ESTUDO IV - PROPÔS NO SEU CORAÇÃO NÃO SE CONTAMINAR COM AS IGUARIAS - Manoel Coelho Jr. Dn 1: 6-16


No estudo passado vimos, de maneira geral, quais eram as tentações que Daniel e seus companheiros estavam expostos na Babilônia, e como eles reagiram para se proteger delas, conforme somos informados no livro. Mostramos que ali estava ocorrendo um choque de culturas. Vimos também que uma das tentações dizia respeito às iguarias e ao vinho do rei. O texto de nosso presente estudo mostra-nos a maneira como Daniel resistiu a esta tentação específica, decidindo em seu coração não participar destas coisas. Veremos como ele procedeu, e o resultado satisfatório que teve da parte do Senhor, que o estava preparando para coisas mais importantes em tudo isso. Em tudo observaremos a benção de Deus e a fidelidade de Daniel ao Senhor e não às iguarias. Algo paralelo acontece em nossos dias. Os cristãos de hoje da mesma forma estão expostos à tentação das iguarias e prazeres que o mundo oferece. É verdade que os prazeres não são pecados em si mesmos. No entanto, a questão que se levanta no texto é sobre nossa lealdade. Há o perigo de nos tornarmos leais às iguarias e não ao Senhor. Essa era a tentação de Daniel, e é a nossa igualmente. Assim, a questão que quero primordialmente lhes propor neste estudo é: Como está nossa fidelidade ao Senhor diante das iguarias do mundo? Ou colocando de outra forma: Onde está nossa lealdade, ao Senhor ou aos prazeres da presente era? Vamos juntos meditar nestas questões ouvindo nosso texto:
I - A resolução e procedimento de Daniel (6-14).
Observemos a maneira como os jovens de nosso texto reagiram diante do que os babilônicos lhes impuseram:
1 - Aceitaram os novos nomes - V 6, 7 - Há um limite para a aceitação da cultura.
A troca de nomes implicava mudança do referencial ao Deus de Israel para o dos deuses pagãos, por uma meio de seus significados diferentes. Podemos crer que isso era uma tentativa de inserir os jovens judeus na nova cultura pagã, fazendo-os esquecer de suas próprias origens. Todavia é interessante notar que, à semelhança do que ocorreu com José no Egito, os jovens não criaram nenhum problema com isso. Eles aceitaram os novos nomes. Todavia Daniel não quis as iguarias. Isso sugere que há um limite para a aceitação da nova cultura. Há coisas que se pode aceitar. De fato eles não esqueceram suas origens. Tampouco abandonaram seu Deus para adorar os deuses pagãos. Mas mesmo assim aceitaram os novos nomes. Parece que isso lhes era aceitável. No entanto, a coisa mudou quando falou-se em dieta, o que veremos nos próximos pontos.
2 - Uma questão do coração - Não se contaminar com as iguarias - Verso 8.
É muito importante observarmos que a decisão de Daniel foi de coração. Toda verdadeira religiosidade provém do coração, do amor a Deus, do fato de que Deus é o centro da vida, que a lealdade maior é a Ele. Mas qual o motivo de Daniel não querer participar destas iguarias e do vinho? Por que isso o contaminaria? Possivelmente era por causa da proibição do livro de Levítico a respeito da dieta com animais impuros, ou, também é possível, para evitar a lealdade que a alimentação com um idólatra implicava, conforme observamos em Dn 11: 26. Mas seja por um motivo ou outro, era sempre uma questão de lealdade ao Senhor. Daniel não queria se contaminar diante de Deus. A questão podia envolver não se contaminar cerimonialmente, mas apontava para não se contaminar com o pecado, com aquilo que ofendia a Deus.
3 - Um pedido com respeito, cuidado e prudência. Versos 8 e 12.
É notável o respeito que Daniel sempre trata seus superiores. E lembremos que não são pessoas de Judá, mas pagãos e idólatras. Daniel não era arrogante, mas humilde e respeitoso, o que com certeza fez que também o respeitassem (Dn 1: 9). É dessa forma respeitosa que ele procura conseguir, primeiro do chefe dos eunucos e depois do despenseiro, que o liberassem daquela dieta contaminante. No entanto, notemos também, Daniel faz isso com prudência. Ele entende as razões do chefe dos eunucos de não liberá-lo da dieta. Por isso propõem um teste ao despenseiro. Ele não quer expor aqueles homens à morte, não quer prejudicá-los. Ele é cuidadoso e prudente.
4 - Deus abençoa Daniel. I Rs 8: 50; Sl 106: 46.
É maravilhoso observarmos que por trás de tudo está o Senhor. Oh, Deus está com Daniel, como estava com José, quando também se encontrava afastado de casa, e da mesma forma abre para ele o coração do chefe dos eunucos. Deus cumpre a promessa de I Rs 8: 50 e Sl 106: 46, fazendo com que o chefe dos eunucos tenha misericórdia de Seu jovem servo. Este homem não teve coragem de atender o pedido de Daniel. E ele tinha razões para isso. Mas deve ter negado com pesar o seu pedido, podemos crer. No entanto, o Senhor conduzia tudo, guiando Daniel, e abrindo o coração dos seus dominadores. O Senhor cuida do seu povo, mesmo quando estão exilados.
