Exposição de Gênesis 3: A Queda.

Neste texto está a exposição completa do capítulo três de Gênesis, incluindo as duas partes já publicadas com a última e inédita. Pode ser copiado e distribuído livremente. Pedimos apenas que se indique a fonte. Oramos para que seja usado por Deus para a edificação dos leitores. Em breve continuaremos a exposição do Livro de Gênesis.

I – INTRODUÇÃO:

A queda é um marco histórico para a humanidade, é um divisor de águas, a partir dela tudo muda, e para pior. Ela explica porque o mundo é assim. Nestes primeiros capítulos de Gênesis Deus é isento, pois fez tudo bom e o homem é colocado como o responsável. O homem pecou, ele caiu, ele é o responsável. Neste estudo queremos pensar nas seguintes questões: Como ocorreu a queda? Quais suas conseqüências? Existe esperança?

II – A TENTAÇÃO (3:1-6):

Aqui aparece a serpente, e a Bíblia posteriormente vai identificá-la com satanás. É sagaz, prudente, mas a coisa em questão é voltada para o mal. O maligno usa de artimanhas para atrair Eva. Vejamos os passos da tentação:

1 A serpente inicia o diálogo e já exagera deturpando a Palavra de Deus, procurando insinuar dúvidas a respeito de Deus e suas intenções. “Não comereis de toda a arvore?”. A isto Eva devia ter se afastado, mas não o fez e assim se expôs. Tal fato nos alerta que devemos nos afastar de qualquer circunstancia que nos tente a duvidar da Palavra de Deus.
2 Eva corrige a serpente, fala que se comessem morreriam, mas também exagera ao afirmar que Deus proibiu tocar o fruto, o que não aconteceu. Mas volto a observar neste ponto, que Eva se expõe respondendo, prosseguindo na conversa com a serpente. Não devia ter feito isso, devia ter saído daquela situação de perigo.
3 Diante disto a serpente dá seu golpe fatal. Diz que não morrerão, ou seja, Deus mente, tem má intenção. Segundo a serpente, Deus não quer que eles sejam como Ele, conhecedor do bem e do mal. Assim, segundo a serpente, Deus não quer que os homens melhorem, progridam. Então, segundo este raciocínio, Deus é um impedimento para a vida verdadeira. Ora, esta idéia permaneceu pelos séculos posteriores e continua em nossos dias. A serpente continua iludindo os homens e mulheres dizendo que não precisam de Deus para viver e melhorar.
4 Conhecer o bem e o mal, o que é? O contexto nos sugere que se refere a independência humana. O homem determinaria o que é o bem e o mal e não Deus. Seriam assim como Deus, ou como deuses. O mesmo permanece hoje. Os seres humanos querem dirigir suas vidas, querem ser deuses.

Estes foram os passos da tentação em si. A resposta do casal a eles veremos a seguir.

III – A QUEDA (3:6):

O antigo comentarista puritano Matthew Henry ao comentar o texto enfatiza os verbos que aparecem na frase . Penso que é importante fazer o mesmo agora. Temos os verbos: ver, tomar, comer e dar. Tais verbos enfatizam os passos da Queda. Vejamos:

1- Viu que: era boa para comer, parecia gostosa; agradável aos olhos, era bonita; desejável para dar entendimento, para conhecer por si o bem e o mal. Como vários tem destacado, I Jo 2:16 nos apresenta estas coisas como pertencentes a este mundo. Afirma aquele texto: “porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo.” O início da queda está na concupiscência, ou seja, no desejo despertado. Tiago 1:13,14 diz: “Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta. Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz”. Portanto Eva estava neste ponto com os desejos errados despertados em seu ser. A serpente alcançou seu propósito e os próximos passos foram a conseqüência.

2 – Tomou: Agora ela toca o objeto de seu desejo. Antes só olhava, mas agora o têm nas mãos.

3 – Comeu: Aqui Eva efetivamente quebrou o mandamento divino de Gn 2:17. Esta foi a consumação terrível da Queda.

4 – Deu: Eva leva consigo Adão que voluntariamente peca com ela. O casal cai junto.

Amados, que terrível é esta história. Satanás, a serpente, conseguiu ser muito bem sucedido em sua tentação. O primeiro casal caíra, e as conseqüências seriam catastróficas e já começariam a se manifestar como veremos adiante.

