ELE FOI SEPULTADO – Manoel Coelho Jr. João 19: 38-42.


Ele morreu, verdadeiramente morreu, conforme já o temos visto. Mas agora é sepultado como mais uma evidência de sua morte, e passo final de sua humilhação por nossos pecados. Todavia os eventos deste sepultamento mostram também quem Ele era, honrando-o, e como, mais uma vez, se cumpriam as profecias do Antigo Testamento. Além disso, os agentes do sepultamento tornam-se exemplos para todos os discípulos diante deste momentoso evento, em que aquele homem, o Deus-homem, é sepultado. Estudemos, então, este texto preciosíssimo, meditando e aplicando à nossa alma.

I - Morte, sepultamento e ressurreição (40-42).
Antes de entrarmos nos detalhes de nosso texto, precisamos abordar o sepultamento de Cristo em sua relação com a morte e a ressurreição do Senhor. Podemos crer que há também aqui uma intenção do evangelista João nestas relações, para esclarecimento do significado do sepultamento de Nosso Senhor.
1 - Cristo morreu e foi sepultado.
O fato de que Cristo foi sepultado é destacado como mais uma evidência da morte de Nosso Senhor. Lemos no evangelho de Marcos que Pilatos se admirou da morte de Cristo, e que tendo constatado o fato, liberou o corpo do Senhor para José de Arimatéia (Mc 15: 43-45). Eis aí: Nosso Senhor morreu e por isso foi sepultado. Nosso Senhor morreu de fato, para que vivêssemos.
2 - Cristo foi humilhado até a sepultura.
Sabemos que nosso Senhor se humilhou ao vir nos salvar. Mas, “No que consistiu a humilhação de Cristo? A humilhação de Cristo consistiu em Ele, isso em condições precárias, ter nascido sob a lei, sofrido as misérias desta vida, a ira de Deus, e a morte de maldito na cruz; em ser sepultado e permanecer sobre o poder da morte por um tempo (Catecismo Batista de 1693, pergunta 31). Aqui sua obra foi consumada. Quando Nosso Senhor falou “Está consumado” na cruz, isso já englobava toda a obra de sua humilhação até a sepultura, e esse tempo em que ficou sob o poder da morte. Nosso Senhor sofreu, morreu, foi sepultado, para que pudéssemos viver. Está consumado!
3 - Cristo saiu da sepultura: A Ressurreição.
A narrativa de João sobre o sepultamento de Cristo dá compreensão ao próximo episódio que nos conta, que é nada mais nada menos o fato de que o túmulo não pôde segurar a Nosso Senhor. Ele saiu daquele túmulo. Ele ressuscitou dentre os mortos. Ele venceu a morte. Portanto, a história do sepultamento de Cristo também dá sentido à ressurreição de Nosso Senhor, como a sua vitória sobre a morte. E juntamente com isso, a vitória de todo aquele que nEle crê.
II - O medo e a coragem (Jo 19: 38; Mt 27: 57, 58; Mc 15: 42, 43; Lc 23: 50-56).
José de Arimatéia era um homem rico e importante, participante do sinédrio. Nicodemos também era um dos principais, e rico igualmente, conforme vemos pelas especiarias que trouxe ao sepultamento de Nosso Senhor. Mas o texto nos diz que José temia aos judeus, o que se refere com certeza às autoridades judaicas, que não permitiam a fé no Senhor Jesus. Podemos afirmar que Nicodemos, da mesma forma, participava do medo, pois não manifestou claramente a sua fé em Jesus, nas outras vezes em que aparece no Evangelho de João (Jo 3: 1-21; 7: 50-53). Esses homens importantes e ricos sabiam que poderiam perder muitos bens materiais, e posições de importância na sociedade judaica, se publicamente admitissem crer em Jesus. E assim, eles temeram mais aos homens do que a Deus, ficaram com mais medo de desagradar aos homens que a Deus nesta situação. Eles foram fracos na fé. Ora Nosso Senhor já tinha avisado aos seus amados discípulos no último discurso, que o mundo os odiaria por odiar a Ele e ao Pai. E a consequência seria expulsão das sinagogas, e até mesmo a própria morte (Jo 16: 1-3).
