MANIFESTEI O TEU NOME AOS QUE ME DESTE – Manoel Coelho Jr. João 17: 6-8.

 




Aqui começamos a segunda parte desta impressionante oração. Depois de pedir por si mesmo, Nosso Senhor começa a fazer solicitações pelos seus discípulos imediatos, os apóstolos. Mais adiante Ele orará por todos os crentes. Mas na verdade, todas estas partes estão vinculadas, pois ao orar por si, ora dentro do propósito de glorificar ao Pai na salvação dos Seus, o que inclui os discípulos imediatos e todos os crentes em geral, que também compartilham das mesmas bênçãos redentoras. Neste aspecto deve ser destacada a expressão que aqui surge: “aos homens que do mundo me deste”, que já aparecera de forma um pouco modificada no verso 2, e irá aparecer mais adiante (Veja: João 17: 9,12, 20, 24). Ela denota um grupo específico, os eleitos de Deus Pai, que  são claramente o alvo da oração do Senhor. Foi ao manifestar o Pai a eles (Verso 6), que Cristo O glorificou na terra (Verso 4). Eles estão em plena segurança, pois aqui o Senhor mostra que foram dados a Ele pelo Pai num acordo eterno, antes de todas as coisas. Os discípulos, ao ouvirem tais palavras, poderiam perceber já agora, e mais ainda posteriormente, quando tivessem melhor esclarecimento, a absoluta segurança que possuíam no Decreto de Deus para a salvação deles, fazendo que enfrentassem as mais duras aflições na Paz de Cristo (João 16: 33). Em resumo: O conhecimento de que eram os que o Pai deu a Cristo, lhes daria segurança e paz. Podemos crer que em relação aos próprios discípulos, este era o propósito do Senhor em orar diante deles nestes termos. Isso também se aplica a nós. Vamos então ouvir o Senhor neste texto.


I - Os que me deste (João 17: 6). 


Ao lembrarmos de João 17: 20, podemos dizer que o Senhor está falando tanto dos discípulos imediatos, como de todos os crentes, quando usa a expressão “aos homens que do mundo me deste”. Sobre estes, o texto nos informa as seguintes verdades: 


1 - “Eram Teus”: Eles são do Pai no sentido da criação, da providência, e da redenção. Deus é dono de tudo como Criador, inclusive dos homens. Eles também são de Deus porque os mantém por Sua Providência. Mas a ênfase aqui está em que são do Senhor no sentido da Redenção. O Pai os amou e predestinou antes de todos os tempos para a Salvação em Cristo (Veja Romanos 8: 28, 29). Eles são do Pai porque são os seus eternamente amados, eleitos e predestinados por Ele. 


2 - "Tu mos deste": São de Cristo porque o Pai os deu ao Filho para que os redimissem em sua vida, morte e ressurreição (Veja João 17: 19). Também são de Cristo no sentido em que se constituem o resultado de Sua Obra Redentiva, o que O deixa satisfeito (Veja Isaías 53: 10-12 e Hebreus 2: 8-18).


3 - "Que do mundo me deste": Eles não foram retirados do meio de santos, ou dentre homens piedosos, ou dentre aqueles que primeiro buscaram a Deus, mas de um mundo que odeia a Cristo porque odeia a Deus, mundo que jamais por si só pensaria em ouvir e crer na Palavra de Jesus. (Veja João 15: 16- 25). Se dependesse dos homens ninguém seria salvo. Os que são do Pai, não são diferentes  dos resto do mundo, no sentido de sua natureza rebelde em Adão. Mas o Pai os escolheu e os retirou do mundo, e os trouxe ao Filho por Seu Espírito, para que O ouvissem e nEle cressem (Veja: João 6: 44, 45; 10: 26-30; 15: 26, 27; 16: 7-11; Efésios 2: 1-10). De fato tudo é pela graça.


Temos aqui verdades que davam plena segurança aos discípulos, passassem o que tivessem que passar. Ainda que existisse entre eles um hipócrita como Judas; ainda que possuíssem fraquezas como a que manifestaram ao abandoná-lo, e em Pedro ao negá-lo (Veja João 13: 36-38; 16: 31, 32); ainda que fossem perseguidos, expulsos da sinagoga e mortos (Veja João 16: 1-3); ainda assim estavam seguros, pois pertenciam ao Pai e ao Filho, tinham sido retirados soberanamente por Deus do mundo incrédulo para a fé e a salvação no Filho, o que jamais seria desfeito. Estavam seguros! Podiam ter paz nas aflições! Assim é com todos nós, os crentes de hoje. 

        

II - Manifestei o Teu Nome (João 17: 6).