IV – CONSEQUÊNCIAS IMEDIATAS (3:7-13):

Adão e Eva esperavam progredir, melhorar, ter vida de verdade ao se afastarem de Deus e sua Palavra. Mas o pecado imediatamente mostrou seu pagamento. Sem demora eles começaram a sofrer, e em vez de progredirem decaíram. Este engano permanece entre nós. Os seres humanos acreditam em uma felicidade sem Deus, sem sua Palavra, sem seus mandamentos. Mas olhe o mundo. O que está a nossa volta é a prova incontestável de que tal pensamento é um erro. Mas porque isso acontece? A resposta é: quando o ser humano é dominado pelo pecado passa a raciocinar de maneira errada. O pecado dá-lhe razões que são falsas, mas para o dominado por ele parecem verdadeiras. Vemos isso no caso da mulher adúltera de Provérbios 7. Lá ela tenta um jovem inocente a se deitar com ela. Para isso apresenta várias razões ao rapaz, o seduz com muitas palavras. Mas todas as razões são falsas. Por quê? Porque o final é a morte. Ele é como um boi que vai para o matadouro. Assim todas as razões do pecado são falsas, pois prometem prazeres e benefícios, mas no final são colheitas de morte. Porém aquele que está dominado pelas razões falsas não consegue ver isto. Crê que melhorará, que será mais feliz. Esta pessoa não consegue ver adiante, enxerga muito pouco, está em trevas. Mas de repente chega a morte. Assim foi com Adão e Eva. Pecaram e imediatamente passaram a sofrer. A decepção veio. Vejamos então estas conseqüências imediatas:

1 – Vergonha: Gênesis 2:25 diz que o primeiro casal estava nu, e no entanto não sentia vergonha, não se sentia incomodado. Mas após o pecado passaram a olhar o mesmo fato, mas com outros olhos. Os olhos agora estavam “abertos”, estavam maus e com estes olhos a nudez trazia vergonha. Assim eles procuraram se cobrir com folhas de figueira. Diante deste fato quero observar que o termo “vergonha” nos fala de desconforto a algo em nós mesmos. Antes do pecado não havia vergonha, agora há. Antes não havia nenhum problema consigo mesmo, agora há. Antes não havia nenhum conflito consigo mesmo, agora há. Assim, quero destacar que esta imediata conseqüência da queda nos fala da perda da paz interna. Não há mais paz consigo, ao invés, há conflito, há uma guerra interna, uma desestrutura, o homem já não se entende. E assim são todos após a queda, assim somos nós.

2 – Fuga e medo de Deus: Quando ouviram o barulho de Deus se esconderam entre as árvores. E Adão diante do chamado de Deus reconhece: “tive medo”. Que nós possamos sentir a gravidade desta conseqüência imediata da Queda! Ora, o homem foi criado para Deus. Ele é a sua imagem e semelhança. O Senhor o colocou aqui para dominar em seu Nome e para sua Glória. Deu-lhe sua Palavra, ordenou sua obediência. O primeiro casal e seus descendentes foram criados para servirem ao Senhor, para fazerem dele seu Deus, para viverem para sua glória e honra. Mas vejam, agora eles fogem de Deus, tem medo Dele, sentem-se mau em sua presença, sentem que estão em culpa diante Dele, vêem que estão nus, comeram do fruto proibido, quebraram o Mandamento, não ouviram e guardaram sua Palavra, traíram ao Senhor, por isso fogem Dele, tem Medo. Mas para onde irá o homem e sua mulher? O que farão? Para que servirão? Para que, se foram criados para a glória de Deus, para fazer dele seu Deus? Não há outro sentido para estas criaturas para este homem e esta mulher, que não seja fazer de Deus o seu Deus. Mas isso não é mais possível, pois o pecado os impede. Oh, aí está a pior conseqüência do pecado: A perda de comunhão e intimidade com Deus. Para onde irá o homem se não possui mais o sentido primordial de sua vida: Deus?

