ESTUDO V - DEZ VEZES MAIS DOUTOS. Dn 1: 17-21 - Manoel Coelho Jr.



No estudo anterior vimos que o Senhor abençoou seus jovens servos. Eles mantiveram-se fiéis no alimento, e foram abençoados fisicamente. Mas no presente estudo, observaremos que eles crescem em responsabilidade e utilidade. Atrelado a isso, veremos que a benção do Senhor foi física, mas não somente. A benção também foi intelectual e espiritual. Mas há outros detalhes importantes. A bênção não é a mesma para todos, mas de acordo com as responsabilidades que o Senhor lhes têm individualmente, e mostra-se como mais excelente que os dons dos pagãos, além de vir relacionada com o esperançoso futuro, quando Deus libertaria seu povo. Assim, o texto está ligado ao passado recente, mostra bênçãos do presente, e aponta para o futuro, tendo o Senhor como Soberano em todos os aspectos (verso 17). Dessa forma o trecho se torna muito significativo para nós, pois nossas vidas cristãs neste mundo podem ser postas na mesma perspectiva. Precisamos crescer, somos abençoados com dons para o presente, mas esperamos por um futuro glorioso, com a vinda do reino de Cristo em sua plenitude. Vamos estudar o texto com estes pensamentos.
I - A bênção/os dons (verso 17, 21).
Depois da resolução com alimentos, Daniel e seus companheiros são abençoados fisicamente pelo Senhor. Todavia a benção é abrangente. Ela não toca somente no físico, mas também se manifesta como benção intelectual e espiritual.
1 - A benção intelectual.
A benção intelectual tratava-se de um profundo conhecimento em toda a literatura babilônica e na língua dos caldeus (Verso 4). Esse conhecimento envolvia o aspecto religioso e das ciências dos babilônicos, e isso com sabedoria, ou seja, com habilidade e prudência. É digno de nota que os rapazes se tornaram grandes conhecedores de toda aquela religião idolátrica, mas não se contaminaram, e que adquiriram úteis conhecimentos práticos pela ciência da época.
2 - A benção espiritual.
Essa bênção espiritual vemos especialmente em Daniel. Ele também tinha as mesmas habilidades intelectuais de seus companheiros, mas ia além deles, possuindo a capacidade de entender visões e sonhos que Deus concedia. Tratava-se de algo sobrenatural. Daniel era um profeta. No entanto, num sentido mais amplo, todos aqueles quatro jovens foram abençoados espiritualmente, pois todos conheciam ao Senhor, e seriam usados para sua glória, por meio de sua graça espiritual. Na verdade fica claro, pela vida destes rapazes, que não há bênção sem este aspecto espiritual, pois um homem é realmente abençoado quando conhece a Deus, o Sumo-Bem.
3 - Dons diferentes.
Outro aspecto importante é que a benção não era exatamente igual para todos. Todos receberam dons intelectuais, mas apenas Daniel recebe capacitação para interpretar visões e sonhos. Por que? O motivo estava no propósito de Deus para cada jovem. O Senhor iria usar a todos eles, mas não da mesma forma. Os três amigos de Daniel seriam usados mais nos negócios do governo, para nesse contexto testemunharem. Por isso eles foram tão bem capacitados intelectualmente. Já Daniel era um profeta, ainda que também fosse trabalhar no governo. Daniel anunciaria a vontade de Deus àqueles reis. Dessa forma, precisava daquele dom especial de interpretação de visões e sonhos. Nosso Sapientíssimo Senhor sabe conceder dons a seus servos, de acordo com o que mais se adequa a seus propósitos especiais para cada um deles.
4 - Dons do Senhor:
Em todo o estudo deste precioso capítulo temos notado o absoluto controle de Deus. Foi O Senhor quem entregou o rei de Judá a Nabucodonosor, junto com os utensílios do Templo (Versos 1 e 2). Ele deu misericórdia a Daniel em relação ao chefe dos eunucos (Verso 9). E foi Ele, evidentemente, quem os abençoou com saúde e força física, ainda que no texto não o seja dito com estas palavras (Verso 15). Agora é o Senhor novamente quem lhes concede dons intelectuais e espirituais. Em cada aspecto é o Senhor dirigindo e abençoando a vida destes jovens, e isso com um propósito que ultrapassaria suas próprias vidas. O Senhor é Deus Soberano. Dele vêm todos estes dons. Ele, e somente Ele deve ser glorificado, pois.
II - A utilidade/serviço (Versos 18, 19).
Tendo recebido tantos dons, e isso depois de três anos de intenso estudo de toda a cultura babilônica, conforme a determinação de Nabucodonosor, ao completar-se este período, foram finalmente examinados pelo rei. A conclusão foi a de que estavam aptos para o serviço diante de Nabucodonosor. Então passaram a servir de fato. Ora, o Senhor os capacita e os põe ali. O Senhor quer usá-los de acordo com seu propósito. Tal propósito, portanto, é o de serviço útil ao reino daqueles pagãos. Todavia é mais que isso. Trata-se de honrar a Deus neste serviço entre os pagãos, conforme veremos no ponto seguinte. Os dons de Deus são sempre para o serviço útil dentro da cultura em que o Senhor coloca a seus servos, para a sua glória.
III - A superioridade para a glória de Deus (Verso 20).
