O SENHOR RESSURRETO REVELA-SE AOS DISCÍPULOS – Manoel Coelho Jr. João 20: 19-23.



No estudo anterior, vimos que o Senhor Jesus Cristo, ressurreto dentre os mortos, revela-se à Maria Madalena, tirando-a da profunda tristeza, enchendo-a de alegria, dando-lhe a missão de anunciar que Cristo vive, e que subia ao Pai. Agora temos a continuação do relato de João, com Cristo revelando-se também aos discípulos, depois de muitos rumores sobre ressurreição de Cristo. Desta vez o Senhor apresenta-se a eles com provas incontestáveis da sua ressurreição, enviando-lhes, a semelhança do que ocorreu com Maria, ainda que com suas peculiaridades, para a missão de proclamar sua mensagem como apóstolos, o Evangelho de Cristo Jesus. É interessante observar que em todas estas ocasiões, tanto na revelação da sua ressurreição, como na comissão que lhes dá, Cristo repete a saudação da paz. Isso aponta para o fato de que tal paz está relacionada, tanto ao estado dos apóstolos naquele momento, como à mensagem que eles deveriam anunciar ao mundo. Estas verdades são muito instrutivas e consoladoras para nós. Vamos estudá-las.
I - Cristo se mostra ressurreto aos discípulos (Jo 20: 19-20).
O texto paralelo ao que vamos estudar é Lucas 24: 13-49. Quando olhamos para esse texto, podemos perceber que os acontecimentos relatados por João se deram à noite. Os discípulos estavam reunidos. Havia muitos rumores. Maria Madalena já tinha visto o Senhor. Pedro e João tinham visto o Túmulo vazio, entre outros fatos. E assim, os discípulos se reuniram, possivelmente para conversar sobre o assunto, e ouvir a opinião uns dos outros sobre o que deveriam fazer a partir de então.
Notemos o destaque que João nos dá, como já tinha feito no primeiro versículo deste mesmo capítulo, que eles estavam reunidos no entardecer daquele dia, que era o primeiro dia da semana, ou seja, o domingo. João quer enfatizar firmemente que a ressurreição ocorreu no domingo. Os discípulos, portanto, estão reunidos neste domingo memorável e glorioso da ressurreição de Nosso Senhor. Num estudo posterior iremos explorar mais estes destaques de João sobre o domingo. Neste momento quero apenas mostrar a sua ênfase sobre a importância do domingo, como dia da ressurreição de Nosso Senhor.
Ao olharmos para o Evangelho de Lucas, somos informados que os discípulos que tinham visto o Senhor no caminho de Emaús, voltam à Jerusalém para relatar o fatos e encontram os apóstolos reunidos. João nos informa, por sua vez, que eles estão com as portas trancadas por medo dos judeus. Eles temiam também serem condenados e mortos, conforme o seu mestre Jesus. Estes judeus, evidentemente, eram as autoridades judaicas que tinham condenado a Cristo. Neste momento o Senhor chega e se apresenta no meio deles, mesmo com as portas fechadas. Não devemos exagerar muito neste fato, mas aqui podemos supor que isso mostra que o corpo glorificado de Cristo possui agora qualidades diferentes das anteriores, quando estava em humilhação.
A saudação de Cristo é: "Paz seja convosco". Ainda que esta seja uma saudação comum, devemos entender que é mais que isso, neste caso. Os discípulos estão com medo dos judeus. Os discípulos também sabem da sua culpa. Eles abandonaram o Senhor, e Pedro O havia negado três vezes. Além disso estavam perplexos com os últimos rumores e acontecimentos. É nesse momento que Cristo lhes fala de paz, e esta paz já lhes tinha anunciado (Jo 14: 27), e está baseada exatamente na sua morte, sepultamento, e ressurreição. Nesta obra, Cristo tinha primeiramente tirado-lhes toda a culpa, levado seus pecados, e pacificando-os com o Pai (Rm 5: 1). Assim, eles não deveriam mais ficar angustiados e preocupados, seja pela culpa, seja pelo medo dos judeus, seja pelos últimos rumores. Cristo está vivo. Eles estão em Paz com Deus. Tudo estava bem. Esta era a surpreendente e amorosa mensagem de Cristo a eles: Paz seja convosco!
A próxima coisa que o Senhor faz, é lhes dar plenas evidências de que Ele não era um fantasma, ou espírito, uma aparição, mas o verdadeiro Cristo, que tinha sido ferido, perfurado, morto, sepultado, mas que finalmente ressuscitara dentre os mortos. As evidência estava ali nas marcas que ele agora apresenta, tanto nas suas mãos, como no seu lado, segundo o relato de João. Já pelo relato de Lucas, podemos observar que eles custaram a acreditar, até mesmo pela alegria, pela emoção que estavam sentindo. Mas Cristo lhes diz que poderiam apalpá-lo, para ver que não se tratava de um fantasma, e até mesmo comeu um pedaço de peixe e um favo de mel com eles. Cristo não é um fantasma. Cristo é um homem de carne e osso. Cristo ressuscitou. Então eles finalmente crêem e se alegram profundamente. Aqui se cumpre o que o Senhor já tinha dito anteriormente no seu último discurso, que eles o veriam novamente, e que esta alegria ninguém poderia lhes tirar (Jo 14: 18-20; 16: 16-22). Alegria profunda vem do fato da ressurreição a todos os discípulos. Amém!
