Exposição do Evangelho de João: A raiz da incredulidade na Escritura por parte dos que a estudam.

Eu não aceito glória que vem dos homens; sei, entretanto, que não tendes em vós o amor de Deus. Eu vim em nome de meu Pai, e não me recebeis; se outro vier em seu próprio nome, certamente, o recebereis. Como podeis crer, vós os que aceitais glória uns dos outros e, contudo, não procurais a glória que vem do Deus único? Não penseis que eu vos acusarei perante o Pai; quem vos acusa é Moisés, em quem tendes firmado a vossa confiança. Porque, se, de fato, crêsseis em Moisés, também creríeis em mim; porquanto ele escreveu a meu respeito. Se, porém, não credes nos seus escritos, como crereis nas minhas palavras?” (Jo 5:41-47).


I – INTRODUÇÃO:

Como é possível alguém estudar zelosamente as Escrituras ou “buscar” a Deus com insistência e ainda assim não encontrar a Vida Eterna? Como é possível um religioso estar convencido de que é um seguidor de verdadeiros profetas de Deus e ainda assim estar em caminho exatamente oposto? Nesta passagem Nosso Senhor esclarece esta dúvida. Isso é muito importante para qualquer pessoa que se interessa em ler um texto como este, pois tal atitude demonstra uma busca a mensagem bíblica, visto ser este nosso propósito em apresentar tal estudo. Por isso, amigo, meditemos nesta passagem para que tenhamos certeza que nosso estudo da Bíblia não é vão devido ao erro em nosso próprio coração!


II – TUDO COMEÇA NA FALTA DE AMOR A DEUS (Jo 5:41-42).

Como temos estudado neste capítulo cinco, o Senhor Jesus vinha defendendo-se diante dos judeus incrédulos por estes acharem que Ele estava errado por curar no sábado e por alegar ser igual a Deus. O Senhor reafirma suas alegações e apresenta suas credenciais dadas a Ele como testemunho da parte do Pai. Mostra que o Pai tem testemunhado sobre Ele nas Escrituras e que apesar de os judeus estudarem-nas profundamente não vinham a Ele para terem a Vida Eterna. Ou seja, estudavam e estudavam a Bíblia, mas tal estudo tornava-se inútil, pois não conseguiam entender e crer em sua mensagem essencial, a mensagem que apresentava o próprio Cristo que estava diante deles.

Como disse na introdução, tal fato é tremendamente importante para todo aquele que se arroga conhecedor das Escrituras e que conseqüentemente crê que possui a Vida Eterna. Diante deste texto precisamos perguntar: Será que este suposto conhecimento das Escrituras é verdadeiro? Será que todos que supostamente possuem o conhecimento da Vida Eterna realmente o possuem? A luz do texto, afirmamos que não. Você pode estar enganado a respeito de sua espiritualidade, mesmo que procure estudar a Bíblia e “buscar” a Deus. E veja que ponho este “buscar” entre aspas. Jesus nos alerta que existe alguma coisa fundamental que determinará se esta “busca” é verdadeira ou falsa, se ela resultará na Vida Eterna ou se não passará de uma ilusão de Vida Eterna.

Mas que questão fundamental é esta afinal? Jesus diz: O amor a Deus. Jesus afirma que não buscava a aprovação dos homens, mas, que, no entanto, os judeus não amavam a Deus. Amigos, a essência do pecado é não amar a Deus. O pecado é algo tão medonho, e está tão arraigado no coração, que mesmo quando os homens imaginam que estão buscando a Deus em seus estudos da Bíblia, se na estiverem debaixo da graça, na verdade estão contra Deus em toda esta busca. O Senhor diz que, ao contrário dos judeus, Ele não buscava a aprovação dos homens. Evidentemente Ele buscava a aprovação de Deus. Com isso fica claro que Nosso Senhor estava ensinando que quem não ama a Deus não busca sua aprovação, mas sim a aprovação dos homens.

Temos agora toda a raiz do problema: A falta de amor que gera a falta de busca por aprovação. Aqueles judeus, apesar de estudarem muito o Antigo Testamento, e de terem um grande “apreço” pelos profetas, não encontravam a Vida Eterna porque não amavam a Deus nem buscava de fato sua vontade e aprovação em todo aquele estudo. O que eles queriam era agradar uns aos outros, queriam a aprovação uns dos outros, e só. Toda aquela “busca” por Deus era falsa, aquele estudo era falso, e o resultado era uma ilusão de que conheciam a Deus e sua Palavra.

