PARA QUE CREIAM E TENHAM A VIDA ETERNA – Manoel Coelho Jr. João 20: 30, 31.



João acabara de citar, no trecho anterior, a Palavra de Cristo a Tomé sobre a verdade de que bem-aventurado são aqueles que não viram mas creram. No texto que nós estamos estudando hoje, João continua este pensamento, mostrando qual o propósito geral de todo seu evangelho, que é testemunhar sobre os sinais realizados por Cristo para que os ouvintes creiam e tenham a vida eterna. Portanto, é um trecho sumamente precioso, porque nos mostra todo o propósito dos evangelhos, e de forma geral de todas as Escrituras, que é apresentar a Cristo como Salvador, para que se creia nEle e assim tenha a vida eterna. Na verdade esta é a natureza daquela bem-aventurança que Cristo tinha mencionado a Tomé. Dessa forma, temos aqui o anúncio sobre a vida eterna que Deus nos concede em seu Filho. Não pode existir assunto mais importante que este, num mundo de pecado e morte. Que meditemos, pois, em oração, e que Deus nos conceda a sua graça para o compreender.
I - Muitos sinais na presença dos discípulos (Jo 20: 30).
A primeira coisa que João relata nesses versículos, é que o Senhor Jesus Cristo operou muitos sinais. Aqui nós precisamos entender que sinais se referem principalmente aos seus milagres, que apontavam para quem Ele era, testificavam sobre a própria pessoa do Senhor Jesus Cristo. Por exemplo, quando o Senhor Jesus Cristo multiplicou pães e peixes, estava sendo demonstrado que Ele é o pão da vida (Jo 6). Quando curou cego de nascença, estava demonstrado que Ele é a luz do mundo (Jo 9). E quando ressuscitou Lázaro, significava que Ele é a ressurreição e a vida (Jo 11). Assim os sinais estavam apontando para Jesus, e notemos que são milagres no reino material que demonstram realidades espirituais sobre Nosso Senhor. Todavia, também podemos afirmar, que estes sinais se referem a eventos e obras de Cristo que cumpriram as profecias do Antigo Testamento em relação ao Messias prometido, mostrando, portanto, que ele era este Messias. E o maior desses eventos é a sua própria crucificação, morte, sepultamento, e ressurreição (Veja por exemplo Jo 19: 28-37).
A outra afirmação de João é que este muitos sinais foram operados na presença de seus discípulos. Discípulos aqui se refere evidentemente aos apóstolos, ou seja, aos doze (Jo 20: 12). Isso não significa que os os sinais foram operados apenas na presença daquele seleto grupo de discípulos, pois na verdade muitas outras pessoas puderam testemunhar estas obras maravilhosas. Mas o que aqui é destacado é que estes apóstolos seriam os que testemunhariam sobre Jesus, como os que conviveram com Ele, ouviram suas palavras, observaram suas obras, e inclusive puderam tocar nEle após a ressurreição. Eles seriam, assim, testemunhas oculares daqueles fatos sobre Jesus, e o Espírito testemunharia por eles (Leia: Jo 15: 26, 27; 19: 35; 20: 20-23, 27, 28; 21: 24; ; Lc 24: 38-40; I Jo 1; 1-3). Portanto, aqueles homens eram testemunhas autorizadas. Deveriam testificar ao mundo. Um ponto importante é que isso não significa que aqueles homens viram os sinais, e creram meramente por esta visão, mas que creram porque foram iluminados pelo Espírito, quando guiados pelas promessas das Escrituras, compreendendo aqueles sinais.
II - Estes sinais são para que creiais (Jo 20: 31).
João deixa claro que selecionou alguns sinais para cumprir o propósito de seu livro. E qual era o seu propósito? João se propunha a relatar estes sinais, para que através do conhecimento e compreensão deles, os leitores pudessem crer no Senhor Jesus Cristo. Destacamos que este crer se refere tanto aquela fé inicial dos que são convertidos ao Evangelho de Cristo ao ouvir a Palavra de Deus, como também ao fortalecimento da fé daqueles que já creram anteriormente. Assim este Evangelho tanto leva à fé, como a fortalece.
