NÃO FOI O QUE JESUS DISSE – Manoel Coelho Jr. João 21: 23.

    



O futuro de João volta a ser o tema. Mas agora numa má interpretação. Sim, uma má interpretação do que Jesus disse se transforma em boato sobre o futuro de João, confundindo os irmãos.  Isso não tem sido incomum ao longo da História do Cristianismo. Uma interpretação errada das Escrituras se torna popular. Daí, com o passar do tempo, se transforma numa tradição muito difícil de combater.  Mas o que João faz no texto é muito significativo. Mostra-nos como devemos reagir ao problema. O próprio João corrige a má interpretação e o boato. Isso denuncia a pecaminosidade e o perigo dos boatos sobre as Escrituras, demonstrando a necessidade de corrigi-los. Tal fato é muito importante para nós hoje, quando temos tantas interpretações equivocadas da Bíblia que se espalham, transformando-se em tradições, algumas seculares. Também, indiretamente, isso se aplica a todo o tipo de boato, ou falando mais modernamente nestes dias de redes sociais, às fake news. Será que alguém ainda menospreza o perigo das fake news? Será que alguém ainda não percebe que se espalham numa velocidade nunca vista por qualquer boato do passado, causando grande confusão em muitos assuntos sérios? João não aceita a mentira e seu espalhar. Esse texto tem muitas lições. Vamos entender melhor nos seguintes pontos: 


I - A má interpretação e o boato.


Vamos entender melhor a natureza destas coisas, e assim perceber como são perigosas, em três pontos essenciais: 


1 - O que é e como ocorre a má interpretação das Escrituras? Trata-se de impor ao texto o que claramente não diz. A questão é que não se ouve o que o texto está dizendo. Consequentemente a interpretação não é apropriada, pois o que se vai afirmar nela é algo diverso. Já o boato é divulgá-lo, tornando o problema público, ou seja, de muitos. Muitas pessoas agora afirmarão que o texto diz o que realmente não diz. O próximo passo é a formação de uma tradição em volta de tal interpretação popular. Isso poderá passar de pais para filhos, se consolidando fortemente.

   

2 - Olhando mais diretamente para a situação de nosso texto, é  possível que a interpretação e o boato sobre o que Jesus falou (ou não falou) do futuro de João, venham do desejo de ter presente o apóstolo até Jesus voltar. A interpretação acontece porque isto é atraente. Pelo mesmo motivo, logo se espalha. Era muito tentador ter um apóstolo de Cristo sempre presente, para que pudesse dissipar qualquer dúvida sobre a doutrina e a prática que a Igreja deveria crer e seguir. Mas mesmo que não seja exatamente este o caso, podemos observar algo muito antropocêntrico por trás da interpretação. Ela se detinha em João, em seu futuro, em algo que o destacava, isto é, permanecer até a volta de Cristo. A conclusão é que, de uma forma ou de outra, a interpretação e o boato centralizaram-se em João. 

    

3 - O grande problema é que isso seria confiar na presença ou em alguma capacidade do homem, e não na presença e poder do Espírito Santo. Lembremos que Cristo nunca disse que os apóstolos viveriam para sempre, e nem que isso seria fundamental para a caminhada e preservação da Igreja. O que Cristo prometeu foi a presença contínua do Espírito Santo, e que sempre Ele apontaria para Cristo (Leia Jo 14: 17 e 15: 26). Isso significa que contar com a presença contínua de João, ou ficar muito entusiasmado com algo sobre seu futuro, é semelhante ao pecado de Pedro na pergunta anterior, ou seja, é tirar o foco de Cristo, tirar o foco de seguir a Cristo, e por o foco em João, ou em algo surpreendente sobre seu futuro. Sempre o efeito de deixar a Palavra, de interpretá-la mal, é deixar a Cristo. Sem uma boa compreensão das Escrituras não há como entender a pessoa e obra de Cristo. Sem ouvir as Escrituras não se poderá seguir a Cristo. Por isso que toda interpretação errada é tão perigosa, ainda mais se tornada em boato e tradição.   


II - A correção é feita.


João faz a correção da má interpretação e do boato. Isso mostra que não se pode aceitar estas coisas, pois são contra a Palavra de Deus, contra a Verdade, contra Cristo. Portanto, é um dever se opor às más interpretações, e à divulgação delas, que são os boatos, e nunca participar destas coisas. O que se deve fazer é corrigi-las. Foi isso exatamente que João fez. Notem como ele não as aceitou. João é discípulo de Cristo, o apóstolo de Cristo, que preza pela Verdade sobre Jesus, que está interessado apenas em apontar os fatos sobre Jesus, como uma testemunha ocular (Leia Jo 19: 35; 20: 30, 31; 21: 25, 25). Assim, João não pode aceitar uma interpretação que não corresponda ao que Jesus disse, que não corresponda ao que realmente aconteceu. Não! Ele não aceita e corrige. Quem está do lado de Cristo não pode compactuar com a mentira. 


