JESUS RESSUSCITOU - A PESCA MARAVILHOSA – Manoel Coelho Jr. João 21: 1-14.


.

Chegamos ao grande capítulo 21, o último capítulo do Evangelho de João. Há quem entenda que esse capítulo foi escrito por outra pessoa, devido ao fato de João ter feito uma conclusão no capítulo anterior. Mas parece-me difícil acreditar assim, pois o estilo é característico de João, e temos no versículo 24 a afirmação de que é ele quem testifica destas coisas. Dessa forma, podemos crer que foi João quem escreveu o capítulo com o propósito de dar mais evidências da ressurreição de Nosso Senhor e mostrar a missão dos discípulos.  Agora pensemos mais detidamente no trecho que vamos estudar agora, que vai do primeiro verso ao quatorze. Qual o propósito do texto e qual a sua utilidade para nós hoje? Penso que parte da resposta está exatamente no primeiro e no décimo quarto versículo, quando o João nos fala que Cristo se manifestou nesta pesca surpreendente, depois de ressuscitado dentre os mortos. Ou seja, temos aqui mais uma revelação de Cristo como vencedor da morte. Ele operou esse milagre como ressurreto dentre os mortos, comendo com os discípulos, o que posteriormente, Pedro na casa de Cornélio, relembra como evidência da ressurreição de Cristo, e base de seu testemunho em Atos 10: 37-43. E quando lembramos que Lucas narra uma pesca também maravilhosa (Lc 5: 1-11), que Jesus tinha operado, chamando os discípulos para serem pescadores de homens, podemos concluir que o propósito deste acontecimento foi dar mais uma evidência de que Cristo ressuscitou, para que eles pudessem testemunhar, tornando-se pescadores de homens, trazendo os homens para rede do Evangelho. Neste o propósito vamos aplicar o trecho às nossas próprias vidas hoje.


I - Insucesso humano na pescaria (1-3).

Alguns vão dizer que esta pescaria foi resultado do desânimo dos discípulos quanto a sua missão, fazendo-os voltar a sua antiga vida de pescadores. Mas o texto não afirma isso, e Nosso Senhor já tinha falado que os encontraria na Galiléia (Mt 26: 32, 28: 7, Mc 16: 7), que é para onde eles voltam, e onde ocorre a pesca. Assim, podemos crer que os discípulos tinham ido para Galileia para ali esperarem o Senhor, conforme já tinha dito. Dessa forma, decidiram pescar para que o tempo não fosse perdido, e não por motivo de desânimo. De qualquer forma, foi neste momento que Cristo se revelou a eles tão gloriosamente em mais uma pesca maravilhosa. Na verdade podemos observar que a história mostra um contraste importantíssimo entre a tentativa meramente humana de pescadores experientes de adquirir sucesso na empreitada, sendo frustrados, com o posterior sucesso debaixo do poder e autoridade do Cristo Ressuscitado. Este é o ponto do texto, ou seja, que nada poderiam fazer sem Cristo, especialmente em serem pescadores de homens. Isso só seria possível pelo poder e graça de Deus em seu Filho Jesus Cristo, que morreu e ressuscitou para nossa salvação. Assim, a obra de Deus, a evangelização, o fazer discípulos, o trazer os homens a rede do Evangelho, jamais aconteceria pelo esforço humano, as estratégias humanas, mas tão somente pelo poder de Cristo Jesus. Seria uma obra divina. Deus somente atrairia os homens ao ouvirem o Evangelho, e os poria em seu Reino. Os discípulos passaram a noite, mas não conseguiram nada. O resultado de se tentar fazer algo na proclamação do Evangelho pelo poder humano simplesmente será nulo. A pescaria é um verdadeiro milagre, é uma obra do poder de Deus em seu Filho Jesus. 


II - A pesca grandiosa debaixo da ordem do Cristo Ressuscitado (4-6).


Mas observemos agora o que ocorre. Cristo se revela como ressurreto dentre os mortos, depois de toda uma noite de trabalho inútil.  Finalmente Cristo aparece na praia, e discípulos não o reconhecem a princípio. Ele está mais ou menos a uma distância de 90 metros. Talvez porque ainda não era dia plenamente claro, e devido a distância, eles não puderam perceber que era Nosso Senhor. Mas agora Ele está lá. Ele faz uma pergunta: “Filho de tendes alguma coisa de comer?” Vejam a linguagem carinhosa, familiar de Nosso Senhor. Esta pergunta evidentemente espera um não como resposta. Então eles dizem “não”. Eles tinham passado toda uma noite de trabalho e nenhum resultado. Mas o Senhor lhes dá uma ordem para lançar a rede ao lado direito. A pescaria agora estaria debaixo da autoridade e da ordem Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, que se revelava como Aquele que tinha vencido a morte, o pecado, para salvação deles, ressuscitando, e que os enviaria para pescar homens, debaixo do seu poder e autoridade. Agora ele ordena que lancem a rede, e diz o lado que deveriam lançar. Surpreendentemente eles obedecem. Não sabemos exatamente porque assim eles agiram. Não será pelo motivo de perceberem, mesmo sem reconhecer que era Cristo, que havia ali uma autoridade divina na ordem? Enfim, eles obedecem. Então o resultado é um maravilhoso milagre. Aquilo que eles tinham tentado fazer a noite toda, acontece de forma muito maior e inesperada. São tantos peixes que eles não conseguem puxar para dentro do barco. É uma pesca maravilhosa! Mas mesmo assim a rede não se rompe (verso 11). A pesca estava debaixo agora da autoridade do Senhor Jesus Cristo. Conforme milagre anterior, narrado por Lucas capítulo 5, O Senhor os está chamando para serem pescadores de homens. Está lhes ensinando que isso seria debaixo do seu poder. Os homens que viriam, não viriam pela instrumentalidade deles, mas pelo poder de Deus. Eles deveriam seguir a sua palavra, a sua ordem, a sua orientação nesta pescaria, sem a qual a obra não poderia ser realizada, porque tudo seria por Ele, por seu poder, sua graça, de acordo com sua Palavra. 