Mas o que os leitores deveriam crer a respeito de Cristo ao entenderem os sinais? João nos diz que eles deveriam crer que aquela bendita pessoa, o Senhor Jesus, primeiro, é o Cristo, e em segundo lugar, é o Filho de Deus. Com respeito a Cristo, todos aqueles sinais mostravam que Jesus era o Messias, o Cristo, o enviado pelo Pai, o Ungido de Deus, o qualificado por Deus, Aquele que fora enviado por Deus Pai para cumprir a sua obra de salvação dos pecadores. Aquele que cumpriu as profecias do Antigo Testamento que prometiam a vinda futura deste Salvador. Sobre o título filho de Deus, podemos crer que se refere naturalmente a divindade de Cristo Jesus. Aquele Messias com certeza era homem, perfeitamente homem, porém era mais que homem, era o Deus-homem, o Filho de Deus, o próprio Deus encarnado. Lembremos que o propósito contínuo de João no seu evangelho era mostrar esta verdade. Ele já tinha iniciado o evangelho dizendo que “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez” (Jo 1: 1-3). Que “o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” (Jo 1; 14), que “Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito, que está no seio do Pai, esse o revelou (Jo 1; 18). Cristo é a revelação do próprio Pai. Lembremos, ainda, o que Tomé havia acabado de declarar. Após constatar a ressurreição de Nosso Senhor ele confessou: “Senhor meu, e Deus meu!” (Jo 20: 28). Temos aqui, portanto, que os sinais apontavam que Jesus era o Messias, e o Filho de Deus. Na verdade, somente o Filho de Deus poderia ser este Messias, pois somente o Deus encarnado poderia nos salvar. Se tratava do próprio Deus revestido de humanidade.
João continua dizendo que todo aquele que crê no significado destes sinais, que entende que ele Jesus, é o Cristo e o Filho de Deus, tem vida em seu Nome. O que significa essa vida? Ora o Senhor Jesus é o revelador do Pai celestial. O Senhor Jesus é o Deus encarnado. O Senhor Jesus é o Messias, o Cristo, Aquele que pagou pelos pecadores para reconciliá-los com Deus. A Palavra de Deus afirma, e esse é um ensino que perpassa todos os seus livros, que o salário do pecado é a morte (Rm 6: 23). Esta morte envolve a morte do corpo, mas vai além disso. Implica em perda da comunhão com Deus. É viver contrário a Ele, ser seu inimigo, inimigo do único Deus verdadeiro, Criador, Provedor, Redentor, conduzindo finalmente à eterna condenação no inferno, à morte eterna. Se o Senhor Jesus Cristo morreu por pecadores, isso significa que todos aqueles que creem nEle são reconciliados com esse Deus, são reconciliados em Jesus, na cruz. A partir desse momento não estão mais contra Deus, mas sim em paz com Deus, e verão a Deus, e conhecerão a Deus em seu Nome, ou seja, em sua na Pessoa do Filho, que revela a Deus Pai. Também significa que morrem com Cristo para o pecado, e ressuscitam com Ele para Deus (Rm 6: 1-11). Portanto estas pessoas têm vida, vida com Deus em Cristo Jesus. E esta vida não é efêmera, passageira, mas ao contrário, é vida eterna (Jo 3: 15, 16, 36), uma vida que não acaba, nem mesmo com a morte do corpo, mas permanece após isso, e aponta, ainda, para ressurreição do próprio corpo, quando então este crente habitará para sempre com o Senhor Deus no Reino de seu Filho Jesus. A vida eterna é a vida com Deus para sempre, para todos os que creem no Senhor Jesus Cristo. De fato, bem-aventurados são aqueles que não viram mas creram. Louvado seja Nosso Senhor e Salvador!
III - Conselhos:
1 - Os profetas que escreveram o Antigo Testamento, ou que testificaram naqueles dias, profetizaram a respeito de Cristo Jesus. Já os apóstolos que escreveram o Novo Testamento, ou que anunciaram a Palavra naqueles dias, foram aqueles que testemunharam o cumprimento destas profecias dos antigos profetas. Temos, portanto, nas Sagradas Escrituras, como em nenhum outro lugar, o conhecimento da revelação de Deus sobre Jesus, o seu Filho Amado. É, portanto, sumamente importante que ouçamos as Escrituras e diariamente meditemos nelas. Além disso, dominicalmente devemos nos expor ao ensino delas na fiel pregação do culto ao Senhor, no dia do Senhor, juntamente com os nossos irmãos. É por ouvir o testemunho dos apóstolos nas Escrituras Sagradas, que a fé é dada e fortalecida. Que as ouçamos, pois.