Observemos que não se acham outros tais conforme aqueles rapazes, segundo o verso 19. E mais, o próprio Nabucodonosor chega a conclusão que eles são dez vezes mais doutos que todos os magos astrólogos que havia em seu reino. Não devemos entender que aqui há uma precisão absoluta na linguagem de “dez vezes mais”. Provavelmente se trata de uma linguagem de exagero para expressar que eram muito superiores àqueles outros homens. No entanto, observemos também, que se trata de superioridade sobre homens mais velhos, e experimentados na religião pagã, cheia de ídolos. Com isso o Senhor estava glorificando Seu Nome sobre os ídolos, mostrando que somente Ele é o Verdadeiro Deus, Deus que é capaz de dar tanta inteligência e Sabedoria a pessoas tão jovens. Com isso o Senhor estava mostrando-se como verdadeiro Deus, e que toda a boa dádiva de inteligência, ciência e sabedoria vem dEle. Amém!
IV - O Futuro (Verso 21). Esdras 1.
Quando comparamos o nosso texto no verso 21, com Esdras 1, que diz que o Senhor despertou o espírito de Ciro para trazer de volta à Jesusalém o Seu povo, junto com os utensílios que Nabucodonosor havia retirado, chegamos à conclusão que esta referência a Daniel, como permanecendo até o primeiro ano de Ciro, é uma nota da esperança que o Senhor nutria no próprio Daniel e em seus companheiros, e para todos os leitores do livro, traz esperança também quanto ao futuro. O Senhor usaria os jovens no exílio, mas no futuro libertaria seu povo e devolveria o Templo. O futuro do povo de Deus, povo de Daniel, de Sadraque, de Mesaque e de Abednego, seria glorioso, seria o de voltar ao Senhor, ao Seu Culto, ao Seu Templo. Assim também é com a Igreja em nossos próprios dias. Somos como exilados neste mundo que não é nosso. Mas devemos aqui ser úteis, humildes, servos, de acordo com os dons que o Senhor nos concede, vivendo para Sua Glória, anunciando Seu Nome a todos. Mas em breve se manifestará o Reino de Deus em Seu Amado Filho, O Senhor Jesus Cristo, e então estaremos com Ele para sempre. Dessa forma, “alegrai-vos no fato de serdes participantes das aflições de Cristo, para que também na revelação da sua glória vos regozijeis e alegreis” I Pe 4: 13. Amém!
V - Conselhos:
1 - Busquemos ser resolutos no presente, para desenvolvimento e maior utilidade no futuro, conforme Daniel. A santificação vem passo a passo, e também a utilidade. O que temos para fazer hoje, pela graça, resolvamos fazer para o Senhor, para sua glória, de acordo com sua vontade santa na Palavra, pela fé em Cristo, e Ele nos guiará para sermos mais úteis no futuro, conforme seu propósito.
2 - Procuremos ser úteis de acordo com os dons e talentos que o Senhor nos deu. Sadraque não era Daniel. Assim, recebeu dons de acordo com o propósito de Deus para ele. Assim também ocorre conosco. O Senhor nos criou, deu-nos dons e talentos específicos, e nos inseriu numa determinada cultura. Ele nos abre o coração para o Evangelho, e nos conduz para servirmos no mundo, anunciando seu Nome de acordo com nossos papéis, vocações, segundo nossos talentos e dons, que nos concedeu para isso. Que assim o sirvamos.
3 - Estes dons são para a utilidade e para glorificar a Deus. Lembremos sempre disso para sermos muito zelosos em nosso serviço. Daniel e seus amigos não foram abençoados para autoglorificação, mas para honrarem ao Senhor no serviço e utilidade aos próximos. Nessa consciência eram muito zelosos. Assim também deve ser conosco. Devemos ter consciência que tudo vem de Nosso Senhor e é para Ele, e que nos deu tais dons para servirmos às pessoas, honrando seu Santíssimo Nome. Tudo é para a glória de Deus, em serviço e amor, e não para autoglorificação orgulhosa e opressora.
4 - Os Servos do Senhor não são contra o que há de bom na cultura, nem contra a ciência. Muito ao contrário. Tudo o que há de bom numa determinada cultura, mesmo numa cultura deste mundo, vem de Deus, de sua graça comum, é seu dom, e O glorifica. Assim Daniel, com seus amigos, se tornou profundo conhecedor das habilidades e ciência de sua época, e disso se aproveitou, honrando ao Senhor. No entanto nunca se dobrou aos ídolos, Ele sabia fazer a diferença. Devemos seguir o exemplo deste jovens em nossos próprios dias.
5 - O futuro do povo de Deus é glorioso. Cristo voltará. Devemos viver e servir hoje nesta expectativa, mesmo em sofrimentos, perseguições e todo o tipo de dificuldade. Lembremos daqueles jovens. Semelhante a eles somos exilados em outro reino. Mas em breve estaremos em nossa casa, na casa do Pai, em que há muitas moradas. Façamos tudo, então, cheios de esperança e amor ao Senhor, Senhor que logo veremos.
6 - E você, já é um servo do Verdadeiro Deus, ou está como os magos astrólogos da Babilônia, servindo a falsos deuses? Qual a sua situação neste mundo? Você é como os babilônicos, ou como Daniel e seus amigos? Você já creu em Cristo como Único Salvador de pecadores como você? Já se arrependeu de seus pecados contra o Santo Deus? Já se arrependeu de suas idolatrias? Arrependa-se, meu prezado leitor! Creia em Cristo! E viva para o Deus Vivo em Cristo, por seu Espírito, salvo pela graça. AMÉM!
*Esboço do sermão do Culto Público de 03 de setembro de 2023.
Venha ouvir estas exposições em nossos cultos de domingo às 19h.
IGREJA BATISTA REFORMADA DO TAPANÃ. Conjunto Tapajós, Rua Búzios, Número 35, Bairro do Tapanã em Belém do Pará.

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