CRISTO E PILATOS - QUE ESPÉCIE DE REI É JESUS? – Manoel Coelho Jr. João 18: 28-40.


Após ser julgado pelo sumo sacerdote Caifás, e demais autoridades judaicas, de forma fraudulenta (Leia Mt 26: 57-68), Nosso Senhor é conduzido a Pilatos, a autoridade romana. Estes homens perversos desejavam matar a Cristo, mas não podiam fazer isso com as próprias mãos (Jo 18: 31). Por isso foram a Pilatos. Todavia não conseguiriam seu intento se não trouxesse uma acusação digna da pena de morte. Por isso denunciaram a Cristo diante do governador como um revolucionário, um perigo para a ordem romana, o Rei dos judeus. Todo este trecho, portanto, tratará da questão do reinado de Cristo. Nosso Senhor será questionado por Pilatos e mostrará que de fato é Rei, mas não como os seus acusadores diziam. Que espécie de rei e Jesus? Esta é a questão que o texto responde. Trata-se de um assunto de fundamental importância para todos nós. Vamos, então, tratar disso em nosso estudo.

I - Judeus acusam Cristo diante de Pilatos (28-32).
Aqueles homens perversos passaram as últimas horas acordados, agindo para matar a Cristo. Bem cedo o levaram a Pilatos com uma acusação que acreditavam traria a morte do Senhor. Todavia, eles não entram na casa de Pilatos para não se contaminarem com este pagão. Eis o cúmulo da hipocrisia: Eles não queriam entrar na casa de Pilatos para não se contaminarem e comer a páscoa. Queriam agradar a Deus cerimonialmente enquanto matavam o Filho de Deus. Assim é a falsa religião: Possui externa piedade e cerimonialismo, conservando assassinato no coração; aceita mera profissão de fé, ao mesmo tempo em que se odeia a Deus (Jo 18: 28-31). Pilatos os questiona sobre acusação, e eles com arrogância e falsidade dizem que não trariam a Cristo se este não fosse malfeitor. Que mentira! Era exatamente o que faziam. Eles estavam trazendo um inocente, conforme se demonstrará a seguir. Mas eles não queriam saber da verdade. Já tinham decidido matar a Cristo de qualquer maneira, ainda que dessem a isso uma aparência de sinceridade e legalidade.
Pilatos parece não saber ainda a gravidade da acusação e, por isso, os direciona a julgarem Cristo por sua lei, o que eles retrucam: “Não nos é licito matar ninguém” (verso 31). Neste ponto o Evangelista João explica que por trás estava a mão de Deus nos acontecimentos, para que se cumprisse a profecia dita pelo próprio Jesus sobre a morte que iria ter na Cruz (João 12: 32). Ora, os os judeus aplicavam a pena de morte por apedrejamento. Já os romanos utilizavam a crucificação. Porém, os judeus, não podiam aplicar a pena capital (João 18: 31). Assim, cabia a aplicação aos romanos, levando Cristo a ser crucificado. A morte de cruz aponta para a maldição que cai sobre Cristo por nossos pecados, para nossa salvação, pois, “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro” Gálatas 3: 13 - Leia também: Deuteronômio 21: 23. Louvemos a Deus. O Senhor se entrega para nos libertar da maldição do pecado. Ele é o Rei que vai para a cruz e não usa a espada, bebendo o cálice do Pai (João 18: 10, 11)
II - Cristo responde aos questionamentos de Pilatos (33-38).