3 – Desculpas e Acusações: Ao ser questionado por Deus Adão acusa Eva, e esta por sua vez acusa a serpente. A harmonia no casal acabou. A partir de agora os seres humanos passa a acusar os outros por seus erros em vez de reconhecê-los. Gostam os homens e mulheres de elogio e honras, mas nunca de reconhecimento de erros. Enquanto o evangelho de Cristo ensina a humilhação e reconhecimento do pecado o homem natural se tem em grande conta e se defende com todas as forças e argumentos possíveis. Ele diz: “a mulher que me deste por esposa”, ou seja, ela é culpada. Mas não é só isso, pois diz “a mulher que me deste por esposa”. Ele acusa Deus também. Todos são culpados menos o homem em seu pecado. Até Deus é culpado. Não vemos isto em nossos dias? Sim, com certeza vemos. Estas desculpas causam acusações, que por sua vez causam desarmonia entre casais, famílias, vizinhos, amigos, nações, etc.

V – AS MALDIÇÕES E O PRIMEIRO ANÚNCIO DO EVANGELHO (3:14- 21):

Chegamos agora a esta parte tão instrutiva e esperançosa para todos nós. Digo isso pelo fato de que aqui a forma de Deus revelar seu Evangelho por toda a Escritura se torna evidente. Eu me refiro a realidade de que Deus não nos engana. Ele mostra a real situação em que nos encontramos. Ele mostra que estamos em condenação. Ele tira a venda de nossos olhos e nos faz ver a gravidade de toda a nossa situação. Já falei anteriormente que o homem no pecado se torna cego. O pecado é trevas, cegueira e ilusão. O pecado faz as pessoas dançarem, pularem, rirem, em beira ao precipício. Estão quase escorregando, mas continuam pulando. Não meu amigo, Deus não nos engana. Deus não engana você. Deus lhe alerta. Não se engane: O pecado é maldição. Assim neste texto Deus amaldiçoa, Ele pronuncia juízo e condenação. Mas não fica só nisto. Eu disse que este texto era esperançoso. Por quê? Porque nele está o primeiro anuncio do Evangelho, da Boa Nova de salvação em Cristo. Sim em meio a Maldição está a luz. Só o Senhor pode fazer isto. Sim! Só Ele pode fazer brotar em meio a maior tragédia que a humanidade já viu, sim, fazer em meio a isto brotar a Salvação. Do Senhor é a Salvação. Só o Senhor pode salvar você!
Mas preciso dizer algo mais a respeito destas maldições. Elas vão significar um transtorno na boa criação de Deus a partir de então. Lembremos que tudo o que Ele fez era bom. Tudo era ordenado, organizado, equilibrado e adequado. As coisas se encaixavam. As relações eram adequadas. Deus e Homem, homem e mulher, homem e natureza, estava tudo em paz, em tranqüilidade. Havia uma harmonia perfeita. Mas o pecado transtornou tudo, e tudo se tornou difícil, muito complicado, muito suado. Podemos ilustrar com uma máquina. Sabemos que as máquinas são formadas de diversas peças. E cada uma destas peças tem seu lugar específico. Mas sabemos também que com o tempo estas peças se desgastam e já não conseguem mais cumprir suas funções com perfeição. Elas estão lá no mesmo lugar, mas não se encaixam, não se “entendem” mais. Até o som emitido muda. Antes era suave, agora é incomodante. As peças começam a ameaçar o trabalho uma das outras. A máquina trabalha inadequadamente, e se nada for feito por fim pode ser que todo o equipamento se perca. Há algo semelhante nestas maldições. Vejamos, então:

1 – A maldição sobre a serpente (14,15): Sabemos que o Senhor não está falando apenas à serpente. Sabemos que há alguém por traz da serpente e este é satanás. Assim a maldição é compartilhada. Notemos ainda que as maldições começam pela origem de toda a tragédia: o diabo. E isso para nós já significa um forte motivo de consolo, pois, Deus se volta contra o tentador, contra aquele que provocou o primeiro casal e os induziu ao pecado. O Maligno causou grande mal a humanidade e a tem escravizado desde então, mas ele está condenado e vencido. Sua derrota final virá, ele não têm a palavra final e sim o Senhor Nosso Deus. Existe esperança, e esta está em Deus. Vamos então ver quais foram as maldições sobre a serpente:
A – Foi amaldiçoada entre todos as animais e deve agora rastejar: Será que isto significa que antes a serpente não rastejava? De certo que não é este o significado. Vemos que em Gn 1:25 Deus criara os Répteis, ou seja animais rastejantes. Tais animais já existiam, já rastejavam. Qual o significado então? O sentido é encontrado mais no que está por traz da coisa do que na coisa em si. Não é que só agora a serpente passou a rastejar, mas que agora o rastejar, para ela, significa um rebaixamento uma humilhação. Ela que foi usada pelo maligno para o mal do homem, ela que em certo sentido foi exaltada pelo diabo como instrumento da queda daquele que é a imagem de Deus, agora então é humilhada desta forma. Creio ainda que isto seja aplicável ao próprio maligno. Ele está condenado a humilhação e derrota, visto que quis se exaltar.
B – O primeiro anúncio do Evangelho: Diz o verso 15: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”. Pela primeira vez nas Escrituras é mencionado o Evangelho. E notemos bem: em meio a toda esta tragédia. Este é o Senhor nosso Deus. Só Ele poderia dizer isso, Só Ele poderia declarar está nota de esperança. Mas o que Ele diz afinal? Ele manifesta uma inimizade constante entre a serpente e os homens. Sabemos da aversão que as pessoas têm das serpentes. Mas sabemos também que esta maldição está voltada contra o maligno. Haverá uma guerra constante entre os homens e satanás. Esta guerra seria definitiva entre a serpente, ou seja, entre o maligno e o descendente. Quem é este descendente? O contexto geral das Escrituras aponta claramente para o Senhor Jesus Cristo. A guerra seria entre o descendente da mulher. Entre um nascido de mulher que seria então mordido no calcanhar, mas que finalmente esmagaria a cabeça da serpente. Ora, este é Jesus que foi perseguido por satanás e levado a morte, mas que por esta mesma morte pisou, esmagou de uma vez por todas a cabeça da serpente. Mordida de calcanhar é curável, mas cabeça esmagada não tem cura. Satanás está destruído para sempre. Este é o Proto-Evangelho, é a primeira vez que vez que a boa nova é mencionada. Notemos que este anúncio não é feito direto a Adão, mas a serpente. Fora dito bem claramente que ele seria derrotado.

Diante de tudo isso quero tirar duas lições:

A – A vitória do Filho de Deus é certa, assim como a derrota do maligno. Tudo é apenas uma questão de tempo para a concretização final deste fato. Assim eu lhe pergunto: A quem você está seguindo? A Cristo ou a satanás? Quem é o seu Senhor afinal? Você crê em Cristo como seu Salvador e Senhor? Já se arrependeu de seus pecados? Ou ainda serve ao diabo em sua arrogância a Deus, em sua rebeldia e afronta ao Rei dos Reis? Dependendo de suas respostas a estas questões ou você será salvo, ou condenado. Diga-me: Os que servem ao diabo que esperança têm se para ele não existe nenhuma? Responda-me seriamente. Ele está condenado, para ele não existe esperança, mas somente derrota e danação. Porem Cristo é o Rei vitorioso que já esmagou a cabeça da serpente, Ele é o Cabeça da Nova Raça que não é Escrava do maligno, mas que ao contrário Reinará juntamente com Cristo o Nosso Senhor. Creia em Cristo e serás salvo. Mas se não creres eu te digo solenemente: Já estás condenado, pois fora Dele não há salvação!
B – Deus continua sendo soberano. O texto demonstra de forma inequívoca que Deus está no controle. Não, a serpente não venceu. Ele não tem a ultima palavra. Mas o Senhor do alto de sua Soberania pronuncia maldição a serpente e declara sua derrota. Na verdade tudo inclusive a Queda e a Redenção estavam no desígnio de Deus. Em Cristo temos a Redenção, Eleição e a Predestinação desde antes da fundação do mundo (I Pe 1:18-21; Ef 1:3-5). O Senhor é Soberano e nada o toma de surpresa. Ele é Senhor! Não meus amigos, o nosso Deus não é pego de surpresa, seus planos não são frustrados, mas tudo o que determinou será cumprido. Até a Queda está em seu controle e o glorificará, pois em meio a Queda surgirá a Redenção. Sim em meio a toda esta tragédia Ele diz: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3:15). Este é o Senhor, a Ele a Glória!

