O TÚMULO ESTÁ VAZIO – Manoel Coelho Jr. João 20: 1-10.


Vimos, na exposição passada, que o Senhor foi sepultado. Já tínhamos destacado que o relato do sepultamento de Cristo nos preparava para o que João nos contaria no capítulo 20 sobre o túmulo vazio. Temos, então, agora o relato de mais este fato. Mas o propósito não é meramente dizer que o túmulo está vazio, mas na verdade mostrar qual o motivo disso. As circunstâncias apontam para a ressurreição de Cristo, conforme veremos. O túmulo está vazio porque Jesus ressuscitou. João, que é o discípulo amado que aparece no trecho, entende e crê ao observar o acontecido. Entende que a Escritura já falava da necessidade da ressurreição. Além do mais, ante esses acontecimentos, temos as reações também de Madalena e Pedro, o que nos é muito instrutivo, juntamente com a reação de João, sobre as nossas próprias reações diante destes fatos sobre Cristo. Vamos meditar nessas de verdades aplicando às nossas vidas.

I - O fato do túmulo vazio.
O dia era domingo, o primeiro dia da semana. Maria Madalena juntamente com outras mulheres que seguiam e amavam o Senhor, vai bem cedo ao túmulo para ungir o seu corpo. Mas quando chegam lá, a pedra estava tirada. Elas já vinham conversando no caminho, preocupadas sobre quem moveria a pedra para que pudessem entrar. Todavia, agora elas chegam, olham e vêem: A pedra está tirada. Mateus nos conta que isso havia acontecido porque um anjo descendo do céu, removera a pedra (Mt 28: 2). Já Marcos nos conta, que o anjo relata que Cristo não estava mais ali, que o túmulo estava vazio, porque o Senhor havia ressuscitado (Mc 16: 5, 6). Portanto, temos o relato em todos os evangelhos, como em João, de que o túmulo está vazio para que fique demonstrada a ressurreição de Cristo.
Quando Madalena chega e vê a pedra tirada, fica muito desesperada. Logo imagina que o corpo do Senhor fora roubado. Assim corre para Pedro e João para lhes comunicar o fato, esperando naturalmente deles alguma solução. Por sua vez, Pedro e João, ao saberem, evidentemente também se assustam, e correm em direção. Mas João chega primeiro, porém não entra. Mas se abaixa, olha e vê no chão os lençóis, usados para cobrir o corpo do Senhor por José e Nicodemos durante o sepultamento. Mas Pedro, ainda que chegando depois, entra e vê no chão os lençóis e o lenço que havia estado na cabeça do Senhor, à parte, enrolado. Pedro ainda não entende. Não chega a crer na ressurreição, mas fica maravilhado (Lc 24: 12). Mas João entende e crê. João crê que Jesus ressuscitou. Todavia, o que acontece ali para surpreender a Pedro e levar João à fé? É o fato de que os lençóis estão ali, o lenço está enrolado no lugar à parte, tudo está organizado. Ora, se tivessem roubado o corpo do Senhor teria sido mais certo não se preocuparem com suas cobertas. Os ladrões teriam saído rapidamente, e em silêncio, com o corpo, sem se preocuparem com as cobertas. Assim, aquela circunstâncias apontavam para o fato de que não houve na verdade um roubo, mas sim a ressurreição de Cristo. Pedro fica assombrado, conforme já vimos, mas João não apenas se surpreende, mas crê. Ele lembra das Escrituras. Ele lembra que as Escrituras já haviam dito que era necessário a ressurreição de Cristo, como por exemplo o Salmo 16: 10; 11. Ele também lembra, provavelmente, que o Senhor Jesus Cristo tinha dito que levantaria o templo em três dias, referindo-se ao seu corpo. Na ocasião, nem ele, João, nem os demais entenderam. Mas agora ele lembra das Escrituras, e daquelas palavras de Cristo. Então entende e crê (Jo 2: 18-22. Veja ainda Lc 18: 31-34). Tudo isso vem à mente de João. Ele vê os lençóis. Ele vê o lenço. Ele vê tudo organizado. Não! O corpo não foi roubado. Ele lembra das Escrituras. Ele lembra daquela palavra de Cristo. Então ele crê. Ele diz consigo: O Senhor ressuscitou!
Portanto, nós temos aqui no relato de João, como dos outros evangelistas, as circunstâncias daquele fato que apontavam para a ressurreição do Senhor: A pedra pesada fora retirada, mesmo estando guardada por soldados romanos, para mostrar que o túmulo estava vazio. E agora, olhando mais para os detalhes que João nos dá, ou seja, que os lençóis estão ali como que deixados após a ressurreição, e os lenços à parte enrolados, a conclusão é que tudo aponta para o fato que Cristo ressuscitou. Isso significa que Cristo venceu a morte!
