Exposição do Evangelho de João: A adoração genuína (Primeira parte)!

 Senhor, disse-lhe a mulher, vejo que tu és profeta. Nossos pais adoravam neste monte; vós, entretanto, dizeis que em Jerusalém é o lugar onde se deve adorar. Disse-lhe Jesus: Mulher, podes crer-me que a hora vem, quando nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai. Vós adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem dos judeus.  Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores.  Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade. (Jo 4:19-24) 

I – INTRODUÇÃO: 

Adoração a Deus é algo central em nosso relacionamento com Ele, visto que só o Senhor é Deus, e fomos criados para adorá-lo. É por isso que um entendimento correto a respeito desta questão é algo tão importante. Ora, como já temos observado, o pecado, que esta em nós, sempre trabalha para o nosso entorpecimento espiritual. Pecado é fuga da realidade, é trevas. Aplicando-se este fato a questão da adoração, podemos dizer que muitas pessoas pensam que estão adorando a Deus quando na verdade estão adorando outra coisa, tornando-se assim idólatras. Como em todos os assuntos, só existe um caminho seguro, e este é o da Palavra de Deus. Portanto, observemos este texto da Palavra que trata exatamente deste assunto: A adoração Genuína.  

II O OBJETO A ATITUDE E A FORMA DA ADORAÇÃO: 

William Hendriksen em seu comentário a este trecho nos apresenta as seguintes questões em relação ao tema da adoração que eu exponho em minhas próprias palavras: O objeto da adoração, a atitude de quem adora, e a forma usada na adoração. Considero estas questões importantíssimas para o assunto, e todas estão presentes no texto. Portanto, as usarei para nortear o nosso estudo.  Mas demos agora algumas explicações breves sobre estas idéias, apresentando algumas advertências sobre com respeito a seriedade delas:

1 – O Objeto da adoração: Evidentemente é o próprio Deus. O perigo neste caso é alguém adorar a outra pessoa ou coisa e não a Deus. É possível, ainda, alguém pensar que está adorando ao verdadeiro Deus sendo, que em vez disso, adora sua própria idéia de como seja “Deus”, ou seja, adora um “deus” de sua imaginação e não o verdadeiro Deus. Este aspecto aparece neste texto conforme veremos. 

2 - A atitude de quem adora: Quando falamos de atitude estamos nos referido ao coração, as motivações que geram a adoração. Logicamente se não houver uma atitude correta no coração a adoração não será genuína. Por exemplo, é preciso sinceridade para que a frase “eu te amo” seja verdadeira. Se não estiver sendo sincero, as minhas palavras não serão verdadeiras. Em vez disso serão expressões de hipocrisia. Em relação a adoração, só será verdadeira se o coração de fato estiver voltado para Deus. Assim a atitude do adorador é absolutamente essencial. 

   3 – A forma de adoração: Isto se refere as expressões de nossa adoração, aquilo que é externo. Será que qualquer coisa pode ser acrescentado a um culto, bastando que queiramos, ou existem limites? Será que não existe um padrão dado por Deus? Eis uma questão muito importante para os tempos atuais, e digo isso porque temos visto todo o tipo de prática em meio as igrejas durante os cultos. Porem isso não é novo. Ao longo da história o cristianismo precisou enfrentar a questão. O fato é que devemos investigar seriamente este ponto, pois o que importa é a determinação de Deus e não os nossos gostos. Ora, o adorado deve ser Deus e não nós, e caso estejamos tentando adorar a Deus de uma forma que Ele não prescreveu, o que estaremos fazendo é adorar a nós mesmo, e dessa forma não passaremos de idólatras odiosos diante Dele. A questão é muito séria e não de pouca importância como infelizmente tem sido tratada por muitos. 

 Tendo estabelecido estes pontos podemos agora passar para a análise do texto.

III – O QUE IMPORTA É O CORAÇÃO E NÃO O LUGAR (Jo 4:19-21):   

Tendo seu pecado revelado por Cristo, a mulher chega a conclusão de que estava diante de um homem enviado de Deus, um profeta. Diante deste fato ela quer saber a sua opinião sobre o lugar em que se deveria adorar a Deus. 