2 – A maldição sobre a mulher (verso 16):

Lembro agora o exemplo da máquina que dei anteriormente. As peças ainda estão no lugar, mas agora não mais se entendem. Não existe mais harmonia. Isto fica claro no que aconteceu ao primeiro casal. Vejamos no caso de Eva:

A – Gravidez com sofrimento: sabemos que o Senhor criou o primeiro casal para que eles se multiplicassem. A procriação é uma dádiva, uma benção de Deus. O Salmo 127:3 nos diz que os filhos são herança do Senhor. Assim era a vontade de Deus que Adão e Eva crescessem e se multiplicassem (Gn1:27,28). A mulher fora escolhida por Deus como instrumento desta grande dádiva, dessa forma para ela a gravidez seria uma benção e motivo de grande alegria. Pois bem, tudo isto seria uma realidade se não houvesse o pecado. Mas o casal pecou e a partir de então o sofrimento, as dores caíram sobre o que deveria ser apenas motivo de contentamento. Agora a mulher terá dores com a gravidez. Ora meus irmãos, devemos lembrar de novo o exemplo da máquina. Com tempo suas peças envelhecem e passam a se combater fazendo do trabalho, que antes era adequado e suave, se transformar em um trabalho inadequado e difícil. Assim a gravidez passou a ser difícil, dolorosa.
No entanto eu penso que mesmo em meio a esta maldição ainda existe uma tônica de esperança que demonstra a misericórdia de Deus sobre nós pecadores. E a tônica é esta: Deus continua abençoando a gravidez. O próprio salmo 127:3 que citei anteriormente confirma isto. Os filhos são herança do Senhor. Tal fato fica evidente no caso dos diversos personagens bíblicos. Pessoas que o Senhor deu aos seus pais e que se tornaram benção para a humanidade. Pessoas como Abel, Sete, Enoque, Noé, Abraão, Isaque, Jacó, José, Moisés, Josué, Samuel, Rute, Ester, Davi, Salomão, Isaías, Maria, Pedro, os Joãos, Paulo, Tiago, enfim a galeria é enorme. Todos foram usados na mão de Deus. Neles o Senhor abençoou as mulheres que os geraram. Neles o Senhor abençoou a gravidez. Mas nenhum deles é maior que Cristo o Filho de Deus. Este já estava anunciado em Gn3:15. Sim, um pouco antes de Deus amaldiçoar a mulher ele de fato de certa forma a abençoou decretando que dela nasceria o que iria esmagar a cabeça da serpente. Que maravilha é isto meus irmãos, o Deus justo e misericordioso amaldiçoa, mas também mostra sua graça.
B – A difícil relação com Adão: Esta é a segunda parte da maldição sobre a mulher. O Senhor diz: “o teu desejo será para o teu marido e ele te governará”. Será que Deus estava dizendo que somente agora a mulher deveria ser submissa ao seu marido? Que só agora o homem passaria a ser o líder da família? Não, não devemos pensar assim. Observemos o que Paulo fala em I Co 11:3 assim: “Quero, entretanto, que saibais ser Cristo o cabeça de todo homem, e o homem, o cabeça da mulher, e Deus, o cabeça de Cristo.”