O Rei da Paz* – João 12:12-19 - Manoel Coelho Jr.
I – INTRODUÇÃO:
O extraordinário milagre da ressurreição de Lázaro operado
por Cristo continua repercutindo em Jerusalém e arredores. Após ter sido ungido
por Maria em Betânia Cristo ruma em direção a Jerusalém. Esta nova chega ao
povo que se preparava para a Páscoa e que já tinha ouvido a respeito do grande
milagre de Nosso Senhor. Estas pessoas então vão receber a Cristo com grande
alegria e o exaltam como Rei de Israel. De fato o propósito do texto é
apresentar a Cristo como Rei. Porém não podemos esperar que todos naquela
ocasião entendessem que espécie de Rei Ele era. Na verdade nem mesmo os seus
discípulos compreendiam o significado de tudo aquilo. Observamos com estes
acontecimentos a dificuldade humana de entender a Palavra de Deus, o que indica
que necessitamos urgentemente da graça do Alto para termos compreensão das
coisas espirituais. A grande questão é: Sabemos que tipo de Rei Cristo é? Ele
realmente é o nosso Rei neste sentido?
II – O REI NO ENTENDIMENTO DO POVO (Jo 12:12,13).
O povo em grande júbilo recebe Cristo com ramos de palmeiras
e o proclama Rei. Eles dize “hosana”
que significa “salve agora”. Cristo não contraria o povo, pois de fato aqui ele estava se revelando como
Rei. No entanto podemos crer que pelo menos grande parte deste povo tinha
apenas uma compreensão materialista de Cristo como Rei. Assim como em Jo 6:15
eles viam o Senhor como um Rei político que os lideraria contra o inimigo, isto
é, o Império Romano. Temos aqui um problema bastante destacado neste Evangelho
que é a dificuldade dos homens de compreenderem a Verdade que Cristo estava
revelando. O problema não é que a revelação seja difícil ou imprecisa, mas é que
os homens amam o pecado, passando assim a interpretar todas as coisas pelo prisma
de seus interesses maus (Jo 3: 19,20). No caso presente é o interesse político
e materialista. Eles viam o Império Romano como o grande inimigo e
consequentemente viam a Cristo, aquele que ressuscitou Lázaro, como alguém capaz
de liderá-los numa luta contra este inimigo.
Todavia Cristo não era esta espécie de libertador
simplesmente porque o inimigo não era Roma. Ora, onde está Roma, o Grande
Império, atualmente? Não existe mais! Roma não é nada como nenhum de nossos
problemas desta vida. Todos estes problemas encerram-se com a nossa morte ou
com o fim de algo neste mundo que os mantêm. Mas há um inimigo que nada neste
mundo pode destruí-lo, e nem mesmo a nossa morte promove seu fim. Que inimigo é
este? Resposta: O pecado. O pecado é o mal dos males. O pecado é o que alimenta
todos os nossos problemas desta vida. O pecado é um “combustível” que alimenta
o inferno. O pecado nos torna odiosos aos olhos de Deus. O pecado atrai sobre nós
a Sua Santa Ira. O pecado nos torna seus inimigos. O pecado é rebelião contra o
Altíssimo. O pecado nos faz estar em guerra contra Ele. O pecado faz que Ele
esteja contra nós. E se Ele está contra nós quem pode ser a nosso favor? Diante
de tudo isso o que é o Império Romano? O que é a doença a pobreza, e qualquer
problema desta vida? Ora, com a morte tudo isso tem um fim, mas nem a morte
pode destruir nosso pecado. Se somos inimigos de Deus agora e se morrermos
assim imediatamente entraremos no castigo eterno. Portanto que tolo é ver a
Cristo como um libertador de “Impérios Romanos”. Hoje infelizmente muitos veem
a Cristo como um mero curador, ou como aquele que prospera e resolve problemas
familiares. Pensam assim porque não entendem o real problema que é o pecado. E
você como vê a Cristo?
III – CRISTO É REI (Jo 12:14,15).
João deixa claro que Cristo neste evento estava cumprindo
uma profecia do Antigo Testamento. Ao olharmos para tal profecia podemos
entender melhor o significado de todo este evento. Leiamos:
“Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém: eis aí
te vem o teu Rei, justo e salvador, humilde, montado em jumento, num
jumentinho, cria de jumenta. Destruirei os carros de Efraim e os cavalos de
Jerusalém, e o arco de guerra será destruído. Ele anunciará paz às nações; o
seu domínio se estenderá de mar a mar e desde o Eufrates até às extremidades da
terra.” Zc 9:9,10.
