GLÓRIA, AMOR E UNIDADE – Manoel Coelho Jr. João 17: 21-23.


No estudo anterior começamos a meditar na natureza da unidade que Nosso Senhor solicita pelos crentes em geral. Vimos que se trata de uma unidade que é obra de Deus e não do homem, e que se compara e se baseia na unidade que há na Santíssima Trindade. Agora prosseguiremos mostrando outros dois aspectos que Nosso Senhor apresenta como componentes da natureza da unidade cristã. Trata-se da glória e do amor. Junto ao que já estudamos, estes elementos apresentam a unidade cristã no que realmente ela é, além de mostrá-la como uma realidade, pois onde existem, a unidade está sendo promovida de fato. Nas exposições seguintes, como já mencionamos, veremos o efeito que tal unidade causa aos de fora da Igreja. Vamos aos pontos de hoje:

I - Unidade na glória (Verso 22).
“E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um” João 17: 22.
De que se trata a “glória” que o Senhor diz que concedeu aos discípulos para que sejam um? Para respondermos vamos olhar para alguns outros versículos. Vamos aos primeiros:
João 17: 4: Eu glorifiquei-te na terra, tendo consumado a obra que me deste a fazer.
João 17: 5: E agora glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse.
No verso 4 Cristo afirma que glorificou ao Pai consumando sua obra. Aqui Ele se refere a toda a missão que recebeu de Deus Pai para realizar em prol da salvação de seus amados. Ele estava praticamente concluindo-a quando fez a oração. Tal missão na verdade diz respeito a suas palavras, ações, toda a sua vida, enfim. Portanto, Cristo glorificou o Pai em Sua Obra Consumada.
Já no verso 5, Nosso Senhor solicita ao Pai a exaltação, a glória do Pai, ou como já disse na exposição deste verso… Trata-se de sua exaltação como resultado de Sua humilhação e sacrifício por seus eleitos . O Senhor Jesus deixou Sua Glória na presença do Pai, ainda que não deixou de ser Deus, e se humilhou ao revestir-se de humanidade para salvar homens, e como um servo sofredor, foi obediente até a morte, e morte de Cruz, sendo finalmente sepultado. Agora, como resultado, solicita a exaltação, a volta ao Pai. Dessa forma, seria exaltado na ressurreição e ascensão, assentado-se à direita do Pai. Ele é o Rei. Ele venceu. Ele domina (Leia Filipenses 2 : 1-11 e Isaías 53)... Portanto, temos estudado que Cristo manifestou a Glória de Deus na terra em se humilhar até a Cruz, e como resultado, foi glorificado na presença do Pai, a glória no Céu, vencendo e sendo exaltado.
Assim, por estes dois versos, podemos notar que "glória" se refere tanto a glória do Pai manifesta pela obra de Cristo, como também a glória do céu na presença do Pai.
Vejamos, ainda, outros versos que mostram a glória do Pai revelada no Filho:
"E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade" João 1: 14.
A visão da glória do Pai só foi discernida por meio de Seu Filho Unigênito, e isso pela fé, pois muitos tiveram contato com Cristo, mas nada viram porque não creram. Temos aqui que o Pai é conhecido por Aquele que é o Verbo, a Palavra de Deus (Jo 1: 1, 14). Trata-se do conhecimento de Deus em Cristo, que é a vida eterna. “Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito, que está no seio do Pai, esse o revelou” João 1:18. “E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” João 17:3.
Mas vejamos mais alguns versículos, agora falando da glória futura:
“Pai, aqueles que me deste quero que, onde eu estiver, também eles estejam comigo, para que vejam a minha glória que me deste; porque tu me amaste antes da fundação do mundo”
João 17:24.
“Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. NA CASA DE MEU PAI HÁ MUITAS MORADAS; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. VOU PREPARAR-VOS LUGAR. E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, PARA QUE ONDE EU ESTIVER ESTEJAIS VÓS TAMBÉM”
João 14:1-3.
Nos trechos acima há uma conexão com o que Cristo já tinha dito no verso 6 do capítulo 17, solicitando a glória com o Pai. Em breve, quando o Senhor voltar, e já mesmo agora em algum grau quando morrem, os discípulos verão esta glória de Cristo com o Pai. Este é o desejo e oração de Cristo em 17:24, e sua promessa em 14: 3. Em breve os discípulos estarão no mesmo lugar que Cristo e verão a sua glória com o Pai.
