O SENHOR RESSURRETO REVELA-SE AO DUVIDOSO TOMÉ – Manoel Coelho Jr. João 20: 24-29.



Pela terceira vez, segundo o relato de João, o Senhor Jesus Cristo revela-se aos discípulos. Porém há uma peculiaridade. Neste momento ele revela-se ao duvidoso Tomé, curando-o sua debilidade na fé, pois havia se mostrado rebelde e soberbo, não crendo no testemunho dos seus irmãos sobre a ressurreição, nas profecias do Antigo Testamento, e nas Palavras de Cristo durante seu ministério. O ponto é que ele queria ver e tocar, em vez de se firmar na Palavra. Mas finalmente é restaurado pelo Senhor quando Cristo condescende com ele, levando-a à fé, expressa em preciosa confissão. Finalmente o Senhor concluindo o processo de cura de sua debilidade, repreendendo-o, exortando-o à fé na Palavra, não no que se vê, o que é a bem-aventurança. Estas palavras têm direta aplicação para as nossas almas, conforme pretendo mostrar neste estudo.

I - Tomé e suas ações (Jo 20: 25, 26).
O evangelho de João menciona Tomé no capítulo 11 e versículo 16, e capítulo 14, do verso 4 ao 6. Nestes dois trechos, juntamente com o texto do presente estudo, temos um pouco da personalidade e temperamento de Tomé. Em João 11:16 Tomé demonstra que amava ao Senhor, estando disposto até mesmo a morrer por Ele. No entanto, já percebemos ali alguma melancolia, um pensamento de que tudo finalmente poderia acabar com a morte do Senhor. Mas no capítulo 14 de João, do verso 4 ao 6, temos Tomé não entendendo a Palavra de Cristo sobre para onde iria e qual o caminho, fazendo uma pergunta de acordo com esta incompreensão. Por estes textos, podemos afirmar que Tomé sofria de melancolia, e tinha dificuldade de entender a Palavra, ainda que amasse ao Senhor.
Já no texto que estamos estudando, João destaca que Tomé não se achava presente quando o Senhor se revelou especialmente aos seus discípulos. E é importante notarmos que no verso 26 João destaca, mais uma vez, aquele dia especial, que era o domingo. Ora, Cristo ressuscitou no domingo (Jo 20: 1), e se revelou na tarde daquele dia, ou seja, na tarde do domingo, e voltou a se revelar quando Tomé estava presente oito dias depois, isto é, também num domingo. Temos aqui, portanto, a contínua importância que João dá ao primeiro dia da semana, o domingo, como dia da ressurreição de Cristo. Junto a este fato, temos ausência de Tomé naquele primeiro domingo, mas a sua presença no segundo. Por que Tomé estava ausente naquele dia da ressurreição? Ele era um dos doze, como João destaca, mas estava ausente. Por que será? Não podemos afirmar com certeza, mas é possível que sua debilidade na fé, sua melancolia e incompreensão sobre a Palavra, o tenha afastado de seus irmãos. Todavia, seja qual for o motivo, é fato que Tomé perdeu muito ao se ausentar naquele grande e maravilhoso domingo da ressurreição, mas, por outro lado, ganhou muito ao estar presente no domingo seguinte, quando Cristo finalmente se revelou a ele. Esses destaques são importantes para as nossas meditações sobre a importância e a necessidade de não perder o culto ao Senhor, em comunhão com os nossos irmãos no seu dia.
Como Tomé perdera aquela maravilhosa revelação do Senhor, foi auxiliado por seus irmãos que testemunham, à semelhança de Madalena: “Vimos o Senhor (Jo 20: 18, 25). Mas Tomé, levado por sua incredulidade, melancolia, e incompreensão, não crê. Não consegue depositar a sua fé no testemunho do Antigo Testamento, nas palavras de Cristo durante seu ministério, e no testemunho de seus irmãos, que tinham visto o Senhor vivo. Ele não crê na Palavra de Deus, ele não se firma na Palavra. Ele quer ver Cristo, ver suas mãos marcadas pelos cravos, e tocar nelas. Ele quer tocar no seu lado que fora ferido pela lança do soldado romano. Ele não se conforma em crer na Palavra, mas quer ver e tocar. Esse era o erro fundamental de Tomé. Ele precisa ver para crer. Ele precisa tocar para crer. Ele não quer depositar a sua fé na Palavra do Senhor. Isso mostra também a sua arrogância, ao impor a Deus certas condições para que possa crer. Tomé não se submete a Deus, mas exige de Deus o cumprimento de certos requisitos para que possa crer. Isso é arrogância e incredulidade.
