ESTUDO XI - A REAÇÃO DE NABUCODONOSOR. Dn 2: 46-49 - Manoel Coelho Jr.


Chegamos à reação de Nabucodonosor diante da interpretação que Daniel dá sobre seu sonho. Suas palavras mostram aquilo que estava sendo destacado por todo o capítulo. Sim, todo o capítulo dois mostrou que somente Deus poderia revelar o sonho ao rei, juntamente com seu significado. Atrelado a isso, por sua vez, o sonho revelou claramente que o Senhor é Soberano sobre a história. Estas duas verdades o rei confessa ao reagir à interpretação que Daniel faz do sonho, conforme o verso 47. Ele diz: “Certamente o vosso Deus é Deus dos deuses, e o Senhor dos reis e revelador de mistérios”. Outra coisa que ficou evidente é que foi através de Daniel que o Senhor revelou ambas estas verdades, preparando-o para isso desde o início. Temos aqui, portanto, a glória de Deus revelada por seu jovem profeta, o que é reconhecido por esse rei pagão. Creio que isso deve ser aplicado à nossa própria realidade, como crentes em Cristo, pois o Senhor nos fez a luz do mundo, conforme o capítulo cinco de Mateus. Temos aqui um exemplo da reação das pessoas quando isso acontece. Creio que se trata de um teste para todos nós, povo cristão, teste a respeito de noso testemunho. Quando estamos enraizando nossas vidas em Cristo, algo semelhante há de acontecer pela graça de Deus. Em suma, Deus estará sendo glorificado em nossas vidas como Deus, o Senhor da História, e o único revelador do que realmente precisamos conhecer, ou seja, que o Reino de Deus está sendo implantado. Vamos então pensar na reação de Nabucodonosor à luz desta verdade nos seguintes tópicos:
I - Presta homenagem (46).
Aqui com certeza houve um pecado, uma espécie de adoração a Daniel. . No entanto, isso foi motivado pela grande admiração despertada em Nabucodonosor. O rei foi extremamente impactado pelas palavras do jovem profeta. E porque? Lembremos que o rei inicialmente procurou os seus próprios magos, que simplesmente não puderam ajudá-lo. Toda a religião em suas palavras e crenças mostrou-se totalmente inútil. Em exposições anteriores, já mostramos que ocorreu assim porque aquela religião era humana, cheia de invenções e mentiras, sendo que somente Deus poderia trazer a Palavra da Verdade, e esclarecer as grandes realidades espirituais. E isso ocorreu quando Daniel falou, porque ele falava não as suas palavras, mas a Palavra de Deus. A Palavra de Deus é verdadeira, e o rei ficou debaixo de sua veracidade, e isso o impactou.
Todavia, devido ao seu coração pecaminoso e seu pouco entendimento, o rei não deu glória a Deus inicialmente, mas, por estar tão entusiasmado com a revelação, louvou ao mensageiro, e não Aquele que enviou a mensagem. Porém esse não é o único caso nas Escrituras em que se adora o mensageiro (Leia At 10: 25, 26; Ap 22: 8, 9). Também aconteceu com Cornélio. Lembra de Cornélio? Ele recebeu a revelação através de um anjo, que falou-lhe que deveria chamar Pedro para conhecer as verdades de Deus. Então quando Pedro chegou, Cornélio o adorou. Pedro o corrigiu imediatamente. Mas isso aconteceu também com um apóstolo. Vejam bem, até um apóstolo fez isso. João, já no final do livro de Apocalipse, depois de receber tantas gloriosas revelações, acabou por adorar o anjo que se apresentou diante dele. Mas também João foi repreendido pelo anjo para que não fizesse isso. Adoração deveria ser somente ao Senhor. Estes casos mostram a fraqueza do coração. Como certo comentarista disse, podemos acreditar que tanto Cornélio e mais ainda João, tinham maior conhecimento que Nabucodonosor. Ainda assim, chegaram a cair em pecado semelhante. Por isso, não é de se admirar que este rei pagão tenha feito o mesmo. Repito: Fica evidente a fraqueza do coração, que quando recebe a Palavra de Deus, até mesmo nesse caso não adora logo a Deus, mas é provocado a adorar o mensageiro. Isso é um alerta para nós. Devemos ter cuidado. Adoração deve ser dada somente ao Senhor, e não a seus mensageiros.
