ESTUDO XXIV - CONHEÇAM QUE O ALTÍSSIMO DOMINA - Manoel Coelho Jr. Leia: Dn 4: 10-17.




Finalmente o rei conta o sonho a Daniel, que tem por propósito de fazer conhecido que “o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens, e o dá a quem quer, e até ao mais humilde dos homens constitui sobre ele” (4: 17). O próprio sonho mostra o domínio de Deus em cada aspecto da glória da árvore (Que simboliza o próprio rei em seu domínio), como em sua queda e preservação do toco. E como veio para isso, ou seja, para fazer conhecido o domínio de Deus, juntamente com os fatos que profetiza, que ocorreriam a Nabucodonosor, é evidente que isso não é reconhecido pelo rei enquanto se dá a sua glória (Veja 4: 30,31). Isto é, Nabucodonosor não estava consciente do domínio de Deus. Estava convencido de que todo seu domínio era fruto de seu próprio braço, de suas próprias forças. Isso se aplica a nós hoje em todos os benefícios que usufruímos em termos de dons, talentos, oportunidades e realizações. Estamos nos orgulhando, entendendo que tudo é fruto de nossas próprias forças, ou reconhecemos que são dádivas de Deus, e que Ele domina sobre nós?

Outra aplicação direta é sobre a nossa relação com os poderes e dons de outros homens, especialmente das autoridades públicas. Estamos idolatrando homens em suas capacidades e domínios? Estamos idolatrando governos e autoridades como se fossem nossos salvadores, como se deles viesse a força para nos ajudar, ou reconhecemos que o Senhor os domina, os levanta e concede-lhes capacidades, sendo portanto nosso Rei e Salvador. Temos nos ensoberbecido ou gloriado em homens, ou reconhecido que Deus domina? O sonho é para conhecermos que Deus domina. Na verdade a atitude cheia de orgulho humano é totalmente contrária ao Evangelho. Já a humildade diante de Deus como Rei, está no cerne do Evangelho, que nos ensina que o poder vem de Deus. Vamos entender melhor o ensino do trecho nos seguintes pontos:
1 - A glória da árvore (10-12).
A glória da árvore, que simboliza Nabucodonosor e seu domínio, vem de Deus. Isso podemos ver nos seguintes aspectos:
A - Domínio que Deus dá (17, 10, 11).
Fica claro no verso 17 que todo o domínio vem de Deus. O sonho tem o propósito de mostrar que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens. Isso significa que toda glória de Nabucodonosor vem de Deus. Em última instância Deus deu a ele todo poder, todos os dons, todas as capacidades, todo o domínio e glória que possuía.
No sonho o rei vê uma árvore bem no centro da terra, significando que era central para o mundo. Também era forte e de grande altura. De fato crescia ao ponto de chegar ao céu. Era tão alta que podia ser vista até os confins da terra, o que mostra que o domínio de Nabucodonosor era poderoso e extenso, chegando a territórios distantes. Todavia o Senhor era Aquele Rei que lhe tinha concedido tal domínio.
B - Beleza que Deus dá (12).
Nabucodonosor também viu que as folhas daquela grandiosa árvore eram formosas. Ela não somente era de grande altura, mas também de grande beleza. Isso mostra que domínio de Nabucodonosor não somente era extenso e forte, mas também belo. O reino de de Nabucodonosor não somente era poderoso e extenso, dominando muitas nações, mas também era marcado pela beleza, pela glória que se podia ver. Neste ponto devemos afirmar que a beleza também vinha de Deus.
C - Feita sustentadora por Deus (12).
Já vimos que a árvore era altíssima, e estava no centro, além de possuir bela folhagem, mostrando o poder, a extensão e a beleza do reino de Nabucodonosor. Mas sua glória ia mais longe. A árvore também era o sustento e proteção para toda a carne. Era mui frutífera, de forma que sustentava a muitos animais. Estes se protegiam à sua sombra, e as aves moravam em seus ramos. Assim, o reino de Nabucodonosor estava sendo demonstrado como sustentador e protetor dos povos. Todos dependiam dele. Era um reino próspero e todos dependiam de sua prosperidade. Isso não significa que não havia injustiça e opressão. Sim, havia (Leia 4: 27). Mas mesmo assim, e até mesmo por isso, todos dependiam de sua prosperidade. Mais uma vez precisamos lembrar que todas as dádivas vinham de Deus. Dessa forma, o sustento do reino não vinha de Nabucodonosor, mas de Deus.