II - Cristo cura Tomé (Jo 20: 26-29).
Cristo vai tratar de Tomé. Vejamos como:
Primeiro, é importante relembrarmos que Tomé está presente neste domingo, o primeiro dia da semana. Tomé, quando ausente, perdeu a revelação e a paz que os outros discípulos receberam no domingo anterior. Mas agora ele está presente, e, portanto, terá oportunidade de receber a revelação de Cristo e sua Paz.
Segundo, Cristo se apresenta quando as portas estão novamente fechadas, repetindo a saudação “paz seja convosco”. Como da vez anterior, não se trata de mera saudação, mas é um anúncio da Paz que ele trouxe com Deus por sua obra na cruz, por sua morte e ressurreição. Mas aqui se aplica mais diretamente a Tomé, que estava em melancolia e rebeldia, precisando compreender esta paz e suas bênçãos, em fruto de certeza de perdão e tranquilidade.
Terceiro, Cristo condescende com Tomé, permitindo que suas condições sejam satisfeitas, para auxiliá-lo na fé, como nos faz hoje na Ceia do Senhor, por exemplo. Evidentemente que não seria o mero ver e tocar que o auxiliaria, mas a compreensão do que ocorria à luz da Palavra.
Há ainda mais um auxílio que Cristo dará a Tomé, para curá-lo do seu estado de debilidade na fé. No entanto, conforme a sequência dos eventos, João diz que ante a presença de Cristo, ante a sua condescendência, permitindo que Tomé até mesmo o tocasse, este e irrompe em Confissão de fé, dizendo: “Senhor meu e Deus meu”. Finalmente a incredulidade de Tomé é sanada. Ele confessa que Cristo é o seu Senhor, que Cristo é o seu Deus. Aqui nós temos uma das mais belas profissões de fé, que mostra que Tomé crê na ressurreição, e em Cristo como filho de Deus, o Onisciente, que conhecia inclusive sua dúvida, o Deus encarnado, o Deus-homem, que morreu e ressuscitou. Nisso também ele deixa a soberba e a rebeldia, que impõe condições ao Senhor, subjugando-se agora ao seu Deus. Observemos, por outro lado, que ao confessar a divindade de Cristo, Tomé não é repreendido pelo Senhor. Aqui nós temos uma das evidências mais claras nas Escrituras sobre a divindade de Cristo. De fato João tinha o propósito de mostrar que Cristo é homem e Deus, possuindo duas naturezas nesta única bendita pessoa, o Verbo encarnado (Jo 1: 1, 14). Ele tinha vindo de Deus, vindo do Pai, o Filho de Deus que Se revestiu de humanidade, mas nunca perdeu a sua divindade, que morreu numa cruz por pecadores, para salvar pecadores. Jesus é homem! Jesus é Deus! Jesus é o Deus-homem, o Filho de Deus. Todos devem crer nEle. Para serem salvos, todos devem crer e confessar junto com Tomé: “Senhor meu e Deus meu!”.
Finalmente Nosso Senhor repreendeu a Tomé, falando da bem-aventurança dos que não viram, mas creram (Jo 20: 29). Com isso Ele o exorta à fé que não depende do que se vê e do que se toca, mas da Santa Palavra de Deus. A fé é essencialmente a que está apoiada na Palavra de Deus, conforme o Senhor Deus tem revelado em seu filho Jesus Cristo para salvação dos pecadores, e sua santificação e glorificação. Assim é dado a mensagem a todas as pessoas para que creiam na Palavra para serem bem-aventurados, e que os que já creram, que prossigam em fé na Palavra, fortalecendo-se. Também é dada, com estas palavras de bem-aventurança, o consolo aos crentes que viveram após os eventos que os apóstolos testemunharam, crendo no testemunho das Escrituras sem terem visto os fatos. Eles são bem-aventurados. Amém!