Outro ponto que devemos destacar é que a fé cristã não está baseada em fábulas, mas em fatos constatáveis. Houve um homem que nasceu de uma virgem. Houve um homem que viveu uma vida sem pecado. Ele é o filho de Deus. Ele é o Deus-homem. Este homem morreu na história por pecadores. Este homem foi sepultado. Este homem ressuscitou no terceiro dia, e foi visto pelos seus discípulos. E é esta mensagem que deve ser anunciada, uma mensagem baseada nos fatos relativos a este homem, Jesus Cristo, e no significado destes fatos para salvação de seu povo.
II - Cristo comissiona os discípulos (Jo 20: 21-23).
Tendo se mostrado vivo dentre os mortos aos seus discípulos, tendo lhes falado de paz, baseada exatamente em sua morte e ressurreição, o próximo passo do Senhor é comissiona-los a levarem esta mesma paz a todo mundo, a proclamarem o Evangelho, como testemunhas oculares da ressurreição. Notemos que Ele repete a saudação "paz seja convosco". Devemos entender que é assim devido à grande dificuldade da proclamação que eles teriam de enfrentar. Nosso Senhor já tinha dito que eles seriam odiados, perseguidos e mesmo mortos, mas que não deveriam se escandalizar, visto que a mensagem é odiada pelo mundo que odeia a Deus, nem se turbar, pois Ele em breve voltaria depois de preparar lugar na Cruz (Jo 14: 1-3; 15: 18-16: 3). Eles poderiam ter paz em meio às dificuldades, e assim prosseguirem anunciando o Evangelho. Além disso, Ele os comissiona dizendo que esta missão era de acordo com a sua própria da parte do Pai. Ele está dizendo, portanto, que tudo está na soberana vontade de Deus e que dessa forma, não deveriam ter nenhum temor.
Em seguida, Nosso Senhor assopra sobre eles e diz "recebei o Espírito Santo". Cristo fora glorificado em Sua obra na cruz morte, sepultamento e ressurreição, e agora eles recebem esse Espírito como sopro dele, dádiva sua (Jo 7: 39). Nas Escrituras, o sopro de Deus denota a vida que é dada pelo Senhor (Gn 2: 7; Ez 37: 9). Na verdade a Igreja é uma obra do Espírito que vivifica. Trata-se de um milagre. Todavia aqui, o destaque está na capacitação para a obra, para missão dada pelo Senhor Jesus Cristo aos apóstolos. A missão não poderia ser feita pela capacitação meramente humana, pelo talento humano, pela força do homem natural, mas seria algo no poder do Espírito Santo. Assim, o Espírito Santo é dado por Cristo aos apóstolos para capacitá-los a testemunhar o Evangelho, para que eles efetivamente pudessem fazer isso. E seria o Espírito quem convenceria o mundo do pecado, da justiça, e do juízo (Jo 16: 7-11).
Outro ponto que precisamos destacar, é da relação deste soprar do Espírito por parte de Cristo, com a dádiva do mesmo Espírito no Pentecostes, narrado em Atos capítulo 2. No texto paralelo de Lc 24 o Senhor Jesus Cristo diz que os discípulos deveriam esperar em Jerusalém até que fossem revestidos do poder, o que aconteceu de fato no Pentecostes. Dessa forma, qual a relação desse sopro de Cristo nesse momento, em João 20, com o Pentecostes que haveria ainda de acontecer? O que podemos afirmar é que, ainda que a capacitação fora dada aos apóstolos já em João capítulo 20, eles foram exortados a esperar, junto com toda a Igreja, até a vinda do Espírito no Pentecostes, quando então eles começaram a testemunhar. Isso mostra, portanto, que de fato aqui em João 20 o Espírito foi dado aos apóstolos mais estritamente, mas que viria para toda a igreja em Atos 2, o que nos apresenta, pelo menos, uma progressão desta grandiosa obra do Espírito Santo.
