ESTUDO III - TRAZIDOS E INSTRUÍDOS. Dn 1: 3-5 - Manoel Coelho Jr



Dissemos no estudo passado que todo este capítulo primeiro apresenta-nos o contexto histórico do que ocorreu com o profeta Daniel. No entanto, naqueles primeiros versículos, vimos que na verdade tudo estava controlado soberanamente por Deus, que entregou o rei Jeoiaquim a Nabucodonosor, rei da Babilônia, e fez isso devido aos pecados de Judá. A soberania de Deus sobre os reis está por todo o livro. Nos três versos que vamos estudar agora, observaremos que o Rei da Babilônia traz dos filhos de Israel jovens para serem treinados na Babilônia, e servirem no palácio. Eles são retirados de sua cultura para serem instruídos na cultura do dominador. Mas qual o motivo de Nabucodonosor fazer tal coisa? O que significa isso para aqueles jovens? Quais os perigos, e como reagiram Daniel e seus amigos, conforme o livro nos mostra? Estamos hoje em situação semelhante? O texto nos põe estas questões. Na verdade, há aqui um choque entre as culturas judaica e pagã, bíblica e idolátrica. O mesmo choque encontramos hoje entre o genuíno cristianismo e a cultura deste mundo sem Deus. Faremos muito bem em observar o exemplo de Daniel e seus amigos diante deste choque, para podermos aplicar às nossas vidas nestes dias perigosos. Com a graça de Deus pretendo fazer isso no presente estudo nos seguintes pontos:
I - Jovens são trazidos.
A - Quais jovens deveriam ser trazidos à Babilônia?
Observemos que Nabucodonosor ordena que sejam trazidos à Babilônia a nata da juventude judaica, pois deveriam ser:
Em primeiro lugar, os jovens deveriam ser da família real e dos príncipes. A preocupação era que fossem da classe social mais elevada entre os filhos de Judá.
Em segundo lugar, jovens sem defeito físico algum e de boa aparência, ou seja, havia aqui uma preocupação com o aspecto físico daqueles jovens, que deveriam, portanto, ser sem defeitos, belos e saudáveis.
Em terceiro lugar, havia também a preocupação intelectual, mental. Aqueles jovens deveriam ter sido bem instruídos na sua própria cultura, ter sabedoria e conhecimento, e assim, serem aptos para assistirem no palácio do Rei. Deveriam, portanto, ser jovens de grande capacidade mental, e de grande conhecimento.
B - Qual o objetivo de Nabucodonosor em trazer estes jovens?
Como temos observado, Nabucodonosor escolhe a nata da população jovem de Judá para trazê-la à Babilônia. Por esse motivo, podemos dizer que o objetivo do rei era duplo, ou seja, queria tanto enfraquecer Judá, o povo dominado, tirando dele os seus melhores jovens, além de fazê-los reféns, como também fortalecer a própria Babilônia com os talentos e capacidades destes moços. Observamos aqui a astúcia de Nabucodonosor em promover a fraqueza do dominado e o fortalecimento do dominador, objetivando evidentemente a força, o poder de seu próprio reino, a Babilônia. Os jovens fariam falta no seu país, e beneficiariam o dominador.
C - Qual seria a tentação para os jovens, e como eles poderiam ser úteis naquela situação?
A tentação seria servir Babilônia esquecendo de seu povo, de seu Deus, o que era pior. Seria tão fácil, diante dos privilégios que estavam tendo, das oportunidades que se apresentavam, eles simplesmente esquecerem suas origens, esquecerem seu povo e do próprio Deus, e servirem à Babilônia como homens da Babilônia. No entanto, o útil seria servir sem esquecer. Este é o ponto. Observamos que foi exatamente isso que Daniel e seus companheiros fizeram. Eles não se tornaram revolucionários, não se rebelaram, mas serviram, eram homens humildes e obedientes. Porém nunca se esqueceram de seu povo, e mais importante, nunca se esqueceram do seu Deus.
II - Os jovens são instruídos e sustentados.
A - Qual a natureza da instrução que receberiam?
Seriam instruídos na língua e literatura. Eles aprenderiam a língua dos caldeus, e estudariam a sua literatura, suas letras. Do estudo desta literatura eles aprenderiam dois campos de conhecimento. O primeiro, religioso. O segundo, a ciência dos babilônicos. Quanto ao campo religioso, eles teriam contato com toda a magia, a feitiçaria, a idolatria babilônica. Teriam contato com todo esse tipo de culto pagão. Já no segundo campo, aprenderiam o conhecimento, as habilidades, e as práticas, para poderem servir no palácio e no reino.
B - Com que seriam sustentados?
Eles seriam sustentados com o que havia de melhor. Comeriam da própria mesa do Rei, da sua porção diária, das suas iguarias e do vinho que ele bebia.