III - O reconhecimento do Cristo Ressuscitado e reações consequentes (7-11).


Mais uma vez o primeiro a discernir o que está acontecendo é João. Ele percebe que se trata do Senhor. É João, ele novamente, assim como tinha sido o primeiro a crer que Jesus ressuscitara dentre os mortos ao entrar no túmulo vazio (Jo 20: 8). Lembra? Agora também é o primeiro que reconhece Jesus. No entanto, Pedro é o homem da ação, como também sempre ocorre. Imediatamente ao ouvir de João que se tratava do Senhor, ele Se cobre, porque possivelmente estava apenas com a roupa de baixo, se cobre em respeito ao Senhor, e pula na água e nada em direção a Cristo. Ele é o homem da ação. Ele é o homem da liderança. Ele já liderara na iniciativa da pescaria, e agora nada em direção a Cristo com santo zelo. Ele também é quem puxa a rede para terra, cheia de cento e cinquenta e três grandes peixes, quando o Senhor diz para trazerem peixes. No entanto, João é aquele que discerne rápido, entende logo a Verdade. Temos aqui uma combinação entre o homem que tem o discernimento mais apurado e rápido, com o homem que age mais prontamente debaixo deste discernimento. Na obra do Evangelho cada um tem o seu dom característico, dado e aplicado pelo próprio Senhor da obra de pescaria. Assim também notamos que os outros discípulos, conforme suas características, vem trazendo barco cuidadosamente até o Senhor Jesus, puxando a rede.


IV - O desjejum com o Cristo Ressuscitado (9-14).


Finalmente todos chegam a Cristo, e já encontram ali o desjejum, brasas e o peixe posto em cima, e pão. E o Senhor ordena  que trouxessem dos peixes que tinham acabado de pescar. Isso nos mostra que toda provisão vem do Senhor Jesus Cristo. E aqui podemos ver, meus queridos irmãos, que esta verdade se aplica mais especialmente a obra de pescaria no anúncio do Evangelho de Cristo, chamando os homens para o Reino de Deus em Cristo. O Senhor cuidará de tudo o que é necessário para esta obra, tanto no sentido espiritual, como material. Mas também se aplica às necessidades materiais do povo de Deus. O povo de Deus, os discípulos, não devem ficar perturbados e preocupados. O Senhor já tinha ensinado no sermão da montanha que aquele que alimenta os pássaros, aquele que cuida da criação, cuidará do seu povo (Mt 6: 25-34). Dele vem toda a provisão. E é maravilhoso vermos o Senhor providenciando desjejum, e distribuindo entre os seus discípulos o alimento. É uma demonstração do cuidado de Cristo Jesus, Nosso Senhor e Salvador, com seu povo em suas necessidades.


Percebemos, ainda, a reverência dos discípulos diante do Senhor. Tal reverência já tinha se manifestado quando Pedro se cobre, ao ouvir que se tratava do Senhor Jesus. Mas agora eles percebem que estão ali diante do Cristo ressuscitado. Isso lhes gera um espírito de reverência. Eles nem ousam perguntar quem Ele era. Há uma situação diferente da anterior. Agora Cristo venceu a morte. Eles gostariam de perguntar mais sobre a situação, mas não perguntam por reverência, e também por já saberem que se tratava do Senhor. No entanto, notamos a amabilidade de Nosso senhor, que os chama, os alimenta, que distribui a eles o pão e o peixe. Louvado seja Deus!


Mas o trecho encerra lembrando a realidade que no início já tinha destacado. Ali, naquele milagre, o Cristo ressurreto se manifestara mais uma vez, exatamente como Aquele que ressuscitou dentre os mortos, que venceu o pecado e a morte. E já era a terceira vez que isso acontecia, o que se refere evidentemente à revelação aos doze mais especialmente, pois a eles já se manifestara duas vezes. Era a terceira vez que ele se revelava a este grupo seleto, ainda que aqui não estivessem todos os doze na pescaria. Tratava-se de uma revelação, portanto, mais direta aos apóstolos, aqueles que seriam testemunhas oculares, e que deveriam anunciar isso aos outros como pescadores de homens (Atos 10: 37-43; Lc 5: 1-11), anúncio que chegou até nós hoje. Cristo está vivo! Cristo ressuscitou e se apresentou diante de muitas testemunhas que o viram, que o tocaram, que comeram com Ele (Atos 1: 3; 10: 39-41. E a pescaria deve continuar pelo anúncio contínuo da mesma mensagem apostólica. Cristo vive! Cristo ressuscitou! Cristo venceu o pecado e a morte! Todos devem crer nEle para ter vida eterna. Amém!


