ESTUDO XIV - OS CALDEUS INVEJOSOS ACUSAM. Dn 3: 8-12 - Manoel Coelho Jr.


Aqui temos a acusação dos inimigos dos três jovens piedosos, que aproveitam a situação para derrubá-los, movidos por inveja e ciúme, pois desejavam seus cargos. No estudo passado, vimos que uma das artimanhas de Nabucodonosor para impor a idolatria era a sua tentativa de seduzir a multidão pelo brilho da gigantesca estátua de ouro, e pela bela música com muitos instrumentos. Ora, estes acusadores já tinham sido seduzidos pelos ídolos do rei. Eles viviam para a glória materialista babilônica.  Eis aqui homens que vivem para este tipo de coisa, isto é, para o poder e glória do mundo. Na verdade, cada atitude humana é uma questão de adoração. Os acusadores adoram o mundo e o seu poder. Para consegui-lo, eles acusam os adoradores do Senhor. Veremos que isso mostra um processo que começa na adoração, e segue para a bajulação, acusação, e expressão de ingratidão. Venha meditar comigo para entender melhor na graça do Senhor:  


I - A inveja dos caldeus (2: 2; 3: 8).


Como já disse, tudo é uma questão de adoração. Todas as pessoas em cada ato, em cada plano, e no mais profundo do coração e em seus desejos, estão sempre adorando algo ou alguma coisa. No caso que estamos estudando, os acusadores adoram o poder babilônico. Fica claro, pelos textos anteriores de Daniel, que esses homens tinham perdido muito com a elevação dos três jovens que agora são acusados. Vimos no capítulo 2 como Daniel conseguiu interpretar o sonho do rei, e também como intercedeu pelos seus três amigos, conseguindo que fossem postos como administradores dos negócios da província da Babilônia. O próprio Daniel foi elevado a governador da província, e como aquele que estava acima destes sábios (Dn 2: 48, 49). Podemos entender que estes chamados “caldeus”, que são os acusadores, se referem a parte daquele grupo de sábios e encantadores que são mencionados desde o início do livro, sobre os quais Daniel foi posto e seus amigos foram exaltados (Veja Dn 2: 2). Estes homens, tendo ficado muito invejosos dos judeus, agora vêem uma oportunidade de se livrarem deles e assumirem seus cargos.  Eles adoravam o poder, e por isso invejavam os judeus que o haviam conseguido.


Portanto, podemos afirmar que a raiz da inveja é a idolatria. O ser humano deseja o que adora, e sente-se invejoso contra o próximo que o consegue. A idolatria é uma escravidão ao ídolo, que produz outra escravidão, a da inveja, quando a pessoa não consegue alegrar-se com o bem do proximo, sendo que este bem lhe representa um ídolo. Dessa forma passa a odiar e invejar aquele que é beneficiado no lugar dele. Apenas a adoração ao verdadeiro Deus, revelado em Seu Filho Jesus, pode libertar dessa escravidão.      


II - A bajulação dos caldeus (3: 9). 


Os invejosos se tornam bajuladores. Eles não são sinceros em relação às pessoas, pois são movidos pela idolatria. O que importa é alcançar o ídolo desejado. Isso nós observamos nestes homens. Eles chegam diante do Rei e dizem: “Ó rei, vive eternamente”. Eles bajulam, dizendo que desejam o bem do Rei. Mas o tempo todo eles não estão se importando com Nabucodonosor sinceramente. É interessante que quando chegamos ao capítulo quatro, na ocasião em que o rei teve um sonho, do qual a interpretação lhe era contrária, Daniel ao dar a notícia o faz com pesar dizendo: “Senhor meu, seja o sonho contra os que te têm ódio, e a sua interpretação aos teus inimigos”. Daniel servo do Senhor é sincero com Nabucodonosor, mas os caldeus não são sinceros. A diferença é que Daniel adora o Senhor, e por isso quer o bem do rei, enquanto que os caldeus adoram o poder, e verdadeiramente não se importam com o rei, desejando apenas agradá-lo com palavras para conseguir o poder idolatrado. A linguagem bajuladora é a arma verbal dos invejosos idólatras. No entanto, o homem que adora ao Senhor é sincero nas palavras, porque ama ao Senhor e ao próximo.  


III - A acusação dos caldeus (3: 10-12; 6: 1-).


A falta de se submeter ao rei, e a falta de adoração ao seu ídolo, foi a acusação. O fato era verdadeiro. Os três jovens não tinham adorado realmente. Mas a questão é: Quem está na posição certa? Os caldeus e toda a multidão que se dobra diante do ídolo do Rei, ou os judeus que não adoram a estátua? Ora, no final do capítulo o próprio Nabucodonosor dirá: “Bendito seja o Deus de Sadraque, Mesaque e Abednego, que enviou o seu anjo, e livrou os seus servos, que confiaram nele, pois violaram a palavra do rei, preferindo entregar os seus corpos, para que não servissem nem adorassem algum outro deus, senão o seu Deus”. Observe: “violaram a palavra do rei, preferindo entregar os seus corpos, para que não servissem nem adorassem algum outro deus, senão o seu Deus”. Os judeus estavam certos em não se submeter ao rei, e não a multidão idólatra. Os judeus estavam certos em prestarem culto somente ao Senhor, e não à estátua de Nabucodonosor. Aprendemos aqui que a idolatria cega o entendimento e leva os homens, como estes caldeus, a trazerem acusações injustas contra exatamente aqueles que estão na posição correta, a posição de se manterem firmes na adoração ao Único Deus verdadeiro, ao SENHOR.   