C - Nesta situação quais seriam as tentações para os jovens, e como eles poderiam ser úteis?
A primeira tentação seria incorporar a cultura Babilônica em toda sua religiosidade pagã. Seria submeter-se à idolatria. A tentação seria acabar por servir aqueles deuses, submeter-se a eles, até para poder continuar usufruindo daqueles privilégios, ou por realmente crer naqueles ídolos vãos. A segunda tentação, seria aproveitar seu sustento real. O prazer de comer e beber do melhor poderia lhes dominar ao ponto de priorizar e servir estas coisas. O prazer é sedutor e pode se tornar um senhor muito facilmente. O útil, no entanto, seria não incorporar a cultura pagã em sua idolatria, mas influenciá-la pela vida em adoração a Deus, o que efetivamente fizeram Daniel e seus amigos, ao ponto de que reis pagãos deram louvores ao Senhor, como veremos nos estudos posteriores do livro. E quanto ao perigo do prazer nas iguarias, o útil seria não depender daquele sustento real, não priorizá-lo, mas ao Senhor, como Daniel fez, não se contaminando, como veremos no estudo dos próximos versículos.
III - Conselhos:
1 - Tentação para Daniel e seus companheiros era servir Babilônia esquecendo de seu povo, de seu Deus. O útil seria servir sem esquecer. A mesma tentação se apresenta para nós. O mundo em todos os seus encantos tende a nos distrair. Todavia somos chamados a sempre manter nossa memória no Senhor, em Cristo, em sua Palavra. As Escrituras estão cheias de exortações a lembrarmos do Senhor em seus atributos e obras, e à meditação. Assim, como Daniel, devemos servir em nossas posições no mundo em humildade, mas nunca esquecer de Cristo, devido a atmosfera do mundo, firmando nossa memória nas Escrituras, na obra do Pai em Seu Filho, iluminados pelo Espírito.
2 - Também como Daniel, nossa tentação é incorporar a cultura babilônica e aproveitar seu sustento. É nos deixarmos levar pelos ídolos deste mundo, ou por seu ateísmo prático, nos permitindo dominar por seus prazeres. Mas o útil é não incorporar tal cultura idólatra, mas influenciá-la por uma vida evangélica genuína, em palavras e obras em Cristo, além de não depender do sustento, das iguarias, dos vinhos dos reis. Os prazeres não são males em si, mas não devem ser priorizados ao ponto de nos dominarem.
3 - Outra lição útil é que é importante aprender sobre a cultura contemporânea para lhe falar do Evangelho. Notamos que Daniel conheceu aquela cultura pagã, e por causa disso, pôde falar sobre Deus aos reis, naquele contexto. Assim será conosco também. Ao conhecermos a cultura ao nosso redor, podemos lhe falar do Evangelho naquela situação. O Evangelho é imutável. Todavia deve ser falado à cultura de nossos ouvintes, e não a de outros.
4 - Outro ponto é que, novamente como Daniel, devemos aproveitar o que há de bom na cultura. Daniel também aprendeu, como vimos, os conhecimentos de seu tempo, conhecimentos úteis para a vida na Babilônia. A Bíblia mostra claramente que Deus espalha sua graça comum, concedendo dons, habilidades, e conhecimentos aos homens incrédulos. Assim, devemos aproveitar estas dádivas. Os cristão não são anticientificos, antifilosóficos, ou contrários à todas as conquistas intelectuais. Eles são contra o que há de idolatria na cultura, mas não contra o conhecimento, ciências, habilidades e práticas úteis. Ao contrário, os cristão devem promover e aceitar estas coisas como dádivas de Deus.
5 - Nabucodonosor era um déspota e tinha fins egoístas, manipulando aqueles jovens. Mas Daniel anunciou-lhe a Palavra do seu Deus. Daniel amou o rei e o serviu, e foi instrumento de conhecimento de Deus a ele. Assim façamos. O mundo nos odeia e muitas vezes procura nos usar de forma egoísta, mas não somos chamados a odiar e sermos egoístas no mundo, mas a amar e servir as pessoas, especialmente anunciando-lhes o Evangelho de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, vivendo de acordo com ele em amor e humildade, para a glória de Deus. E você já creu em Cristo como seu Salvador? Já se arrependeu de seus pecados? E você cristão, como tem vivido no mundo? Você se parece com Daniel?
*Esboço do sermão do Culto Público de 20 de agosto de 2023.
Venha ouvir estas exposições em nossos cultos de domingo às 19h.
IGREJA BATISTA REFORMADA DO TAPANÃ. Conjunto Tapajós, Rua Búzios, Número 35, Bairro do Tapanã em Belém do Pará.

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