Estudo I - Introdução aos estudos em Daniel - Manoel Coelho Jr.

O Senhor é Soberano sobre a História. O Senhor é o Rei dos reis. Esta é a mensagem por todo o livro de Daniel. O próprio Nabucodonosor, um rei pagão, confessa: “Certamente o vosso Deus é Deus dos deuses, e o Senhor dos reis e revelador de mistérios, pois pudeste revelar este mistério” Dn 2: 47. Dessa forma, o livro tem se mostrado um consolo ao povo de Deus em todos os séculos, desde que foi escrito, mostrando que o Senhor governa a história e a levará a um ponto em que manifestará plenamente Seu Reino Eterno. Ao mesmo tempo é uma orientação para o presente, pois, exatamente porque Deus governa a história, sendo Único Senhor e Deus, deve-se viver a cada dia para Ele, para seu louvor, não importando as circunstâncias, mesmo nas mais difíceis. É um livro, portanto, cheio de tesouros para nós, o que , com a graça do Senhor, pretendemos estudar nesta nova série. Neste primeiro estudo desejo lhes apresentar algumas informações gerais sobre o livro e seus temas principais. Com estas informações poderemos iniciar as observações dos detalhes, expondo versículo após versículo. Venha comigo:

1 - Daniel e seu livro:

A - Quem é Daniel?

Daniel e um exilado, da Linhagem real (Dn 1:3). Foi levado para Babilônia em 605 por Nabucodonosor. Serviu aos reis até Ciro em 538, período em que recebeu as profecias, tendo diante dos pagãos uma contínua postura de fidelidade ao Senhor.

B - Qual a estrutura do livro?

O livro se estrutura dividindo-se nitidamente em duas metades. A primeira é histórica (1 ao 6). A segunda é profética (7 ao 12). Mas tal divisão não é radical, pois há profecia na parte histórica, e a parte profética relaciona as profecias ao momento histórico. Estas partes se complementam. De fato a parte profética recebe seu contexto histórico na primeira parte, a histórica, que nos mostra a situação vivida pelo profeta Daniel, e o que ocorria nas nações quando recebeu suas profecias.

C - Em quais línguas foi escrito o livro?

O livro foi escrito em Hebraico, língua usada pelos judeus, de 1: 1 até 2: 4a, retornado de 8: 1 até o final do livro. Outra língua usada foi o Aramaico, língua internacional, de 2: 4b a 7:28. Qual o motivo do uso de duas línguas? De fato não podemos afirmar com certeza. Mas sugiro que, como o livro possui uma mensagem às nações estrangeiras, isto deve estar relacionado ao uso de uma língua como o Aramaico.

D- Qual a data do livro?

Tradicionalmente no século VI a.C. Porém as profecias detalhadas têm levado muitos eruditos à datas mais recentes. Todavia as línguas usadas são de tempos mais antigos, apontando para datas anteriores ao que propõem os críticos da posição tradicional, fortalecendo esta posição. Verdadeiramente não há motivos para desacreditar a posição tradicional, e quanto a nós que cremos em profecias, estas não são problema algum. Assim cremos que a data correta é a apontada tradicionalmente.

E - Quem escreveu o livro?

Os primeiros seis capítulos, a parte histórica, são narrados em segunda pessoa. Os demais, a parte profética, em primeira pessoa, na grande maioria das vezes. Tanto Daniel pode ter narrado as profecias a alguém, ou a um grupo de pessoas, que depois a pôs em forma escrita na segunda parte, e esta mesma pessoa ou grupo escreveu sobre ele na primeira parte, ou ele mesmo escreveu todo o conteúdo, ou ao menos a segunda parte. De qualquer forma, o livro é de Daniel, conforme aponta Nosso Senhor Jesus Cristo em Mateus 24: 15.

F - Qual o gênero literário do livro?

Linguagem Apocalíptica. O livro claramente usa este gênero literário, que tem as seguintes características gerais: Referencial cósmico, vinda do Reino, revelação do futuro por visões, fim do mundo, e anjo presente como mediador. Assim, é muito semelhante ao Apocalipse. Podemos até dizer que é o Apocalipse do antigo testamento.Tal gênero traz muito consolo em meio às tribulações. E isso Daniel faz claramente.

2 - Temas principais do livro:

1 - Deus governa a História e estabelecerá Seu Reino (Dn 2: 44).

Já afirmei isso em nossa introdução. Este é o tema que se destaca plenamente no livro. O Senhor Deus é soberano sobre a história, sobre os reis, e em breve estabelecerá plenamente o Seu Reino Eterno. Isso traz grande consolo diante de um mundo que odeia a Deus e seu povo. Daniel e seus companheiros viveram a dificuldade de um mundo hostil na própria pele. Mas nunca se abalaram devido à fé que tinham na Soberania de Deus.

2 - Exílio e firmeza.

