"Jesus te ama"... Tem certeza?

Este texto é de autoria do amado irmão Ezequiel Farias, diácono na Primeira Igreja Batista Reformada em Caruaru, que gentilmente me permitiu a publicação. Desejo que os leitores reflitam neste assunto tão importante, que em nosso tempo tem sido muito mal compreendido. Que o ensino da Escritura prevaleça entre nós!


Certamente você já viu ou ouviu a frase “Jesus te ama”, e, por ter ouvido somente das palavras de Jesus que parecem traduzir amor a todos os homens, nunca tenha sido levado a imaginar que haja outro sentimento de Deus para com o ser humano, não é verdade?
De um lado está você que, como qualquer ser humano, não deseja imaginar que Deus tenha um sentimento contrário à sua pessoa; do outro, pessoas que não imaginam – ou não querem considerar – que Deus tenha outro sentimento em relação a homens, embora se baseiem em um único versículo bíblico para propalar a tal afirmativa:
“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16).
Ora, defendem todas as religiões cristãs, bem como a hermenêutica (ciência da interpretação e aplicabilidade de textos), que o uso isolado de um único verso é muito perigoso, tanto por ignorar o contexto como a interpretação geral das Escrituras; o que é imprescindível respeitar sob pena de se estabelecer uma doutrina sem fundamentação, levando-se ao surgimento de seitas, isto é, dizendo-se ter a regra de fé na Bíblia mas ignorando a Sua unidade doutrinária.
Deus é o Senhor Perfeito e, portanto, não possui apenas o atributo “amor”. Assim, quem opta por sair declarando às pessoas indistintamente que Deus as ama, parece não investigar a possibilidade de outros atributos divinos serem aplicados aos homens.
O que chama a atenção de qualquer religioso é saber que quando da sistematização das doutrinas bíblicas pelos protestantes, após a eclosão da Reforma, o atributo Amor (de Deus) não tinha aplicação a toda humanidade. Mas, o Iluminismo e o Humanismo, tambem surgidos na Europa, terminaram por influenciar, ao longo dos anos, várias interpretações do Livro cujo Autor jamais se deixou influenciar por filosofias humanas, o que inclui a doutrina do Amor de Deus. Assim, aquelas firmes interpretações da Reforma vieram a ser revistas, de modo que o eu das pessoas passou a não mais ser magoado pelas verdades das Escrituras, razão pela qual muitos, hoje, estranharem ao ouvir ou ler certas doutrinas na visão reformada. Mas, graças a Deus por este novo tempo (novamente), e em todo o mundo, pois muito do que aprendemos é que precisa ser revisto, e isto inclui o atributo Amor.

Há um termo, e único no verso em questão, cujo significado esclarece a compreensão do todo. Trata-se da palavra “mundo”. Geralmente interpretada, tanto por evangélicos como católicos, como significando toda a humanidade existente em todos os tempos.
Antes de analisarmos o verso em apreço, devemos atentar para o fato que a Bíblia apresenta várias aplicações diferentes para o termo mundo, e que o registro de que Deus ama o mundo tão-somente ocorre em João 3.16! Vejamos as principais aplicações para mundo nas Escrituras:
1-Como Terra ou planeta: “Se vós fosseis do mundo...; como, todavia, não sois do mundo...” (Jo 15.19);
2-Como toda a humanidade: “Porquanto estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça...” (At 17.31)
3-Como a população ímpia: “... o mundo amaria o que era seu... por isso, o mundo vos odeia” (Jo 15.19);
4-Como sistema corrompido: “porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida...” (I Jo 2.16).
Sendo assim, não se pode simplesmente afirmar que mundo em Jo 3.16 se trata de toda a humanidade – o que tem sido o propósito de muitos ao usarem também o termo todos e suas variantes encontrados em outros versículos. Uma fiel interpretação dos três versículos que abaixo apresentamos é suficiente para chegarmos ao real significado ou a quem o termo mundo se refere em Jo 3.16:

Primeiro versículo: “Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito; o meu Servo, o Justo, com o seu conhecimento, justificará a muitos, porque as iniqüidade deles levará sobre si” (Is 53.11).