Há sempre a tentação de não ir até às últimas consequências pela fé no Senhor Jesus. Realmente essa tentação só é vencida pela graça de Deus. É isso que vemos na ousada atitude de José de Arimatéia ao ir pedir o corpo de Cristo a Pilatos, tendo ciência de que isso era público, e poderia lhe trazer consequências. Assim também ocorreu com Nicodemos. Ambos os homens agiram com ousadia após um tempo de medo e covardia. Isso só pode ser explicado pela graça de Deus, que flui exatamente da obra de Nosso Senhor na cruz do calvário. Em Cristo os homens frutificam e se tornam ousados para obedecer ao Senhor diante de um mundo hostil. Todavia, mais um fator deve ser destacado aqui: O amor. José de Arimatéia e Nicodemos mostram o amor ao Nosso Senhor, de maneira que não podem deixar o seu corpo sem um digno sepultamento. A graça de Deus demonstrada na Cruz de Cristo, haverá de produzir amor naquele que crê. E tal amor levará à ações em honra ao Senhor, e cuidado com os próximos.
Observemos, ainda, que eram zelosos na guarda do sábado, apressando-se para não quebrá-lo, mas não hipocritamente, com mero ritualismo, conforme os inimigos de Cristo, que queriam zelar pelo dia, odiando o Filho de Deus, sendo assassinos (Jo 19: 31). Todavia José e Nicodemos, amam a Cristo, honram-no em sua morte, e assim mostram que entendem o espírito da guarda do sábado, que é a adoração e amor a Deus, e consequente amor aos homens.
III - A honra do sepultado (39-41).
1 - Notemos que Ele não é abandonado em sua morte, mas recebe a atenção daqueles que poderiam tratar de seu sepultamento por terem poder e riqueza. Ainda que espiritualmente falando não importa o poder de um homem e as suas posses materiais, aqui o Senhor deixa uma demonstração de que, entre aqueles a quem Deus dera autoridade, havia os que reconheciam que tal autoridade vinha realmente de Deus, e, assim, com ela honravam seu Filho, não permitindo que fosse sepultado de qualquer forma.
2 - Notemos os gastos com seu sepultamento que teve Nicodemos, trazendo cerca de trinta quilos das misturas, e José, doando seu sepulcro novo (Mt 27: 60). Isto mostra a honra que lhe davam, à semelhança de Maria, que derramou sobre Cristo o unguento precioso, conforme narrado por João no capítulo 12, sobre o que o próprio Cristo diz que o havia preparando para o seu sepultamento (Jo 12 1-7). Há também a profecia de Isaías 53: 9 cumprida neste caso.
3 - Notemos que foi sepultado num túmulo novo, onde ainda não havia ocorrido a corrupção de outro corpo. Seu corpo não foi depositado onde ocorrera a corrupção, como Ele mesmo não sofreria corrupção. Ele ressuscitou (Leia: Salmo 16: 10; At 2: 22-32; 13: 35-37).
Esses fatos mostram que Aquele que estava sendo sepultado não era um mero homem. Sim, era um homem completo, mas mais que o homem. Era o Filho de Deus. Era o Deus-homem. Era Aquele que descera do céu para vir salvar os seus amados, morrendo por eles numa cruz, e sendo sepultado, humilhado, para que eles pudessem ser salvos e vivificados. Eis Aquele que é a expressão máxima do amor do Pai pelos seus eleitos. Amém!
IV - Conselhos:
1 - Meditemos na humilhação de Cristo ao ir até a sepultura, para que fossemos salvos e vivificados. Sejamos-lhe grato, o amemos e sirvamos, em fé, pois ele já morreu, já nos salvou, justificou, garantiu nossa santificação. Estamos livres para adorá-lo e obedecer. Que o sirvamos, pois!
2 - Não tenhamos medo de servir a Cristo por causa dos homens. Mas sirvamos ao Senhor em fé, amor, e coragem, por sua graça, pois Ele morreu para nos libertar do medo, e nos encher de coragem. Em Cristo estamos livres para servir, sem temer nenhum espanto.
3 - Que nossa religião não seja hipócrita e ritualista, como dos inimigos de Cristo, mas veraz, movida pelo amor a Deus, e consequentemente aos homens, como a religião de José de Arimatéia e Nicodemos, que guardaram sábado, não apenas cerimonialmente, mas entendendo o seu espírito, como culto a Deus, e expressão de amor a Ele e ao próximo.
4 - Honremos a Cristo como Filho de Deus, o Deus-homem, e ao Pai nEle, com nossa vida, bens, recursos e dons, seguindo o exemplo de José e Nicodemus, pois Ele é o Santo que veio do céu, revelando-nos o Pai, para nossa salvação. Amém!

*Esboço do sermão do Culto Público de 05 de março de 2023. Venha ouvir estas exposições em nossos cultos de domingo às 19h. IGREJA BATISTA REFORMADA DO TAPANÃ. Conjunto Tapajós, Rua Búzios, Número 35, Bairro do Tapanã em Belém do Pará.

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