ROGO POR ELES, NÃO PELO MUNDO – Manoel Coelho Jr. João 17: 9, 10.



Nestes dois versos o Senhor continua a segunda parte desta oração impressionante, fazendo solicitações pelos seus discípulos imediatos, os apóstolos. Mas, como temos visto, isso se relaciona aos pedidos por si, a primeira parte, e por todos os crentes em geral, a terceira parte. Temos, portanto, no presente texto, algo que se relaciona a todos nós que hoje cremos no Senhor. O Senhor estava se consagrando à obra da Cruz. Nisso pede sua glória, que também é a glória do Pai, afirmando que já O havia glorificado na terra, requerendo agora a exaltação no Céu. Tal glória na terra Cristo apresenta como a manifestação do Pai aos que deu a Ele. Estes, ou seja, os que lhes foram dados pelo Pai, são o alvo desta oração sacerdotal. Isso O Senhor afirma claramente nestes dois versos que vamos estudar. Ele diz que ora por eles. E mais, diz também que não ora pelo mundo. É uma oração que mostra que toda a Sua Obra Salvífica tem por alvo os que o Pai lhe deu, e não toda a humanidade em geral. Trata-se da doutrina da eleição soberana para a salvação. O objetivo de Nosso Senhor em relação aos discípulos, era pacificá-los diante das dores no mundo, mostrando quão seguros estavam devido ao eterno propósito de Deus com relação a salvação deles. O mesmo se aplica a nós, os crentes de hoje. Somos consolados por sabermos de nossa segurança no Senhor. Vamos estudar o texto para entender melhor:
I - Pelos teus, não pelo mundo (João 17: 9).
Há um alvo específico do Senhor em toda a sua obra e oração sacerdotal. É um erro achar que o Pai enviou ao Filho para prover uma salvação disponível a todos indistintamente, como uma espécie de máquina que pode ser acionada por um botão conforme a vontade das pessoas em geral. Isso pode parecer muito atraente, mas não é bíblico, e nem pode dar segurança real, pois a salvação dependeria dos homens e não de Deus, que apenas desejaria salvar sem ter qualquer domínio sobre o resultado final. Não é isso que o Evangelho de João mostra. Há claramente, em vários textos, um alvo específico da obra do Senhor, que são os eleitos, inclusive mostrando que foram dados pelo Pai ao Filho . Vejamos alguns exemplos. Observe os destaques:
1 - Primeiro exemplo:
E Jesus lhes disse: Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome, e quem crê em mim nunca terá sede. Mas já vos disse que também vós me vistes, e contudo não credes…
DESTAQUE: [Todo o que o Pai me dá virá a mim]; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora…
Porque eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou.
E a vontade do Pai que me enviou é esta: Que nenhum de…
DESTAQUE: [todos aqueles que me deu se perca], mas que o ressuscite no último dia.
Porquanto a vontade daquele que me enviou é esta: Que todo aquele que vê o Filho, e crê nele, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia
João 6: 34-40.
Note: Vêm a Cristo os que o Pai deu a ele.
2 - Segundo exemplo:
Eu sou o bom Pastor, …
DESTAQUE: [e conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou conhecido.]...
Assim como o Pai me conhece a mim, também eu conheço o Pai, e dou a minha vida pelas ovelhas. Ainda tenho outras ovelhas que não são deste aprisco; também me convém agregar estas, e elas ouvirão a minha voz, e haverá um rebanho e um Pastor. Por isto o Pai me ama, porque dou a minha vida para tornar a tomá-la. Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho poder para a dar, e poder para tornar a tomá-la. Este mandamento recebi de meu Pai”.
João 10: 14-18.
Note: Tudo o que Cristo faz é por Suas ovelhas, fazendo nisso a Vontade do Pai. Há um rebanho e um Pastor.
3 - E temos mais exemplos na própria oração sacerdotal. Observe as expressões “os que me deste”, ou semelhantes. Vou destacá-las colocando-as em letras maiúsculas. Observe:
Assim como lhe deste poder sobre toda a carne, para que dê a vida eterna A TODOS QUANTOS LHE DESTE”. João 17: 2
Manifestei o teu nome AOS HOMENS QUE DO MUNDO ME DESTE; ERAM TEUS, E TU MOS DESTE, e guardaram a tua palavra”. João 17: 6.
Eu rogo por eles; não rogo pelo mundo, MAS POR AQUELES QUE ME DESTE, PORQUE SÃO TEUS”. João 17: 9.
