ESTUDO X - O SONHO: O REINO E OS REINOS. Dn 2: 31-45 - Manoel Coelho Jr.



Finalmente chegamos ao sonho do rei. Nele Deus mostrou a Nabucodonosor o futuro. Mas não é qualquer futuro. Não se trata de Deus satisfazer a mera curiosidade pessoal de um rei sobre seu futuro ou de seu reino. Trata-se do futuro sobre a vinda do Reino do próprio Deus, Reino de Seu Filho, e sua relação com os reinos deste mundo. Este futuro todos precisamos conhecer. Há detalhes de nosso futuro pessoal que Deus não revela. Por exemplo, não sabemos o dia de nossa morte. Sendo assim, não precisamos saber destas coisas. Mas o que Deus revelou é relevante. É de vital importância para nós porque diz respeito ao que Ele está fazendo para implantar Seu Eterno Reino, e que isso significa que todos os reinos deste mundo serão destruídos. Nesse sentido, a questão essencial é: Estamos nos reinos ou no Reino? Para o que você dedica seus dias? Você os dedica para reinos deste mundo ou para o Reino de Deus? Qual o seu caso? Vamos pensar nessas questões à luz de nosso texto nos seguintes pontos.
I - O Sonho (31-36).
A primeira coisa que precisamos observar, e que já nos dá um vislumbre da importância do sonho, é o próprio sonho, é o que ocorre nele. Trata-se da visão de uma estátua enorme e brilhante, que produzia medo em Nabucodonosor, tendo uma aparência terrível. Estas três características da estátua, ou seja, seu grande tamanho, seu brilho excelente, e terrível aparência, dava-lhe uma condição inicial de grande valor e resistência. Mas o que acontece em seguida, e a composição da estátua, mostra que isso é totalmente falso. Vejamos:
A estátua possui a cabeça de ouro fino, o peito e braços de prata, o ventre e quadris de cobre, as pernas de ferro, e os pés de ferro e barro. Essa estrutura e composição já mostram que a firmeza da estátua era falsa. Observemos que a cabeça era de valor preciosíssimo, feita de ouro fino, e outras partes tinham materiais resistentes como o ferro. Todavia os pés eram frágeis, contendo barro misturado com ferro. Os pés frágeis tornavam toda a estátua vulnerável, ainda que parte dela fosse de materiais mais resistentes. Além disso, os materiais vão se tornando de menor valor, iniciando com a cabeça de ouro fino, até que desse à prata, ao cobre, encerrando no barro. Tudo isso mostra que a força e valor da estátua eram aparentes. O sonho aponta, então, para uma força e valor de aparências, falsos, portanto.
Mas o que ocorre em seguida também mostra a fraqueza daquela esplendorosa estátua. Enquanto o rei a contemplava, com admiração e medo, uma pedra foi cortada sem auxílio de mãos, atingindo os pés da estátua, esmiuçando-os, fazendo com que tudo viesse ao chão, virando pó, sendo levado pelo vento, finalmente. Nada mais se viu. A estátua sumiu, tendo virado pó. Todo aquele esplendor, aquele brilho, aquele grande tamanho, toda aquela aparência firme e temível, transformou-se em pó e desapareceu. Toda a força e brilho era falso. Eis aqui o contraste entre o que parece ser e a realidade. Temos no início da visão um Nabucodonosor diante da enorme e brilhante estátua, que o enche de medo. No entanto, aquela aparência temível é contrastada com a realidade de que a estrutura e materiais da mesma estátua são frágeis, levando-a à destruição total.
Todavia a coisa não para aí. Lembra da pedra que esmiuçou os pés, trazendo tudo abaixo? Pois bem, a mesma pedra se torna um grande monte que enche a terra. Eis um segundo contraste. Temos uma pedra, algo realmente firme e duradouro, que destrói a estátua aparentemente firme. Assim, a firmeza real é contrastada com a aparente firmeza, e o que é duradouro se mostra como o oposto do que logo é destruído. Enquanto a estátua é destruída pela pedra, a mesma pedra permanece e domina toda a terra.
II - Interpretação (36-45).
