NOSSO FIRME CONSOLO NA DOUTRINA DA ELEIÇÃO – Jonh Knox.

 

Se pensarmos que cremos e aceitamos a Cristo Jesus pregado, porque nossa inteligência é melhor que a de outros e porque temos uma inclinação melhor e somos de natureza mais tratável que os homens comuns, satanás (eu afirmo) pode facilmente derrubar todo o consolo construído em um terreno muito frágil. Isso porque o coração do homem é vaidoso e inescrutável, também os que hoje em dia são tratáveis e obedientes, tendo também algum zelo pela piedade, sim, e também pela compreensão e sentimento das misericórdias de Deus, eu afirmo que tais, em breve, em alguns casos, se tornarão teimosos, desobedientes em assuntos de grande importância, tentados com luxúria e, por fim, podem ser deixados tão estéreis que, ao contrário, tremerão à vista dos juízos de Deus, para que possam se regozijar com a adoção gratuita de seus filhos. Portanto (eu afirmo), a não ser que nosso consolo esteja baseado naquele fundamento que não pode jamais ser abalado, ele não é perfeito. E esse fundamento é: quando entendemos que cremos em Cristo Jesus no presente, porque fomos ordenados antes do início de todos os tempos a crer nele: como nele fomos eleitos para a sociedade da vida eterna, então nossa fé está firmemente fundamentada, visto que os dons e o chamado de Deus são irrevogáveis. E é fiel aquele que nos chamou. Sua infinita bondade, que o levou a nos amar em outro que não em nós mesmos, ou seja, em Cristo Jesus, de acordo com sua livre benevolência, proposto nele mesmo, é para nós uma torre de refúgio, que satanás não é capaz de derrubar, nem os portões do inferno nunca prevalecerão contra ela. Pois, a despeito do quão mutáveis sejamos, Deus é estável e imutável em seus conselhos; sim, qualquer que seja a nossa fraqueza, debilidade, displicência não há nada em nós (mesmo quando estamos em nosso próprio julgamento mais destituídos do Espírito de Deus) que ele não tenha visto antes de sermos formados no ventre, e antes do princípio de todos os tempos, porque tudo está presente com ele. Tais imperfeições, enfermidades e embotamentos, como não impediram sua misericórdia de nos eleger em Cristo Jesus, também não podem forçá-lo agora a nos recusar. Dessa fonte brota esta nossa alegria, que com o apóstolo tenhamos a ousadia de clamar: “Quem nos separará do amor de Deus que está em Cristo Jesus?” Por ver que o Pai nos deu uma herança peculiar ao seu único Filho, sendo tão poderoso, que de suas mãos ninguém é capaz de nos apartar, que perigo pode ser tão grande? Que pecado é tão grave ou desespero tão profundo é capaz de nos devorar? Pois vendo que é o próprio Deus que nos absolverá de toda iniquidade: e vendo que Cristo Jesus, seu Filho, nos permitirá pertencer ao seu corpo, quem é que se atreve a nos condenar? O consolo acerca disso ninguém sente, exceto os filhos escolhidos de Deus, isso no dia em que a justiça do homem falha, e a batalha de sua consciência é mais grave e temerosa. Portanto, como a fé brota da eleição, também é estabelecida somente pelo verdadeiro conhecimento dessa doutrina, que hoje é mais furiosamente contestada por aqueles que não a entendem. 

John Knox. Sobre Predestinação (p. 18). Edição do Kindle.

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