UM DISCURSO PREPARATÓRIO – Manoel Coelho Jr. João 14-16.


Pela graça de Deus completamos nossos estudos neste discurso. Permitindo o Senhor, prosseguiremos nas exposições, agora, na preciosa Oração Sacerdotal no capítulo 17. No entanto, antes disso, é bom consolidarmos o que já temos aprendido ao longo destes meses de estudo. Temos chegado à conclusão de que estas palavras de Cristo são preparatórias para o que viria. Os discípulos estavam na iminência de uma nova fase, quando Jesus não estaria mais com eles daquela forma, pois completaria a sua obra, morrendo, sendo sepultado, ressuscitando, e subindo ao Pai. Em si isso já seria uma difícil mudança, visto que não veriam mais ao Senhor. No entanto, viriam dificuldades adicionais na forma de uma Missão ao mundo, em meio a grande perseguição de um mundo que os odiaria. Por isso o Senhor os prepara neste discurso, mas não somente a eles, como também a nós, cristãos de hoje, pois estamos inseridos na mesma Missão. Vamos, então, fazer uma síntese destes importantes ensinos para nossa edificação:

I - As palavras de consolo (Capítulo 14).
O Capítulo 14 prepara consolando com duas verdades:
1 - Cristo vai voltar: Eles deveriam sempre enxergar a realidade numa perspectiva ampla, considerando a totalidade dos eventos, a consumação de tudo por ocasião da volta do Senhor quando morarão com Ele eternamente, e não meramente nas perseguições presentes no dia a dia. Isso teria o efeito de grande consolação em meio a dores, como também o tem para nós hoje (João 14: 1-3).
2 - A a presença do Consolador:
Em meio às dificuldades eles não estariam órfãos, não estariam sozinhos. Cristo estaria com eles, auxiliando-os em tudo, por meio do seu Espírito Santo. Isso também seria fonte de grande consolação a eles e a nós (João 14: 16-18).
O resultado destas duas verdade seria a paz. Assim, crendo nestas palavras de Nosso Senhor, eles não deveriam se turbar, nem se atemorizar. Esta exortação também é dada a nós, que atualmente exercemos a missão em prol do Evangelho (João 14: 27).
II - As palavras de exortação (Capítulo 15).
Diante das verdades consoladoras, o Senhor lhes faz algumas exortações. Para isso, ele usa a bela parábola da videira, em que mostra que o consolo existe porque eles estão ligados a Cristo, assim como os galhos estão ligados à videira. Dessa forma eles deveriam permanecer em Cristo. Permanecer em Cristo é a exortação essencial do capítulo 15 que se desdobra nas seguintes exortações consequentes:
1 - Permanecer em Cristo é primeiramente crer nele, crer em sua palavra (João 15: 3-7).
2 - Permanecer em Cristo também é amar a Cristo, conforme Ele se revela em sua Palavra. Ora, quem crê, ama. Quem crê em Cristo, ama Cristo. Quem ama Cristo, ama os seus mandamentos. (João 15: 9-10).
3 - Aqueles que amam a Cristo também devem amar aos discípulos de Cristo, seguindo o próprio exemplo de Cristo quando os amou (João 15: 12-17). E este amor é no contexto de ódio do mundo. Enquanto o mundo os odeia por causa de Cristo, os discípulos amam por causa de Cristo. É neste amor que os discípulos mostram ao mundo o verdadeiro discipulado em Cristo (João 13: 34, 35 e 15: 17, 18).
4 - Eles deveriam, no poder do Espírito Santo, testificar a respeito de Cristo, a um mundo que os odeia por causa de Jesus. Evidentemente tal testemunho também seria em amor. Enquanto o mundo os odeia por causa de Jesus, eles amam uns aos outros, e mesmo aos de fora no testemunho, mostrando com isso o amor de Jesus.
Nestas práticas, de permanecer em Cristo em fé e amor, exercendo, consequentemente, o amor uns aos outros e o testemunho aos de fora neste mesmo amor, é que eles deveriam viver, apoiados no consolo da Palavra do Senhor. Assim, de forma consolada e atuante é que eles conseguiriam enfrentar as perseguições do mundo. Da mesma forma ocorrerá conosco.
III - As palavras quanto ao futuro (Capítulo 16).