Diante destas evidências bíblicas podemos concluir que: Quando Cristo afirma no verso 22 do capítulo 17 que deu aos discípulos a “glória” que recebeu do Pai para que sejam um, tal glória se refere, em primeiro lugar, à revelação que fez do Pai em sua obra consumada, glorificando-o, ou seja, o conhecimento da Verdade que é Cristo, (verso 4), como também. em segundo lugar, à promessa da glória futura nas moradas celestiais (verso 5 e 24). E tais aspectos estão conectados, pois é em conhecer a glória do Pai no Filho pela fé, que os discípulos têm a esperança da glória futura no Reino de Cristo. E a unidade se manifesta como resultado, pois o conhecimento da glória do Pai em seu amado Filho pela fé, une a todos que compartilham deste conhecimento. Trata-se da unidade na Verdade, que é Cristo (Jo 1:14; 17: 22). Além disso, a comum esperança de ver a glória de Cristo, de estar na casa do Pai, nas muitas moradas, no lugar que Ele preparou em amor, une-os na peregrinação até aquela bendita cidade, para fortalecerem-se uns aos outros na difícil caminhada, pela certeza consoladora da presença contínua do Espírito Santo (Jo: 14: 1-3, 16, 17; 17: 24).
II - Unidade em amor (Verso 23).
Outra notável declaração de Cristo neste trecho, é que que o mundo conhecerá que o Pai enviou ao Filho, e que tem amado os discípulos como ama ao Filho, e que tal conhecimento do mundo vem por meio da unidade dos discípulos. Trataremos dos aspectos desse conhecimento do mundo na próxima exposição, mas no momento basta-nos observar que se a unidade traz tal conhecimento do amor de Deus, é porque obviamente é uma unidade em amor, e amor visível, pois o mundo o verá. Será amor prático e não meramente um sentimento. Novamente vamos olhar alguns versículos para compreendermos o ensino de Cristo:
“Aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus é amor. Nisto se manifestou o amor de Deus para conosco: que Deus enviou seu Filho unigênito ao mundo, para que por ele vivamos”
1 João 4:8,9
“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”
João 3:16.
Deus é amor e Seu amor se revela sumamente na dádiva de seu Filho para salvação de seus amados, e quem conhece a Deus em Seu Filho, passa a amar também.
“Ora, antes da festa da páscoa, sabendo Jesus que já era chegada a sua hora de passar deste mundo para o Pai, como havia amado os seus, que estavam no mundo, amou-os até o fim” João 13:1.
3 - Jesus, sabendo que o Pai tinha depositado nas suas mãos todas as coisas, e que havia saído de Deus e ia para Deus,
4 - Levantou-se da ceia, tirou as vestes, e, tomando uma toalha, cingiu-se.
5 - Depois deitou água numa bacia, e começou a lavar os pés aos discípulos, e a enxugar-lhos com a toalha com que estava cingido.
6 - Aproximou-se, pois, de Simão Pedro, que lhe disse: Senhor, tu lavas-me os pés a mim?
7 - Respondeu Jesus, e disse-lhe: O que eu faço não o sabes tu agora, mas tu o saberás depois.
8 - Disse-lhe Pedro: Nunca me lavarás os pés. Respondeu-lhe Jesus: Se eu te não lavar, não tens parte comigo.
9 - Disse-lhe Simão Pedro: Senhor, não só os meus pés, mas também as mãos e a cabeça.
10 - Disse-lhe Jesus: Aquele que está lavado não necessita de lavar senão os pés, pois no mais todo está limpo. Ora vós estais limpos, mas não todos.
11 - Porque bem sabia ele quem o havia de trair; por isso disse: Nem todos estais limpos.
12 - Depois que lhes lavou os pés, e tomou as suas vestes, e se assentou outra vez à mesa, disse-lhes: Entendeis o que vos tenho feito?
13 - Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque eu o sou.
14 - Ora, se eu, Senhor e Mestre, vos lavei os pés, vós deveis também lavar os pés uns aos outros.
15 - Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também.
16 - Na verdade, na verdade vos digo que não é o servo maior do que o seu senhor, nem o enviado maior do que aquele que o enviou.
17 - Se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as fizerdes.
