Pensamentos à luz das Escrituras sobre se é possível um Cristão Genuíno cometer Suicídio – Primeira Parte – Manoel Coelho Jr.

I – INTRODUÇÃO:

Filho meu, não te esqueças da minha lei, e o teu coração guarde os meus mandamentos. Porque eles aumentarão os teus dias e te acrescentarão anos de vida e paz.

Provérbios 3:1,2.

Como a Fé cristã lida com as questões da Depressão e Suicídio? Esta foi a questão posta diante de dois famosos teólogos reformados em um evento. Em suas respostas estes irmãos assumiram a possibilidade de um cristão genuíno se suicidar e o ponto acabou por se limitar a seguinte questão: Um crente genuíno perde a salvação se cometer suicídio? Tenho grande respeito a estes irmãos e com eles muito tenho aprendido, e os considero como instrumentos de Deus em sua Graça para trazerem grandes benefícios a muitos em nosso país ao proclamarem corajosamente as Doutrinas do Evangelho. Admiro também o fato de não se negarem a responder a uma questão tão difícil e delicada com alguma evasiva, mas sem pestanejar, assumiram uma posição clara e firme com o intuito de ajudar pessoas que passam pelo terrível pensamento de suicídio, como a familiares que perderam seus queridos desta forma tão trágica. Estes amados teólogos são pastores e assim, como todo pastor, precisam lidar com questões complicadas o tempo todo tendo de respondê-las de forma mais bíblica possível auxiliando irmãos que muitas vezes estão perplexos ante aos imensos desafios deste mundo de pecado. Mas respeitosamente quero sugerir que é preciso tratar do assunto do suicídio de forma mais abrangente em termos de doutrinas cristãs para que se tenha uma visão mais precisa deste assunto tão sério e delicado. Assumir peremptoriamente que um cristão genuíno pode cometer suicídio sem explicar o assunto, ou sem demostrá-lo biblicamente com mais clareza, não é algo sem importância. É na verdade restringir demais a questão ao ponto de perdermos o todo, com a consequência natural de não podermos ver as coisas conforme realmente são. Em qualquer questão isso pode gerar problemas e sérias consequências. E o que dizer quando se trata de algo tão sério como o gravíssimo problema do suicídio? Assim, com todo o respeito e amor, preciso dizer a estes irmãos e a todos que quiserem tratar do assunto que é necessário olhar a questão no seu todo para que tenhamos uma visão mais clara do assunto e evitemos consequentes problemas sérios.

Para explicar melhor o que estou dizendo chamo o leitor a pensar comigo nas questões pertinentes ao assunto e a relação que elas mantém entre si necessariamente.

Pense:

A – Um cristão genuíno ao cometer suicídio perde a salvação?

B – Um cristão genuíno pode chegar a cometer o suicídio?

Se olharmos para a questão A, não há dúvida que a resposta é um retumbante não. Ora, a salvação não se perde. A Justificação abrange os pecados passados, presentes e futuros. Assim podemos assumir que se um cristão genuíno cometer um suicídio ele estará salvo sem dúvida. Mas e a outra questão? E a questão B? Será que precisamos tratar dela de forma mais detida? Será que precisamos respondê-la com mais calma e com claros indícios das Escrituras de forma a não deixar excessivas dúvidas na mente dos ouvintes? É claro que sim! Não há dúvida que sim! Dou o seguinte motivo para isso:

Se eu não respondo com alguma clareza a questão B, eu também não posso responder a A, pois a A depende da B. Caso um cristão genuíno não possa cometer suicídio não se pode fazer a pergunta A. Não haverá sentido perguntar se um cristão pode perder a salvação se cometer suicídio se eu não dou algum indício claro de isso ser passível de ocorrer. Isso é evidente e portanto inquestionável.

Eu também não posso assumir, como infelizmente alguns têm feito em nossos dias, que todos os cristãos já sabem ou deveriam saber a resposta da questão B, pois há gradações de entendimento entre os crentes, há os de pouco conhecimento que precisam de mais paciência e cuidado (Veja por exemplo Romanos 14:1-15:7). Isso é ainda mais verdade quando se trata de algo tão delicado, de difícil entendimento, de consequências tão drásticas, como suicídio, e mais ainda: Suicídio entre cristãos. Quem pode assumir que consegue dar respostas definitivas sobre este assunto? Quem pode olhar para o outro e dizer: “Você ainda não sabe disso? Eu ainda preciso lhe explicar este fato tão obvio? Eu ainda preciso lhe dar tantas explicações?”? Assim é um ato de amor, humildade e paciência tentar esclarecer o melhor possível a questão aos que carecem de entendimento.