Agora vamos à interpretação de Daniel. Aqui descobrimos que o sonho indica o futuro dos reinos em contraste com a vinda do Reino de Deus. Relembremos a estátua: Temos a cabeça de ouro fino, o peito e braços de prata, o ventre e quadris de cobre, as pernas de ferro, e os pés de ferro e barro. Daniel indica que cada parte está associada a um reino específico, que no total são quatro reinos, um atual, o do próprio Nabucodonosor, o Reino da Babilônia, que é representado pela cabeça de ouro fino, e mais três reinos futuros, representados, cada um deles respectivamente, pelo peito e braços de prata, pelo ventre e quadris de cobre, e pelas pernas de ferro, junto aos pés de ferro e barro. Tradicionalmente se tem entendido que os outros reinos se tratam da Pérsia, ou Média/Pérsia, da Grécia, e, finalmente, de Roma. Pelo o que o próprio livro nos falará mais adiante, ao mencionar Pérsia e Grécia (Dn 8: 20, 21), parece-me que esta interpretação tradicional é a correta. Uma coisa de grande importância, no entanto, é observar que fica claro a Absoluta Soberania de Deus sobre cada um destes reinos. Daniel diz a Nabucodonosor que foi o Deus do Céu quem lhe deu o reino, o que se aplica evidentemente aos demais reinos, pois o contexto mostra o controle de Deus sobre todos eles, trazendo o seu próprio reino que não será destruído, impondo-se aos outros.
Uma segunda realidade diz respeito a fragilidade de cada um destes reinos, apesar de que são aparentemente gloriosos e firmes. Você deve se lembrar que já mostramos que a estátua, mesmo tendo aparente força e brilho, é absolutamente vulnerável, frágil, tanto por sua estrutura e materiais, como pelo que ocorre com ela, ao ser destruída pela pedra que lhe esmiúça os pés. Isso se aplica a cada reino representado na estátua. Todos serão finalmente destruídos, virando pó. No entanto, isso se aplica também a cada reino em sua representação específica dos membros, e dos materiais que os compõem. Vejamos:
1 - A Cabeça de ouro, que representa o Reino de Babilônia, é de grande valor, como era aquele reino simbolizado por ela. No entanto, caiu juntamente com toda a estátua, virando pó também. Assim a Babilônia, mesmo com todo o seu esplendor, finalmente caiu.
2 - O peito e braços de prata, que representam a Pérsia, é o reino que vem logo após o da Babilônia, que Daniel afirma ser inferior ao de Nabucodonosor (Verso 39), por isso representado pela prata. Ora se a Babilônia já era fraca, este é ainda mais. Mesmo que a prata tenha valor, é menos valiosa que o ouro. Assim também a Pérsia. Esta terá valor aparente, mas será mais frágil que a Babilônia, e também será destruída.
3 - O ventre e quadris de cobre, que representa a Grécia, são mencionados como um reino que dominará sobre toda a terra. No entanto, sendo o cobre ainda mais inferior que os materiais já apresentados, fica claro que a Grécia também é frágil, ainda que domine.
4 - As pernas de ferro, junto aos pés de ferro e barro, representado Roma, mostram que haveria força neste reino, pois como o ferro esmiuçaria todos os reinos. No entanto os pés contém barro, mostrando fragilidade, o que no final derrubou toda a estátua. Assim, Roma, mesmo esmagando os reinos, será frágil e finalmente cairá como os outros. Mas tal fragilidade se mostra ainda nos seguintes detalhes que Daniel nos dá:
A - Roma será um reino dividido, ainda que tenha alguma coisa da firmeza do ferro (Verso 41).
B - Roma numa parte será forte como o ferro, mas noutra será frágil como o barro (Verso 42).
C - Roma tentará ligar suas partes, como o ferro está ligado ao barro nos pés da estátua, o que talvez se refira à união por casamento. No entanto, assim como o ferro não se junta ao barro, esta tentativa não resultará em real união (Verso 43).
Conclusão: Roma aparentemente será forte como o ferro, chegando a esmagar os reinos. No entanto tudo será enganoso, pois possui o barro que a enfraquece completamente.
