ESTUDO XXVIII - O TEMPO PERDIDO NA EGOLATRIA. Dn 4: 28-30 - Manoel Coelho Jr.

 



O conselho do profeta foi dado, mas o tempo passou e o rei não se arrependeu. Ao contrário, abusou do tempo e finalmente manifestou sua autoadoração ao falar da Babilônia como sua obra, feita com seu poder, e para sua glória. Estava dominado pelo orgulho. Mas as palavras do rei mostram a completa loucura da egolatria, pois nada disso é verdade. No entanto, o ególatra prossegue no erro, e continua a perder o tempo, pois está dominado por tal loucura. Mas finalmente a realidade o achará. Este é o quadro natural de cada homem e mulher neste mundo rebelado contra Deus. Porém, o Evangelho é a cura deste mal. Em Cristo o homem é liberto desta loucura, pois recebe tudo de graça, e entende que a obra, o poder e a glória é do Senhor. Assim não dedica mais o seu tempo na teimosia, mas em culto a Deus. Qual o seu caso? Este texto nos apresenta um rei orgulhoso como exemplo de uma humanidade igualmente orgulhosa, indo para destruição, precisando urgentemente da libertação que só existe no Evangelho. Você já foi liberto pelo Evangelho? O Evangelho está operando em sua vida tornando-o um adorador de Deus e não de si mesmo? Venha meditar comigo:


1 - O tempo perdido (28, 29): 


Não há tempo bem gasto quando se está dominado pela egolatria, pois é um tempo de pecado que  finaliza na morte, em vez de ser gasto no ouvir a Palavra, na reflexão, na fé e no arrependimento. Vamos entender melhor esta perda  de tempo  nos seguintes pontos:


A - O ególatra não ouve o alerta da Palavra - Doze meses se passam.


Daniel deu um bom conselho ao soberbo rei, conselho ao arrependimento. Também mostrou-lhe que Deus é misericordioso e poderia adiar ou interromper o castigo  anunciado. Mas o tempo passou, um ano inteiro, doze meses, e o rei não  se arrependeu nem creu na misericórdia de Deus. Ele não ouviu o conselho  de Deus  por seu profeta. De certa forma, o Senhor  prolongou a sua tranquilidade (verso 27), mas o rei não  deu atenção à Palavra e continuou pecando. O ególatra deixa o tempo passar e não o aproveita para ouvir a Palavra, se arrepender e crer. Assim ocorre, porque está dominado pela ideia de que é uma espécie de “deus”, e pelo prazer que tal ideia lhe concede. Lembremos que Nabucodonosor estava sossegado em suas realizações, até que Deus lhe enviou o sonho (4: 4, 5). É o sossego na satisfação em suas próprias realizações e poder. O homem descansa, dorme em seu orgulho, e o tempo vai passando sem arrependimento.  


B - A paciência misericordiosa de Deus no retardar o juízo (II Pe 3: 9). 


O apóstolo Pedro nos esclarece sobre o propósito de Deus em dar este tempo para o pecador, após já ter enviado Sua Palavra. Vejamos :


O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânimo para conosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se”. II Pedro 3:9


Pedro nos esclarece que Deus dá tempo ao homem porque é longânimo, deseja  o seu arrependimento, e assim concede-lhe oportunidade para voltar-se de seus pecados para o Senhor. Esse é o propósito de Deus em dar tempo ao pecador. 


C - O abuso do tempo misericordioso pelo pecador, como no caso de Nabucodonosor (Rm 2; 2-8). 


Já Paulo nos traz esclarecimento sobre o que ocorre quando o pecador  não se arrepende. Leiamos:


“² E bem sabemos que o juízo de Deus é segundo a verdade sobre os que tais coisas fazem.

³ E tu, ó homem, que julgas os que fazem tais coisas, cuidas que, fazendo-as tu, escaparás ao juízo de Deus?

⁴ Ou desprezas tu as riquezas da sua benignidade, e paciência e longanimidade, ignorando que a benignidade de Deus te leva ao arrependimento?

⁵ Mas, segundo a tua dureza e teu coração impenitente, entesouras ira para ti no dia da ira e da manifestação do juízo de Deus;

⁶ O qual recompensará cada um segundo as suas obras; a saber:

⁷ A vida eterna aos que, com perseverança em fazer bem, procuram glória, honra e incorrupção;

⁸ Mas a indignação e a ira aos que são contenciosos, desobedientes à verdade e obedientes à iniqüidade

Romanos 2:2-8


O apóstolo está aqui mostrando o erro dos religiosos judeus, que condenam as iniquidades dos pagãos, enquanto  eles  mesmos permanecem em seus pecados. São hipócritas. Eles imaginam que se livrarão do juízo  de Deus dessa forma. Paulo mostra, ainda, que agindo assim, eles estão desprezando a longanimidade de Deus, acumulando, portanto, juízo ao não se arrependerem. O pecador teima em não ouvir o alerta, em vez de aproveitar o tempo para se arrepender, crer e adorar a Deus. Ele abusa do tempo de longanimidade de Deus, e continua assim até o último minuto. Acumula juízo. Assim fez Nabucodonosor. 


