Exposição de Gênesis 9: A aliança com Noé e a profecia sobre seus filhos (Primeira parte).


I – INTRODUÇÃO:

Neste capítulo temos dois eventos importantes: A Aliança com Noé e sua sua Profecia em relação a seus filhos. Ambos tem para nós grande importância por nos mostrar a graça de Deus como também sua severidade com relação ao pecado. Todas as dádivas, e a dádiva maior que é Cristo, nos são dadas com base unicamente na graça de Deus. No entanto isso não significa que Deus não leva a sério o pecado, mas com certeza o punirá!

II – PRESCRIÇÕES E A ALIANÇA (Gn 9:1-19):

No início do capítulo temos as ordens dadas por Deus que deveriam ser cumpridas nesta nova fase da história da humanidade sobre a terra. Vemos a ordem, a semelhança do início com Adão, de que os homens deveriam se multiplicar. Temos também prescrições em relação aos animais, o respeito que se deve ter pelo sangue por ser a vida. Esta questão se torna mais séria com relação ao sangue dos homens, pois o homem é a imagem de Deus. Quem matasse um homem deveria morrer, visto ter desonrado a imagem de Deus.
O presbítero Solano Portela em seu livro “A Lei de Deus hoje” a partir da página 117 fala sobre a pena de morte a luz da Bíblia comentando o texto que estamos estudando. Ele divide o seu argumento em vários pontos. Paço a citar os dois primeiros que nos ajudarão neste assunto:
“a. A pena de morte foi instituída no Antigo Testamento não porque Deus desse pouca validade à vida das pessoas, mas exatamente porque ele considera estas vidas extremamente importantes. Nesse sentido, perdia direito à sua própria vida qualquer um que ousasse atentar contra a criatura formada à imagem e semelhança do seu Criador. Esta foi a base da instituição da pena de morte em Gn 9:6”
“b. Notamos neste mesmo trecho, que a pena de morte antecede a lei judicial ou civil da nação de Israel. Ou seja, na Lei civil de Israel, temos desdobramentos e detalhamentos da pena capital, mas não o seu surgimento. Ela foi comandada à raça humana em termos gerais, representada por Noé e seus descendentes, da mesma forma que o mandamento adâmico de 'povoar a terra' é reafirmado, no verso 7, a Noé.”
Sei da enorme aversão a pena de morte por parte de muitas pessoas, mas creio que Solano Portela tem razão em suas afirmações por basear-se na Bíblia e não em opiniões humanas. Mas a luz de todo este ensino quero destacar duas coisas:
A – Deus é o centro de tudo. Vemos isso até na instituição da pena de morte. A vida humana é preciosa pelo fato de ser o homem a imagem e semelhança de Deus. Dessa forma quando tiramos Deus da centro passamos a ter uma visão distorcida dos valores, perdendo assim o verdadeiro sentido de nossa vida: a glória de Deus.
B – A pena de morte é a favor da vida e não contra ela como normalmente se pensa. O assassino deve morrer porque não dá valor a preciosidade da vida humana, que expressa a imagem de Deus. Mas quem é contra a pena de morte e valoriza o assassino, na verdade está contra a vida por defender quem a destrói.
Mas quero deixar claro que em tudo isso estou me referindo a pena de morte aplicada pelo Estado, e não a linchamentos e vinganças pessoais, a conhecida “justiça com as próprias mãos”, que não passa de assassinato e é proibido pelas Escrituras.
Mas prossigamos no estudo do texto. O Senhor passa a tratar da Aliança com Noé propriamente dita a partir do verso 8. A Aliança é entre Deus e Noé, seus descendentes, e toda a terra. Deus se compromete a não mais trazer um dilúvio sobre a terra e estabelece um selo: O arco íris. Diz que quando o arco aparecesse se lembraria da Aliança. Será que Deus precisá ser lembrado? É lógico que não. O que ocorre é que o arco é um selo da promessa, da fidelidade de Deus. O Senhor está dizendo que não deixará de cumprir a promessa. Ele é Fiel! Sobre o sinal da aliança Derek Kidner diz assim na página 96 de seu comentário: “era bem apropriado para cumprir a função primordial de todos os sinais pactuais, que é a reafirmada certeza de realização, como seria com o posterior sinal da circuncisão.” Sabemos que é característico das alianças de Deus a existência de um selo que as confirma.