Vemos, portanto, que cada um desses reinos é frágil, ainda que aparentemente forte. Mas então vem a pedra que esmiúça os pés da estátua e se transforma num grande monte que enche a terra. Esse monte é o Reino de Deus. Daniel diz que nos dias destes reis mencionados, o Deus do céu levantará Seu Próprio Reino que não será jamais destruído. Na verdade, podemos entender que a pedra mencionada é Jesus Cristo, O Rei Verdadeiro (I Co 10: 4; I Pe 2: 5-8). Ocorreu que em meio ao poderoso Império Romano Deus operou um milagre no ventre de uma virgem de Israel, gerando nela o Santo de Deus. “E, respondendo o anjo, disse-lhe: Descerá sobre ti o Espírito Santo, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por isso também o Santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus” Lucas 1: 35. Esse Reino não se manifestou pela potência dos homens, pois a pedra foi cortada sem auxílio de mãos (Verso 34). A vinda do Rei foi um milagre do Espírito Santo no ventre de uma frágil mulher. No entanto, ali estava o Poder de Deus. Assim, esse reino veio por Cristo e se expandiu por seu Espírito, sem ajuda de governos, mas por meio da pregação da Verdade. “Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo; se o meu reino fosse deste mundo, pelejariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui. Disse-lhe, pois, Pilatos: Logo tu és rei? Jesus respondeu: Tu dizes que eu sou rei. Eu para isso nasci, e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz” João 18: 36, 37. Esse Reino jamais será destruído, nem passará a outro reino, mas se expandirá (Verso 44), e em breve se manifestará visivelmente na volta do Rei Jesus, destruindo todos os demais reinos do mundo. “E levou-me em espírito a um grande e alto monte, e mostrou-me a grande cidade, a santa Jerusalém, que de Deus descia do céu. E tinha a glória de Deus; e a sua luz era semelhante a uma pedra preciosíssima, como a pedra de jaspe, como o cristal resplandecente. E tinha um grande e alto muro com doze portas, e nas portas doze anjos, e nomes escritos sobre elas, que são os nomes das doze tribos dos filhos de Israel. Do lado do levante tinha três portas, do lado do norte, três portas, do lado do sul, três portas, do lado do poente, três portas. E o muro da cidade tinha doze fundamentos, e neles os nomes dos doze apóstolos do Cordeiro” Apocalipse 21: 10-14. Esse Reino Eterno é que “viste que do monte foi cortada uma pedra, sem auxílio de mãos, e ela esmiuçou o ferro, o bronze, o barro, a prata e o ouro” Daniel 2: 45a.
Finalmente Daniel encerra com estas palavras: “O grande Deus fez saber ao rei o que há de ser depois disto. Certo é o sonho, e fiel a sua interpretação” Daniel 2: 45b. O Senhor mostrou o futuro ao rei e a todos nós. Verdadeiramente esse é o sonho, e essa é a sua interpretação. Que todos ouçam! Que todos conheçam o que Deus está fazendo sobre Seu Reino em Seu Filho, e creiam nessa Palavra, Palavra de Deus.
III - Conselhos:
1 - Contemple a estátua do sonho de Nabucodonosor. Contemple a fragilidade dos reinos deste mundo, e de tudo o que pertence a ele. Tudo vira pó, sempre e sempre. Não confie e não viva para estes reinos. O futuro deles é o pó. Por mais firme que tudo pareça, por mais que seja belo e brilhante, por mais impressionante que seja, causando admiração e até medo, finalmente tudo será destruído, virando pó. Não viva para estas coisas. “Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam” Mateus 6: 19.
2 - Contemple a pedra que foi cortada sem o auxílio de mãos, e que cresceu, tornando-se um grande monte que encheu toda a terra. Essa pedra é Cristo, o Rei. Esse monte é o Reino Eterno, indestrutível, que enche a terra. Olhe para a firmeza do Reino de Deus em Cristo. O Futuro dele é a plena vitória. O futuro será a destruição dos demais reinos, e eternidade do Reino de Deus. Este Reino jamais será destruído, nem passará a outro reino, mas se expandirá (Verso 44), e em breve se manifestará visivelmente na volta do Rei Jesus, destruindo todos os demais reinos do mundo. O reino de Cristo é Eterno e Firme como a pedra. Viva para este Reino em Cristo, pela fé no Filho de Deus. “Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam” Mateus 6: 20.
3 - O Reino de Deus é obra de Deus por Seu Espírito, e não pode ser estabelecido pelos reinos deste mundo, que lhe são opostos. O Reino de Deus é obra milagrosa de Deus por seu Espírito. Por isso nunca devemos tentar implantar o Reino de Deus pelos governos deste mundo. O Reino vem pela pregação do Evangelho, e pela obra do Espírito Santo no coração dos que o ouvem, para que possam crer em Cristo para sua salvação, e sejam feitos súditos deste Reino Eterno, Reino de Cristo. Nunca tentemos estabelecer o Reino de Deus pelo poder da política, por partidos e governos. Isso é impossível, e na verdade gera outra coisa, e nunca o reino de Deus. Lembre: A pedra que foi cortada sem o auxílio de mãos humanas.
4 - Você já pertence ao Reino Eterno de Cristo. Já creu nEle? Já se arrependeu de seus pecados? A questão essencial é: Estamos nos reinos ou no Reino? Qual o seu caso? Você já é súdito do Reino de Deus? Você já creu em Cristo como seu Único e Suficiente Salvador, arrependendo-se de Seus pecados, desejando viver para a Glória do Rei Jesus?
*Esboço do sermão do Culto Público de 08 de outubro de 2023.
Venha ouvir estas exposições em nossos cultos de domingo às 19h.
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