A SOBERANA ENTREGA DE CRISTO – Manoel Coelho Jr. João 18: 1-9.


Com estes versículos iniciamos a última parte do evangelho de João, do capítulo 18 ao 21. Aqui nós temos o ápice da história contada pelo Evangelista João. Trata-se da consumação da obra de Cristo, quando ele voluntariamente se entrega por nossa salvação, é crucificado, morre e ressuscita. Devemos estudar estes capítulos com grande atenção, observando o amor do Pai em dar o seu Filho, e o amor do Filho em se entregar por nós. É uma história de amor. Devemos estudar estes capítulos observando que foi necessário Cristo operar estas obras para que pudéssemos ser salvos. Jamais seríamos salvos sem a obra de Cristo em nosso favor. Que o Senhor nos conduza nestas exposições, fazendo com que compreendamos a obra de Cristo, e sejamos cheios de alegria, esperança, amor, e gratidão ao nosso amado Salvador Jesus Cristo.

Agora com relação ao texto que vamos estudar nesta exposição, notamos a entrega voluntária de Nosso Senhor, a sua completa soberania em todo o episódio, o seu cuidado especial com seus discípulos, e também a dureza do coração de Judas, como dos soldados que vieram prender a Cristo. Cada um desses aspectos possuem importantes lições para nossa alma. Vamos então meditar neles com mais cuidado.
I - A entrega de Nosso Senhor (João 18: 1-6).
Ao observarmos a narrativa de João fica-nos muito evidente que o Nosso Senhor voluntariamente se entregou aos que vieram prendê-lo. Não temos aqui o caso em que um poderoso exército captura um homem frágil que não poderia resistir. Muito ao contrário, temos a história do Deus-homem, que voluntariamente se entrega àqueles que vieram prendê-lo.
João nos conta que o Senhor Jesus saiu daquela última reunião com os discípulos, e atravessou o Ribeiro de Cedrom que no tempo de chuvas enchia-se, estando localizado entre o muro da cidade e o Monte das Oliveiras. Este Ribeiro aparece em alguns momentos nas narrativas do Antigo Testamento como um tipo de Cristo, como, por exemplo, na história em que Davi foge do seu filho Absalão com muita tristeza e choro, tipificando Nosso Senhor que se entrega por nossos pecados sendo perseguido (II Sm 15 : 23, 30). Também ali, Reis de Israel destruíram símbolos da idolatria do povo, simbolizando que Nosso Senhor iria nos libertar na cruz das nossas próprias idolatrias (Por exemplo: I Rs 15: 13). Enfim, estas ocorrências no Ribeiro de Cedrom, apontam para a salvação que Nosso Senhor traria à nossa alma.
João continua nos dizendo que Cristo vai para um jardim. Concluímos, pelas narrativas dos outros evangelhos, que se trata do Jardim do Getsêmani. João não fala das orações de Nosso Senhor naquele lugar, pedindo que o Pai o livrasse daquele cálice, mas objetiva apresentar-nos o fato de que o nosso Senhor foi para aquele Jardim como lugar conhecido por Judas, o traidor, mostrando que voluntariamente Cristo estava se entregando para ser capturado e morto por nossos pecados.
João destaca, ainda, que Judas se dirigiu àquele lugar, guiando uma corte de soldados romanos como também um grupo de policiais do templo, enviados pelos principais sacerdotes e fariseus, ou seja, pela liderança judaica. Podemos acreditar, que tal liderança, solicitou às autoridades romanas o envio desta corte, além de eles mesmos enviarem os seus oficiais. Estes homens vieram muito bem preparados, com tochas que iluminavam o lugar para acharem Jesus, e armas, com a intenção de não permitirem nenhuma resistência à prisão. Tratava-se com certeza de centenas de soldados (Lc 22: 47). Porém, mais uma vez fica claro pela narrativa, que Nosso Senhor estava se entregando voluntariamente, pois Ele mesmo se antecipa e pergunta àqueles soldados: A quem buscais? Observemos que João diz no versículo 4, que o Senhor sabia todas as coisas que haviam de vir sobre Ele. Cristo estava consciente de que tinha uma missão dada pelo Pai para a salvação dos eleitos. Ele estava determinado a cumpri-la. Ele se entrega voluntariamente. Tudo isso mostra o amor de Nosso Senhor, tanto pelo Pai em sua obediência, como por nós, em se sacrificar por nossos pecados.
II - A Soberania de Nosso Senhor (João 18: 5-9).
Fica muito claro em na história que João nos conta, que o Nosso Senhor controlava toda a situação. Ele era absolutamente Soberano em cada momento do episódio. Ele vai para o lugar que sabia que Judas conhecia e também iria. Ele se antecipa aos soldados e pergunta-lhes sobre quem procuravam. E quando eles informam que buscam a Jesus Nazareno, Ele afirma: Sou eu. E o ponto mais importante que mostra a sua soberania, é o fato de que quando ele diz "Sou eu", todos eles caem por terra. Aqui nós temos a revelação do Deus-homem, daquEle que é o “Eu sou” (Ex 3: 14), que apenas com uma palavra derruba todos os inimigos, sim, os fortes inimigos, experientes soldados, muito bem armados. Mas diante do Senhor eles não são nada. O Senhor Jesus Cristo é Deus soberano. Mas também observamos que Ele está controlando tudo no fato de que protege os seus amados até o final. Em tudo isso vemos a absoluta Soberania de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