João nos diz ainda que até aquele momento eles não sabiam que a Escritura mostrava que era necessário que Cristo ressuscitasse. Mas em que sentido era necessário? Aqui eu apelo para o Catecismo Oortodoxo na sua resposta à pergunta 45 que diz: “Como a ressurreição de Cristo nos beneficia? Primeiro, pela ressurreição Cristo venceu a morte para nos tornar participantes da justiça que Ele conquistou para nós por meio de sua morte. Segundo, pelo poder pelo seu poder nós também somos ressuscitados para uma nova vida. Terceiro, a ressurreição de Cristo é a garantia de nossa gloriosa ressurreição” (Leia I Co 15: 12- 23; I Pe 1: 3-5; Rm 6 : 5-11; Ef 2: 4-6; Cl 3: 1-4; Rm 8: 11; I Co 15: 12-23; Fl 3: 20-21).
II - As reações de Madalena, Pedro e João.
É muito interessante observarmos as reações das três pessoas que aparecem no relato de João: Madalena, em primeiro lugar, depois Pedro e o próprio João. Essas reações mostram que todos eles, apesar de suas fraquezas, amavam ao Senhor. Mostram também estas mesmas fraquezas, e que no final tudo dependia da misericórdia e graça do Senhor em cada caso. Vejamos com mais detalhes :
1 - Maria Madalena:
Seu amor: Maria Madalena tinha sido liberta de sete demônio pelo Senhor (Lc 8: 1-3). Ele fora escrava de satanás, e, finalmente, libertada por Cristo. Portanto era extremamente grata ao Senhor, o amava, e demonstrava este amor junto a outras mulheres, acompanhando o Senhor, e apoiando-o com seus bens. Também esteve presente, novamente junto com outras mulheres, na cruz, na sepultura, e agora é uma das primeiras, bem cedinho pela manhã, a ir até o sepulcro do Senhor para ungir o seu corpo (Jo 19: 25: Lc 23: 55, 56: Jo 20: 1). Isso tudo mostra o profundo amor e gratidão que Maria tinha pelo Senhor Jesus Cristo. O amor e gratidão a Cristo levam à ações em seu serviço.
Sua fraqueza: Maria juntamente com outras mulheres foi a primeira que chegou ao sepulcro após a ressurreição. Ela viu a pedra retirada. Com certeza também olhou e viu o detalhe dos lençóis e do lenço, mas não creu que o Senhor Jesus havia ressuscitado. Ela supôs, juntamente com as outras, que haviam roubado o corpo de Nosso Senhor. Aqui está a sua debilidade e fraqueza.
A graça de Deus: Somos informados que o anjo consola Maria Madalena, juntamente com outras mulheres (Mt 28: 1-8), e que o próprio Senhor Jesus se revela a ela, mostrando que está vivo (Jo 20: 12-18). Isso mostra a maneira paciente, amorosa, graciosa com que o Senhor lida com a fraqueza de Maria, levando-a ao aperfeiçoamento, ao crescimento na compreensão, fé, e obediência.
2 - Pedro:
Seu amor: É inegável o amor que Pedro tinha pelo Senhor. Ele tinha sido escolhido para ser um dos seus discípulos, e andar com Ele, e assim o seguiu (Jo 1: 35-51). E mesmo na sua infantilidade e impulsividade, mostrava que amava o Senhor (Jo 13: 5-11). Além disso, no texto que estamos estudando, observamos mais uma demonstração do amor que Pedro tinha por Jesus, pois na hora em que ouve que o corpo do Senhor havia sido roubado, imediatamente se dirige ao local e corre, e ao chegar, logo entra para ver o que tinha acontecido.
Sua fraqueza: Pedro era de temperamento impulsivo. Por várias vezes agiu por impulso, sem a devida prudência, sem sabedoria. O maior exemplo disso é quando afirma que jamais negaria ao Senhor, que morreria por Ele se fosse necessário, quando Cristo dizia: Tu me negarás (Jo 13: 36-38; Mt 26: 31-35). Vemos também que Pedro foi quem puxou a espada e atingiu a orelha de Malco de forma totalmente inconsequente (Jo 18: 10). E aqui mesmo, no texto que estamos estudando, notamos que ele chega ao sepulcro e entra imediatamente, enquanto que o João ainda não havia entrado, mas não crê, ainda que fique maravilhado. Ele age continuamente por um impulso sem reflexão e prudência. Mas, possivelmente a maior queda de Pedro, foi quando negou ao Senhor Jesus Cristo quando esteve diante do real perigo. Ali toda a sua impulsividade mostrou-se fraqueza diante dos inimigos do Senhor.
