COMPARANDO AS ATITUDES E AÇÕES DE CRISTO E PEDRO – Manoel Coelho Jr. João 18: 1-27.


Desejo neste estudo comparar as atitudes, disposições, e o coração de Cristo e Pedro, e suas ações correspondentes. Creio que o evangelista João tinha a intenção de apresentar-nos este paralelo em todo o trecho, mas especialmente entre os versículos 15 ao 27, quando conta-nos sobre a negação de Pedro, mesclando o relato com a narrativa sobre as palavras de Cristo ao questionamento de Anás. Portanto, temos uma boa e utilíssima comparação aqui, que nos traz muitas lições na seguinte questão: Nos parecemos mais com Cristo, o Deus-homem, o homem perfeito, ou com Pedro, o homem imperfeito? Ainda que haja atributos em Cristo que dizem respeito a sua divindade, o que nenhum homem pode imitar, como também ações exclusivas dEle como Redentor, sua humanidade é nosso modelo. Para tal modelo, olharemos neste estudo, em contraste com as muitas falhas de Pedro, nosso antiexemplo. Vinculado a isso, podemos observar que o relato nos apresenta as ações de Cristo para a salvação do próprio Pedro. Trata-se, como todos estes capítulos, da história do amor de Jesus, da graça de Deus para a salvação de pecadores como ele. Meditemos, então, nestas verdades. Podemos comparar Cristo e Pedro nos seguintes aspectos:

I - Em relação ao Pai - Obedecendo ou desobedecendo.
Cristo, o Deus-homem, o homem perfeito que possui o Espírito sem medida (Jo 3: 34), é absolutamente obediente ao Pai Celestial. É o homem perfeito, que diferente de Adão, sempre obedece a Deus. Ele possui consciência da Vontade do Pai, e sobre sua missão dada por Ele, agindo plenamente de acordo. Portanto, é humilde e continuamente obediente a Deus Pai, estando disposto a beber o cálice de sofrimento que lhe deu(Jo 18: 4, 11). Já Pedro, muito ao contrário, não ouve a Palavra e alertas de Jesus em várias ocasiões, tendo que ser contido por Ele (Veja Jo 13: 36-38; Mt 26: 33-35; Jo 18: 8-11). Pedro está cheio de orgulho e autossuficiência, não depende de Deus, e, assim, não obedece, mas age por seus impulsos.
Essa é a diferença essencial entre os dois, que determinará as demais diferenças.
II - Em relação às circunstâncias - Prudência ou inconsequência.
Como Cristo é o homem perfeito, que tem consciência e vive humildemente de acordo com a Vontade e Propósito do Pai Celestial, também possui discernimento e, consequentemente, prudência. Cristo reconhece que o seu caminho é a Cruz, e seu Reino é espiritual, por isso não reage com a espada (Jo 18: 10, 11, 36). Também percebe que seus amados discípulos ainda não estão prontos para a prova da prisão. Dessa forma providencia que escapem (Jo 18: 7-9). Além disso, discerne que qualquer ação armada seria tolice que provocaria reação violenta dos soldados. Por isso, contém a Pedro, e misericordiosamente cura a Malco, o que com certeza apazigua os ânimos (Jo 18: 10, 11; Lc 22: 49-51). Mas Pedro não pensa, sente e age pela luz da Palavra. Seu impulso e ira o cegam. Ele puxa a espada, tenta matar, crê na violência, e não quer saber dos planos de Deus e das consequências de suas ações. Pedro está cheio de cego orgulho que não o deixa perceber a realidade nas circunstâncias. Por isso suas ações são enlouquecidas e inconsequentes, imprudentes.