Daniel e seus companheiros eram exilados em uma terra pagã. Sofreram grande pressão, inclusive ameaças de morte, para se dobrarem diante dos deuses estrangeiros. No entanto nunca cederam. Eram firmes na adoração e obediência ao Único e Verdadeiro Deus, entregando a própria vida, se fosse preciso para manter a fidelidade ao Senhor. Qual o motivo de tanta firmeza? É que eles conheciam e amavam o Senhor. Sabiam que Deus é Soberano sobre aqueles pagãos e o Salvador de seu Povo. Oh, como precisamos de tal fé, amor e firmeza em nossos próprios dias, em que vemos cristãos professos tão fracos no zelo por Deus!

3 - A tensão entre os reinos:

Daniel e seus companheiros estavam debaixo do poder de reis pagãos extremamente idólatras e déspotas. No entanto, não fizeram uma rebelião ou coisa parecida. Eles eram obedientes às autoridades, seguindo princípios semelhantes aos do apóstolos Paulo e Pedro no Novo Testamento (Leia Rm 13: 1-7 e I Pe 2: 13-7). No entanto, havia uma tensão no ar. Eles estavam entre as ordens desses reis e as do Rei dos reis. Esses reis deviam ser obedecidos, mas não absolutamente. A obediência absoluta era apenas ao Rei dos reis. Não havia neles rebeldia contra as autoridades, mas firmeza em obedecer acima de tudo ao verdadeiro REI. O SENHOR reina! Cristo é o Rei! Se fosse preciso eles iriam para a fornalha ardente ou para a cova dos leões, mas não desobedeceriam ao Rei dos reis. Tal tensão deve continuar existindo entre os cristãos. Eles não devem ser revolucionários, desobedientes às autoridades, nem nada parecido. Devem ser cidadãos ordeiros, que obedecem as leis, respeitam as autoridades e oram por elas. No entanto, há a mesma tensão do tempo de Daniel. Eles obedecem, mas não absolutamente. A obediência absoluta deles é apenas ao Rei dos reis. Me pergunto se esta tensão é comum em nossos dias, quando vemos muitos cristão professos se revoltando em nome de Deus, desrespeitando as autoridades, e outros, também cristão professos, cedendo para qualquer idolatria governamental, para não perder privilégios. Como o livro de Daniel é atual!

4 - Deus se revela a reis pagãos.

Em Daniel, Deus falou em Aramaico, a língua dos estrangeiros. Deus falou pelo profeta Daniel aos reis pagãos, advertindo-os. Daniel é um prenúncio do que ocorreria nos tempos da Nova aliança, quando o Evangelho se espalharia a todos os povos. Deus fala por Daniel a todos, apontando suas idolatrias, mostrando Seu Filho, O Redentor, chamando-os ao arrependimento. Temos ouvido ao Senhor? Temos anunciado o Senhor?

5 - Cristo:

Cristo está em Daniel e fala sobre Daniel no Novo testamento (Mt 24: 15; Jo 5: 25-29; Dn 12: 2). Ele aparece no próprio Daniel como um tipo de Cristo. Daniel é fiel a Deus num mundo hostil, como Cristo se apresentou neste mundo. Daniel é um fiel profeta que traz a Palavra de Deus ao mundo, mostrando o que Cristo faria. Daniel é um governante piedoso e justo, simbolizando Cristo, o Rei dos reis. Mas Cristo também está anunciado no próprio livro, especialmente no anúncio da vinda do Reino eterno de Deus, como, por exemplo, na pedra que se torna numa montanha e domina (Dn 2 34, 35, 44, 45). O Reino de Cristo dominaria. Quando Cristo, e seu precursor, João Batista, pregaram, foi isso que anunciaram: O Reino havia chegado. “Desde então começou Jesus a pregar, e a dizer: Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus” (Mt 4: 17; Mc 3: 1,2). Cristo é o Rei que já reina nos corações dos seus, e reinará visivelmente em seu retorno, submetendo e vencendo os reinos hostis, estabelecendo seu Reino no Novo Céu e Nova Terra (Jo 18: 36, 37, e Ap 21 e 22). O Senhor reina! Que nos consolemos e o sirvamos.

Com a graça e permissão de Deus, estarei entrando no texto do livro no próximo estudo, e vamos adiante até estudá-lo por completo, aprendendo, mais profundamente durante a caminhada, as verdades gerais que vimos na presente introdução. Mas já lhe deixo algumas perguntas para sua reflexão: O Senhor Jesus já é o seu Rei? Você já creu nEle como Único Salvador dos pecados e já se arrependeu? Você está consolado na Soberania do Rei dos Reis? Você o ama e confia nEle neste mundo pagão? Está firme nEle como seu supremo Rei, e disposto a perder tudo por Ele? Você espera a vinda de Seu Reino eterno e vive para Ele, em vez de se apegar a este mundo passageiro e seus ídolos vãos? Você o anuncia aos outros que nada sabem dEle?

*Esboço do sermão do Culto Público de 06 de agosto de 2023.

Venha ouvir estas exposições em nossos cultos de domingo às 19h.

IGREJA BATISTA REFORMADA DO TAPANÃ. Conjunto Tapajós, Rua Búzios, Número 35, Bairro do Tapanã em Belém do Pará.

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