Assim neste texto desejo tratar deste ponto essencial nos seguintes termos: Um cristão genuíno pode chegar a cometer o suicídio? Isso é possível à luz das Escrituras? O que a Bíblia nos mostra a respeito deste fato? Não ouso dizer que darei respostas definitivas em relação a casos específicos e nem mesmo pretendo. O assunto é por demais complexo em si, e quando tratamos do destino eterno de alguém devemos assumir que no final apenas o Senhor o sabe. Por isso coloquei como título: Pensamentos à luz das Escrituras sobre se é possível um Cristão Genuíno cometer Suicídio. O que procurarei é pensar junto com o leitor sobre os indícios que as Escrituras nos dão, indícios que nos ajudam a refletir sobre a possibilidade ou não de um cristão genuíno cometer suicídio. Para onde a Bíblia aponta nesta questão? O que seu ensino nos sugere ou para onde nos direciona? Creio que isso iluminará cada leitor para que com firmes bases escriturísticas possa ver a questão de forma mais abrangente e então achar apoio a si mesmo e aos próximos. Na verdade escrevo este texto em primeiro lugar aos membros da Congregação onde sirvo como pastor. Creio que todo pastor reformado deverá se pronunciar orientando seus membros, pois após a divulgação do vídeo com as palavras dos teólogos, ocorreram intensos debates nas redes sociais levando muitos irmãos a pensarem no assunto. Isso, retirando o fato de muitas vezes infelizmente levar a exageros e ofensas, tem seu lado positivo no que se refere a fazer as pessoas pensarem num tema que pode estar esquecido naqueles que não vivem o problema, mas muito vivo nas mentes dos que tendem ao suicídio e familiares destes. Deus abençoe para que esta discussão leve a muitos a desistirem deste caminho de morte e seja de consolo para famílias que enfrentam problema. Deus nos ajude em seu Filho! Assim, ainda que primeiro escreva aos membros de minha Congregação, também resolvi publicar para que sirva de ajuda a outras pessoas.

Quero também dizer que não entrarei em debates, pois já estou aqui expondo o que creio, como vejo a questão. Tudo o que desejo é contribuir para reflexão e não debater. Desta forma, caso o nobre leitor chegue a discordar, já saberá o que penso sem que tenhamos que pisar novamente nos mesmos argumentos. Ainda assim ficarei muito grato se algum irmão de forma educada me mostrar nas Escrituras que meus pensamentos se afastaram em algum ponto de seu Puro Ensino. Neste caso, sendo convencido de seus argumentos pela Graça do Senhor, procurarei corrigir meu pensamento. Se eu mudar, lhe escreverei agradecendo e procurarei corrigir o texto numa futura publicação. Mas ainda assim não entrarei em debate público ou privado, pois já estou expondo meus pensamentos à luz das Escrituras.

Então minha pergunta neste texto é: Um cristão genuíno pode chegar a cometer o suicídio? Para analisar a questão seguirei os seguintes pontos:

1 – A Gravíssima Natureza Pecado do Suicídio à Luz das Escrituras.

Procurarei demonstrar a gravidade deste pecado conforme nos é apresentado claramente nas Escrituras.

2 – Uma breve análise das ocorrências e livramentos de suicídios nas Escrituras.

Aqui olharei brevemente para casos de suicídio, ou em que ocorreram livramentos deste mal, tendo como pano de fundo as definições do primeiro ponto, observando se ocorreram com crentes ou ímpios. Isso é muito significativo para nossa questão, pois não devemos achar que o Espírito Santo registrou estes eventos sem nenhum propósito.

3 – A Obra de Cristo na Vida do Crente e sua relação com o suicídio.

Aqui procurarei avaliar a questão à luz do Evangelho aplicado na vida do crente observando também os indícios que os pontos anteriores nos forneceram.

4 – Princípios Gerais sobre o assunto.

Tendo avaliado os pontos anteriores poderemos agora estabelecer alguns princípios gerais que nos iluminem sobre a questão e nos ajudem a respondê-la.

5 – Aplicações ao que possuem pensamentos suicidas.

Aqui procurarei, à luz do que foi dito, ajudar os que pensam em suicídio incentivando-os a que sigam o Caminho da Vida em Cristo.

6 – Aplicações aos Pastores e Igrejas.

Aqui procurarei, à luz do que foi dito, ajudar meus irmãos pastores e suas Igrejas a lidarem com este problema em termo de prevenção e atuação em casos concretos.

7 – Aplicações sobre a questão dos debates nas redes sociais.

Aqui procurarei dar conselhos bíblicos sobre como devemos debater assuntos tão delicados tendo em vista a edificação de todos e a acima de tudo a Glória de Deus. Este ponto é importante tendo em vista o que ocorreu nos debates sobre este caso e o que já vem ocorrendo costumeiramente em relação a muitos outros assuntos.

8 – Conclusões Finais.

Aqui procurarei fechar o texto com algumas conclusões à luz do que foi dito.

Vamos então seguir com o assunto e que o Senhor nos conceda sua Graça.

Continua…


*Pode ser copiado e distribuído livremente, desde que indicada a fonte, a autoria, e o conteúdo não seja modificado!

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