O ESPÍRITO GUIA EM TODA A VERDADE – Manoel Coelho Jr. João 16: 12, 13.

Vimos nas exposições anteriores que o Senhor Jesus, tendo constatando a tristeza dos discípulos após muitas palavras consoladoras, passa a transmitir-lhes ainda mais palavras para que se alegrem, primeiro repreendendo-os, depois, instruindo-os, e finalmente falando-lhes da alegria vindoura. Na parte das instruções, é notável a ênfase do Senhor no Espírito Santo. Isso Ele faz trazendo imediatamente o assunto do Testemunho do Espírito contra o mundo pelos discípulos, para em seguida, no texto que vamos estudar, mencionar a Sua Obra neles, guiando-os na Verdade. Tal menção é muito apropriada, pois como poderiam testemunhar de algo que nada conhecessem? No entanto, o propósito principal do Senhor era em alegrá-los com estas palavras sobre o Espírito, o que para nós também é fonte de alegria. Vejamos como.

I - A impossibilidade presente (João 16: 12).

Havia muito a ser dito aos discípulos pelo Senhor Jesus, mas naquele momento não seria possível, pois ainda não podiam suportar. Vemos aqui a verdade que aparece por todas as Escrituras sobre o desenvolvimento gradual dos crentes (Leia Hebreus 5: 9 - 6: 3), e sobre como o Senhor, sendo excelente professor, os ensina gradativamente de acordo com o que podem suportar. No caso do presente texto observamos que os discípulos ainda tinham muitas noções imaturas que precisavam de esclarecimento. Observe, por exemplo, João 14: 5, 6, 8, 9, 22 e João 16: 5, 6; como também Atos 1: 6-8, quando pouco antes da ascensão de Cristo, a preocupação deles ainda era com o reino físico de Israel, sendo direcionados pelo Senhor ao testemunho do Espírito, o que de fato era a questão importante. De fato não podiam naquela hora compreender muito do ensino de Cristo, mas Ele os ensinaria depois por seu Espírito, o que ocorreu a partir do Pentecostes. Daí em diante não os vemos mais trazerem estas questões infantis, mas mostraram maturidade. Haviam então se desenvolvido, podendo suportar e compreender ensinos mais profundos, tornando-se agora instrumentos para o ensino de outros.

II - Toda a Verdade (João 14: 26; 16: 13; II Tm 3: 16, 17).

Os ensinos que ainda não podiam ser suportados, seriam trazidos posteriormente pelo Espírito, que o Senhor chama de Espírito da Verdade, exatamente porque traria tal ensinamento. Este conteúdo é mencionado como “toda a Verdade”. Corresponderia a todo o conteúdo sobre as obras de Cristo e seus significados salvíficos. O Espírito lhes lembraria os ensinos de Cristo que explicavam Sua Obra, dando-lhes melhor compreensão (João 14: 26), ensinando-lhes também todas as implicações destes ensinos, e o que ocorreria no futuro, por meio das das profecias, isto é, “o que há de vir”. O resultado disso seria finalmente o Novo Testamento inteiro. Observe:

1 - Lembrança das palavras e obras de Cristo: Os quatro Evangelhos.

2 - A Vinda do Espírito para conduzir a Igreja: Atos dos Apóstolos.

3 - Mais esclarecimentos sobre a Obra de Cristo e suas implicações: As cartas apostólicas.

4 - O que há de vir: O Apocalipse principalmente, mas também as profecias espelhadas por outras partes do Novo Testamento.

O Novo Testamento, como também o Antigo, é obra do Espírito Santo.

III - O que tiver ouvido (João 16: 13).

O Senhor enfatiza que o Espírito não falará de si mesmo mas dirá o que tiver ouvido. Com isso, Cristo não está pondo em dúvida a divindade do Espírito. Muito ao contrário, seu propósito é mostrar a plena harmonia das pessoas da Trindade, com o objetivo de destacar a total autoridade do Espírito como nosso Professor em Toda a Verdade. Assim como o Filho fala as Palavras do Pai, é o Verbo de Deus, assim também o Espírito fala as Palavras do Filho. Trata-se no final da Palavra de Deus, digna, portanto, de toda a nossa confiança.

IV - Conselhos:

1 - Devemos procurar crescer no conhecimento de toda a Verdade, e em consequente piedade. No entanto isso deve ser feito com paciência, de acordo com que o Mestre Divino gradativa e sabiamente nos ensinar, segundo o que podemos suportar. Não devemos errar, seja por negligenciar o crescimento, seja por tentar atropelá-lo pela impaciência. Prossigamos passo a passo, conforme vamos entendendo a Boa Doutrina.

2 - Busquemos toda a Verdade no livro do Espírito Santo, ou seja, no Novo Testamento, como também no Antigo, clamando para que nos ilumine. Não tentemos achar esta Verdade em "novas revelações", ainda que isso provoque fortes emoções, ou no racionalismo, que é tentar julgar as Escrituras pela razão humana. Devemos rejeitar tanto o emocionalismo como o racionalismo, para abraçar o ensino do Espírito nas Sagradas Escrituras.

3 - Depositemos total confiança nos ensinos do Espírito nas Escrituras. Podemos confiar nossas almas a estas verdades sobre Cristo que o Espírito traz. Eu lhe pergunto: Você já creu em Cristo como seu Único e Suficiente Salvador?

4 - Nos alegremos nestas grandes bênçãos sobre o ensino do Espírito. Não estamos abandonados como cegos, tateando para achar o caminho. Temos o Espírito da Verdade que nos conduz em Cristo pacientemente à maturidade espiritual por meio das Escrituras. Nos alegremos, pois. De fato convinha que Jesus subisse ao Pai, para nos enviar Seu Espírito.

*Sermão do dia do Senhor, 12 de dezembro de 2021.