D - Mas o rei via tudo isso como sua obra, orgulhando-se (30).
O rei entendia em seu orgulho que era o autor do poder, da beleza e da prosperidade de seu grande reino. Era um ególatra e não um adorador. Atribuia a si o louvor de forma enlouquecida, e não ao que dominava e tudo lhe tinha concedido, o SENHOR. Mas isso é o problema de todos nós em nosso pecados e orgulho. Louvamo-nos pelos dons, pelos talentos, pelas áreas de nosso domínio, por nossa beleza e prosperidade, por nossas realizações. Também idolatramos a homens, a políticos, a intelectuais, a teólogos e pastores, a líderes em seus domínios, talentos e realizações. Esquecemos que tudo é dádiva de Deus. Mas o Evangelho nos faz ver que o poder pertence a Deus (Rm 1: 16). Verdadeiramente todos precisam saber que “o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens, e o dá a quem quer, e até ao mais humilde dos homens constitui sobre ele” (4: 17).
2 - A queda da árvore (13, 14).
A - O Vigia, um santo veio do céu com um decreto de derrubada da árvore: Deus derruba (13, 14a).
Este Vigia, um Santo, que aparece no sonho, é um anjo de Deus, santo ao Senhor, que vem anunciar fortemente o decreto do Altíssimo. Observemos que assim como Deus é Quem concede todos aqueles dons de poder, beleza, e sustento, é também o que traz este decreto que vai significar a cessação de todos eles. Deus é mostrado como absolutamente Soberano e independente de todos os homens, mesmo do poderoso rei Nabucodonosor. Fica evidente que o Altíssimo Reina soberanamente, e dEle vem o domínio dos homens.
B - Decreto: Árvore é derrubada, sustento e sustentados são retirados. Deus retira os benefícios.
O decreto traz a retirada dos dons de Nabucodonosor. Repentinamente a árvore é derrubada, as folhas sacudidas, os frutos espalhados. Os animais e aves que dependiam da árvore são afugentados. Isso vem para demonstrar que tudo depende do Altíssimo. Com o decreto se retirada os dons e aqueles que são sustentados por eles. Eis uma palavra que traz a justiça divina.
3 - O toco da árvore (15, 16).
Todavia, o decreto não traz somente a retirada dos dons e dos sustentados. Traz também a determinação de misericórdia. O toco da árvore é preservado. Isso demonstra que a queda não é definitiva. Haverá restauração, salvação. Outro detalhe digno de destaque é que o toco é atado com cadeias de ferro e bronze. Isso pode significar que ele estará preso à doença mental que o acometerá, ou indicava que seria guardado, que aquele não seria o seu final, que seria restaurado. Mas tudo isso implica em duas coisas:
A - Coração de homem para animal.
Isso indica que o Rei seria acometido de uma doença mental. Nabucodonosor era um poderoso rei devido, é claro, à sua capacidade mental. Mas isso lhe seria tirado. Ele se tornaria como um animal, absolutamente incapaz de reinar, sendo molhado com orvalho, e tendo sua porção com os animais.
B - Sete tempos - Depois retornará a glória, quando será reconhecido o domínio de Deus - Deus salva.
O Senhor salva. Toda a mensagem da Bíblia é que o Senhor é o Criador, Provedor, e Salvador. Se o Senhor não salvar a Nabucodonosor ele estará perdido. Mas Deus decidiu salvá-lo em sete tempos. Não há como definir exatamente estes tempos. Mas o Senhor os determinou e seriam cumpridos. Ao serem finalizados aquele toco voltaria a se tornar em árvore.
4 - O decreto sobre a árvore (17).
A - O decreto vem de Deus.
O decreto não vem de Nabucodonosor, nem de homem algum, ou qualquer outra criatura. Deus o determinou. O mesmo Deus que deu tudo ao rei, agora envia o decreto para a retirada dos benefícios. Se diz que o decreto vem dos vigias e por mandato dos santos, que são os anjos, porque eles são os mensageiros do Senhor, aqueles que cumprem suas ordens.
B - Para que conheçam que Deus domina.