Nenhum teólogo cristão duvida que o texto acima se refira ao Messias prometido ou Jesus Cristo. Mas, quanto à hermenêutica há diferentes interpretações, e isto, infelizmente, muitas vezes ocorre em razão da tendência religiosa.
A primeira frase afirma que o Messias ao vislumbrar o fruto do seu sacrifício – pois é a isto que se refere o verso anterior: quando der ele a sua alma como oferta pelo pecado – ficaria satisfeito. Embora estejamos tratando do atributo amor (de Deus), e não expiação de pecados, o texto de Isaías é defendido como referente à obra de Cristo na cruz por amor a todos os homens, isto é, uma interpretação em perfeita harmonia com a que geralmente se faz de Jo 3.16. Todavia, tal interpretação não consegue solucionar alguns questionamentos que se levantam contrário. O primeiro é que se Jesus amou ao mundo (como humanidade) a ponto de morrer por ele, como ficaria satisfeito se nem todos por quem morrera creram nele, pelo contrário, a maioria descreu (Mt 7.13,14; Gl 4.27)? A segunda é como morrera ou amara a todos se o próprio texto nos informa de uma morte que não engloba toda a humanidade, ao se registrar as seguintes frases: “por causa da transgressão do meu povo” (v.8), “justificará a muitos” (v.11), “eu lhe darei muitos como a sua parte” e, “levou sobre si o pecado de muitos” (v.12)? A terceira é que se entendermos que Jesus derramou seu preciosíssimo sangue por todos os homens, mas muitos não vieram a crer no Filho de Deus, teremos que concluir que Jesus morreu em vão – pelo menos em relação àqueles que o rejeitaram –; ou, igualmente, que seu propósito eterno de salvar a todos foi frustrado! Mas, isso seria impossível ao Deus Perfeito e, por isto mesmo, essa interpretação não condiz com hermenêutica das Escrituras no que diz respeito ao amor de Deus por homens.
A Bíblia se interpreta pela Bíblia, pois ao se caminhar para além dEla se cai no perigo de introjetar idéias filosóficas e humanistas, obtendo-se resultados que não se harmonizam com os preceitos de Deus. E o que da Bíblia se pode responder harmoniosamente a tais argumentos é que Deus elegeu na eternidade certo número de pessoas, segundo o Seu beneplácito, e enviou Jesus Cristo para lhes servir de propiciação diante do Pai em razão dos seus pecados, a fim de que elas obtivessem eterna salvação. Alguns textos são claros em expressar esse plano eterno e divino: Em Mt 1.21 lemos: “Ela dará à luz um Filho e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles”; o apóstolo Paulo escrevendo a Timóteo, na 2ª carta 1.9, diz: “que nos salvou e nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos”; e aos tessalonicenses assim se expressou: “Entretanto, devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados pelo Senhor, porque Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade, para o que também vos chamou mediante o nosso evangelho, para alcançardes a glória de nosso Senhor Jesus Cristo” (II Ts 2.13,14); e ainda aos efésios informa: “Assim como nos escolheu, nele, antes da fundação dos mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade” (Ef 1.4,5). Portanto, somente aquele que é atraído pelo Evangelho é fruto de um eterno amor de Deus em Cristo Jesus, o qual assim foi declarado pelo profeta Jeremias: “... Com amor eterno eu te amei, por isso, com benignidade te atraí” (Jr 31.3); e relembrado pelo apóstolo João aos irmãos: “Nós amamos porque ele nos amou primeiro” (I Jo 4.19).