5 - A fé de Daniel. Verso 12.
Observemos a fé de Daniel. Ele crê que Deus abençoará sua dieta. Ele obedece a Deus e espera nEle. Ele não procura se aproveitar das iguarias, contaminando-se, mas as nega, preferindo os legumes, porque esta era a vontade de Deus, e espera que o Senhor cuide do resultado. E assim é abençoado. Mas, é importante que se diga, sua fé não é imprudente. Ainda que Daniel creia que Deus o abençoará, ele não tenta ao Senhor agindo com imprudência. Ele faz tudo com muito cuidado e planejamento, para não expor a morte o chefe dos eunucos e o despenseiro. Ele prudentemente propõe um teste. Ele agem com cautela. A fé é irmã da prudência. Uma fé imprudente não é fé, mas louca presunção.
II - O resultado e a preparação (15, 16).
Deus abençoa a ação de Daniel. O resultado é o melhor. Quando se passaram os dez dias, Daniel e seus companheiros, que também participaram da dieta, estavam com melhores semblantes e mais fortes e saudáveis que os outros jovens que se alimentaram da dieta do rei. O Senhor os abençoou. A fé em Deus leva a experimentar a realidade do que se crê, no sentido de que não é vão esperar em Deus. Por outro lado, o Senhor prepara aqueles jovens para o que virá. Notemos que o verso 17 mostra que a benção não foi somente física, mas também intelectual e espiritual. Deus os estava abençoando integralmente, e preparando-os para coisas maiores. Há aqui um processo. O Daniel que agora era fiel na dieta, em breve seria usado entre os poderosos. O Daniel que agora precisava resistir às iguarias e ao vinho, estava sendo preparado para no futuro ser fiel até a cova dos leões.
III - Conselhos:
1 - Resolvamos em nosso coração, por amor ao Senhor, não nos contaminar com as iguarias do mundo. Nossa lealdade deve estar no Senhor e não nas iguarias. Os prazeres não são pecado em si mesmos. Todavia não devem nos dominar, tornando-se nossos ídolos. No momento que isso acontece, há contaminação diante de Deus. Se este é ocaso, que nos arrependamos e resolvamos como Daniel não nos contaminar.
2 - Sejamos humildes, cuidadosos e prudentes em nossas relações com pessoas que não compartilham de nossa fé, especialmente superiores. Devemos tratá-las sempre com o devido respeito, e observar nosso procedimento para nunca lhes causar prejuízos, zelando por suas vidas e pelo que lhes pertence, por meio de um procedimento prudente. O cristão deve ser um exemplo de respeito, cuidado e prudência em suas relações com o próximo, e aqui pensamos especialmente naqueles, que ainda não sendo crentes, passem a ver em nós a obra do Senhor em Cristo neste respeito, cuidado e prudência. Com está nosso testemunho cristão em relação a estes aspectos?
3 - Tenhamos fé no Senhor em nossa resolução de obediência. Ele cuida dos seus servos. A fé é daqueles que em muitas circunstâncias dispensa privilégios, escolhendo o que aparentemente não é favorável, acreditando que seu caminho não é vão, pois com certeza resultará no bem que vem do Senhor.
4 - Busquemos ser leais agora, preparando-nos para o futuro. Lembremos que o Daniel que agora era fiel no alimento, em breve seria usado entre os poderosos. O Daniel que agora precisava resistir na dieta, estava sendo preparado para no futuro ser fiel até a cova dos leões. A vida cristã é uma escalada em obediência cada vez mais firme e resoluta pela graça, diante de qualquer desafio, por mais difícil que seja, crescendo em frutificação e utilidade para a glória de Deus.
5 - Qual sua lealdade? Você vive para o mundo? Você já creu em Cristo? Aqui temos um chefe dos eunucos, um despenseiro, e Daniel e seus companheiros. O chefe e o despenseiro eram leais a Nabucodonosor. Já Daniel e seus amigos eram leais ao Senhor. E você? Mais algumas perguntas: O que ganharam o chefe e o despenseiro? O que lhes adiantou temerem mais Nabucodonosor que a Deus? Mas Daniel era fiel ao Senhor mesmo em risco. E você? Se você ainda não creu em Cristo, então é como o chefe e o despenseiro, sendo leal ao mundo, não querendo perder nada desta vida, mas de fato não tendo coisa alguma, pois não tem Aquele que é o Sumo Bem, O Senhor. Oh, meu caro amigo, arrependa-se dos seus pecados, de suas idolatrias e rebeldias, e volte-se para o Senhor revelado em seu Filho Jesus. E creia em Cristo como o que morreu por pecadores como você, confiando que somente nEle, que se sacrificou na Cruz, há perdão e salvação. E então viva em amor e alegria, sendo leal apenas a Ele, como fez Daniel. Que seja assim com todo aquele que ler estas palavras. Amém!
*Esboço do sermão do Culto Público de 27 de agosto de 2023.
Venha ouvir estas exposições em nossos cultos de domingo às 19h.
IGREJA BATISTA REFORMADA DO TAPANÃ. Conjunto Tapajós, Rua Búzios, Número 35, Bairro do Tapanã em Belém do Pará.

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