Há ainda neste encontro uma última Palavra de Nosso Senhor Jesus Cristo aos apóstolos, e por eles à toda a Igreja, a que eles têm o poder, a autoridade de perdoar e de reter os pecados. O que significa isso? Ora não devemos entender como se o Senhor Jesus Cristo tivesse dando aos apóstolos uma autoridade neles mesmos, de dizer a este ou aquele que estão salvos ou condenados, nem a qualquer ministro da igreja ao longo de toda a história. Não há autoridade meramente humana, mesmo no ministro cristão, de perdoar ou reter pecados. O que aqui está dito, em primeiro lugar, é que esta autoridade é debaixo da autoridade de Cristo, pois lembremos que o Senhor havia acabado de dizer que assim como o Pai o enviara, Ele também envia agora os seus discípulos. Portanto tudo que eles estão fazendo, e toda autoridade que possuíam, tinham na verdade sua realidade em Cristo Jesus. Assim, esta autoridade não está desvinculada da autoridade de Nosso Senhor. Evidentemente está relacionada à própria missão que acabara de lhes dar, a missão de proclamar o Evangelho. Ora, os apóstolos tinham recebido autoridade de dizer aos homens que Cristo é o Salvador, e que ao crerem nEle encontrariam justificação e salvação, mas se não cressem estariam perdidos para sempre, pois somente Cristo é o Salvador e Senhor. Esta é a autoridade, portanto, dos apóstolos e da igreja, de anunciar o Evangelho da salvação em Cristo, dizendo que há perdão de pecados em Cristo, mas total perdição fora de Cristo (At 2: 37, 38; 13: 26; 38; Jo 3: 36; 9: 41). Também podemos dizer que tal autoridade está na disciplina da igreja, visto que se algum dos seus membros se mostrar um apóstata, alguém que não crê em Cristo, a igreja está autorizada por Cristo a disciplinar (Mt 16: 19; 18: 15-18). Assim podemos entender a autoridade dada por Cristo aos apóstolos neste trecho, e a toda a igreja por eles.
III - Conselhos:
1 - Conforme o Evangelho de João, enfatizamos a importância do domingo, o dia do Senhor, o dia da ressurreição de Cristo. Ainda trataremos melhor deste assunto, nas próximas exposições, mas aqui pretendo lhe chamar atenção para o fato de que João destacou o dia, o dia da ressurreição do Senhor. Esse é um dia para nós de culto em comunhão, de adoração, de gratidão a Deus, que tirou o Cristo do sepulcro para nossa justificação. É o dia da nossa alegria. Que possamos meditar nesta verdade, na verdade da alegria que temos neste dia tão maravilhoso, ao lembrarmos e meditarmos na ressurreição de Cristo.
2 - A nossa paz está em Cristo. A nossa paz está no fato de que Jesus venceu a morte e nos reconciliou com Deus. Aconteça o que acontecer, enfrentemos as lutas que tivermos que enfrentar, sejam quais forem os inimigos que se apresentem, não devemos ter medo. Cristo vive! Cristo ressuscitou. Nele está nossa justificação. Devemos estar em paz, sem medo, pois Cristo ressuscitou.
3 - O cristianismo não está baseado em fábulas. Houve um homem que nasceu de uma virgem, que viveu sem pecado, que foi crucificado, morreu, foi sepultado e ressuscitou por pecadores, com muitas testemunhas. Ele pagou o preço por pecadores. Ele é o único Salvador. A nossa fé está baseada nestes fatos sobre Jesus, e no significado desses fatos. Nunca nos esqueçamos disso. Firmemos mais e mais nossa fé e nos alegremos. Cristo está vivo. Isso é uma verdade. Amém!
4 - Nós temos uma missão, a de levar a paz do Senhor Jesus Cristo a todos os homens, a paz que Cristo alcançou na cruz, morte, sepultamento e ressurreição. E temos o poder do Espírito para isso. Cumpramos, pois, a nossa missão, proclamando a paz, vivendo a paz, a paz de Cristo. Não devemos temer nenhuma dificuldade, nem nos assustar. Devemos olhar para Cristo, Cristo ressuscitado que nos deu a missão no poder do seu Espírito, e orar pedindo sua graça e sabedoria, e capacidade para levarmos adiante este testemunho, por nossas palavras e nossa vida, sem temor, e em amor e paz, não em ódio e guerra contra os homens, pois o Senhor nos pacificou, comissionou, e está conosco no Espírito. Ainda que a missão seja difícil, pois o mundo nos odeia, somos da paz, e a mesma missão nos foi dada pelo próprio Jesus, com capacitação do Espírito. Vamos adiante, pois.
5 - Quero lhes lembrar da autoridade que temos em Cristo Jesus, se somos crentes. É a autoridade de anunciar aos homens que Cristo é o Salvador. Devemos fazer isso, portanto, em nome de Cristo, confiando nEle, em amor a Deus e amor aos homens, tendo consciência de que não podemos reter esta mensagem, mas dizê-la com toda a clareza. Também devemos lembrar que a igreja tem autoridade de disciplinar a seus membros em Cristo. Isso nos deve fazer dar valor a mensagem do Evangelho, e a autoridade da Igreja, em Cristo, nos submetendo no Senhor, ou seja na medida em que a igreja exerça disciplina conforme a vontade de Cristo, além de participar desta autoridade com toda a Igreja, exercendo-a em amor no Senhor.
6 - Solenemente eu quero lhe declarar que só Jesus Cristo salva. Creia nEle. Arrependa-se dos seus pecados. Quero dizer claramente que nEle você pode encontrar perdão e graça, mas fora dEle não há salvação. Arrependa-se e creia em Jesus. Amém!
*Esboço do sermão do Culto Público de 02 de abril de 2023.
Venha ouvir estas exposições em nossos cultos de domingo às 19h.
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