. Aqui Paulo indica a autoridade do homem sobre a mulher , sua liderança sobre sua casa. Mas adianta ele afirma nos versos 8 e 9: “Porque o homem não foi feito da mulher, e sim a mulher, do homem. Porque também o homem não foi criado por causa da mulher, e sim a mulher, por causa do homem.”. Dessa forma ele liga a autoridade do homem à criação. Dessa forma ele coloca a autoridade do homem antes do advento do primeiro pecado. Assim argumento que a autoridade do homem não é conseqüência do pecado, mas é algo que em si já está ligado a criação, que já estava no propósito de Deus originalmente.
Mas então o Deus quis dizer quando amaldiçoou a mulher afirmando que seria governada pelo homem? Lembremos de novo do exemplo da máquina. As peças estão lá, mas já não trabalham em harmonia. Assim não é o a autoridade do homem que é coisa nova, mas a novidade está na forma em que ela seria exercida. Mattew Henry explica assim: “Se o homem não tivesse pecado, teria sempre se assenhoreado com sabedoria, e amor; se a mulher não tivesse pecado, teria sempre obedecido com humildade e mansidão”. (Comentário Bíblico de Matthew Henry, página 17). Nós temos conhecido por experiência nossa, ou de outros, como é difícil o relacionamento entre o homem e sua esposa. Como os homens têm dificuldades em exercer sua autoridade com sabedoria, e como as mulheres tem dificuldade em respeitar seus maridos. Sabemos dos conflitos que existem entre os cônjuges, conflitos que já se manifestaram, como demonstramos antes, entre Adão e Eva em suas acusações mútuas. Ah meus amados está é a maldição.
Mas olhem uma coisa: Paulo fala em Ef 5:22-23 que Cristo e a Igreja é o modelo do relacionamento marido e mulher. Assim ele exorta os homens cristãos a amarem suas esposas como Cristo amou a Igreja. E as mulheres cristãs a se submeterem seus maridos como a Igreja se submete a Cristo. Cristo e a Igreja, este é o modelo para casamento cristão. Da mesma forma os casamentos entre os cristãos devem expressar o relacionamento entre Cristo e a Igreja. Lembro que estas palavras de Paulo estão no contexto de uma vida cheia do Espírito Santo. Ele afirma no verso 5:18 que não devemos nos embriagar mas sim nos enchermos do Espírito. Assim a casamento genuinamente cristão está relacionado a uma vida cheia do Espírito. Meus irmãos o Espírito vive em nós para que vivamos a vontade de Deus em nosso lar. Você marido ame sua esposa. Você esposa respeite seu marido. Talvez você diga que é difícil. Mas, o Espírito não vive em você? Não é isso que você professa? Então vá em frente e faça a vontade de Deus. Tenha paciência, perdoe, lute a graça de Deus estará lhe fortalecendo se de fato já nasceu de novo pelo poder do Espírito Santo. Assim vemos que em meio a esta maldição o Senhor tem abençoado os casais como fez com a gravidez.