Há comentaristas que entendem que a pergunta da mulher representa na verdade uma fuga, um desvio do rumo da conversa, pois o seu pecado estava sendo revelado e isso era doído para ela. Pessoalmente não creio que este seja o caso. Penso que a mulher estava manifestando um verdadeiro interesse espiritual. Visto que seu pecado havia sido revelado, ela estava sendo quebrantada. Aquele que esta sendo levado a consciência de seus pecados, vê exatamente o que é o pecado: uma afronta a Deus. Tal indivíduo percebe que não ama a Deus, que não o adora. Não seria este o caso desta mulher? Não seria este o caso, visto que pergunta sobre a adoração correta?  

De qualquer forma a mulher quer saber do profeta qual a solução dele para esta questão de disputa entre samaritanos e judeus: Onde adorar? Seria no monte Gerizim, conforme afirmavam o samaritanos, ou no Templo em Jerusalém, conforme afirmavam os judeus? Afinal, qual o lugar que Deus determinou para ser adorado? Esta era a disputa entre judeus e samaritanos. Cada um levantava suas razões. A resposta de Cristo com certeza foi surpreendente para aquela mulher. Jesus afirma que o lugar não têm importância, mas o importante é a atitude do adorador. O Senhor diz que a adoração verdadeira é espiritual, em espírito. E deve ser assim, pois aquele a quem se adora é Espírito. Deus é Espírito, não possui corpo.  Assim a adoração verdadeira é essencialmente espiritual. 

Lembremos o segundo mandamento: “Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não as adorarás, nem lhes darás culto; porque eu sou o SENHOR, teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem e faço misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos” (Ex 20:4-6).

O Senhor proibiu o uso de imagens de escultura exatamente porque é Espírito, e, portanto, a adoração não deve prender-se a questões físicas. Aquele que desobedecerem este mandamento acabarão por adorar o lugar ou a imagem em vez do próprio Deus. Temos constatado este fato no falso cristianismo, e isso em todas as eras da história, e também atualmente. 

Esta adoração em espírito é uma adoração do coração, ou seja, é sincera. É preciso amar a Deus para adorá-lo. É preciso considerá-lo realmente como Deus, estar humilhado diante Dele para que esta adoração ocorra. Assim, é “honrar a Deus de tal maneira que todo o ser entra em ação” (Hendriksen). 

Pelo que já estudamos, especialmente em relação ao Novo Nascimento, podemos dizer que esta adoração só é real quando o Espírito de Deus age no coração de uma pessoa. Antes de exibir esta adoração espiritual, é preciso ser regenerado, pois só o regenerado de fato conhece a Deus que é Espírito, como também só esta pessoa o ama verdadeiramente. O homem não regenerado nem conhece a Deus, e nem o ama. Dessa forma podemos afirmar que é impossível ao homem natural (o que não foi regenerado) adorar a Deus. A adoração do não regenerado é por natureza falsa, e na verdade não passa de uma idolatria.  

Daí, meu prezado leitor, devemos sempre insistir na importância da regeneração, desta obra miraculosa do Espírito Santo em nossos corações. Devemos entender e explicar claramente o que é a regeneração. Qualquer religião ou "igreja" que tenha um conceito deficiente da regeneração conseqüentemente terá uma falsa adoração, e será uma religião ou “igreja” idolatra, mesmo que aos nossos olhos tudo pareça muito bonito e bom. 

IV – SEM A VERDADE NÃO EXISTE A ADORAÇÃO GENUÍNA (Jo 4:22-24): 

Suponhamos que eu não conheça uma pessoa, que nunca tenha sequer ouvido falar dela. Poderia eu amá-la como amo aos que conheço, ou falar de suas qualidades ou defeitos? Evidentemente que não! Se isto é verdade devemos perguntar: Posso adorar a Deus sem conhecê-lo? Também é claro que não! Mas como podemos conhecer a Deus? Resposta: Pela Verdade. Mas onde está a Verdade, ou melhor, que é a Verdade? Resposta: O seu Filho Jesus Cristo. Veja o que Ele mesmo diz: 

Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim. Se vós me tivésseis conhecido, conheceríeis também a meu Pai. Desde agora o conheceis e o tendes visto. Replicou-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta. Disse-lhe Jesus: Filipe, há tanto tempo estou convosco, e não me tens conhecido? Quem me vê a mim vê o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o Pai?” (Jo 14:6-9).