V - Conselhos:


1 - Nunca devemos tentar realizar a obra do Senhor Jesus Cristo pela instrumentalidade humana, pela capacidade humana, confiando no que é humano para a pescaria do Evangelho. Nunca devemos entender que a conversão de almas depende de nós, e que, portanto, devemos nos esforçar para alcançar os resultados que por nossos esforços. Não é assim que acontece. A pescaria é um milagre de Deus, que por sua Palavra nos orienta. O que devemos fazer é anunciar o Evangelho, descansando em seu poder que conduz os peixes, as almas para a rede. Ele é quem converte pecadores. Assim nunca devemos confiar na nossa própria capacidade para a evangelização deste mundo.


2 - Na obra de evangelização devemos proclamar apenas a Palavra de Deus, o Evangelho de Cristo. Se o Evangelho não for proclamado, não há pescaria. E devemos fazer isso confiando no poder do Senhor, como já mencionamos, que traz os pecadores, que os converte e dá a fé na medida que anunciamos. Não devemos buscar os resultados pelos nossos esforços, mas proclamar a Verdade clamando pela graça a Deus Pai, em Cristo seu Filho, no poder do Espírito Santo, para que converta pecadores. Por nós mesmo nada podemos fazer, e nem os pecadores podem se converter.


3 - Devemos observar que na obra de pescaria o Senhor tem usado cada um de acordo com os dons que ele mesmo deu. Não devemos pensar que todos terão a compreensão rápida como nós temos, talvez. Neste caso que instruamos nossos irmãos como João fez a Pedro, falando que era Cristo. Também não devemos pensar, se este for o caso, que todos terão a mesma ação rápida como a nossa, conforme Pedro. Na verdade Deus faz uma combinação, de acordo com os dons que Ele mesmo dá ao seu povo para a propagação do Evangelho, conforme aconteceu com Pedro e João, e os demais apóstolos que estavam no barco.


4 - Toda provisão vem de Nosso Senhor Jesus Cristo para a obra do ministério, tanto provisão espiritual quanto material. Assim não devemos nos desesperar, mas confiar nEle. O Senhor Jesus está cuidando de nós. O senhor está cuidando de todas as nossas necessidades, inclusive as comuns da vida, e é maravilhoso olharmos como ele cuidou dos apóstolos naquele dia. Devemos crer que aquele que alimenta os pássaros e veste as ervas, não deixará faltar o nosso pão. Devemos trabalhar e orar, crendo que o pão nosso de cada dia o Senhor nos dará. “Pão nosso de cada dia nos dai hoje” esta é a nossa oração. Amém!


5 - Você já creu no Senhor Jesus. Quero lhe apresentar o testemunho apostólico. Cristo ressuscitou para justificação de pecadores. Ele é o único Salvador! Somente Ele salva, Creia nEle  para que seja salvo. A salvação não vem por suas obras, nem pela sua justiça, mas apenas por Jesus. Arrependa-se de seus pecados e confie nEle para a sua salvação.


6 - Eu desejo, querido irmão, te alegrar no fato de Jesus, sim, sim, no fato de que Jesus ressuscitou! Se Ele ressuscitou está tudo bem. Ele domina os mares. Ele tem autoridade sobre os peixes. Ele cuida das nossas necessidades. Ele venceu o pecado, a morte, o mal. Ele pagou por nossos pecados, Ele ressuscitou e sobre o fato há testemunhas oculares. Se Cristo ressuscitou, sua morte sacrificial por nossos pecados foi aceita pelo Pai. Não importa o que aconteça, Jesus está vivo. Está tudo bem! Amém!


*Esboço do sermão do Culto Público de 28 de maio de 2023.

Venha ouvir estas exposições em nossos cultos de domingo às 19h.

IGREJA BATISTA REFORMADA DO TAPANÃ. Conjunto Tapajós, Rua Búzios, Número 35, Bairro do Tapanã em Belém do Pará.


**Você pode distribuir este material livremente. Pedimos apenas que indique esta pagina para mais pessoas serem edificadas na Verdade em Jesus.


***Somos um pequeno grupo cristão plantando nossa Igreja no bairro do Tapanã em Belém do Pará. Considere orar por nós. E se desejar nos ajudar no trabalho local e pela internet, nos envie sua contribuição pelo Pix...

batistatapana@bol.com.br

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Exposição de João 9:35-41 - Os cegos e os que “vêem” (Texto).

Somos como Maria ou como Judas?* – João 12:1-11 - Texto áudio e vídeo - Manoel Coelho Jr. .

Não vos deixarei órfãos* – Exposição de João 14: 18-20 – Manoel Coelho Jr.