3 – A maldição sobre o homem (versos 17-19):

Observemos que o Senhor disse: “Viste que atendeste a voz de tua mulher e comeste da árvore que eu te ordenara não comesses maldita é a terra”. Adão não deveria ter ouvido sua mulher, pois conhecia o mandamento de Deus. Há um grande problema quando os seres humanos que conhecem a Palavra expressa de Deus ainda assim se deixam levar pelas insinuações dos outros. Hei você que conhece a Palavra de Deus e ainda assim se deixa levar por outros ao pecado: cuidado. O pecado gera a maldição. O que Adão devia ter feito era influenciar a mulher a não pecar, mas não o fez. Pecou e trouxe a maldição. Quais foram:

A – A terra foi amaldiçoada: Lembro a máquina de novo: Lá estava a terra para ser trabalhada, mas não era como antes. Não pensemos que o trabalho veio depois do pecado. Não, de forma alguma. O trabalho já existia e era uma benção de Deus. Em Gn 2:15 diz Deus: “Tomou, pois, o SENHOR Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar.”. Ora, aqui está o trabalho antes do pecado. Mas a maldição consistiu em que depois do pecado a terra se tornou hostil. O trabalho passou a ser difícil, penoso, suado. Aliás, tido ficou difícil como temos visto. O pecado causa isto. A partir de agora haveria o cansaço, os espinhos causariam dificuldades, haveria enfim muita canseira e empecilhos ao homem em seu trabalho.
Porém, aqui também vemos a tônica da misericórdia de Deus. O Senhor diz que seria com suor, mas ainda sim eles comeriam do pão. A Bíblia afirma em vários lugares que o alimento vem do Senhor. Veja o que diz o Salmo 104:10-15: “Tu fazes rebentar fontes no vale, cujas águas correm entre os montes; dão de beber a todos os animais do campo; os jumentos selvagens matam a sua sede. Junto delas têm as aves do céu o seu pouso e, por entre a ramagem, desferem o seu canto. Do alto de tua morada, regas os montes; a terra farta-se do fruto de tuas obras. Fazes crescer a relva para os animais e as plantas, para o serviço do homem, de sorte que da terra tire o seu pão, o vinho, que alegra o coração do homem, o azeite, que lhe dá brilho ao rosto, e o alimento, que lhe sustém as forças.”. E diz mais nos versos seguintes: “Avigoram-se as árvores do SENHOR e os cedros do Líbano que ele plantou, em que as aves fazem seus ninhos; quanto à cegonha, a sua casa é nos ciprestes. Os altos montes são das cabras montesinhas, e as rochas, o refúgio dos arganazes. Fez a lua para marcar o tempo; o sol conhece a hora do seu ocaso. Dispões as trevas, e vem a noite, na qual vagueiam os animais da selva. Os leõezinhos rugem pela presa e buscam de Deus o sustento; em vindo o sol, eles se recolhem e se acomodam nos seus covis. Sai o homem para o seu trabalho e para o seu encargo até à tarde. Que variedade, SENHOR, nas tuas obras! Todas com sabedoria as fizeste; cheia está a terra das tuas riquezas.”( Sl 104:16-24). Ora meus irmãos, Dele vem os sustento, o alimento a toda criatura. Dele vem o alimento do homem. Vemos então que em meio a maldição mais uma vez está misericórdia do Senhor com o homem e toda a criação. Seria duro o trabalho, mas do Senhor viria o sustento.
Notemos ainda que mesmo depois da maldição o trabalho é uma dádiva de Deus e ordenado aos homens. O trabalho faz parte da providência divina. O salmista diz: “Fazes crescer a relva para os animais e as plantas, para o serviço do homem, de sorte que da terra tire o seu pão, o vinho, que alegra o coração do homem, o azeite, que lhe dá brilho ao rosto, e o alimento, que lhe sustém as forças.”(Sl 104:14). Notemos bem: “de sorte que da terra tire o seu pão”. Adiante ele diz em meio a todo o reconhecimento da obra de Deus: “Sai o homem para o seu trabalho e para o seu encargo até à tarde.” (S104:23). Daí ele louva ao Senhor por tudo isto com estas palavras: “Que variedade, SENHOR, nas tuas obras! Todas com sabedoria as fizeste; cheia está a terra das tuas riquezas.”(Sl 104:24). O trabalho do homem faz parte destas obras gloriosas de Deus, assim continua a ser uma benção na vida do homem e por ele Deus lhe dá o sustento.
B – A morte física: Diz o Senhor: “ao pó tornarás.”. O homem não fora criado para morrer. Mas agora morrerá. É muito importante refletirmos sobre isto. Hoje se entende a morte como algo natural como fazendo parte da existência. Mas as Escrituras nos mostram que a morte veio depois do pecado, não era para morrermos. O salário do pecado é a morte. Quanto sofrimento os homens e as mulheres teriam a partir de então. Reflitamos meus irmãos que Adão queria ser como Deus, mas o que ele terá é isso: “o pó da terra”. Veio do pó e voltará ao pó. É isso que o pecado traz a morte, a destruição. Mas louvemos ao Senhor, pois aquele que pisaria a cabeça da serpente, nisto venceria a morte por sua morte. Ele ressuscitou, está vivo e Nele temos a esperança da ressurreição quando então não haverá mais morte (leia I Co 15).

Estas são as maldições e nelas vemos o terrível repudio que o Senhor tem do pecado. Ao mesmo tempo vemos a misericórdia que o Senhor tem tido dos seres humanos. Ora ele poderia tê-los mandado imediatamente para o inferno, mas não o fez. Em vez disso anunciou o Redentor a grande prova de sua graça o que nos leva a adoração. E também desde então tem sustentado este homem e mulher, está humanidade dando-lhes trabalho, pão e tantos motivos de alegria e louvor. Grande é Senhor.