João 13: 3-17
Cristo amou aos seus discípulos. Cristo os serviu em toda a sua vida e morte, para ser o Mediador deles, para purificá-los de seus pecados e renová-los por Seu Espírito. Tal serviço é manifestação prática de seu Amor. Agora Ele ordena que eles façam o mesmo, ou seja, que sirvam uns aos outros.
“Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis. NISTO TODOS CONHECERÃO QUE SOIS MEUS DISCÍPULOS, SE VOS AMARDES UNS AOS OUTROS”
João 13:34,35
“O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei”.
João 15:12
“Isto vos mando: Que vos ameis uns aos outros”.
João 15:17.
Cristo ordena que discípulos amem seus irmãos como Ele os amou, e nisto todos saberão que eles O seguem, que são seus discípulos.
Diante destas evidências bíblicas, qual a conclusão sobre a verdade da unidade em amor no verso 23? Esta é a resposta: Deus amou aos seus em Seu Filho. O Filho veio servi-los e morrer por Eles em amor. Consequentemente, eles passam a amar a Deus em resposta ao seu amor (I Jo 4:19), como também amam uns aos outros no amor de Deus. O resultado é que passam a servir uns aos outros em amor (I Jo 3: 16-19; Ef 5: 18- 21), e neste amor servil, eles procuram estar unidos, sendo humildes, mansos, longânimos, pacientes, procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz, servindo a um Único Deus, num único corpo, a Igreja (Ef 4: 1-6).
III - Solicitação, Trindade, Glória e Amor (Verso 20-23).
A Unidade Cristã é totalmente possível, e mais que isso, ela de fato existe, por causa destes aspectos que temos estudado nestas e na exposições. Eles a tornam realidade, por obra da graça. Vejamos:
Primeiro, Cristo solicitou a unidade, mostrando que é obra de Deus e não do homem. Ela não depende de nós, mas apenas de Deus. É graça de Deus.
Segundo, ela se compara à unidade na Trindade, no sentido em que as Três Benditas Pessoas estão operando juntas, no mesmo propósito, e em amor, para a salvação dos eleitos. Por outro lado, a unidade também se baseia na Trindade, e não apenas se compara, pois somente os que estão no Pai e no Filho é que podem ser um. Estão no Pai por meio do Filho, que está neles pelo Espírito, e assim são um em Cristo.
Terceiro, trata-se da Unidade em torno do conhecimento da glória do Pai em Seu Filho. É a unidade na Verdade, que é Cristo. Mas também é a unidade em torno da esperança da glória futura no Reino de Cristo.
Quarto, é uma unidade em amor, no amor que vem do conhecimento do eterno e amoroso propósito do Deus Triúno, o que motivou a solicitação pela unidade por parte de Cristo, propósito que revela a glória do amor do Pai em dar Seu Filho, o amor do Filho em sacrificar-se, e do Espírito em revelar o Filho, e que traz a esperança da glória futura. Tanto amor manifesto, só pode levar, por obra da graça, ao amor dos discípulos uns aos outros, fazendo com que estejam unidos, procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz.
Eis a Unidade Cristã em seus diversos e gloriosos aspectos, conforme apresentados por Nosso Senhor nesta preciosa oração. Louvemos ao Senhor por tão maravilhosa dádiva. Amém!
IV - Conselhos:
1 - Oremos em fé pela unidade cristã. Se Cristo orou por ela, devemos seguir seu exemplo orando continuamente pela unidade da igreja, e mais, fazendo isso em fé, pois se Ele orou, é porque assim é o propósito de Deus.
2 - Olhemos para a unidade na Trindade como um modelo para nossa unidade, como também com encorajamento, pois estamos no Pai pelo Filho, por operação do Espírito.
3 - Cresçamos na Verdade, no conhecimento da glória do Pai no Filho, pela iluminação do Espírito nas Escrituras, como também na esperança da glória futura, o que nos fará crescer em unidade na verdade e na esperança.
4 - Cresçamos, consequentemente em amor a Deus e a nossos irmãos, servindo-os mais e mais, para a unidade em amor.
5 - Conforme estas verdade estudadas e aplicadas nos conselhos anteriores, procuremos “guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz” Efésios 4:3. Amém!
*Resumo dos sermões dos dias do Senhor, 03 e 10 de julho de 2022.

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