CONHECIMENTO, FÉ E VACILO – Manoel Coelho Jr. João 16: 29-32.

 

Temos neste trecho a resposta favorável dos discípulos às palavras de Nosso Senhor, que mostra fé, ainda que frágil, mas também um certo nível de presunção. Daí que a reação de Cristo, apesar de não negar a genuinidade de sua fé, destaca e alerta sobre tal presunção. Vamos observar estes ensinos que possuem aplicação importante à nossa caminhada cristã. 

I - A resposta dos discípulos  (João 16: 29-30).

Nesta resposta podemos destacar dois aspectos:

1 - Entenderam que o tempo de ensino mais claro mencionado por Cristo no trecho anterior (Veja João 16: 23-27), já se aplicava a eles. Ainda que este não era exatamente o caso, pois isso chegaria plenamente apenas com o envio do Espírito no Pentecostes, creio que eles não estavam totalmente destituídos de razão, visto que já estamos no final de um discurso que visava precisamente o esclarecimento deles até onde podiam suportar naquele momento (João 16: 12, 13).

2 - O ensino que para eles fora esclarecido, dizia respeito à onisciência de Cristo, fortalecendo-os na Fé de que tinha vindo de Deus, sendo, portanto, Deus. É o Deus-homem.

II - A reação de Cristo  (João 16: 31, 32).

Aqui temos uma análise de Cristo sobre as palavras dos discípulos em dois aspectos:

1  - Em todo este texto há ênfase na onisciência de Cristo, e aqui ela aparece mais uma vez, pois o Nosso Senhor vê o que eles não estavam conseguindo ver, ou seja, o fato de que a fé deles ainda era muito frágil, e que em breve vacilaria. Na verdade Cristo aponta que há neles uma certa presunção. Ainda que não ponha em descrédito a fé e a confissão que fazem, pois de fato era genuína (Veja João 16: 27), Cristo mostra que não estavam aptos a enfrentarem a grande dificuldade que se aproximava.

2 - Cristo lhes traz um alerta, pois estando cheios de auto-confiança, sentiam-se preparados, aptos, com conhecimento e fé aprofundados, mas o Senhor que tudo sabe, mostra-lhes a realidade, alerta-lhes sobre a fragilidade de sua fé, o que os levará em breve a abandoná-lo, a vacilarem, portanto. Na verdade isso já estava profetizado desde o Antigo Testamento. Cristo seria deixado só (Zc 13: 7; João 13: 33, 36-38; MC 14: 27-31).

III - A a presença contínua do Pai  (João 8: 29; 16: 32).

As últimas palavras desse trecho, mostram o motivo do consolo do Senhor Jesus, isto é, o fato de que o Pai estaria com Ele quando todos o abandonassem. Na verdade, o Pai estava com ele o tempo todo. Este era o consolo de Cristo. Aqui temos a demonstração de que a obra de Deus em Cristo independe do homem, independe da presença do homem, independe do poder do homem, pois o que importa na verdade é Deus, seu propósito indestrutível, a sua presença contínua.

IV - Conselhos:

1 - Seguindo o exemplo dos discípulos, que mesmo em suas fraquezas estavam sempre perto do Senhor, recebendo sua Palavra, façamos o mesmo. Não importa as nossas fraquezas e deficiências, estejamos sempre perto do Senhor, ouvindo a sua Palavra, usando os meios de graça que ele nos concede, para termos conhecimento cada vez mais aprofundado e, então, a nossa fé fortalecida.

2 - Tomemos muito cuidado com a presunção. Devemos buscar mais conhecimento e fortalecimento de nossa fé. No entanto, nunca pensemos que já chegamos ao ápice, estando preparados para tudo, sem necessidade de vigiar e buscar mais conhecimento e fortalecimento da fé com humildade. Ouçamos os alertas do Senhor sobre este perigo, esperando nEle, procurando fortalecermo-nos nEle, aprendendo inclusive com as experiências passadas de vacilo,  que mostram que precisamos desta cautela e humildade.

3 - Que tenhamos o mesmo consolo de Cristo, pois assim como o Pai estava com ele o tempo todo, como Aquele que o enviou e não o abandonava na obra que tinha que realizar, assim também está conosco hoje em Cristo Jesus, por obra e graça do Espírito Santo. Nunca estamos sozinhos. O Pai sempre está conosco. Que este seja o nosso consolo!

*Esboço do sermão do dia do Senhor, 06 de março de 2022.

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