Esta é a religião pecaminosa. O pecado é que toma controle de toda esta busca, e muitos neste estado acreditam que de fato buscam a Deus, mas estão é buscando ídolos criados por si mesmos e por seus pares de religião. Que lamentável é este fato! Oh amados, vemos isto em todas as religiões, mas vemos isto no chamado “cristianismo” e também no “evangelicalismo” moderno. Vemos pastores querendo a aprovação de membros, membros querendo a aprovação de pastores, igrejas procurando a aprovação dos de fora, buscando a todo o custo encher seus templos. Olhe para o terrível pragmatismo na evangelização, que procura satisfazer os gostos dos homens. Olhe a terrível “teologia da prosperidade” que nada mais é que a manifestação moderna desta busca pela glória e aprovação humana, pois estes falsos pastores apenas ensinam o que os ímpios querem, ou seja, riquezas, fama, saúde, mas quanto a Deus, nem tais falsos pastores, nem tais ouvintes querem, pois não o amam. Que você seja alertado quanto a tudo isto. Cuidado para que não esteja neste estado de falsa religião, seja de que espécie for, pois o que muda é a roupa, mas a essência é a mesma: Não amam a Deus nem buscam sua aprovação!

III – QUEM NÃO AMA NÃO RECEBE O ENVIADO (Jo 5:43,44).

Jesus prossegue mostrando que por não amarem a Deus, e conseqüentemente não buscarem aprovação Dele, aqueles homens também não podiam crer em Deus. Temos, assim, o seguinte resumo de todo o ensino de Cristo nesta passagem: Quem não ama a Deus não busca sua aprovação, e também não crê em sua Palavra! A falta de fé vinha do fato de eles não estarem preocupados com a aprovação de Deus, mas ao contrário, de buscarem a aprovação dos outros homens. Dessa forma quando se manifestou o Enviado do Pai, com todos os seus testemunhos, aqueles incrédulos não o receberam. Ora, eles não estavam mesmo procurando a aprovação do Pai. Como então iriam receber o seu enviado?

Mas o Senhor vai mais longe: Diz que se outro vier em seu próprio nome aqueles homens irão recebê-lo. Ora, já que não buscavam a aprovação de Deus, mas de homens, eles receberiam alguém que não tivesse as credenciais divinas, mas que fosse agradável a homens. Dessa forma despreza-se o verdadeiro messias e aceita-se o falso. Este é o resultado da religião pecaminosa: Sempre existirá uma rejeição ao Cristo das Escrituras e a recepção de um Cristo falso que agrade aos homens. Temos o mesmo hoje? Oh sim, e como temos! Temos o falso “cristo” da prosperidade; o “cristo” que sempre cura pela fé; o “cristo” que faz tudo o que quero bastando que eu determine; o “cristo” dos grandes “milagres” dos “novos apóstolos”; o “cristo” meu servo, que está para me servir. Este é o “cristo” do evangelicalismo moderno. Este é o “cristo”, sim, o “cristo” recebido por muitos, mas que não passa de uma invenção para agradar os homens em seus desejos egoístas e pecaminosos. Mas o verdadeiro Cristo da Bíblia não é popular. É o Cristo que veio manifestar a Glória do Pai, o Filho de Deus que veio salvar do pecado, purificando um povo para si que glorifique a Deus, sendo santo, o Cristo Senhor a quem todos devem honrar como honram ao Pai, que em breve ressuscitará a todos para o grande juízo Final. Este, muitos não o recebem. Qual o seu caso? Você recebe o verdadeiro enviado por Deus, ou um falso criado por você ou por outros? Isso também pode ser aplicado aos pregadores. Quando não se ama a Deus, não procura-se sua glória e nem crer-se em seus verdadeiros pregadores. Mas os falsos, neste caso, serão recebidos alegremente! Que estejamos todos alertas!

Todavia podemos dizer que tudo se resume nisso: A falsa busca por Deus e pela Vida Eterna sempre resultará em um completo afastamento de Deus e da Vida Eterna, pois aquele que é a Vida, O Enviado de Deus, acabará sendo rejeitado devido a incredulidade resultante da falta de amor ao Pai.