O Senhor Jesus, certa feita, quando discursava à multidão, afirmou: “Quem é de Deus ouve as palavras de Deus; por isso, não me dais ouvidos, porque não sois de Deus” (Jo 8.47), e, quando Se lhes apresentava como o Bom Pastor que ama e se dá pelas ovelhas, também afirmou sem nenhuma restrição: “Mas vós não me credes, porque não sois das minhas ovelhas” (Jo 10.26). Nenhum de nós pode fazer tal afirmação a nenhum dos homens, pois não temos tal poder de discernimento. Todavia, ao Jesus fazê-lo, confirma o ensino bíblico da eleição de um povo amado e eleito na eternidade por Deus para a salvação – o que deve ser visto como um ato da graça de Deus, uma vez que recai sobre pecadores das mesmas condições espirituais (Mc 7.20-23) dos que não são chamados: “Ou não tem o oleiro direito sobre a massa, para do mesmo barro fazer um vaso para honra e outro para desonra? Que diremos, pois, se Deus, querendo mostrar a sua ira e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita longanimidade os vasos de ira, preparados para a perdição, a fim de que tambem desse a conhecer as riquezas da sua glória em vasos de misericórdia, que para glória preparou de antemão, os quais somos nós, a quem também chamou, não só dentre os judeus, mas tambem dentre os gentios?” (Rm 9.21-24). E é isso que significa ser salvo pela Graça de Deus!!!

Segundo versículo: “Assim como lhe conferiste autoridade sobre toda a carne, a fim de que ele conceda a vida eterna a todos os que lhe deste” (Jo 17.2).
O verso faz parte da oração de Jesus a Deus. O que Jesus fala neste verso trata-se de uma segunda oração (gramatical) comparativa iniciada na última parte do verso primeiro. Isto é, Jesus está dizendo (verso 2) que do mesmo modo que Deus Lhe deu poder de governo (Mt 28.18; I Co 15.24-28) sobre toda a humanidade (“toda a carne”), para que Ele desse a vida eterna a todos que Deus Lhe dera (Jo 6.39; At 13.48), assim tambem essa atitude comutativa em que o Pai dá glória ao Filho e o Filho atende ao Pai naquilo que Ele tem determinado, ocorre, igualmente, no que se refere a sua glorificação (verso 1°), isto é, na sua morte, em que ambos são glorificados (Jo 13.31,32): Deus, em ver cumprido o seu decreto eterno em Cristo (Is 53.6 e 10; At 4.28; II Tm 1.9) e, Cristo, em cumprir voluntariamente o decreto do Seu Pai (Is 53.10; Jo 6.38; 18.11), morrendo na cruz.
Tal construção comparativa, portanto, não altera o que Jesus está afirmando no verso em análise. Ele usa a terceira pessoa do singular (ele) para se referir a Filho do verso primeiro, isto é, a Si mesmo, informando que possui autoridade sobre todas as pessoas, com o fim (porém) de conceder a vida eterna àqueles que o Pai Lhe deu (“a todos os que lhe deste”) – fato que se efetuou mediante a cruz, ao qual Jesus se refere no v.4, declarando: “Eu te glorifiquei na terra, consumando a obra que me confiaste para fazer”. Esta compreensão é reforçada no verso 6 em que Jesus afirma cabalmente que a manifestação do seu Nome não foi a todas as pessoas indistintamente, mas “aos homens que me deste do mundo”, acrescentando que assim fora porque pertenciam a Deus (“eram teus”). No verso 9 este entendimento é mais uma vez reforçado quando Jesus, novamente, declara interceder por um povo ou certo número de pessoas de dentre toda a humanidade. Sim, este tem que ser o significado de mundo aqui uma vez que, na mesma frase, se encontra em oposição a certo número de pessoas que foi dado por Deus a Jesus (“mas por aqueles que me deste”). Tal distinção é outra vez reforçada pelo Mestre ao destacar no final do verso: “porque são teus”. Até certa altura desta oração Jesus parece estar se referindo somente aos discípulos (ou a mais alguns crentes contemporâneos) em oposição ao mundo ímpio de então, todavia, ao lermos atenciosamente toda a oração, especialmente os versos 20 e 24, somos impactados pelo grande e eterno amor de Deus aos seus amados de todas as épocas. Esse amor divino dirigido especificamente a um povo dentre toda a humanidade ainda pode ser conferido em diversos textos citados pelo próprio Jesus (Jo 5.21; 6.37 e 39; 10.16, e 27-29; 15.16 e 19).