Estando eu com eles no mundo, guardava-os em teu nome. Tenho guardado AQUELES QUE TU ME DESTE, e nenhum deles se perdeu, senão o filho da perdição, para que a Escritura se cumprisse”. João 17: 12.
E não rogo SOMENTE POR ESTES, MAS TAMBÉM POR AQUELES QUE PELA TUA PALAVRA HÃO DE CRER EM MIM”. João 17: 20.
Pai, AQUELES QUE ME DESTE quero que, onde eu estiver, também eles estejam comigo, para que vejam a minha glória que me deste; porque tu me amaste antes da fundação do mundo”. João 17: 24.
Note: Cristo ora especificamente pelos que o Pai deu a Ele. Estas são suas solicitações ou benefícios descritos sobre eles:
* Possuem a Vida Eterna (Verso 2).
* Cristo manifestou o Pai a eles (Verso 6).
* Cristo orou por eles e não pelo mundo (Verso 9).
* Cristo os guardou e pede que o Pai os guarde do mal (Verso 12 e 15).
* Cristo inclui neste grupo os que creriam posteriormente, mostrando que os que o Pai deu a Ele não são apenas os apóstolos, mas todos os crentes (Verso 20).
* Cristo ora para que eles vejam a glória que o Pai lhe deu (Verso 24).
Fica, portanto, mais que claro, que há os eleitos, aqueles que dentre o mundo caído o Pai soberanamente escolheu e deu ao Filho (Veja João 15: 16, 19; 17: 6), para que Este viesse se encarnasse e morresse na Cruz para a salvação deles. Por eles Jesus ora, e não pelo mundo em geral. O objetivo da oração em relação aos discípulos era que soubessem deste fato, o que lhes traria grande segurança e consolo. O mesmo acontece conosco, crentes de hoje, pois por nós também orou (Veja o verso 20).
II - São do Pai e do Filho (João 17: 9, 10).
O Senhor mostra por qual motivo ora apenas pelos os que o Pai lhe deu, e não pelo mundo em geral. O motivo é extremamente maravilhoso: É que eles são do Pai. Como vimos no estudo anterior, tudo é de Deus, porque Ele é o Criador de tudo e porque também cuida de tudo em Sua Providência. Mas aqui, há algo mais glorioso. Estes são dEle porque os amou eternamente e os escolheu para serem Seu Povo, Sua Família, sua esposa (Veja Efésios 2: 18-22 e 5: 22-33). Tudo o que Cristo faz pelos eleitos é pelo motivo de um interesse especial do Pai neles. Já temos estudado que tudo o que Cristo fez nesta terra está de acordo com a missão que recebera do Pai (João 17: 4). Agora se nos acrescenta que esta missão está relacionada a este interesse pelos seus. Eles lhe pertencem e por isso envia o Filho, e o Filho ora por eles somente, e não pelo mundo em geral, exatamente por esse motivo.
Mas o que já é uma informação maravilhosa torna-se ainda mais, pois o Senhor acrescenta que tudo o que é do Filho é do Pai, e tudo o que é do Pai é do Filho. Alguns comentaristas têm destacado que a segunda afirmação somente poderia ser dita por Aquele que é Deus, o Filho de Deus, a Segunda Pessoa do Santissima Trindade. Temos aqui a unidade na Trindade, tanto no sentido essencial, no que Deus TriUno e em sua eterna essência, como no que diz respeito a obra da redenção dos eleitos de Deus. Observemos outro texto semelhante. Destaco em maiúscula a parte que fala da unidade do Filho com o Pai:
“Mas vós não credes porque não sois das minhas ovelhas, como já vo-lo tenho dito. As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem; E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai. EU E O PAI SOMOS UM”. João 10: 26-30.
Note que aqui, como no texto que estamos estudando, Cristo fala que o Pai deu as Ovelhas a Ele, e então menciona a Unidade que há entre as Pessoas divinas, O Pai e O Filho. Podemos crer que em ambos os textos temos o ensino da Unidade na Trindade, tanto no sentido essencial, como no que diz respeito a salvação dos eleitos. Estes pertencem ao Pai e ao Filho, pois o Pai e o Filho são Um Único Deus e estão empenhados na salvação dos Seus. O que poderia trazer mais segurança, paz e consolo a estes discípulos, que logo ficariam sem a presença física de seu Senhor e seriam perseguidos? Ora, “Meu Pai, que mas deu, É MAIOR DO QUE TODOS; E NINGUÉM PODE ARREBATÁ-LAS DA MÃO DE MEU PAI”. Sim… “Que diremos, pois, a estas coisas? SE DEUS É POR NÓS, QUEM SERÁ CONTRA NÓS?” Romanos 8: 31. Eis o consolo deles. Eis o nosso consolo também, os crentes de hoje.