No capítulo 16 o Senhor informa-lhes do que ocorreria no futuro.
Primeiro, mostra-lhes a dura perseguição que se abateria sobre eles na forma de expulsão da sinagoga, o que os tornaria párias da sociedade, como também que tal perseguição poderia se agravar até o assassinato deles por parte dos que os odiavam. São palavras muito duras, mas que também visavam prepará-los, pois não os iludiriam, mas lhes mostrariam a realidade do que era ser cristão em meio a um mundo que odiava ao Senhor. E também mostraria a eles que Cristo não os enganava, mas sempre dizia-lhes a verdade, além de demonstrar que era o Senhor, que sabia todas as coisas. Isso tudo os prepararia e os consolaria, como também a nós, em meio às grandes perseguições (João 16: 1-4).
Em segundo lugar, lhes fala que o sofrimento é real, mas não eterno. Em breve eles se alegrariam ao verem o Senhor, ao conviverem com ele por meio do seu Espírito Santo no Pentecostes, e plenamente no seu retorno para estabelecer o Eterno Reino (João 16: 16-22).
A conclusão é que ao estarem conscientes, em primeiro lugar, que a perseguição seria muito dura e talvez até mortal, o que não os iludiria, e mostraria a verdade e senhorio de Cristo; e em segundo lugar, que a tristeza seria breve, mas alegria plena no retorno de Cristo no Espírito e no final dos tempos para estabelecer o seu Reino; de fato estariam preparados para enfrentar as mais terríveis perseguições. Assim também é conosco.
IV - Palavra e oração (João 16: 12, 13; 14: 13, 14; 15: 7, 16; 16: 23-27).
Em todo discurso preparatório é muito importante observarmos que o Nosso Senhor demonstra que a base da preparação está em eles ouvirem a Palavra do Senhor, e aprenderem cada vez mais quem Ele é conforme a Sua Palavra, permanecendo, então, nEle em fé e amor. Vinculado a isso está a exortação a prática contínua da oração. Há uma junção entre Palavra e oração no discurso. Eles deveriam orar conforme a compreensão das promessas de Cristo, e na medida em que orassem, seriam ouvidos e supridos, podendo prosseguir na difícil peregrinação até a vitória final. Que cresçamos no conhecimento da Palavra e oremos conforme a Palavra!
V - Conhecimento de Deus (João 14: 1-3, 16, 17, 21-23; 15: 1-6, 26; 16: 25-28).
O que dá sentido a todo o discurso preparatório, e é na verdade seu principal ensino, é que o conhecimento do Pai no Filho por obra do Espírito Santo nas Escrituras, constitui o maior bem, a Vida Eterna (João 17: 3), aquilo que baseia todo o consolo e paz; é a esperança por excelência, a alegria de estar com Ele já agora no Espírito, e no futuro em Suas Moradas Eternas. Daí que se deve olhar para Cristo para conhecer o Pai, conforme a Sua Palavra, na iluminação do Espírito, e crescer neste conhecimento bendito. Neste conhecimento temos amor, alegria e paz. Cresçamos no conhecimento do SENHOR! Amém!
VI - Conclusão:
Seriam terríveis as dificuldades em viver para Cristo e cumprir a Missão de testemunhar dEle num mundo que odeia a Deus. Mas Cristo preparou os discípulos neste discurso, como também a nós, prometendo o final vitorioso na Casa do Pai, a presença dEle no Espírito durante peregrinação, exortando-os a permanecer nEle em fé e amor, conscientizando-os das graves e mortais perseguições, como também da brevidade delas, e da futura, plena e invencível alegria da sua presença com Eles, constrangendo-os a ouvir e crer em sua Palavra e orar conforme Suas promessas, tendo nisso tudo o bem primordial, isto é, o conhecimento do Pai no Filho por obra do Espírito. Dessa forma eles e nós estamos preparados para enfrentar as terríveis dificuldades em Cristo, em Seu Amor, em Sua alegria, em sua Paz. Amém!
*Esboço do sermão do dia do Senhor, 20 de março de 2022.

Sugestão de leitura: Meditações no Evangelho de João de J. C. Ryle. Adquira no link...


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