Chegamos à verdade de que o sonho, o decreto, e os fatos que ocorrerão em consequência, tudo isto é para que “conheçam os viventes que o Altíssimo tem domínio sobre o reino de homens e o dá a quem quer, e até as mais humilde dos homens constitui sobre ele”. O Senhor está mostrando aos homens que Ele é o Rei, o Altíssimo. Que todos ouçam! Que todos conheçam esta verdade! O Evangelho de Jesus Cristo demonstra claramente essa verdade ao apresentar o Pai Criador, e como o Único que Salva em Seu Filho Amado, regenerando pelo Espírito.
5 - Conselhos:
1 - Que reconheçamos que Deus domina e demos glória a Ele em cada dom, talentos, realizações e áreas de domínio, não nos orgulhando. Louvemos mais ainda pela salvação operada em nós por meio de Cristo. Que reconheçamos que o Senhor “dá a quem quer, e até as mais humilde dos homens constitui sobre ele”. Toda a Glória seja a Ele somente.
2 - Demos graças pelos ensinos que o Senhor tem nos dado na Palavra e na Providência, para nos mostrar que Ele domina. Você ja tem experimentado que precisa de Deus em tudo? Lembra de Pedro? Cheio de orgulho ele disse que jamais negaria ao Senhor, e até resistiu ao alerta de Cristo. Então se viu na casa dos inimigos do Senhor e se se amedrontou e o negou diante da porteira (Lc 22: 31-34; Jo 18: 13- 17). Não façamos como Pedro. Tomemos para nós, como um alerta para nosso orgulho atual, o sonho de Nabucodonosor, a Palavra de Deus, como também os ensinos do Senhor em sua providência. Lembremos que Deus retirou os benefícios de Nabucodonosor para lhe mostrar que é o Rei.
3 - Não confiemos no poder dos reis, mas no Senhor. Nosso orgulho nos leva tanto a valorizar as nossas realizações como também as realizações de outros homens. O orgulho nos leva a não vermos as dádivas de Deus por meio dos homens em seu poderes e domínio, mas como realizações meramente humanas. Escolhemos os homens como ídolos. Isso é tão frequente com relação a políticos e outros tipos de líderes. Podemos até mesmo idolatrar pastores. E em tempos tenebrosos como os nossos, em que vemos tantos cristãos professos porem suas esperanças em governantes, o ensino do sonho que o Senhor deu a Nabucodonosor é: “Que conheçam os viventes que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens, e o dá a quem quer, e até ao mais humilde dos homens constitui sobre ele” (4: 17). Governantes devem ser honrados, respeitados, e por eles devemos orar. Mas esperar salvação neles, como se fossem salvadores, é idolatria, pois o poder pertence ao Senhor e ao Seu Ungido, Seu Filho Jesus Cristo (Sl 2). Adoremos somente ao Senhor.
4 - Que todos creiam em Cristo, se humilhando diante de Deus. O Evangelho nos humilha. Somos orgulhosos porque a queda em Adão nos levou a egolatria. Servimos a nós mesmos, e atribuímos nossos talentos, dons, e realizações à nossa força, como fazia Nabucodonosor, e não glorificamos ao Deus que dá talentos e domínios. Mas em Cristo, que morreu por pecadores como nós, descobrimos que somos pecadores orgulhosos, merecedores por isso apenas de condenação, tendo salvação somente no Poder de Deus em Cristo. O Evangelho é o Poder de Deus (Rm 1:16). Então nos humilhamos, nos arrependendo e crendo em Cristo. Você já se humilhou diante de Deus? Você já se arrependeu? Já creu em Cristo como Senhor e Salvador?
5 - E você crente tem andado orgulhoso de seus talentos, dons e realizações? Ou você tem idolatrado homens em seus talentos, dons e realizações? Então vá a cruz de Cristo e medite na graça de Deus sobre sua vida, e no poder do Deus que lhe salvou sem sua força, pois você só tinha fraqueza, então se humilhe. Vá a Cruz todos os dias e medite em oração, clamando a pela graça da humildade, lembrando: “o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens, e o dá a quem quer, e até ao mais humilde dos homens constitui sobre ele” (4: 17).
*Esboço da exposição ministrada na Igreja Batista Reformada do Tapanã, em 25 de fevereiro de 2024. Venha ouvir estas exposições aos domingos, às 19h. Endereço: Conjunto Tapajós, Rua Búzios, Número 35, Bairro do Tapanã em Belém do Pará.

**Somos um pequeno grupo cristão plantando nossa Igreja no bairro do Tapanã em Belém do Pará. Considere orar por nós. E se desejar nos ajudar no trabalho local e pela internet, nos envie sua contribuição pelo Pix...

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