III - Em relação ao próximo - Serviço ou egoísmo.
Devido a Cristo obedecer ao Pai, segue seu propósito salvífico de amor. Por isso serve, entregando-se serenamente aos inimigos, para morrer na Cruz, em amor, para salvar os seus discípulos. E durante aquele evento trágico da prisão, Ele os protege de serem capturados, e contém seus impulsos imprudentes (Jo 18: 4-11). Mas mesmo em relação aos inimigos, Cristo respeita a autoridade de Anás, ainda que reivindique justiça, e não reage com violência à bofetada do servidor, respondendo-lhe tão somente com claras palavras que demonstram a injustiça de sua violência (Jo 18: 19-23). Em tudo Cristo é servo do próximo, sempre reagindo com humildade servil. Já Pedro, estando cheio de orgulho e presunção, é violento com Malco, não pensa na consequência de suas ações sobre os envolvidos, e finalmente nega a Cristo para se livrar. Pedro é orgulhoso e egoísta, que se impõem sobre os demais, e procura se livrar a despeito deles (Jo 18: 10, 16, 17, 25-27).
IV - Em relação aos perigos - Coragem ou covardia.
Como Cristo segue ao Pai em seus propósitos, possui uma coragem que vem da certeza do que deve ser feito. Trata-se da coragem verdadeira, que não é arrogante e violenta, mas serena e firme. Por isso se entrega aos soldados para ser preso, e quando é questionado por Anás, não se intimida, mas responde tranquila e claramente. E mesmo quando recebe a bofetada do servidor, não teme, mas responde reivindicando justiça. Notemos que em nenhum momento Cristo é violento, pois a coragem verdadeira não é violência, ainda que em momentos muito específicos, para legítima defesa, se deva reagir fisicamente. Todavia a verdadeira coragem é seguir o santo propósito, mesmo diante de empecilhos e inimigos que podem prejudicar gravemente, e isso pelos meios mais apropriados em cada circunstância, de acordo com a prudência bíblica. Assim, a coragem de Cristo é coragem mansa e prudente, que segue firmemente o propósito do Pai sem retroceder. Mas Pedro, ao contrário, é covarde, apesar de violento, porque não depende de Deus, não sendo, consequentemente, servo e humilde, de forma resoluta. Sua arrogância e violência nada fazem, pois vem intrinsecamente acompanhada pelo egoísmo e falta de fé, que não permitirá a coragem na hora de seguir a Cristo em meio a perigos e perdas (Jo 18: 4, 19-23).
V - Em relação à verdade - Dizer a verdade ou mentir.
Pelo fato de Cristo andar no Santo, Justo e Bom Caminho do Pai continuamente, e sua mensagem ser divina, não tinha nada a esconder. Sua mensagem era pública. Por isso, quando questionado por Anás sobre sua doutrina e discípulos, Ele pôde lembrar-lhe disso (Jo 18: 19-23), respondendo-lhe com a mesma veracidade de sempre. Cristo sempre dizia a verdade. Nunca era falso, hipócrita e enganoso, como o próprio Anás, e também Caifás, e todos os seus inimigos, que conspiravam contra Ele. Cristo sempre e corajosamente dizia a verdade. Porém, Pedro é completamente diferente. Como confiou em si e não em Deus, e finalmente se acovardou, mentiu procurando salvar sua vida. Lembremos que primeiro mentiu a si mesmo, não acreditando nos alertas de Cristo (Mt 26: 33-35), descobrindo muito tardiamente que era fraco diante dos perigos, quando por consequência de não esperar em Deus, se acovardou e mentiu aos inimigos, negando ao Senhor. Pedro foi hipócrita e mentiroso por não ter a coragem que vem de Deus (Jo 18: 26, 27).
VI - Conclusão e aplicação:
A submissão a Deus leva à prudência, serviço, coragem e sinceridade, conforme o exemplo de Cristo. Mas, a rebeldia, autossuficiência e orgulho, ao contrário, produzem imprudência, violência, egoísmo, covardia e hipocrisia, conforme Pedro. A questão que quero lhes propor, a vocês cristãos, pedindo que primeiro se deixem analisar seriamente pelos diversos pontos de nosso estudo, é: Você se parece mais com Cristo ou com Pedro? No que se parece com Cristo, dê graças a Deus, pois é pura graça. No que se parece com Pedro, se arrependa, e pela graça do Senhor, deixe seus pecados. Finalmente, lembre que Cristo, o Deus-homem, o homem perfeito, cumpriu a vontade do Pai, entregando-se serenamente aos inimigos, para morrer na Cruz, em amor, serviço, humildade, coragem e veracidade. Já Pedro, o homem imperfeito, estava cheio de orgulho e independência de Deus, agindo com imprudência e vingança, que logo se transformou em covarde negação de Cristo. Graças demos ao Pai, pois Jesus morreu por muitos "Pedros", para justificá-los, e santificá-los no Espírito, fazendo-os cada vez menos parecidos com Pedro, e mais e mais parecidos com o próprio Jesus (Jo 18: 1-27; II Co 3: 18). Amém!
*Esboço do sermão do Culto Público de 27 de novembro de 2022.

**Esboço do sermão do Culto Público de 20 de novembro de 2022. Você pode distribuir este material livremente. Pedimos apenas que indique esta pagina para mais pessoas serem edificadas na Verdade em Jesus.

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