Portanto, entendemos por Pedro e Paulo,  que Deus é longânimo, e por isso dá  tempo para que o pecador se arrependa. Mas o pecador abusa do tempo de longanimidade, não se arrependendo, até  que vem o juízo de Deus. Esse é o alerta de nosso texto.


2 - A louca egolatria manifesta (30).


Ao compararmos as palavras de Nabucodonosor neste verso com a proclamação do Evangelho de Nosso Senhor, percebemos que cada afirmação do rei é completa loucura gerada pela egolatria. O orgulho enlouquece. É  uma fuga da realidade. Vejamos cada afirmação comparando-as com o Evangelho:


A - Eu edifiquei. Negação de que Deus é quem edifica - Loucura. O evangelho leva a esta percepção em sua mensagem (Ef 2: 1-10), e esclarece sobre as demais obras de Deus (Criação, Providência - Sl 104). Por gentileza, leia calmamente Ef 2: 1-10 e o Salmo 104.


Observe como Paulo afirma em Efésios que a salvação  é absolutamente pela graça  de Deus. Segundo o apóstolo, é Deus quem vivifica, quem liberta da carne, do mundo e do diabo, quem dá a fé, e que as obras não salvam ninguém, mas são consequência de sua obra em nós. O Evangelho mostra o homem como completo incapaz de fazer qualquer coisa para sua salvação. 


No entanto, o Evangelho também revela que o Senhor é o Criador e Provedor. Quando olhamos o salmo 104, podemos ler que o Senhor é o que sustenta a terra, e todo o reino espiritual e material. Segundo o salmo, ele é o que domina e sustenta todos os seres, sejam animados ou inanimados, vegetais ou animais, e os homens. Ele concede o pão, o trabalho, a vida. Então, tudo o que é feito é em última instância obra de suas mãos. 


Portando, o Evangelho mostra que o que Nabucodonosor afirma é mentira, é  loucura. A egolatria enlouquece o ser humano. 


B - Com meu poder.  Negação de que o poder pertence a Deus - Loucura. O evangelho leva a esta percepção do poder de Deus em sua mensagem (Poder de Deus - Rm 1; 16), e esclarece sobre as demais obras poderosas de Deus (Rm 1:20). 


Vamos ler Rm 1: 16:


Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego” Romanos 1:16.


O Evangelho é o poder  de Deus. O homem não é salvo por seu poder, mas pelo  poder de Deus. 


Mas, leiamos também Rm 1: 20:


Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis” Romanos 1:20


Segundo o apóstolo, o poder de Deus é claramente revelado na criação, de forma que os homens se tornam indesculpáveis por não admitirem isso. O Evangelho não somente mostra que somos  salvos pelo poder de Deus, mas também tira o véu de nossos olhos para enxergarmos o seu poder na criação e na providência (Lembrando também do salmo 104).


A conclusão é que, segundo o Evangelho de Cristo, Nabucodonosor se engana quando fala que construiu a Babilônia pelo seu poder. A verdade é que o poder pertence a Deus, na Criação, Providência e Redenção, e é Ele que concede poder aos homens. Mas o que engana Nabucodonosor é  a egolatria. 


C - Para minha glória. Negação de que a glória é de Deus e que deve ser glorificado - Loucura. O evangelho leva a esta percepção da glória de Deus em sua mensagem (Glória de Deus - Ef 1; Jo 3: 16; 17: 1), e esclarece sobre as obras gloriosas de Deus (Sl 104: 31). 


Vamos ler mais alguns versículos que demonstram que o Evangelho revela a glória de Deus em suas obras:


³ Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo;

⁴ Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor;

⁵ E nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade,

⁶ Para louvor da glória de sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no Amado” 


Efésios 1:3-6.


O Evangelho revela a glória de Deus na salvação pela graça. Mas vejamos mais:


¹ Jesus falou assim e, levantando seus olhos ao céu, e disse: Pai, é chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que também o teu Filho te glorifique a ti;

² Assim como lhe deste poder sobre toda a carne, para que dê a vida eterna a todos quantos lhe deste”. 


