Como pregaremos o Evangelho?* - Manoel Coelho Jr.



Como deverei pregar esta mensagem? Esta mensagem pela sua própria gravidade tem que ser anunciada de forma solene e firme. Você imagine o que é um médico chegar para uma pessoa para anunciar-lhe um diagnóstico de câncer. Eu imagino com deve ser difícil para um médico dizer isso. A pessoa está sentada diante dele. Como ele falará isso? Ora, o caso determina a forma de falar... Ou não é verdade? O caso é sério, é grave? Então, a forma de falar vai seguir a seriedade do caso, e o tratamento vai ser administrado na mesma seriedade, pois é caso sério, é caso mortal.


A mesma coisa, ou semelhante a isso, é a pregação do Evangelho. Eu não posso pregar o Evangelho como que falando de algo casual, sem importância, simples e fácil de resolver. O Evangelho mostra para o homem o que ele é de verdade, lá dentro de seu ser. Isso é terrível, terrível! Você falar para uma pessoa que ela só está viva aqui, diante de você, olhando para você, porque Deus a está sustentando em suas mãos pela sua misericórdia, pela sua graça, e que na hora que Deus retira sua misericórdia ela está no inferno merecidamente, é algo terrível. Imaginem eu olhar para você e dizer-lhe assim: Se você não é convertido só não está no inferno agora porque Deus ainda não quis lhe mandar para lá. Imagine eu dizer-lhe que não há nada em você que impeça isso, que não há em você nenhum tiquinho de poder que possa lhe impedir de estar no Inferno exatamente agora, dizer-lhe que Deus está irado e que apenas a graça comum está lhe sustentando. Com falarei disso a uma pessoa de forma que não seja séria e solene? Como falarei isso para ela?

Como falarei da Cruz? Como falarei daquele evento tanto terrível, porque ali Ele, Cristo, estava recebendo a Ira de Deus no lugar dos eleitos, daquele sofrimento indescritível que Cristo passou no corpo e na alma? Como falarei disso, no sentido de que a Ira estava caindo sobre Ele, e no sentido de que ali é a Graça de Deus numa negociação bendita feita por Ele mesmo para resolver nosso problema, para derramar sobre Ele, segundo a vontade dEle, como expressão do amor dEle pelos eleitos, sim, derramar sobre Ele a Ira que era dos eleitos? Como falarei disso, dessa obra de Deus, sim, Deus ali em seu amor em sua Graça, em sua Glória, expressando-se de forma claríssima e mais espetacular como Deus Gracioso, sim, na Cruz revelando sua Graça e sua Justiça? Como falarei disso sem ser de forma séria, solene e grave?

Como falarei ao pecador que ele precisa me ouvir, que precisa se arrepender imediatamente de seus pecados, que precisa olhar para Cristo como Único Salvador, e que se Ele "confia" em Cristo e noutro estará perdido, ou que se não confia em Cristo, mas noutro, da mesma forma estará perdido? Como falarei que somente Cristo, apenas Cristo pode salvá-lo, e que se ele crê em Cristo será salvo, e se não crer em Cristo jamais será salvo? Como direi que não há outro Caminho, que não há outra Verdade, que não há outra Vida? Como falarei disso levianamente, de forma brincalhona, na palhaçada, na piada? Não irmãos, isso não pode, não é possível!

Oh, como falarei do Inferno? Como falarei do Juízo Vindouro? Muito em breve virá o Juízo de Deus! Sim, Deus ressuscitará todos os mortos, grandes e pequenos. Cristo voltará e todo o olho o verá. Pilatos o verá, Herodes, que dEle zombou, o verá, os seus inimigos, os que clamaram: “Crucifica-o, crucifica-o”, o verão, todos os que têm pisado no seu Nome o verão Naquele Dia, e para eles será terrível, desejarão que os montes caiam sobre eles, desejarão desaparecer. Aquele Dia será o Grande e Terrível Dia do Senhor. Como falarei disso sem levar em conta a seriedade de todos estes fatos?
   
Como falarei da Glória Vindoura de Cristo com os eleitos? Como falarei Daquela grande festa no Céu, quando então a Noiva estará adornada, purificada, sem pecado, sem mancha, sem ruga, mas pura, limpa, santa, redimida, quando o Noivo a receberá para sua Glória, e ela estará para sempre, sempre na Glória Eterna? Com falarei disso sem solenidade, sem seriedade, sem o senso do temor e do respeito à Glória desse Deus, e da seriedade de Quem Ele é? Por que em tudo isso é Deus se revelando, é sua Verdade, é seu Evangelho. Como falarei disso?

Então à medida que você entende a obra da Cruz, e a obra da Graça, e a seriedade, a gravidade da situação humana, você percebe que a pregação do Evangelho tem que ser conforme essa seriedade, e essa solenidade. Quando você perde isso, vira este “carnaval”, esta confusão, e esta brincadeira que é o chamado evangelismo moderno, porque as pessoas perderam o senso da Glória de Deus e da seriedade do pecado nos homens.  

*Trecho do “Estudo 33 - Batistas Reformados - Graça irresistível - Parte VIII”, de 28 de setembro de 2014, na Congregação Batista Reformada em Belém. Clique aqui para assistir o estudo na íntegra.

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