III - Neles Sou Glorificado (João 17: 10).
A conclusão do trecho é bastante lógica, e também maravilhosa e consoladora. Por todas as Escrituras, o fim último de toda a Obra de Deus é Sua Glória. Aqui novamente a obra de escolha do Pai dos que daria ao Filho, juntamente com a vinda do Filho para a Salvação destes, resultaria em Cristo glorificado neles, o que evidentemente glorificaria o próprio Pai que O enviou (Veja João 15: 1-4, 8; 17: 1, 4, 5). Os discípulos estavam ouvindo que a obra de Cristo em seu favor, resultaria na glória dEle em suas vidas. Em Cristo eles eram do Pai, e neles se manifestaria a sabedoria, justiça, santificação e redenção em Cristo (Leia I Coríntios 1:28-31). Aqueles frágeis, sofridos e perseguidos homens, estavam destinados a um propósito glorioso, isto é, a Glória de Deus em Cristo. Me digam se isso não era muitíssimo consolador? E para nós é diferente? Claro que não! Para nós também é muito consolador.
Por outro lado, eles, e nós também, deveriam sempre lembrar que suas vidas devem em tudo ser conduzidas para a glória de Cristo em santificação, por gratidão pela redenção e justificação nEle. Eles e nós hoje, temos um motivo supremo para viver: A glória do Deus TriUno, visto que fomos escolhidos pelo Pai eternamente, resgatados pelo Filho como pertencentes ao Pai e a Ele, e regenerados por Seu Espírito. “Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos! Por que quem compreendeu a mente do Senhor? ou quem foi seu conselheiro? Ou quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado? Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém”. Romanos 11: 33-36.
IV - Conselhos:
1 - Que meditemos e entesouremos na mente e coração estas verdades, e então nelas nos consolemos. Se cremos em Cristo é porque Ele veio morrer por nós especificamente, e não pelo mundo em geral, visto que pertencemos ao Pai e a Ele na eleição eterna, e nossa vida é para Sua glória. Assim podemos dizer com Paulo: “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a pela fé do Filho de Deus, O QUAL ME AMOU, e se entregou a si mesmo POR MIM” (Gl 2: 20). Ele me amou. Este é nosso consolo neste mundo mal.
2 - Vivamos para a glória de Cristo. Este é o propósito supremo de nossas vidas dado por Deus. Vivamos, pois, para Sua glória em santificação e gratidão por sua graça maravilhosa, na certeza que assim podemos viver, pois para isso nos redimiu.
3 - Você já se arrependeu de seus pecados e creu em Cristo? Talvez ao ler este texto se pergunte se é um eleito de Deus. Mas esta não é a pergunta que deve fazer. Você é ordenado a se arrepender e crer (Veja Marcos 16: 15: 16). Creia em Cristo, querido amigo. Então depois você poderá regozijar-se no fato de que creu porque foi eleito desde a eternidade pelo Pai. Mas agora o Senhor proclama o Evangelho por este estudo bíblico que está lendo, ordenando-lhe que creia em Seu Filho, o Único Salvador de pecadores como você. Arrependa-se e creia!
4 - Sempre lhes darei uma palavra de oração nesta série de estudos. Diante do que estudamos, lembro que somente Cristo poderia orar assim, pois somente Ele conhecia os que o Pai lhe deu, e nós não. Não sabemos quem são os eleitos de Deus. Mas a nós é ordenado pregarmos o Evangelho a todos (Marcos 16: 15: 16) e orarmos por todas as classes de homens (I Timóteo 2:1-5). Façamos isso, pois. Proclamemos o Evangelho e oremos, crendo que Ele pode, segundo Sua Soberana Vontade, converter os maiores pecadores, como fez com Paulo, por exemplo, pois tudo é pela graça (I Timóteo 1:16, 17). A eleição graciosa fomenta a evangelização e a oração. Amém!
*Esboço do sermão do dia do Senhor, 17 de abril de 2022.


*Esboço do sermão do dia do Senhor, 17 de abril de 2022.


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