Pilatos, então, entra com Cristo e lhe pergunta, conforme a acusação, se Ele era Rei. Cristo, por sua vez, lhe questiona se sua inquirição era baseada numa busca pessoal pela verdade, ou se, ao contrário, baseava-se no que os Judeus lhe tinham dito como acusação contra o Senhor. Ora, se fosse baseada na acusação dos judeus, isto é, a de que Cristo era um rei revolucionário, a resposta do Senhor seria evidentemente não. Mas se fosse uma busca pelo fato de ser Rei em algum sentido, aí então a resposta seria diferente, pois Cristo realmente era Rei, mas não no sentido em que estava sendo acusado pelos judeus. Pilatos diante da questão posta pelo Senhor, responde com arrogância, como alguém que não era judeu, e realmente não queria ser, pois fala orgulhosamente que é romano, não tendo interesse por estas coisas do povo judeu, tratando-as apenas porque suas autoridades lhe trouxeram a Cristo. E finaliza: “Que fizeste?”, mostrando que queria saber se Cristo havia cometido algum crime que envolvesse a acusação, afinal. É interessante notarmos que os judeus desprezavam os romanos como povo impuro, o que se demonstra ao não entrarem na casa de Pilatos para não se contaminarem. Por sua vez, os romanos também desprezavam os judeus, o que fica claro com estas palavras de Pilatos, mostrando orgulho de ser romano e não daquele povo judeu, tratando suas demandas como algo que só considera por lhe terem sido trazidas. Os judeus desprezavam os romanos. Os romanos desprezavam os judeus. Assim são os homens. Todavia em Cristo todos são unidos num só rebanho (João 10: 16).
Diante da pergunta de Pilatos sobre o que tinha feito, Cristo mostra que não cometera nenhum crime, nada do que o acusavam. Não era um revolucionário. Para tanto, afirma a natureza de Seu Reino, ou que espécie de Rei Ele era, dizendo que Seu Reino não é deste mundo. Se assim fosse, estariam a sua disposição soldados ou milicianos, que batalhariam em sua defesa, não permitindo que fosse preso e entregue aos judeus. Mas seu reino não é daqui. Com isso queria dizer que Seu Reino Era do Céu, espiritual, que não usava armas para se defender, não produzia revoluções armadas. Portanto, a acusação que lhe faziam era absolutamente falsa. O Reino de Cristo era de outro mundo. Cristo não era como outros reis, mas o Rei do Reino de Deus.
Diante destas palavras Pilatos entendeu muito bem que Cristo estava dizendo que era Rei em algum sentido. Por isso lhe pergunta: “Logo tu és rei?”. Ao que Cristo responde que Pilatos estava certo nisso. Sim, era um Rei. Seu Reino, porém, era da Verdade. Ele, que é o Filho de Deus, veio a este mundo para isso, ou seja, para dar testemunho da Verdade. Assim, seu Reino seria estabelecido pela Verdade. Seu Reino não se expandiria, nem se manteria, pela guerra, pela luta armada, como os reinos deste mundo, mas pela proclamação da Verdade, que é o próprio Jesus como o Verbo que mostra Deus, e nosso pecado e condenação, e a perfeita salvação nEle mesmo, a necessidade de fé e arrependimento. Cristo é o Caminho para o Pai, a Verdade e a Vida (Jo 14: 6). Cristo afirma ainda, que aqueles que são da Verdade ouvem seu testemunho. Quem são essas que o ouvem? Naturalmente são aqueles por quem orou no capítulo 17, os eleitos que o Pai lhe deu na Eternidade, e que no devido tempo são convencidos por Seu Espírito, e crêem nEle. É dessa forma que Seu Reino se estabelece, pela pregação do Evangelho e pela obra do Espírito no coração dos que crêem. É o Reino de Deus no coração dos crentes, no interior deles, e não um reino deste mundo, que se estabelece e se mantém de forma externa por leis e pelo domínio armado de um exército. Portanto, Cristo estava sendo acusado falsamente. Ele era um Rei, mas não da revolução armada, mas da proclamação da Verdade. Seu Reino é o Reino da Verdade e não da revolução.
Diante dessas explicações Pilatos pergunta: “Que é a Verdade?”. Não sabemos se na pergunta havia, ao menos, algum interesse filosófico sobre a verdade, ou tão somente um deboche. Mas de qualquer forma Pilatos deixa a Cristo, desprezando a Verdade. Assim fazem muitos.
III - Pilatos declara a inocência de Cristo (38-40).