IV - A ingratidão dos caldeus (2: 24).


Daniel os salvou e eles querem matar seus companheiros. E quando isso ocorreu Daniel contou com as orações e apoio exatamente daqueles companheiros, daqueles três judeus que os caldeus desejam agora que morram. Lembra o que disse Daniel a Arioque quando o Senhor lhe deu a interpretação do sonho do rei, o que salvaria da morte a todos os sábios? Ele disse: “Não mates os sábios de babilônia; introduze-me na presença do rei, e declararei ao rei a interpretação”. Mas agora os caldeus, parte daqueles mesmo sábios, dizem: “Tu, ó rei, fizeste um decreto, pelo qual… qualquer que não se prostrasse e adorasse, seria lançado dentro da fornalha de fogo ardente. Há uns homens judeus, os quais constituíste sobre os negócios da província de Babilônia… estes homens, ó rei, não fizeram caso de ti; a teus deuses não servem, nem adoram a estátua de ouro que levantaste”. Em outras palavras, enquanto Daniel dizia, com o apoio de seus companheiros, “não mates os sábios”, parte destes mesmos sábios com estas palavras estão a dizer: “Os companheiros de Daniel devem morrer”. Quanta ingratidão! Mas é exatamente assim que ocorre.  A idolatria conduz à inveja, e a inveja, por sua vez, torna os homens e mulheres bajuladores, e os conduz à ingratidão contra aqueles que outrora estenderam a mão para ajudá-los. A cura para tudo isso é Cristo, que nos traz salvação de todo o pecado, nos faz adoradores do verdadeiro Deus, e assim, nos liberta da idolatria, da inveja, da bajulação, e da ingratidão, fazendo-nos amantes de Deus, e humildes servos uns dos outros em amor, no Espírito Santo, para a glória do Pai.      

 

 V - Conselhos:


1 - A quem adoramos? A Deus em Cristo ou ao poder humano? Esta é a principal questão de nosso texto. O que faz a diferença entre Sadraque, Mesaque e Abednego e aqueles caldeus, é que os jovens judeus adoram ao Senhor somente, enquanto que os caldeus adoram o poder da babilônia.  E você? Tem servido ao poder ou a outros ídolos? Olhe para Cristo, creia em Cristo e arrependa-se de seus pecados, arrependa-se da idolatria, e então será um adorador do verdadeiro Deus no poder do Espírito Santo. E se você já creu, continue olhando para Cristo. Mortifique toda a raiz da idolatria em Cristo, conhecendo-o mais e mais, prosseguindo em confiar nEle, arrependendo-se continuamente do pecado, crescendo no Senhor. Então o amará mais e mais, e o adorará com crescente ardor, vencendo toda a idolatria.  


2 - Adoremos a Deus e não bajulemos quem quer que seja. A bajulação é artimanha dos idólatras invejosos, que se tornam insinceros com o próximo, não se importando com eles, desejando apenas os ídolos por meio deles. Por isso bajulam, elogiam exageradamente, tudo para agradar. Mas em Cristo temos libertação da insinceridade e bajulação, pois já temos Nosso Deus, Nosso Deus Verdadeiro, não necessitando bajular a ninguém. Agora podemos amar a Deus e ao próximo, lhes dizendo o que realmente vai em nosso coração. Dessa forma, adoremos a Deus em Cristo, e não bajulemos a ninguém, mas sejamos sinceros em amor. 


3 - Adoremos a Deus, e assim, não acusemos os que não adoram falsos deuses. Na medida que amamos ao Senhor, nos tornamos pessoas que discernem bem as ações dos verdadeiros adoradores, nos agradando de sua fidelidade e firmeza no Senhor, aprovando-os. Estaremos, então, do lado certo. Portanto, aproxime-se mais e mais de Deus em Cristo, amando-o e adorando-o, o que lhe guardará de acusações levianas contra a fidelidade de servos de Cristo.     


4 - Adoremos e não sejamos ingratos. A adoração a Deus em Cristo nos livra da idolatria, da inveja, e da consequente ingratidão. Em Cristo passamos a amar o próximo, desejar seu bem, sendo-lhes, inclusive, leiais e gratos, por terem nos ajudado outrora, honrando-os no Senhor, como instrumentos de Deus para nosso benefício. Ouça bem: Guarde-se da ingratidão, adorando e amando ao Senhor em Cristo. Quando amamos a Deus, passamos a ser servos uns dos outros, apoiando e sendo apoiados em amor, expressando gratidão e lealdade no Senhor.    


*Esboço do sermão do Culto Público de 12 de novembro de 2023.

Venha ouvir estas exposições em nossos cultos de domingo às 19h.

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