É notável que não temos aqui nenhuma informação mostrando que Daniel agiu como Pedro diante de Cornélio, ou como o anjo diante de João, repreendendo a adoração indevida. Assim, não podemos afirmar que isso ocorreu. Porém, é interessante observarmos que a próxima frase de Nabucodonosor é um louvor a Deus, como vamos ver a seguir.
II - Glorifica a Deus (47).
Finalmente o rei louva ao Senhor ao ouvir a interpretação do sonho. O rei está diante de Daniel, e ouve atentamente o que o profeta está falando. Ele recebe a plena revelação do sonho e seu significado. Ele entende que quem tinha dado essa capacidade a Daniel era o próprio Deus. Então o rei usa três expressões para glorificar ao Senhor. Vejamos:
Deus dos deuses: Observemos que o rei diz que o Senhor é o Deus dos deuses. Aqui ele está tentando louvar a Deus, mas não o faz de maneira apropriada. Nabucodonosor ainda continua acreditando em seus deuses. O que ele faz é colocar o Senhor acima destes deuses. Isso mostra uma ignorância espiritual ainda mantida, dominando-lhe o coração. Todavia também mostra que o rei já tinha compreendido algo a respeito de Deus, ao ponto de O considerar acima de seus próprios deuses. Naturalmente foi assim porque somente Daniel pôde revelar o sonho, enquanto que os magos nada puderam fazer. O testemunho de Daniel fez o rei compreender que o Senhor é um Deus acima dos outros. É uma compreensão inadequada, mas mostra que o rei passou a considerar a Deus através do testemunho de Daniel. Isso, é claro, está errado, repito, mas já mostra um homem pagão que começa a conhecer ao Deus verdadeiro através de seu servo.
Senhor dos reis: Com esta expressão o rei estava repetindo a revelação do próprio sonho. Lembremos que o sonho era a respeito de uma grande e gloriosa estátua, representando os reinos, que fora destruída por uma pedra cortada sem mãos, que encheu toda a terra, significando que o Senhor estava trazendo o seu Reino, que venceria todos os reinos dos homens. Tendo entendido isso, agora Nabucodonosor glorifica o Senhor, Aquele que é soberano sobre os reis. Portanto, soberano sobre ele mesmo, o rei Nabucodonosor. O testemunho de Daniel levou este rei pagão a dar glória ao Senhor.
Revelador de mistérios: Já com essa expressão, o rei está repercutindo os próprios eventos que acabaram de ocorrer. Ora, nenhum dos seus magos, que adoravam os deuses de Babilônia, puderam revelar aquele sonho e dar a sua interpretação. Nenhum deles pôde trazer a revelação daquele mistério. Mas Daniel pôde, porque o Senhor revelou ao seu profeta. Assim, o testemunho de Daniel fez Nabucodonosor reconhecer que os seus deuses não podem revelar os mistérios, mas apenas o Senhor, o Deus de Daniel.
III - Institui Daniel e seus amigos em cargos importantes (48 e 49).
O rei engrandeceu Daniel e lhe deu muitos presentes. Mas neste momento o mais importante é observarmos que ele o instituiu como governador de toda a província da Babilônia, e o colocou como chefe dos governadores sobre todos os sábios. Isso mostra que o rei finalmente concede a Daniel uma responsabilidade que já sabia estar preparado. Lembremos que por três anos Daniel foi treinado na língua e na literatura daquele reino, juntamente com seus companheiros, e que eles se mostraram mais capazes que os outros também treinados, e dez vezes mais doutos que todos os sábios da Babilônia (Dn 1: 17-20) O rei não tinha dado devida atenção a este fato que já conhecia. Quando teve o sonho, procurou seus magos e não a Daniel. Mas agora, tendo Daniel interpretado o sonho, tudo aquilo se passa na mente do rei, levando-o à conclusão que aquele moço era o mais preparado para tais cargos importantes. Dessa forma, Nabucodonosor o põe como governador da província, e reconhece que está acima dos demais sábios, pondo-o como chefe deles. Temos aqui o reconhecimento do rei a respeito do Deus de Daniel, que o capacitara com conhecimentos naturais, para que pudesse governar a província, como também com conhecimento espiritual acima dos sábios, podendo então ser chefe deles.
