GLORIFICA TEU FILHO – Manoel Coelho Jr. João 17: 1-3.


Chegamos em terreno santíssimo. Trata-se de uma oração, que em muitos sentidos, somente Cristo poderia fazer, pois aqui está como Deus-homem fazendo solicitações a Deus Pai, sobre coisas acertadas no seio da Santíssima Trindade, a respeito da Salvação dos seus. Que o Senhor nos ajude a interpretar bem este capítulo impressionante. Oremos! É uma oração de finalização do último discurso, e é bem vinculado a ele com as palavras “falou assim e, levantou seus olhos ao céu, e disse”, possuindo o mesmo propósito de pacificação em relação aos discípulos (Jo 16: 33), como também um incentivo a vida de oração. Tendo o Senhor lhes preparado para sua partida, agora ora, consagrando-se ao sacrifício por eles, onde Ele é o Sacerdote e a Vítima ao mesmo tempo. É bem denominada, portanto, de “A Oração Sacerdotal de Cristo”. Como tem sido dito, podemos dividi-la em três partes: A primeira é uma oração por si; a segunda, uma oração pelos discípulos imediatos; e a terceira, uma oração por todos os crentes; notando-se que os beneficiados das duas partes finais estão intimamente relacionados nas solicitações. Neste estudo vamos iniciar as exposições, olhando para os três primeiros versículos, que mostram Cristo pedindo pela glória do Pai nEle, relacionada com a dádiva da vida eterna aos seus, que consiste no Conhecimento de Deus no Filho. O Senhor seja conosco.
I - A glória do Pai no Filho (João 17: 1).
Ele levanta os olhos ao céu, mostrando a posição elevadíssima de Deus em relação a este mundo dos homens, atitude própria para todas as orações. Diz, primeiramente, que chegou a hora, referindo-se ao momento estabelecido pelo Decreto Eterno para seu oferecimento ao Pai por seu povo, em sua morte, sepultamento, ressurreição e ascensão. Tal hora, já tinha sido mencionada várias vezes no Evangelho (Veja: João 1: 39; 7: 30; 8: 20; 11: 33; 12: 27; 13: 1). Ele pede a glorificação do Pai no Filho, pois esta hora do sacrifício de Jesus, seria a manifestação dos atributos santíssimos de Deus Pai que O enviou, especialmente em Seu Amor, Graça, Misericórdia, Justiça, Poder e Sabedoria. Cristo solicita isso e se entrega nesta oração, para tal propósito. Evidentemente que o efeito nos discípulos, ao ouvirem o Senhor orar assim, seria de grande instrução e consolo, conforme o ensino do próprio discurso sobre a gloriosa verdade de que tudo se encaminha segundo o propósito de Deus. Além disso, seriam incentivados a orar ao Altíssimo Deus.
II - O poder do Filho (João 17: 2).
A glória do Pai no Filho está exatamente vinculada à missão que recebeu do Pai para salvar os Seus, na qualidade de Deus-Homem, Mediador. Ele vem com autoridade Divina sobre “toda a carne”, sobre toda a humanidade, como o Ungido de Deus, como o Rei (Veja o Salmo 2). Com esta autoridade sobre todos, Ele vem para resgatar e dar a Vida Eterna a um grupo específico, os que são designados com a expressão: “todos quantos lhes destes”. Esta expressão, ou semelhante, aparecerá outras vezes nesta oração sacerdotal (Veja: João 17: 6, 9, 11, 12, 24). Designa os eleitos de Deus dentre a humanidade caída. Observe como o Senhor os separa do resto da humanidade em João 17: 9. Ele não ora por todos, mas apenas pelos que o Pai deu a Ele. Portanto, a Glória do Pai no Filho, seria manifesta na salvação destes eleitos, isto é, em Cristo lhes conceder a Vida Eterna. A percepção desta realidade, da segurança que os discípulos tinham como eleitos, lhes daria paz e consolo num mundo que os odiava.
III - A Vida Eterna (João 17: 3).
A glória do Pai no Filho, na dádiva da Vida Eterna aos que o Pai deu a Ele, leva Nosso Senhor a mencionar a relação que tal Vida possuía com o conhecimento de Deus. As Escrituras mostram que o salário do pecado é a morte (Veja Gn 2: 17; Rm 6: 23; Ef 2: 1); o que implica em falta de comunhão com Deus e ignorância voluntária e profunda sobre Ele, levando-os a idolatria (Veja Ef 2: 11,12 e 4: 17,18; Rm 1: 18-25). A morte espiritual, portanto, está associada às trevas espirituais, à ignorância sobre quem é Deus causada pelo pecado. Todavia, Jesus Cristo, o Salvador do pecado, o Ungido de Deus, o Enviado do Pai, resolve esta terrível situação. Ele morre pelos seus, reconcilia-lhes com o Pai, trazendo-lhes o conhecimento de Deus, como Deus Verdadeiro e Único (Leia o que Paulo fala sobre o que ocorreu aos Tessalonicenses na conversão deles em I Tessalonicenses 1: 1-10). Esta unidade com Deus, e conhecimento de Sua Pessoa como Deus Verdadeiro, é a Vida Eterna, produz a Vida Espiritual nos homens. E isso tudo é apenas em Jesus Cristo, que O revela. Isso já começa agora, mas será pleno nas moradas de Deus, quando os discípulos verão a glória que o Pai deu ao Filho (Leia João 14: 1-3 e 17: 24). Pergunto-lhes: Estas verdades não seriam profundamente consoladoras aos discípulos? Sim, seriam, sem dúvida, e não somente a eles, mas também a todos nós, crentes de hoje. Louvado seja Nosso Senhor! Isso também nos lembra: Já conhecemos o Deus Verdadeiro. Guardemo-nos dos ídolos (Leia I João 5: 20,21).
IV - Conselhos:
1 - Creio que o primeiro conselho que posso lhes dar diante deste capítulo maravilhoso é: Oremos! Se o Senhor orou no final de seu ministério, se Ele passava muitas horas em oração (Veja João 6: 14-20 com Mateus 14: 22, 23), é porque a oração lhe era importante como reconhecimento da necessidade da bênção do Pai em tudo. E nisso ele nos deixa exemplo. Como então poderíamos viver sem orar. Porventura não necessitamos do Senhor Deus em nossa vida e missão neste mundo? Orar é reconhecer que tudo é por Ele. Oremos, pois!
2 - Meditemos sempre nas verdades consoladoras de que o Pai, o Filho e o Espírito Santo operam a nossa salvação para a glória do Pai no Filho, que tudo concorre de acordo com o Divino Decreto, que Cristo tem poder sobre o mundo e trouxe a Vida Eterna a nós, os Seus, e que nisso temos Conhecimento do Pai em Jesus Cristo.
3 - Mas também é importante diante de um texto tão solene perguntar a todos: Vocês já têm a Vida Eterna? Já conhecem a Deus em Jesus Cristo? Já creram nEle?
4 - Sejamos gratos ao Senhor pela Vida Eterna, e o glorifiquemos em nosso viver produzindo frutos em Cristo, mostrando genuíno discipulado (Leia João 15:8 ). Guardemo-nos também dos ídolos. Amém!
*Esboço do sermão do dia do Senhor, 27 de março de 2022.

Leitura sugerida... Sermões de Spurgeon sobre a cruz de Cristo...

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