2 - A nossa fé não está baseada numa fábula, numa mentira, numa história inventada, mas em fatos, e seus significados, sobre esta bendita pessoa, que operou grandes sinais que mostram quem Ele era. Devemos nos consolar cada vez mais nesta verdade e ficarmos firmes no Senhor Jesus Cristo. Em meio a tanto engano e loucura deste mundo tenebroso, podemos ter a paz de que Deus se revelou a nós, e nos mostrou a verdade em Jesus.
3 - Que todos possam meditar nos sinais apresentados por João em seu evangelho, que mostram quem é Jesus, que Ele é o messias, O enviado de Deus, o Ungido, que veio para salvar pecadores. Jesus é homem, perfeitamente homem, mas também é o Filho de Deus, Aquele através de quem conhecemos a Deus, e somos reconciliados com Ele por sua obra na cruz. Que todos aqueles que ouvem esta mensagem creiam nEle para sua salvação, para a vida eterna, e aqueles que já creram, continuem meditando, continuem ouvindo, para o fortalecimento de sua fé no Senhor Jesus.
4 - Neste mundo de pecado e morte, de perplexidade e desespero, somos grandemente consolados pela verdade de que em Nosso Senhor Jesus Cristo temos a vida eterna, que nEle não temos mais o problema do pecado, da culpa, da maldição, porque Ele morreu por nós e ressuscitou para nossa justificação. Temos paz com Deus! Conhecemos a Deus, e tudo nEle, em Cristo. Amamos a Deus no Senhor Jesus, nEle estamos vivos, pois estamos agora em comunhão novamente com este Deus. E mais, a vida não termina, jamais, nem mesmo com a própria morte, e um dia ressuscitaremos como Ele ressuscitou, para habitarmos no mundo sem pecado e morte. Jesus é um consolo suficiente, que mostra que em Sua obra, pela fé nEle, vencemos o pecado, vencemos a morte, estamos em paz com Deus, e vivos para sempre, eternamente vivos. Amém!
5 - Como cristãos, como discípulos do Senhor Jesus Cristo, nós estamos neste mundo para testemunhar a respeito do Salvador, Cristo, Filho de Deus. Ainda que não sejamos testemunhas oculares como João, somos crentes como João, e pela fé na Palavra conhecemos a Deus no Filho, como ele conheceu ao crer. Assim, como João, devemos testificar sobre Cristo aos nossos próximos, ao nosso amados, orar por eles, mostrar-lhes, enfim, que há uma esperança, que há um Salvador, que há a vida eterna, que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, no qual eles podem crer para ter paz com Deus e vida, vida eterna. Que levemos a todos esta mensagem, orando ao Pai para que lhes agracie com o dom da fé, como um dia nos agraciou. “Estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós” (I Pe 3: 15).
6 - Que fortaleçamos a fé de nossos irmãos, também seguindo o exemplo de João. Devemos mostrar-lhes cada vez melhor, por nossas palavras e vidas, segundo o Ensino das Escrituras, que Jesus é o Cristo e o Filho de Deus, animando-os, corrigindo-os, guiando-os com fé, amor, paciência e misericórdia no Senhor. Amém!
*Esboço do sermão do Culto Público de 23 de abril de 2023.
Venha ouvir estas exposições em nossos cultos de domingo às 19h.
IGREJA BATISTA REFORMADA DO TAPANÃ. Conjunto Tapajós, Rua Búzios, Número 35, Bairro do Tapanã em Belém do Pará.

**Você pode distribuir este material livremente. Pedimos apenas que indique esta pagina para mais pessoas serem edificadas na Verdade em Jesus.

***Somos um pequeno grupo cristão plantando nossa Igreja no bairro do Tapanã em Belém do Pará. Considere orar por nós. E se desejar nos ajudar no trabalho local e pela internet, nos envie sua contribuição pelo Pix...

batistatapana@bol.com.br


 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Exposição de João 9:35-41 - Os cegos e os que “vêem” (Texto).

Somos como Maria ou como Judas?* – João 12:1-11 - Texto áudio e vídeo - Manoel Coelho Jr. .

Não vos deixarei órfãos* – Exposição de João 14: 18-20 – Manoel Coelho Jr.