III - O cuidado de Nosso Senhor (João 18: 8, 9).
Como já destacamos no ponto anterior, temos aqui o cuidado de Nosso Senhor com seus amados discípulos. Observemos que no versículo 8 Ele diz: “Já vos disse que sou eu; se, pois, me buscais a mim, deixai ir estes”. Ele não permite que os seus amados sejam presos naquele momento. Observamos que em seguida João diz que esta palavra de Nosso Senhor cumpre a sua promessa anterior de que nenhum havia perdido dos que o Pai lhe deu (João 17: 12). É interessante também notar, que João põe em pé de igualdade a Palavra de Cristo com a palavra profética, conforme o que ele diz mais adiante na narrativa. A palavra de Jesus é a palavra de Deus. Ele é o verbo de Deus, aquele que nos trouxe a revelação do Pai.
Porém precisamos explicar o porquê deste texto dizer que o Senhor cumpre a sua palavra anterior de proteção aos seus discípulos, quando aqui se trata de um livramento físico, e lá se referia de um livramento espiritual. Na verdade, a explicação está em que Nosso Senhor ao proteger os seus discípulos fisicamente, estava visando o bem maior, que é o bem espiritual. A verdade de todas as Escrituras, é que o Senhor Deus apenas permite males físicos aos seus filhos, tendo em vista maiores benefícios, o que diz respeito a vida espiritual. O Senhor sabia que naquele momento os seus discípulos não poderiam suportar aquela grande tribulação de serem presos. Eles ainda não estavam preparados. Por isso o Senhor os livrou de sofrer este mal naquele momento.
IV - A a dureza do coração dos inimigos de Cristo (João 18: 2, 3, 7).
É muito impressionante observarmos que Judas, depois de ter passado tanto tempo ao lado de Nosso Senhor, ouvindo sua pregação, participando de seus ensinos mais aprofundados junto aos seus 12 apóstolos, tendo visto seus muitos e muitos milagres, agora está do outro lado, do lado dos inimigos, do lado daqueles que queriam prender Nosso Senhor. É muito importante notarmos que é possível alguém estar tão perto de Cristo, e ainda assim ser um traidor e seu inimigo. É possível que alguém esteja fisicamente próximo ao Senhor, recebendo a sua Palavra, as ministrações do Evangelho de Cristo, e ainda assim, no coração, estar tão longe dEle, e ainda assim, no coração, estar com os inimigos de Cristo.
Também notamos a dureza do coração pecador no caso dos soldados, que mesmo depois de terem caído e sido humilhados, debaixo de uma única palavra de Nosso Senhor, se levantam, dizem o Seu Nome, e o prendem. Não há arrependimento, não há quebrantamento, mesmo depois daquele evidente demonstração de que Aquele não era um homem normal, mas o Deus-homem. De fato um coração humano endurecido, para que se converta, precisa ser objeto da Graça de Deus, que muda o coração de pedra para um coração de carne, quebrantado, arrependido, cheio de fé no Senhor Jesus Cristo.
V - Conselhos:
1 - O amado Salvador amou os seus até o fim (Jo 13: 1). Ele se entregou voluntariamente para morrer por eles, indo para onde Judas podia encontrá-lo (Jo 18: 1, 2), e apresentando-se diante dos muitos soldados que vieram prendê-lo (Jo 18: 3, 4). Este é o Nosso Amado Salvador e Senhor. Sendo crentes nEle, que prossigamos na fé, que nos alegremos, e somente nEle esperemos, e o amemos continuamente, em profunda gratidão.
2 - Não foram os soldados do poderoso Império Romano, e os oficiais dos sacerdotes e fariseus, os que prenderam Nosso Senhor, como fariam a um simples e frágil homem (João 18: 3), pois, Ele, como o Deus-homem, jogou-os por terra apenas ao dizer: Sou eu (João 18: 6). Na verdade, foi Ele que se deixou capturar, para que fosse morto por nossa salvação. Ele estava no controle de tudo. Por isso, não precisamos temer nenhum governo humano perseguidor, ou qualquer outra ameaça. Ao contrário, devemos ser cheios de amor, gratidão e alegria, por tão maravilhosa salvação, andando nesta vida em paz. A paz que procede da fé na absoluta soberania do Rei Jesus.
3 - Quando voluntariamente Nosso Senhor se entregou para ser preso, não permitiu que seus discípulos também o fossem (João 18: 8 ,9). Ele sabia que ainda não estavam preparados para tão dura prova. Nosso Amado Salvador não perde nenhum dos que o Pai lhe deu, sabendo dosar aflições físicas, de forma a que nunca causem males espirituais, mas apenas o bem (João 18: 9, Rm 8: 28). Que nestas verdades descansemos quando passarmos por sofrimentos.
4 - Judas esteve ao lado de Cristo por muito tempo. Mas naquela memorável noite, ele estava com os soldados que iam prendê-lo (João 18: 2-5). Mais que isso, ele os conduziu. Sim, Judas esteve com Cristo fisicamente por muito tempo, mas na verdade, no coração, sempre esteve com os soldados e inimigos. Como é solene o pensamento de que é possível estar tão perto da ministração da Palavra de Cristo, quando na verdade o coração está muito longe dEle. Que isso nos alerte contra o falso cristianismo.
*Esboço do sermão de 02 de outubro de 2022 ministrado na Igreja Batista Reformada no Tapanã.

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