Ele é a verdade e Ele revela-nos o Pai. Ele é o Verbo de Deus que habitou entre nós (Jo 1:1-14). Assim, é por Cristo que Deus se revela a nós. 

Mas alguém ainda pode nos perguntar: Onde está Jesus Cristo? Ele está pelas ruas com um corpo físico como antigamente quando aqui viveu antes de morrer na cruz? Ele aparece em visões? Será que posso confiar em todos os que dizem que são vindos da parte Dele, ou que dizem até mesmo que são Ele? É claro que todos estes pensamentos são equivocados. E pessoas que crêem destas formas, ou semelhantes, somente se afundam em enganos afastando-se mais e mais do verdadeiro conhecimento de Deus. Mas a resposta simples é: Cristo está nas Escrituras Sagradas. A Bíblia de Gênesis a Apocalipse o revela. Ah meu amigo, é na Bíblia que conhecemos a Cristo, que conhecemos ao Deus Vivo. 

Observemos o que Jesus diz a mulher samaritana: “Vós adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem dos judeus.” (Jo 4:22).

Os samaritanos haviam desprezado muito do Antigo Testamento. Eles criam apenas no Pentateuco. Eis aí um grave erro em relação as Escrituras: retirar partes delas. Já os judeus criam em todo o Antigo Testamento. Jesus diz que a salvação vem deles. Ora isto é evidente, visto que Ele, o Salvador, é judeu, “dos judeus – os descendentes de Judá – viria a salvação para Israel e o mundo em geral” (F. F. Bruce). Assim, os judeus tinham a Palavra em sua integridade, e deles viria o Salvador, que é a Palavra encarnada.  

Tudo isso leva, conforme o próprio Jesus diz, ao conhecimento de Deus que os judeus possuíam. Dessa forma os judeus adoravam ao que eles conheciam, ou seja, ao Deus revelado no Salvador encarnado, que é a Palavra, e nas Escrituras do Antigo Testamento, que o manifestam, das quais o centro é o próprio Cristo.  

Já dos samaritanos, de onde não vinha o Salvador que é Palavra, e que rejeitavam grande parte das Escrituras, Jesus diz que adoravam o que não conheciam. Eles não tinham a revelação genuína de Deus. O que eles tinham era a sua própria idéia sobre quem seria Deus. 

Temos, portanto, duas bases para a crença a respeito de quem é Deus, e seus respectivos resultados. Vejamos: 

1 – Samaritanos:  

Base de sua crença: Opinião humana sem o auxílio da revelação de Deus nas Escrituras. 

Resultado: Falsa idéia de quem é Deus. 

2 – Judeus: 

Base de sua crença: A totalidade do Antigo Testamento, e o Salvador encarnado. 

Resultado: Real idéia de quem é Deus. 

Caros leitores, temos diante de nós um alerta bem real: Só podemos conhecer a Deus por sua revelação especial na Bíblia. E isto é fato, pois nela nós temos o conhecimento do Salvador Jesus, que é o verbo de Deus. Assim, só podemos adorar realmente a Deus quando o conhecemos por Cristo nas Escrituras, visto que de outra forma não o conhecemos realmente. Além disso, Jesus deixa claro que a adoração real é espiritual, mas não só isso, ela também é em Verdade. Não temos a verdadeira adoração espiritual sem a Verdade, pois a adoração espiritual que, conforme já vimos, envolve uma atitude de humildade e amor a Deus, só é possível em se conhecendo pela Verdade a este Deus. Ora, como amaremos um Deus desconhecido para nós? Mas como conheceremos a Deus a não ser que se revele a nós pela Verdade nas Escrituras?  

Compreendem o que estou querendo dizer? Este é o fato: Adoração em espírito só é possível com a revelação especial de Deus em seu Filho nas Escrituras Sagradas! Quanto mais conhecemos a Deus nas Escrituras, tanto mais o adoramos com amor sincero, adoramos em espírito. Também é verdadeiro dizer: Quem não conhece a Deus nas Escrituras não pode adorá-lo em sinceridade de amor, porque não o conhece, a sua idéia de Deus é falsa. Tal pessoa é idólatra!

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