III - Conselhos:
1 - Não desprezemos as assembleias dos cristãos, especialmente domingo, dia do Senhor, dia da ressurreição, onde a Palavra é pregada, e Cristo se revela, e a sua vontade santa é ensinada. Tomé deixa para nós o exemplo de que não é boa coisa a ausência, e que é uma benção estar presente. Tomé ausente não recebeu a revelação de Cristo. Mas quando presente, foi curado de sua debilidade na fé, sendo esclarecido na compreensão sobre Cristo, e finalmente confessando que ele era seu Senhor seu Deus. Que bênção é estar no culto e ouvir a Palavra de Cristo no domingo, dia do Senhor. Mas que perda é se ausentar destes momentos incomparáveis. Não se ausente dos cultos ao Senhor, mas sempre esteja presente como fiel adorador e ouvinte da Palavra!
2 - Devemos meditar na condescendência de Nosso Senhor Jesus com o incrédulo Tomé, permitindo que ele o visse e tocasse. Aqui nós temos o consolo de que o Nosso Senhor não nos despreza e abandona em nossas debilidades e fraquezas, não despreza os seus filhos mais frágeis, mas vai até eles e os fortalece em sua Graça e Palavra. Isso deve nos animar a buscar a Cristo, esperando receber dEle o consolo e toda graça, toda a cura em Sua Palavra, cura para as nossas debilidades espirituais. Todavia, isso nunca deve ser desculpa para permanecermos no pecado. Lembre: Tomé se arrependeu.
3 - Por sua vez, devemos seguir o exemplo de Nosso Senhor, que condescendeu com Tomé, sendo também condescendente, paciente, com as debilidades de nossos irmãos. Se Cristo tem nos sustentado pacientemente em nossas fraquezas, quem seríamos nós para arrogantemente desprezar os nossos irmãos em suas fraquezas e debilidades? Assim, que nos coloquemos junto a eles, os animemos e exortemos, e quando necessário os corrijamos em amor e paciência, com a mesma condescendência, não nos colocando superiores a eles, mas ao lado deles, orando por eles, animando-os a buscarem graça em Cristo, para serem sanados em suas de debilidades por Sua Palavra.
4 - Que firmemos a nossa fé na Palavra do Senhor unicamente, e não no que vemos. Que sejamos humildes, que nos submetemos à Palavra de Nosso Senhor, confiando nEle como nosso Deus, nosso Senhor, e não sendo incrédulos e arrogantes, estabelecendo condições para crermos nEle. Que aprendamos que bem-aventurado é aquele que não vê e crê na Palavra. Que assim creiamos e cresçamos na fé conforme as Escrituras, e humildemente louvemos, confessando que Ele é o Nosso Deus, Nosso Senhor. A incredulidade é irmã da arrogância, mas a fé anda de mãos dadas com a humildade. Firmemos fundamentalmente a nossa fé na Palavra sobre Cristo ter ressuscitado.
5 - Que nos consolemos na grande verdade de que somos abençoados hoje, que estamos bem-aventurados porque temos recebido do Pai o dom da fé, da fé na ressurreição de Seu Filho, que se baseia unicamente na Palavra, e não no que vemos. Que nos consolemos nesta bem-aventurança, pois.
6 - Que o prezado amigo e a prezada amiga confie no Senhor Jesus para sua salvação. Só Cristo disse “Paz seja convosco” como Aquele que pode conceder a Paz. Só nEle temos a paz com Deus mediante o seu sacrifício, morte, e ressurreição. A sua Palavra é a verdade, ele é Deus encarnado, Deus-homem, o Redentor enviado pelo Pai Celestial, que morreu e ressuscitou para salvação de pecadores. Que todos possam confessar juntamente como Tomé, a fé em Jesus Cristo dizendo: “Senhor meu e Deus meu”. Que você creia e confesse, sendo, assim, reconciliado com o Pai Celestial em Cristo, por iluminação e seu Espírito Santo, que mostra a Verdade que é Jesus. Somente na fé em Cristo há bem-aventurança. Creia nEle! Amém!
*Esboço do sermão do Culto Público de 16 de abril de 2023.
Venha ouvir estas exposições em nossos cultos de domingo às 19h.
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