Todavia, notemos ainda, que João faz isso com paciência e amor. Ele não corrige de forma raivosa, orgulhosa, visando humilhar os que estão acreditando no boato. Ele o faz com sincero desejo de que eles entendam o que realmente aconteceu e pacientemente os esclarece. O procedimento cristão não é meramente vencer um debate, cheio de orgulho e raiva, mas fazer o possível para esclarecer, mostrando a verdade dos fatos, com sincero amor e interesse pelo próximo.     


III - A correção é pela Palavra.


Como  João fez a correção àquela interpretação equivocada? A correção que João faz é apresentando as palavras em seu sentido claro e simples assim: “Jesus não disse isso, mas aquilo outro”. Em vez do que eu pense que o texto diz, devo deixar o texto falar. Jesus nunca disse que “não morreria”, mas “Se Eu quero que ele fique”. Dessa forma, a correção se inicia chamando aquele que está equivocado para fazer uma comparação entre o que está afirmando dizer a Escritura, com aquilo que o próprio texto da Escritura diz no seu natural sentido. Foi isso que João fez. Se o que está no texto confirma a interpretação, está tudo certo. Mas se o texto não afirma o que a interpretação diz, então trata-se de equívoco e deve ser abandonado. 


Notemos, por outro lado, que isso é feito com paciência e amor, conforme já vimos, e pressupõem que o ouvinte não imponha sobre o texto seu próprio pensamento ou ideia preferida, mas ouça o texto. Se não existir real interesse pelos ouvintes, transmitindo as Escrituras com paciência e amor, somado ao fato de que estes ouvintes querem verdadeiramente ouvir as Escrituras, e não se agarrar às suas interpretações e boatos, não haverá verdadeira correção destes equívocos interpretativos.


IV - Conselhos:


1 - Não interprete mal a Bíblia segundo sua vontade, ou conforme outro intérprete que lhe agrade, mesmo que seja muito tradicional, e não divulgue tal interpretação e tradição. Devemos nos opor a estas coisas, e não participar delas. Ao contrário, devemos corrigi-las com paciência e amor, como João fez, pois contrariam a Palavra, a Verdade de Deus. Trata-se de algo muito grave, porque é afirmar que Deus disse o que realmente nunca falou.


2 - Devemos fazer a correção pela boa interpretação da Palavra, comparando a interpretação popular e tradicional com o texto, deixando que o texto fale, e fazer isso com aqueles que estão dispostos a tal exercício. Essa é a forma que João nos ensina aqui. 


3 - Devemos nos afastar da crença nas fake news, mesmo que agradem nosso coração e opinião, seguindo o princípio de deixar as fontes confiáveis falar, fontes especializadas naqueles assuntos específicos, fontes que Deus deixou a nós em sua graça comum, para sabermos a verdade sobre estes assuntos. E nunca devemos espalhá-las, pois são mentiras que levam pessoas a agirem sem critério, fora da realidade, podendo causar grandes males, como por exemplo, destruir reputações, e até a própria vida das pessoas que são atingidas ou espalham e agem de acordo com as fake news. O cristão não deve ser um tolo que crê em tudo o que lhe agrada. O cristão deve ser alguém prudente, que ouve quem sabe de um assunto, e se cala sobre o que não sabe, divulgando somente o que pode dizer ser verdade, pois o cristão é da verdade sempre, visto que ama, adora e serve ao Deus que nunca mente, e quer o bem do próximo.  


4 - Devemos depender  de Cristo, do Espírito, e não de homens. Nem mesmo João era essencial. Não devemos perder o foco de Cristo. Cristo é essencial. Sigamos a Cristo! Você já creu nEle? Você o está seguindo? Só Jesus salva! Amém!


*Esboço do sermão do Culto Público de 23 de julho de 2023.

Venha ouvir estas exposições em nossos cultos de domingo às 19h.

IGREJA BATISTA REFORMADA DO TAPANÃ. Conjunto Tapajós, Rua Búzios, Número 35, Bairro do Tapanã em Belém do Pará.


*Você pode distribuir este material livremente. Pedimos apenas que indique esta pagina para mais pessoas serem edificadas na Verdade em Jesus.


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