Mas temos mais aqui. Atendendo o pedido de Daniel, o rei constitui a seus companheiros como aqueles que iriam tratar dos negócios da província de Babilônia, enquanto Daniel ficaria à porta do rei. O motivo de Nabucodonosor atender ao pedido de Daniel, tanto era pela confiança naquele momento que atribuía ao profeta, como também porque conhecia as capacidades de Sadraque, Mesaque, e Abednego, vendo-os como preparados para o cargo. Lembremos que aqueles jovens também foram considerados dez vezes mais doutos que os sábios da Babilônia.
A conclusão que chegamos neste aspecto, é que o rei pôde ver naqueles rapazes a sabedoria de Deus. Viu naqueles jovens a dedicação, o zelo em aprender, e a capacidade intelectual. Mas viu também a sabedoria de Deus, visto que Daniel trouxe a interpretação do sonho. Nisto os jovens glorificaram ao Senhor. O rei reagiu, na verdade, à semelhança de faraó diante de José, quando também recebeu a interpretação de um sonho, e consequentemente o pôs como segunda pessoa no Egito, como aquele que iria tratar da crise que estava por vir sobre a nação. “E disse Faraó a seus servos: Acharíamos um homem como este em quem haja o espírito de Deus?” Gênesis 41: 38.
IV - Daniel foi agraciado por Deus (1 e 2).
Temos visto como Daniel glorificou a Deus, e como o rei reconheceu isso. No entanto, nunca devemos esquecer que Daniel foi agraciado por Deus, para que pudesse glorificá-lo. Deus estava no controle de tudo. O Senhor foi quem levou Daniel à Babilônia com os demais exilados. O Senhor fez com que achasse graça e misericórdia diante do chefe dos eunucos, e lhe concedeu dons intelectuais e espirituais, juntamente com seu companheiros Daniel esperava no Senhor, e era fiel e zeloso em tudo, mas também homem de oração, pois reconhecia que somente o Senhor poderia lhes salvar e revelar o sonho. No final tudo era pela graça de Deus. E o resultado foi a utilidade de Daniel e seus companheiros para a glória de Deus.
V - Conselhos:
1 - Cristão, avalie se em sua vida Deus está sendo glorificado de modo semelhante a Daniel. A Palavra de Cristo está se manifestando por suas palavras e obras, de maneira a impactar os incrédulos? Como as pessoas estão reagindo a seu testemunho cristão? Por sua vida Deus está sendo revelado como Deus, como Soberano na História, e como o revelador de Seu Plano Eterno em Seu Filho, o Rei dos reis? Você está sendo reconhecido como zeloso, trabalhador, estudioso, qualificado, como quem possui e se empenha nas capacidades intelectuais ou práticas? Se algo semelhante está acontecendo, glorifique ao Senhor por sua graça. Deus está agindo por sua vida em Cristo, no Poder do Espírito Santo, tornando-o luz nesta geração perversa. Lembre que nada é por você, mas por Sua Graça. Mas se nada semelhante está ocorrendo, ou mesmo algo contrário está a ocorrer, arrependa-se e olhe para Cristo, para deixar tudo o que desonra ao Seu Senhor. Olhe para Cristo e deixe seu pecado. Lembre: “Mas vós sois dele, em Jesus Cristo, o qual para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção; Para que, como está escrito: Aquele que se gloria glorie-se no Senhor” I Co 1: 30, 31.
2 - Vivamos para a glória de Deus. Glorifiquemos a Deus como Soberano e revelador, olhando para Cristo, nosso Daniel. Daniel é um tipo de Cristo. Cristo é Aquele que revela a Vontade de Deus, o Seu Reino. Creiamos em Cristo, e continuemos crendo nEle, e então nos levantemos para viver conforme sua Vontade glorificando-O. Você já creu em Cristo? Você já se arrependeu de seus pecados? Você está vivendo em Cristo? Você está vivendo para a glória de Deus?
*Esboço do sermão do Culto Público de 15 de outubro de 2023.
Venha ouvir estas exposições em nossos cultos de domingo às 19h.
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