Terceiro versículo: “E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses tambem glorificou” (Rm 8.30).
Este verso é conhecido como a “cadeia inquebrável”, não só por estar inseparavelmente ligado pela construção gramatical, mas pelo contexto que lhe precede, não lhe permitindo interpretações desvirtuadas – como comumente se faz ao se usar apenas o texto que lhe sucede (vs.31-39), levando muitos a entenderem o texto de forma indevida, desonesta e irreal!
O apóstolo Paulo desde o início do capítulo 8 vem se referindo aos crentes, ou “os que estão em Cristo Jesus” (v.1), “que se inclinam para o Espírito” (v.5), “que são guiados pelo Espírito de Deus” (v.14), que tem “as primícias do Espírito” (v.23), ou ainda, aos “que são chamados por seu decreto” (v.28). Paulo no verso 29, então, explica o porquê de tudo que acabou de falar aos crentes, afirmando que assim é ou ocorre porque “aos que de antemão conheceu também os predestinou para serem conforme a imagem do seu Filho”. O verso 30, portanto, segue toda a ação graciosa de Deus em predestinar, chamar, justificar e glorificar somente aqueles que “dantes conheceu”! O termo glorificar se refere a um acontecimento quando da vinda de Cristo, mas é apresentado aqui como já acontecido exatamente para demonstrar a segurança de um decreto eterno, divino e, obviamente, infalível! (Esse trabalho não tem o fim de dar o significado de cada termo aqui, mas apenas esclarecer o fato de que o amor de Deus precisa ser considerado à luz do texto sagrado. E, por isso, não vou fazê-lo em relação aos termos deste verso.) Consequentemente, isto é, por força da construção gramatical e da referencia somente aos crentes, o texto de 31 a 39 jamais pode ser usado para toda e qualquer pessoa.
Mais uma vez temos um texto claro de que Deus tem um povo que será chamado porque na eternidade foi amado e eleito em Jesus Cristo para a salvação. E por isso mesmo do apóstolo declarar expressamente: “Por esta razão, tudo suporto por causa dos eleitos, para que também eles obtenham a salvação que está em Cristo Jesus, com eterna glória” (II Tm 2.10).

Portanto, conhecendo essa Verdade bíblica a nós revelada, o termo mundo em Jo 3.16 somente tem fundamentação bíblica se interpretado como o mundo daqueles sobre quem o amor de Deus foi tal ao ponto de oferecer o Seu próprio Filho em sacrifício vivo como oferta pelos seus pecados (Mt 26.28; Jo 13.1), para que ao crerem em Jesus Cristo por obra do Espírito Santo (Jo 3.6-8) tivessem a garantia de vida eterna! Aliás, se tal prova de amor fosse por toda a humanidade a Bíblia não falaria de condenação, perdição ou ira vindoura (Mt 7.13; Jo 3.18; Rm 2.5), uma vez que é Deus mesmo Quem converte o coração do homem a Cristo (Ez 36.26,27; Jo 1.13; 6.44)!