Este texto também trata do conhecimento mais importante de todos, isto é, o conhecimento de Deus, tema que já havia aparecido no verso 3. A glória do Pai que o Filho promoveu na terra, conforme o verso 4, é agora melhor entendida com a afirmação do Senhor de que manifestou o Nome do Pai aos que lhe deu. Manifestar o Nome, indica revelar o Pai, o que somente o Filho podia fazer, pois é o Verbo de Deus (Veja João 1; 1, 14, 18; Mateus 11: 25-27). Tal conhecimento era ausente antes de conhecerem a Cristo, pois como pertencentes ao mundo, negavam a Verdade de Deus, e consequentemente estavam mortos espiritualmente (Veja João 15: 20-24; Romanos 1: 18-23; Efésios 2; 1-3; 4: 17-19). Mas em Cristo tudo mudou, agora conhecem o Pai no Filho, e, então, possuem a Vida Eterna (João 17: 3). Todavia este conhecimento não é de todos, mas, como bem claramente afirma o texto, apenas o possuem os que o Pai deu ao Filho. A consolação dos discípulos também se faria presente ao lembrarem que possuem este conhecimento supremo, o conhecimento de Deus. Tal consolo também é nosso, crentes de hoje.      


III - Eles creram e conheceram (João 17: 7 e 8).


Este conhecimento está intimamente associado à fé em Jesus. Esta fé envolve:


1- Crer que Jesus saiu do Pai, que foi enviado por Ele, que não é uma fraude, mas o verdadeiro Cristo.


2 - Que Sua Palavra não é mera Palavra de um homem, mas a Palavra do Deus-homem, Palavra de Deus, Palavra do Pai.  


A fé, então, leva ao conhecimento da Verdade em Cristo, que é o conhecimento do Pai no Filho. Não é meramente um conhecimento intelectual, ainda que envolva o intelecto, mas conhecimento espiritual e pessoal de Deus em Cristo. E como, enfim, este conhecimento chega aos eleitos? Pela Palavra de Cristo. Eles guardaram a Palavra (Verso 6), a receberam (Verso 8), conheceram que eram as palavras do Pai ao Filho (Versos 7 e 8). É pela Palavra que eles conheceram a Verdade em Jesus Cristo. E é digno de nota a afirmação  do Senhor de que eles guardaram a Palavra, mesmo eles que se mostravam tão frágeis. Observemos que mesmo na fragilidade deles havia sinais da graça, a recepção da Palavra, pois afinal, eram os que o Pai tinha dado ao Filho. Tudo isso também seria muito consolador a eles e a nós   


IV - Conselhos:  


1 - Temos nestes versos a apresentação do propósito do Pai na salvação dos eleitos e a ação do Filho para o cumprimento deste propósito. Este deve ser o nosso consolo em meio ao mundo que nos odeia e persegue, como também diante de toda a aflição. Que entesouremos estas verdades em nossa mente e coração e nelas nos consolemos, lembrando que todas as coisas contribuem juntamente para glória do Senhor e o bem dos que amam a Deus (Romanos 8: 28).  


2 - Creiamos em Cristo como o enviado do Pai, guardando Sua Palavra. Eis a evidência de nossa eleição. O conhecimento de sermos eleitos não deve ser buscado diretamente, mas o saberemos se em nós existir fé. Nos é ordenado: Creiam em Jesus! Arrependam-se dos seus pecados! Se em nós existir fé e arrependimento, é porque fomos trazidos pelo Pai ao Filho por Seu Espírito. E então nos regozijaremos em tamanha Graça e Bondade (II Pedro 1: 1-10). Somente Ele nos poderia ter salvo. Oh maravilhosa graça!


3 - Procuremos crescer no Senhor, ainda que sejamos frágeis. Os discípulos eram frágeis, mas já guardavam a Palavra e prosseguiram fortalecendo-se mais e mais. A grande questão é: Já cremos no Senhor? Já o amamos? Já guardamos Sua Palavra? Se sim, então, prossigamos usando os meios de graça, crescendo em conhecimento do Santo, lutando contra o pecado pela fé nEle.


4 - Oremos confiantes no propósito de Deus Pai em Seu Filho na salvação dos que deu a Ele. A fé na absoluta Soberania de Deus fomenta uma vida de oração. Oremos, pois, pela Igreja de Cristo, por nossos familiares, amigos e vizinhos, e mesmo por inimigos, e enfim, por todos os homens, pois o Senhor é Deus que salva pecadores e fortalece e preserva sua Igreja Amada. Oremos, pois!       


*Esboço do sermão do dia do Senhor, 10 de abril de 2022.


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