VI – A EXPULSÃO DA PRESENÇA DE DEUS (Versos 20-24):

Chegamos a parte final. E aqui temos:

A - Deus cobrindo a nudez do casal com a pele de um animal: Muitos vêem aqui um tipo de Cristo. Penso que isso seja correto. Deus derrama o sangue de um animal e a partir de então muitas vezes no Antigo Testamento animais serão mortos como símbolo de nosso Redentor. Pelo sangue de Cristo há Redenção!
B – Impedimento a Árvore da Vida e a expulsão do paraíso: A Árvore da Vida significava, como diz o nome a vida como a outra a morte, a do conhecimento do bem e do mal. Mas o homem não teria mais acesso a ela, pois agora o homem é autônomo, independente de Deus, ele agora é conhecedor do bem e do mal. Não existe vida sem Deus e no pecado. O homem não pode comer deste fruto de vida, e nada ele pode fazer para mudar esta situação. Junto a isso é dito que ele foi expulso do paraíso. Isso implica no fim da comunhão com Deus. Ora, sem Deus não há vida. O homem estava gora expulso da presença de Deus. O Senhor colocou querubins e a espada para impedi-lo de voltar a ter comunhão com Deus e acesso a Árvore da Vida. Tudo isto enfatiza a impossibilidade de o homem por si só mudar esta situação. Na verdade se lembramos que Adão anteriormente fugira de Deus, chegaremos a conclusão a inimizade é de ambos os lados. Será que tudo está perdido? Se depender do homem sim! Mas graças ao Senhor existe esperança. Veja estes textos de Apocalipse:
Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao vencedor, dar-lhe-ei que se alimente da árvore da vida que se encontra no paraíso de Deus. (Ap 2:7).
No meio da sua praça, de uma e outra margem do rio, está a árvore da vida, que produz doze frutos, dando o seu fruto de mês em mês, e as folhas da árvore são para a cura dos povos. (Ap 22:2).
Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras no sangue do Cordeiro, para que lhes assista o direito à árvore da vida, e entrem na cidade pelas portas. (Ap 22:14).
...e, se alguém tirar qualquer coisa das palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte da árvore da vida, da cidade santa e das coisas que se acham escritas neste livro. (Ap 22:19).
A primeira referência (Ap 2:7) aparece no contexto da Igreja de Éfeso. As demais no contexto da Nova Jerusalém. Observemos que isto nos conduz ao fato de que no futuro haverá um povo que morará novamente com Deus e que terá acesso a Árvore da Vida. Que povo é este? É o povo formado pelos os vencedores, os moradores da nova Jerusalém, os que guardam as palavras do livro desta profecia. Mas, afinal quem são estes? Ora, são os que lavarão as suas vestiduras no sangue do cordeiro. Para estes é dado o direito, a permissão de voltar a Deus, de ter comunhão com Ele, de ter acesso novamente a Árvore da Vida. Somente estes voltarão, pois não é por eles que podem voltar, mas pelo sangue do Cordeiro. Mas que é este cordeiro? Evidentemente é o mesmo de Gn 3:15, é aquele que um dia pisaria na cabeça da serpente, que derramaria o seu sangue em sua morte para que então os pecados de seu povo fossem expiados, e eles pudessem voltar a Deus e a Vida que vem Dele.
Vemos que bem provavelmente Adão entendeu isso, entendeu Gn 3:15, visto que em meio a tanta tristeza deu a sua mulher o nome de Eva que quer dizer “vida”. Da semente da mulher viria a vida, viria Cristo, aquele que é o Caminho, a Verdade e a Vida. Amém!

VI – CONCLUSÃO:

Qual a razão de haver o mal no mundo? A resposta enfática da Bíblia é: O pecado! Qual a única esperança para o ser humano que vive neste mundo mal? A resposta enfática da Bíblia é: Cristo! Toda a resposta diferente desta é paliativa e jamais resolverá de fato o problema, pois não toca na raiz, mas apenas no fruto. Qual o seu maior problema? Não é sua pobreza, ou doença, ou solidão, nem suas dificuldades na família. Tudo isto, ou coisas semelhantes, são apenas os frutos e não a raiz. Mas o seu maior problema é o pecado. Por natureza desde Adão nós somos rebeldes a Deus, não o amamos e desejamos. Deus está contra nós e não há nada que por nós mesmos pode mudar isto. Mas em Cristo Ele está trazendo de volta um povo para si. Qual a sua única esperança meu amigo e amiga? Cristo! Creia Nele e arrependa-se de seus pecados e em Cristo será perdoado e para ti será esta palavra: “Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras no sangue do Cordeiro, para que lhes assista o direito à árvore da vida, e entrem na cidade pelas portas.” (Ap 22:14).

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