperfeitos? Ele diz: Amem assim. Amem com suas palavras.
Amem com suas ações. Amem com suas vidas. Que suas vidas sejam vidas de amor,
porque eu amei vocês, e como eu amei vocês. Essa é nossa vida irmãos. Enquanto
estamos caminhando em direção a Glória, em direção ao Céu que amemos. Paulo diz
que quem ama guarda os mandamentos (Rm 13:8-10). Jesus resumiu os mandamentos
em amar a Deus e ao próximo (Mc 12: 28-34). Assim façamos aos nossos irmãos manifestando
de fato que somos discípulos de Cristo. Que assim seja conosco. Amém!
IV – PEDRO E A INEFICIÊNCIA DO PODER HUMANO PARA A OBRA DE
AMOR E SERVIÇO (Jo 13: 36-38).
Mas poderemos amar e servir por nosso próprio poder? Não e não.
Trata-se de algo que só se consegue com a Graça de Deus. Pedro, o sempre
falante, não se conformando com o que Jesus dissera sobre ir e deixa-los diz: “Senhor,
para onde vais? Respondeu Jesus: Para onde vou, não me podes seguir agora; mais
tarde, porém, me seguirás.” Jo 13: 36. Então Pedro cheio de certeza
própria fala: “Senhor, por que não posso seguir-te agora? Por ti darei a própria vida.”
Jo 13: 37. E ele estava sendo sincero, meus irmãos. Pedro era um homem sincero.
Porém, a sinceridade dele mostrava que ele confiava em si. Olhemos outro texto:
“Então,
Jesus lhes disse: Esta noite, todos vós vos escandalizareis comigo; porque está
escrito: Ferirei o pastor, e as ovelhas do rebanho ficarão dispersas. Mas,
depois da minha ressurreição, irei adiante de vós para a Galiléia. Disse-lhe
Pedro: Ainda que venhas a ser um tropeço para todos, nunca o serás para mim.
Replicou-lhe Jesus: Em verdade te digo que, nesta mesma noite, antes que o galo
cante, tu me negarás três vezes. Disse-lhe Pedro: Ainda que me seja necessário morrer
contigo, de nenhum modo te negarei. E todos os discípulos disseram o mesmo.”
Mt 26:31-35. Observem que Mateus destaca
algo que João não menciona. Bem, Pedro fala de sua disposição em dar a vida por
Cristo. Mas Jesus faz um diagnóstico verdadeiro da situação de Pedro. O
discípulo disse aquelas coisas confiando em si próprio. Pedro estava sendo
sincero, porém falava apoiado em um diagnóstico errado. Baseava-se em sua
própria força e opinião. Mas Jesus dá o diagnóstico certo, não baseado na
opinião humana, mas na verdade. Ele diz: “Darás a vida por mim? Em verdade, em verdade
te digo que jamais cantará o galo antes que me negues três vezes.” Jo
13:38. A precisão de Cristo é impressionante referindo-se até ao canto do galo.
Porém Mateus destaca que mesmo Jesus dizendo isso de forma tão enfática e
precisa Pedro não aceita, e cheio de confiança puramente humana diz: “Ainda
que me seja necessário morrer contigo, de nenhum modo te negarei.” Mt
26: 35.
Amigos, uma vida de amor sacrificial a Cristo e aos irmãos não
é alcançada pela força do homem. Não é alcançada pela força de Pedro. Não é
alcançada pela maior sinceridade humana que exista neste mundo. Por mais que um
homem faça promessas sinceras ele por si não pode amar sacrificialmente. Isso é
uma obra da Graça de Deus. Então não faça como Pedro. Não diga confiando em
suas forças que está pronto a morrer por amor. Não pense que você possa fazer isso
por si. Pedro mostrou que é impossível. Mas é olhando para a Cruz, confiando no
Poder da Graça de Deus que vencemos. É pela fé Nele e não em nós que podemos
amar sacrificialmente. Deus nos diz que se confiarmos nas nossas forças teremos
uma opinião e diagnóstico errados e o canto do galo o mostrará. Mas Cristo
perdoou a Pedro porque o Senhor é cheio de graça. E Pedro depois, não pelo
poder humano, mas pelo Poder do Espírito em Atos 2 se levantou e pregou com
toda a coragem. E um dia de fato Pedro deu a vida por Cristo. Jesus vai dizer
isso assim: “Em verdade, em verdade te digo que, quando eras mais moço, tu te
cingias a ti mesmo e andavas por onde querias; quando, porém, fores velho,
estenderás as mãos, e outro te cingirá e te levará para onde não queres. Disse
isto para significar com que gênero de morte Pedro havia de glorificar a Deus.
Depois de assim falar, acrescentou-lhe: Segue-me.” Jo 21: 18, 19. Pedro
ia mesmo morrer por Jesus. Aquela palavra de Pedro: “Senhor...Por ti darei a própria
vida”, realmente se cumpriu. Mas não na primeira vez, porque nela ele
falou confiando em si. Mas na segunda vez isso aconteceu porque ali ele era um
homem dependente da graça. E João diz que dessa maneira “havia de glorificar a Deus”.
A morte de Pedro glorificou a Deus. Porque na sua morte a obra de Cristo nele
aparece ao ponto de amar tanto Aquele que o amou primeiro, isto é, Cristo, até o
estágio de se dispor a dar a vida por Ele. Isso é o amor e nisso está a Glória
de Deus, quando alguém até mesmo dá a vida por Jesus. É isso que Deus quer em
nós. Judas não deu avida por ninguém. Ao contrário, Judas entregou a vida de um
inocente. Judas é do diabo. Judas é das trevas. Mas o Reino de Deus é daquele
que ama ao ponto de dar a vida por Cristo e só pelo Poder da Graça de Deus.
Qual nossa situação?
V- CONCLUSÃO:
Qual destes exemplos você almeja seguir? Será o de Judas?
Será o exemplo de Pedro? Você quer seguir o exemplo de alguém dominado pelo seu
coração mau e pecador, cheio de egoísmo, perversidade e traição, que finalmente
cai em apostasia completa e domínio de satanás indo para a morte e destruição
eternas? Ou você quer ser como Pedro,
que era pecador e salvo pela graça, e que o Senhor chama de filhinho
resgatando-o dos seus pecados, salvando-o e dando-lhe tanta graça ao ponto de
que amou seu salvador e irmãos até ao estágio de dar a própria vida, nisto
glorificando a Deus? Qual vida você almeja? Que Deus nos dê graça para sermos
como Pedro, para que ouçamos os alertas de Deus e creiamos de fato em Cristo. Que
Deus nos guarde de ser como Judas. Que o glorifiquemos na vida e na morte. Amém!
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*Pregação da noite de domingo, dia 14 de setembro de 2014, na Congregação Batista Reformada em Belém.
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