João 17:1,2


Cristo ora para que o Pai glorifique o Filho. E assim, o Pai seria glorificado igualmente. Mas como? Evidentemente Cristo aqui se refere à sua morte expiatória, prestes  a ocorrer. Notemos que Ele fala do poder para dar a vida eterna  a todos os que lhe foram dados pelo Pai. A obra é  de Deus. A glória  é de Deus. 


Mas o Evangelho também revela  a glória de Deus na Criação e na Providência, ao nos mostrar a verdade sobre Deus. Por isso mais uma vez recorremos ao salmo 104, destacando os versos 30 e 31 que nos dizem:


³⁰ Envias o teu Espírito, e são criados, e assim renovas a face da terra.

³¹ A glória do Senhor durará para sempre; o Senhor se alegrará nas suas obras”. 


Salmos 104:30,31.


A conclusão é que Nabucodonosor está completamente enganado segundo o Evangelho. O que o engana? A sua egolatria. O ser humano ególatra diz: “Eu fiz, com meu poder, para minha glória” (Dn 4: 30). O Evangelho de Cristo anuncia: “O Senhor destrói a jactância humana, ao salvar impotentes e miseráveis pecadores em Seu Filho, por seu Poder Absoluto,  para resplandecer sua Glória Divina” (Rm 3: 27, 28; Ef 2: 8-10).


3 - O juízo iminente (verso 31).


Enquanto o rei dizia estas loucas palavras de egolatria, o juízo estava próximo. O juízo era  iminente. Mas a egolatria o cegava. Continuou a perder cada segundo na egolatria. Assim é toda a humanidade em seu orgulho. Deus fala, alerta, longânimamente dá tempo, mas os homens e mulheres continuam dizendo em seu coração até o último milésimo de segundo: “Eu fiz, pelo meu poder, para minha glória”, e continuam fazendo o mal  uns aos outros, até que finalmente eles, como Nabucodonosor, ouvem: “A ti se diz, ó rei Nabucodonosor: Passou de ti o reino”.  Daniel 4:31. O juízo é iminente!


E você? Como está usando seu tempo? Já se humilhou, se arrependeu de seus pecados  e creu em Cristo como Único Salvador e Senhor?


4 - Conselhos:


1 - Pense: Como você está tratando seu tempo em relação aos alertas da Palavra e o chamado ao arrependimento e a fé em Cristo? Hoje é tempo para nos arrependermos e crermos, e não para abusarmos no orgulho, afrontando a Deus todos os dias. O juízo é  iminente. Hoje graciosamente o Senhor diz: “Eu, Jesus, enviei o meu anjo, para vos testificar estas coisas nas igrejas. Eu sou a raiz e a geração de Davi, a resplandecente estrela da manhã. E o Espírito e a esposa dizem: Vem. E quem ouve, diga: Vem. E quem tem sede, venha; e quem quiser, tome de graça da água da vida”. Apocalipse 22:16,17.


2 - Verifique se a louca egolatria o está levando a falar e agir como Nabucodonosor. Você está atribuindo as suas realizações a Deus? Está reconhecendo o poder de Deus? Está glorificando a Deus em sua vida e palavras? Não? Porventura você está falando ou agindo  de maneira a transparecer a expressão: “Eu fiz, com meu poder, para minha glória”? Medite no Evangelho e nas obras do Senhor na Criação e Providência, e observe toda a bondade e graça de Deus sobre sua vida, e que  você  não  fez nada,  mas Ele fez tudo,  e dessa forma seu coração se aquecerá. Então, arrependa-se, confesse seu pecado de orgulho, e creia no perdão e purificação em Cristo. “Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça”. I João 1:8,9. Viva em tudo para o Senhor em amor e gratidão, glorificando-o por tão graciosa salvação, e pelas dádivas e obras na Criação e Providência. 


3 - Você já se arrependeu e creu em Cristo? Como está usando o tempo que Deus está lhe dando? Você tem meditado sobre o juízo iminente? Tem meditado sobre a graça e misericórdia de Deus em perdoar pecadores em Cristo? Hoje é tempo de arrependimento e fé. A salvação é pela graça. O Senhor salva, pelo seu poder, para sua glória. Arrependa-se e creia. Cristo morreu por pecadores como você. “A palavra está junto de ti, na tua boca e no teu coração; esta é a palavra da fé, que pregamos, A saber: Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo”. Romanos 10:8,9.


*Esboço da exposição ministrada na Igreja Batista Reformada do Tapanã, em 24 de março de 2024. Venha ouvir estas exposições aos domingos, às 19h. Endereço: Conjunto Tapajós,  Rua Búzios,  Número 35, Bairro do Tapanã em Belém do Pará. 


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