Mas devemos nos perguntar: Qual a base desta aliança? Ora, Deus promete não trazer mais um dilúvio. Será que os homens a partir daquele momento não mais mereceriam um castigo semelhante? Sabemos que esta não é o caso, pois os homens continuaram a pecar. Então qual a base da Aliança? A resposta é essa: A graça de Deus! Não há outra base, pois merecemos em nosso tempo um castigo como um dilúvio. As vezes vemos pessoas dizendo frases assim quando sofrem ou vêem outros sofrerem: “Eu não mereço isso”, “onde estava Deus quando esta tragédia aconteceu?”. Na verdade, ao contrário de tudo isso, todos nós deveríamos ficar extasiados diante da graça e bondade de Deus em não permitir que venham sofrimentos muito maiores, conforme merecemos, pois creia-me meu amigo: Se não fosse a graça de Deus agora mesmo já estaríamos no inferno, pois é o que merecemos por sermos pecadores! Mas a graça de Deus revelada nesta aliança com Noé é que mantém toda a criação e por conseguinte a nossa vida nesta terra. Portanto só podemos dar graças a Deus e nunca murmurar mesmo em meio a tragédias! Tais tragédias são apenas gotas do oceano da ira de Deus que virá sobre os impenitentes no inferno. É a graça manifesta nesta Aliança que mantém o corpo, a respiração, o alimento de todos nós pecadores neste momento em que você lê este texto! Mas não pensemos que a Ira de Deus, que seu castigo justo, que seu Juízo não virá. Sim o juízo virá quando Cristo voltar, e vem também sobre cada um por ocasião da morte, se não tiver a Cristo como Salvador e Senhor! O Dilúvio é um alerta a todos nós que um dia Deus nos chamará para a prestação de contas. Cristo é nosso Único advogado neste julgamento. Ele já é seu advogado? Você e já se arrependeu de seus pecados e creu Nele como seu Único Salvador e Senhor? Todavia devemos lembrar que o Juízo que vem não será mais com as águas como o foi no dilúvio, mas pelo fogo como nos mostra II Pe3:10-12! Em tudo isso se vê as implicações desta Aliança, e assim da fidelidade de Deus.
Mas existe uma ligação forte desta aliança com o eterno Pacto da graça para a salvação dos eleitos de Deus. De fato esta é uma aliança mais geral, tratando de toda a terra, e não especificamente dos eleitos de Deus pelos quais Cristo se sacrificou. No entanto segundo Louis Berrkof nos afirma nas páginas 272 e 273 de sua Teologia Sistemática, podemos ver ligação destas alianças em pelo menos três aspectos. Cito suas palavras a seguir:
“(1) A Aliança da natureza também é oriunda da graça de Deus. Nesta aliança, como na aliança da graça, Deus outorga aos homens não somente favores imerecidos, mas bençãos das quais ele fora privado por causa do pecado. Por natureza o homem não tem direito nenhum às bençãos naturais prometidas nesta aliança. (2) Esta aliança também repousa a aliança da graça. Foi estabelecida mas particularmente com Noé e sua semente porque havia claras evidências da realização da aliança da graça nessa família...(3) Ela também é um necessário apêndice da aliança da graça. A revelação da aliança da graça em Gn 3:16-19 já indicava bençãos terrenas e temporais. Estas eram absolutamente necessárias para a realização da aliança da graça. Na aliança com Noé o caráter geral dessas bençãos é exposto claramente, e a continuação delas é confirmada”.
Em tudo isso vemos a bondade de Deus, e também sua fidelidade em seguir a risca seu propósito de salvar um povo para si! Louvado seja Ele!
Continua...

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