IV – FÉ EM CRISTO É FÉ NA ESCRITURA (Jo 5:45-47)!

Finalmente Nosso Senhor volta a referir-se as Escrituras. Na verdade Ele vinha mostrando porque os judeus apesar de estudarem as Escrituras não criam Nele que estava tão presente nelas. A questão, como vimos, era a falta de amor a Deus. Agora Ele mostra que tudo isso levava àqueles judeus a uma terrível ilusão: Eles achavam que eram seguidores dos profetas de Deus, mas especificamente de Moisés. Criam que Moisés estava ao seu lado, que estendiam sua mão para eles. Viam-se como discípulos dele, e sentiam grande satisfação nisso, visto ser Moisés um verdadeiro profeta, e tão proeminente no Antigo Testamento.

Nosso Senhor tira toda a ilusão daqueles homens e dar-lhes um golpe que com certeza os surpreendeu muitíssimo. Ele mostra que Moises não está a favor, mas sim contra eles. Não era Ele quem os acusaria, mas sim Moisés. Mostra que a esperança deles é vã. Explica-lhes que é assim porque Moisés escreveu a respeito Dele, o Filho de Deus. A conclusão de Jesus é que aqueles homens não criam nos Escritos de Moisés e conseqüentemente não podem crer em suas Palavras. O Senhor equipara suas palavras aos Escritos de Moisés. Por quê? Porque os escritos de Moisés são a Palavra de Deus. Portanto, estes não podem ser contra as Palavras de Cristo, aquele que é o próprio Verbo de Deus (Jo 1:1-18). Assim, o Senhor lhes afirma que não crer nos escritos de Moisés é não crer nas Palavras que lhes falava agora. Dessa forma, se aqueles homens não criam em Jesus é porque não criam nos escritos de Moisés, e este conseqüentemente está contra eles!

A luz de tudo que temos visto, já sabemos que a raiz desta incredulidade está na falta de amor a Deus que levava aqueles homens a buscarem não a aprovação de Deus, mas dos outros homens. Eles, então, estudavam os escritos de Moisés, mas não conseguiam crer em nada, pois o tempo todo estavam querendo agradar uns aos outros e não ao Deus das Escrituras. Por isso não criam em Jesus, que estava de maneira tão central anunciado nos escritos que liam e estudavam. O resultado é que em vez de serem discípulos de Moisés, estavam contra ele e o tinham por acusador e não por advogado. Tudo o que tinham era uma ilusão.

Amigo, a religião pecaminosa movida não pelo amor a Deus, mas pela aprovação dos homens, leva a cegueira diante das Escrituras. Nestas circunstancias alguém pode até se esforçar por entender a Verdade lá explicada, e pode até crer que a encontrou e que segue os verdadeiros profetas, mas tudo não passará de ilusão, pois realmente tal pessoa nada entendeu, não crê na Verdade, não conhece e não crê em Cristo, e tem contra si todos os profetas de Deus, e logicamente o próprio Deus. De fato a Bíblia é um livro fechado a todos os que não amam a Deus, e, neste caso, qualquer suposta busca ou entendimento de seu conteúdo não passará de ilusão. Só Deus em sua graça pode mudar este quadro terrível, pois só a graça transforma o coração pecaminoso em um coração que ama a Deus. Que Ele faça isso em cada um que lê este texto!

V – CONCLUSÃO:

Quem não ama a Deus não busca sua aprovação e não pode crer em sua Palavra nas Escrituras. Conseqüentemente tal pessoa não crerá em Cristo e na achará a Vida Eterna. Que supliquemos a graça transformadora de Deus e o busquemos em amor desejando de fato a Ele e sua aprovação. Que creiamos em sua Palavra nas Escrituras. Que creiamos em Cristo. Amém!

Pode ser copiado e distribuído livremente, desde que indicada a fonte, e o conteúdo não seja modificado!

Acesse também: Livros Reformados.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Exposição de João 9:35-41 - Os cegos e os que “vêem” (Texto).

Somos como Maria ou como Judas?* – João 12:1-11 - Texto áudio e vídeo - Manoel Coelho Jr. .

Não vos deixarei órfãos* – Exposição de João 14: 18-20 – Manoel Coelho Jr.