O fato destacado em cada evangelho é que o Rei viria montado
num jumentinho. O cavalo era um animal de guerra, mas ele vinha montado num
jumento, o que significa que não vinha para fazer guerra, mas “anunciar
paz às nações; o seu domínio se estenderá de mar a mar e desde o Eufrates até
às extremidades da terra”. Este Rei implantará um Reinado Absoluto onde
haverá a Paz. Assim, este Rei é o Rei da Paz. Isto é bem diferente do
pensamento daqueles que queriam uma guerra contra o Império Romano.
No entanto que paz ele trará? Paulo diz assim: “Justificados,
pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo;
por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a esta graça na
qual estamos firmes; e gloriamo-nos na esperança da glória de Deus.” Rm
5:1,2. Cristo veio promover a Paz entre Deus e os homens. Ele fez isso vencendo
o inimigo, o pecado, na Cruz, “pois todos pecaram e carecem da glória de
Deus, sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que
há em Cristo Jesus, a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação,
mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância,
deixado impunes os pecados anteriormente cometidos; tendo em vista a
manifestação da sua justiça no tempo presente, para ele mesmo ser justo e o
justificador daquele que tem fé em Jesus.” Rm 3:23-26.
Por isso o profeta Malaquias também nos diz: “Naquele
dia, haverá uma fonte aberta para a casa de Davi e para os habitantes de
Jerusalém, para remover o pecado e a impureza.” Zc 13:1. E acrescentemos
que é em estar em paz com Deus que promovemos a Paz entre os homens. Por isso
se diz: “Destruirei os carros de Efraim e os cavalos de Jerusalém, e o arco de
guerra será destruído. Ele anunciará paz às nações; o seu domínio se estenderá
de mar a mar e desde o Eufrates até às extremidades da terra.”. Se
Cristo Reina sobre nós já estamos em paz com Deus, pois Nele nossos pecados
foram justificados, visto que morreu em nosso lugar. E se assim é também
seremos promotores da Paz entre os homens. Mas esta paz será efetiva apenas no
mundo vindouro, quando Cristo Reinará e não haverá resquício algum do pecado.
Reflitamos então nas seguintes questões: Cristo já é nosso
Rei neste sentido? Ele é para nós o Rei da Paz? Já estamos em Paz com Deus?
Somos pacificadores?
IV – ENTENDIMENTO TARDIO E ENTENDIMENTO EQUIVOCADO (Jo
12:16-19).
Os discípulos não entenderam logo o significado de tudo o
que acontecia. Vieram a entender apenas depois de Cristo ser glorificado, isto
é, depois de sua morte e ressurreição. Mas os fariseus nunca entenderam. Sempre
se equivocaram. Olharam tudo aquilo temendo um levante do povo contra Roma, o
que poderiam tirar deles o poder temporal que amavam (Jo 11: 47-50). Mas se os
discípulos depois entenderam foi porque o Espírito os esclareceu (Jo 16:
12,13). Porém com os Fariseus isto não ocorreu, mas ao contrário Deus “Cegou-lhes
os olhos e endureceu-lhes o coração, para que não vejam com os olhos, nem
entendam com o coração, e se convertam, e sejam por mim curados.” Jo
12:40. Que esteja bem claro em nossa
mente que o entendimento vem de Deus. É pura graça. Assim, que todos clamemos
por esta graça, suplicando que Deus nos guarde de nosso próprio coração
enganoso, que por causa dos bens temporais acaba por desprezar a Cristo. O que
tem acontecido conosco? Temos entendido que Cristo é o Rei da Paz?
V – CONCLUSÃO:
Cristo é o Rei da Paz. Ele nos reconcilia com Deus
justificando-nos de nossos pecados em sua morte na Cruz. Nele somos feitos
pacificadores. Já entendemos quem Ele é? Já cremos Nele? Ele já é nosso Rei da
Paz?
Pode ser copiado e distribuído livremente, desde que indicada a fonte, a autoria, e o conteúdo não seja modificado!
*Pregação da noite de domingo, 10 de agosto de 2014, na Congregação Batista Reformada em Belém.
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