A graça de Deus: Vemos muito claramente como Deus foi gracioso com Pedro. O Senhor o escolheu, e sempre o conduzia, corrigia, fortalecia, alertava, animava. O Senhor o alertou que ele o negaria ( Jo 13: 36-38). O Senhor o conteve quando puxou a espada e feriu Malco (Jo 18: 10, 11). O Senhor olhou para ele quando O negou, conduzindo-o ao arrependimento (Lc 22: 60-62). O Senhor através do anjo mandou-lhe um recado pessoal, animando-o (Mc 16: 7). E o Senhor no final vai perguntar por três vezes sobre Seu amor, restaurando-o (Jo 21: 15-19). Sim, O Senhor foi gracioso com Pedro e o livrou de suas fraquezas.
3 - João:
Seu amor: João foi o único dos discípulos do Senhor que apareceu próximo à cruz de Cristo, e ali recebeu a honrosa ordem dada pelo Senhor de cuidar de Maria, a sua mãe, o que prontamente obedeceu (Jo 19: 26, 27). Aqui nós o temos correndo junto com Pedro, indo com ele até o sepulcro, e sendo de temperamento mais dócil e tranquilo, calmamente olha, não entra logo, mas impulsionado por Pedro entra, observa, procura entender o que tinha acontecido com o corpo de Seu Senhor e crê finalmente. Tudo isso demonstra o amor que tinha por Cristo.
Sua fraqueza: Como os demais João até agora não havia entendido e crido nas Escrituras e palavras de Cristo sobre a ressurreição (Jo 20: 9). Com eles estava desesperançado, achando que tudo tinha se encerrado. Quando ouviu de Madalena que levaram o corpo de Cristo, uma explicação mais plausível, humanamente falando, ele deve ter pensado na possibilidade, mas não na ressurreição. Ele também era tardo para crer em tudo o que os profetas disseram (Lc 24: 25). Eis a fraqueza de João.
A graça do Senhor: O Senhor escolheu João, e o amava como “discípulo amado” (Jo 13: 23). O Senhor lhe deu graça para estar na crucificação, e receber e obedecer a ordem de cuidar de Maria, sua mãe (Jo 19: 25, 27), e de ser uma testemunha ocular, para que pudesse escrever este Evangelho, dando-lhe também a graça de ser o primeiro a compreender o que tinha acontecido no sepulcro vazio, crendo na ressurreição conforme as Escrituras e as palavras de Cristo. O Senhor foi gracioso com João.
Em cada caso vemos:
1 - Amor expresso em serviço.
2 - Fraquezas e debilidades no serviço devido a fraqueza no entendimento e fé.
3 - A Graça de Deus aperfeiçoando seus amados, fazendo-os vencer suas fraquezas, crescendo na compreensão e fé.
Conclusão: Tudo é pela graça! Foi porque Cristo morreu, foi sepultado e ressuscitou, que aqueles homens e mulheres dos dias de Cristo, e nós hoje, podemos ser salvos, justificados, santificados e glorificados. Amém!
III - Conselhos:
1 - Cristo não está no túmulo. O túmulo está vazio. Ele ressuscitou. Ele venceu o pecado e a morte. Ele é a ressurreição e a vida. Que todos creiam nEle, a única e suficiente salvação e esperança de Vida Eterna.
2 - Cristo não está no túmulo. O túmulo está vazio. Ele ressuscitou. Fomos justificados. Nos regozijemos. Fomos libertos do poder do pecado nEle, ressuscitando para nova vida. Vivamos em santidade. Nele estamos guardados para a ressurreição. Pelo fato de Ele ter ressuscitado, também nós, que cremos, ressuscitaremos. Vivamos em esperança, sem temor nem mesmo da morte. O Túmulo está vazio!
3 - Que nos arrependamos de nossas debilidades, incompreensões das verdades das Escrituras, fraqueza de fé. Que busquemos sua graça em oração e fé, lendo nossas Bíblias, ouvindo a Palavra, compreendendo mais e mais, servindo com mais amor, fé e sabedoria. Nunca usemos nossas debilidades para continuar no pecado, mas pela graça, vençamos nossas fraquezas.
4 - Que tenhamos paciência com as debilidades, incompreensões das verdades das Escrituras, e fraqueza de fé e serviço de nossos irmãos. Não nos sintamos melhor que eles. Lembremos que tudo é pela graça. Sejamos humildes, mansos e pacientes com eles. Eles amam ao Senhor? Então são nossos irmãos. Oremos por Eles, os animemos, os exortemos, os corrijamos, os ajudemos, com amor e fé na graça de Deus em Cristo. Amém!
*Esboço dos sermões dos Cultos Públicos de 12 e 19 de março de 2023.
Venha ouvir estas exposições em nossos cultos de domingo às 19h.
IGREJA BATISTA REFORMADA DO TAPANÃ. Conjunto Tapajós, Rua Búzios, Número 35, Bairro do Tapanã em Belém do Pará.

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