Pilatos vê claramente que não há crime algum em Cristo. Não há revolução, Cristo não reivindica ser Rei que ameaça Roma, e não há nenhum grupo miliciano lutando por isso lá fora, mas apenas as autoridades judaicas que, logo observa Pilatos, estavam fazendo tudo isso unicamente por inveja de Jesus (Mateus 27: 17, 18). Por isso, e também para se livrar daquele problema, Pilatos propõe que se solte Cristo, seguindo o costume de soltar alguém na Páscoa. Mas incrivelmente, incitados por aqueles líderes judaicos perversos, o povo escolhe Barrabás, aquele que de fato provoca revolta contra as autoridades, além de ser salteador e assassino, clamando que Cristo fosse crucificado (Veja: Mt 27: 17-20; Lc 23: 18,19; Jo 18: 40; 19: 5-7). Assim são os homens em seu estado de queda, desprezam a Cristo, o Rei da Paz, que dá a sua vida para salvar, e escolhem Barrabás, o revolucionário, salteador, e assassino, e tudo por ódio a Deus e a Cristo. Todavia, o ponto mais importante é que Cristo é inocente. É um Rei inocente, o Cordeiro de Deus imaculado, que derrama seu sangue para salvação de seus eleitos (Jo 1: 29; 18: 38).
Observamos, então, neste estudo, que Cristo é o Rei que foi para a cruz, e não reagiu à espada (Jo 18: 31, 32). Seu Reino não é deste mundo, mas vem de Deus, estabelecendo-se não por soldados e armas, mas pelo testemunho da Verdade (Jo 18: 36, 37). É um Rei inocente, o Cordeiro de Deus imaculado, que derrama seu sangue para salvação de seus súditos (Jo 1: 29; 18: 38). Mas o povo escolhe Barrabás, aquele que provoca revolta contra as autoridades, o salteador e assassino (Lc 23: 18,19; Jo 18: 40). Todavia, aqueles que são da Verdade ouvem o testemunho da Verdade do Rei Jesus, passando a fazer parte de Seu Reino (Jo 18: 37).
IV - Conselhos:
1 - Cristo é o Rei da Cruz, do Reino Espiritual, Reino da Verdade, e inocente. Que você creia nEle, creia na Verdade, no Único Salvador Jesus Cristo, para ser salvo e fazer parte deste Reino Bendito. E se você já creu, viva em gratidão por tanto amor de Deus e do Seu Rei Ungido (Sl 2), que foi até a Cruz para que você fosse resgatado das trevas. Que viva “dando graças ao Pai que nos fez idôneos para participar da herança dos santos na luz; O qual nos tirou da potestade das trevas, e nos transportou para o reino do Filho do seu amor” (Cl 1: 12, 13). Em gratidão, viva para honrar o Seu Nome.
2 - Não siga a religião ritualista e hipócrita daqueles judeus que não queriam se contaminar na casa de Pilatos, ao mesmo tempo que desejavam matar a Cristo. Eles não queriam entrar na casa de Pilatos para não se contaminarem e comer a páscoa. Queriam agradar a Deus cerimonialmente enquanto matavam o Filho de Deus. Assim é a falsa religião, externa piedade e cerimonialismo, sendo assassina no coração; profissão de fé, ao mesmo tempo em que se odeia a Deus (Jo 18: 28-31). Eis o teste para sua religiosidade. Também não siga a indiferença de Pilatos. Ouça a Cristo e creia nEle. Além disso, não escolha Barrabás no lugar de Cristo. Sua religião é do ódio, que prefere e escolhe a revolução e desordem, ou o roubo, ou o prejuízo e morte do próximo? Esta não é a religião de Cristo, o Príncipe da Paz, que salva e vivifica indo para a Cruz. Verifique se você está mesmo do lado de Cristo. Mas se estiver do lado de Barrabás, arrependa-se verdadeiramente e creia em Cristo.
3 - Lembremos que o Reino de Cristo não é deste mundo, que não se estabelece pela espada, mas pelo testemunho do Evangelho da Cruz. É pela mensagem da Cruz, e não pela violência da espada, que se estabelece o Reino de Cristo.
4 - Vivamos como Cristo, em amor e serviço, a não em ódio, inveja e assassinato, como aqueles perversos. Eis o teste de nosso Cristianismo: Nos parecemos mais com Jesus ou com aqueles perversos?

*Esboço do sermão do Culto Público de 04 de dezembro de 2022. Você pode distribuir este material livremente. Pedimos apenas que indique esta pagina para mais pessoas serem edificadas na Verdade em Jesus.

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