O perigo do Bolsonarismo para o Movimento Reformado – Manoel Coelho Jr.

"Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz"

1 Pedro 2:9

Para entender melhor o assunto, dentro do seu contexto mais amplo, recomendo o meu texto anterior, e o vídeo que gravei, apresentado algumas reflexões e aplicações, pois continuarei do que já disse por estes meios.

Leia o texto aqui:

https://procurandoverdadebiblica.blogspot.com/2020/07/a-contaminacao-do-presidente-o-massacre.html

Assista o vídeo aqui:

https://www.youtube.com/watch?v=yYclKcSD8XQ&feature=youtu.be

No texto eu tentei definir o Bolsonarismo como uma "bolha de pensamento", o que impede a reflexão realista à luz da Palavra de Deus. Assim me expressei:

Triste é observarmos a cegueira de muitos evangélicos. Estes se fecharam no que chamarei de "bolha bolsonarista". Tendo votado no presidente pelo antipetismo e pelas causas conservadoras, não enxergam nada além deste voto original. Julgam tudo por isso, e justificam, racionalizam todas as ações irresponsáveis e danosas de Bolsonaro, considerando-o sempre um perseguido por esquerdistas, por "comunistas" que estão nos governos, no legislativo, e no poder judiciário. Nesta bolha de pensamento eles justificam sempre e sempre o presidente, fecham os olhos para suas práticas danosas, e para as investigações de indícios de crimes, sempre explicando tudo por uma "conspiração esquerdistas, comunista". É uma posição absolutamente acrítica, ingênua, tornando-os manipuláveis por qualquer narrativa ilusória. Nunca os vemos denunciar o Governo Federal, mas apenas governadores, deputados, juízes, e a imprensa, ou qualquer que discorde. Há graves problemas nos governos, no legislativo, no judiciário e na imprensa? Sim, sim. Mas há também no Governo Federal. Mas esses evangélicos não enxergam isso. Estão na bolha. Só enxergam na bolha.

Continuemos observando que nesta "bolha de pensamento" está a idolatria política, onde se idolatra o próprio voto, a ideologia, e aquele que a personifica, isto é, o presidente. É idolatria porque Deus não é mais ouvido, de forma que Sua Palavra, Seus Mandamentos, não julgam, porém o padrão de julgamento passa a ser a vontade de defender o ídolo. Neste sentido os perigosos são os que denunciam ou se opõem, sendo tachados em sua maioria de comunistas, esquerdistas, pessoas que lutam contra as causas cristãs. Daí criam-se versões, narrativas fantasiosas, descoladas dos fatos, que prontamente são aceitas pelos que estão na bolha. Aqui temos evidentemente a quebra do princípio do "Sola Scriptura". A Bíblia não é mais o Padrão, mas sim a vontade de defender o ídolo. Vinculado a isso está a confiança no que é meramente humano, no que o homem é capaz de fazer. Se na "bolha bolsonarista" está a ideia de que confiamos na ideologia e no que a personifica, ou seja, o Presidente, a consequência é que nossa confiança está posta no homem, o que é próprio a toda a espécie de idolatria. Logo quebra-se também o princípio do "Sola Gratia", pois não se espera mais em Deus e sim no homem, como também anula-se um dos Cinco Pontos do Calvinismo, isto é, a depravação total, visto que confia-se nos "recursos" que estão em Adão, e não em Cristo. A consequência será o afastamento do "Solus Chistus", e do "Sola Fide", como é característico de toda a religiosidade humana. Tudo evidentemente desembocará na anulação do "Soli Deo Gloria", pois tratando-se de idolatria, que consequentemente quebra os outros princípios, não se está glorificando a Deus, nem mesmo buscando sua glória em algum sentido genuíno, mas a glória do ídolo humano. No entanto, isso vem disfarçado de culto a Deus, pois a idolatria é um poder mui obscurecedor, que disfarça em adoração genuína. Concluímos que o Bolsonarismo é Antirreforma, é incompatível com o Movimento Reformado.

O problema se torna mais grave, porque normalmente se esquece que a idolatria não se manifesta somente no campo religioso, mas também no político. Assim, se negligenciarmos a luta neste campo, crendo que porque temos uma doutrina reformada, um culto reformado, uma piedade reformada, está tudo bem, podemos abrir as portas displicentemente para uma idolatria talvez mais sutil, e assim mais perigosa, a idolatria política, anulando tristemente nossas aparentes conquistas no campo da doutrina e do culto, pois um reformado deve ser reformado também na família e na política. A Igreja Reformada é Reformada ao ser Sal e Luz num mundo idólatra, o que sem sombra de dúvidas implica na luta contra a perniciosa idolatria política. A conclusão é que se capitularmos no campo politico, cedendo a Idolatria Bolsonarista, ou a qualquer outra idolatria política, desfiguraremos o Movimento Reformado, perdendo a genuína identidade reformada, tendo apenas doutrinas na mente sem aplicabilidade na vida do dia a dia, o que engloba a política. Isso é ser reformado? Mil vezes não. Um reformado é aquele que adora somente a Deus em Cristo servindo a Igreja, a família e a sociedade, como um culto exclusivo ao Senhor em palavras e vida, combatendo todas as trevas idolátricas, seja na religião, seja na família, no trabalho ou na política, sendo sal e luz. De fato a idolatria política é Antirreforma, sendo um perigo ao Movimento Reformado. Reflita seriamente nisso. Guarde isso: O veneno do Bolsonarismo é extremamente danoso ao Movimento Reformado, pois lhe é incompatível. Onde um estar o outro tem que se retirar, Possuem objetos de culto diferentes, bases diferentes, resultados diversos. Larguemos o Bolsonarismo. Prossigamos com a Reforma.

Uma observação: Como falei no texto anterior digo novamente que não entrarei em debates. Não é minha intenção. Apenas publico esta análise para que reflitam. Faço-o com sincero amor ao Senhor, aos meus irmãos, e ao meu país. Leia, pense, e reflita à luz das Escrituras. Se você for convencido, eu me alegro. Se não, me calo. Meu intuito é ensinar o que creio, não debater.

Que o Senhor seja conosco.