Concluindo, creio que estou devendo apresentar qual outro atributo, então, que Deus dispensaria aos não-eleitos. A Escritura declara que toda a Criação – o que obviamente inclui todos os pecadores indistintamente – é permeada pelas misericórdias de Deus (Sl 145.9), pois elas são a causa de não sermos consumidos pelo Criador (Lm 3.22). Todavia, há um atributo igualmente declarado pelas Escrituras que muitos líderes conseguem manipular de tal forma que ele se torna ignorado pelos fiéis. A Bíblia, porém, não faz nenhum “jogo de cintura” para informar que existe uma permanente ira divina sobre aqueles que não têm a cobertura ou propiciação do sangue de Cristo sobre si, o que parecem não aperceberem os cristãos ao lerem estas palavras, no Antigo Testamento: “Se o homem não se converter, afiará Deus a sua espada; já armou o arco, tem-no pronto; para ele preparou já instrumentos de morte, preparou suas setas inflamadas” (Sl 7.12,13); “O Senhor põe à prova ao justo e ao ímpio; mas, ao que ama a violência, a sua alma o abomina” (Sl 11.5 ); “Porque o perverso é abominação para o Senhor” (Pv 3.32); “Abominação para o Senhor são os perversos de coração” (Pv 11.20). Não menos claro quanto a esse atributo de Deus sobre homens é um verso do Novo Testamento por demais conhecido, embora igualmente ignorado quanto à realidade do que ensina a sua última parte: “Por isso, quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se mantem rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus” (Jo 3.36). João Batista, como um verdadeiro cristão, isto é, que não mascara a Verdade, antes a proclama, afirma aqui que há uma permanente ira – e não amor – de Deus sobre todo aquele que se mantem contra o Seu Filho. Ora, se a ira de Deus permanece é porque já estava sobre o homem, e isto por causa da sua condição natural de pecador desde o seu nascimento (Sl 51.5; 58.3; Rm 5.12), o que lhe faz um escravo do pecado (Jo 8.34; Rm 6.6). Tal situação somente é mudada se Deus converter esse homem ao Seu Filho Amado (Rm 5.1; Ef 2.13-16), derramando sobre ele o Seu amor pelo Espírito Santo (Rm 5.5). Se isto, porém, nunca ocorrer significa que tal homem não estava no plano eletivo de Deus. Este fato é ensinado pelo apóstolo Paulo em Rm 9 (um dos capítulos mais detestado pelos conhecidos cristãos), dizendo que ao nascerem os filhos de Rebeca Deus já sentenciara o seu amor por Jacó e o seu aborrecimento por Esaú (v.13), com estas palavras: “O mais velho será servo do mais moço” (v.12), e que assim declarara para que o Seu propósito quanto a eleição (do seu povo) prevalecesse, isto é, fosse claramente reconhecido por todos. Porem, mais uma vez muitos tentam enfraquecer tal doutrina interpretando aborreci por amei menos, como se isso anulasse a clareza da Escritura quanto à doutrina da Eleição. O texto de Malaquias 1.2-4, na verdade, é que anula tal idéia ao deixar claro que Deus tem um povo amado em função da Eleição mesmo dentre os hebreus – o que é confirmado por Paulo nos versos de 6 a 8 –: “Eu vos tenho amado, diz o SENHOR; mas vós dizeis: Em que nos tens amado? Não foi Esaú irmão de Jacó? – disse o SENHOR; todavia, amei a Jacó, porém aborreci a Esaú; e fiz dos seus montes uma assolação e dei a sua herança aos chacais do deserto”. Aliás, interpretar aborrecer como amar menos contradiz flagrantemente a doutrina do amor de Deus, uma vez que Ele ama em Cristo (Rm 8.39 – Ef 2.4-7) e a pecadores em iguais condições (Rm 3.9), significando ser impossível graduação no Seu ato de amar o homem. Assim, a bem da hermenêutica bíblica, deve-se entender o termo aborrecer como odiar ou detestar, tanto por pertencerem ao mesmo radical grego (μισέω), como concordarem com o termo usado no V.T. para representar a aversão de Deus aos que não são seu povo: abominar, e que Paulo usa a passagem de Malaquias para enfatizar o aspecto da rejeição (ou eleição) divina entre pessoas e pessoas, pois é o que vem demonstrando desde o versículo 28 do capítulo anterior.
É assim, portanto, que a Bíblia apresenta uma 5ª aplicação para o termo mundo em suas páginas: a população ou número de todos os eleitos de Deus desde a eternidade, o que se pode extrair lógica e obviamente do mesmo verso que apresenta o mundo dos ímpios: “Se vós fosseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; como, todavia, não sois do mundo pelo contrário, dele vos escolhi, por isso, o mundo vos odeia” (Jo 15.19).
É, portanto, em razão da Palavra de Deus que a mensagem “Jesus te ama” se torna desautorizada e sem sentido.

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