As marcas distintivas de uma obra do Espírito de Deus* – I João 4 – Jonathan Edwards.
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Limitar-me-ei àqueles sinais dados pelo apóstolo no capítulo onde está o meu texto, onde este assunto é particularmente tratado, de modo mais claro e pleno do que em qualquer outra parte da Bíblia.
1 – Quando a operação é tal que
exalta aquele Jesus que nasceu da virgem e foi crucificado fora das portas de
Jerusalém; e quando a operação parece confirmar e firmar as mentes das pessoas
na verdade daquilo que o Evangelho nos declara acerca de ser Ele o Filho de
Deus e o Salvador dos homens, isso é um sinal seguro de que tal operação vem da
parte do Espírito de Deus. O apóstolo nos dá este sinal no segundo e no
terceiro versículos...[os quais falam da] confissão de que não só existiu uma
pessoa que apareceu na Palestina, tendo feito e tendo sofrido aquilo que se diz
a seu respeito, mas também que essa pessoa era Cristo, ou seja, o Filho de
Deus, ungido para ser Senhor e Salvador, como fica implícito no nome Jesus
Cristo...
O diabo está na mais intensa e
implacável inimizade contra essa Pessoa, especialmente no caráter de Cristo
como Salvador dos homens. O diabo odeia mortalmente o relato e a doutrina da
redenção em Cristo e jamais gera nos homens quaisquer pensamentos honrosos
sobre Ele...
2 – Quando o Espírito age contra
os interesses do reino de satanás, que
busca encorajar e firmar o pecado e fomentar as paixões mundanas nos homens,
isso é um sinal seguro de que temos aí um espírito verdadeiro, e não falso.
Esse sinal é dado no quarto e quinto versículos... por “o mundo”... o apóstolo,
como é claro, indica qualquer coisa que diga respeito aos interesses do pecado,
envolvendo todas as corrupções dos homens, todos aqueles atos e objetos
mediante os quais essas paixões são satisfeitas.
Assim, podemos determinar com
segurança, com base no que disse o apóstolo, que o espírito que assim atua
entre um povo, diminuindo, dessa forma, a paixão dos homens pelos prazeres,
lucros e honrarias do mundo, tirando de seus corações o afã por estas coisas,
levando-os a uma profunda preocupação com o estado futuro e a eterna
felicidade... e o espírito que os convence do horror do pecado, da culpa que o
pecado produz e da miséria a que o pecado expõe, forçosamente deve ser o
Espírito de Deus.
Não podemos supor que satanás
queira convencer os homens quanto ao pecado e despertar as suas consciências...
3 – O espírito que opera dessa
forma, dando aos homens grande consideração pelas Sagradas Escrituras e
firmando-os mais na veracidade e divindade delas, por certo é o Espírito de
Deus. A regra é dada pelo apóstolo no sexto versículo... “Somos de Deus”, ou
seja, “nós, apóstolos fomos enviados por Deus e nomeados por Ele para anunciar
e ensinar ao mundo aquelas doutrinas e instruções que devem servir de regra”;
“aquele que conhece a Deus nos ouve...” O argumento do apóstolo, neste caso,
também atinge todos aqueles que, no mesmo sentido são “de Deus”, ou seja, todos
aqueles que Deus designou e inspirou para darem a sua igreja a norma de fé e
prática, todos os profetas e apóstolos... em suma, todos os autores das
Escrituras Sagradas. O diabo jamais tentaria gerar nas pessoas consideração
pela Palavra divina... Um espírito iludidor nunca inclinaria as pessoas a
buscarem orientações da Palavra de Deus. O espírito do erro, a fim de enganar
os homens, haveria de gerar neles uma elevada opinião sobre a regra infalível,
inclinando-os a lhe terem grande estima e a si familiarizarem com ela?
O
príncipe das trevas haveria de conduzir os homens à luz do sol, a fim de
promover o seu reino de trevas?
4 – Outra regra para medirmos os
espíritos pode ser extraída do sexto versículo...se, observando o modo de
operar de um espírito que atua entre um povo, vemos que ele atua como espírito
da verdade, convencendo-as daquelas coisas que são verdadeiras... por exemplo,
se observamos que o espírito atuante torna os homens mais sensíveis do que costumavam
ser, quanto ao fato que Deus existe e que Ele é um grande Deus que odeia o
pecado; que a vida é breve e incerta; que há um outro mundo; que os homens
possuem almas imortais e terão de prestar contas de si mesmos a Deus; que são excessivamente
pecaminosos por natureza e prática; que eles são impotentes em si mesmos; e se
o espírito atuante confirma os homens em outras coisas que concordam com alguma
sã doutrina, então o espírito que assim atua é o espírito da verdade,
apresentando as coisas segundo o que realmente são... Portanto, podemos
concluir que não é o espírito das trevas que assim está descobrindo e
manifestando a verdade.
5 – Se o espírito que age entre
um povo opera como um espírito de amor a Deus e ao próximo, isso é um sinal
seguro de que se trata do Espírito de Deus. O apóstolo insiste sobre este sinal
desde o sexto versículo até o fim do capítulo...falando de modo expresso sobre
o amor a Deus e aos homens; sobre o amor
aos homens nos versículos 7, 11 e 12; sobre o amor a Deus nos versículos 17, 18, e 19; sobre ambos nos dois
versículos finais... O espírito que...
gera neles um senso de admiração e deleite quanto à excelência de Jesus
Cristo... conquistando e atraindo o coração ao amor, através daqueles motivos
sobre os quais o apóstolo fala...a saber, o admirável amor gratuito de Deus, ao
dar seu Filho Unigênito para que morresse por nós, e o admirável amor de
Cristo, ao se dispor a morrer por nós, que não tínhamos qualquer amor a Ele,
mas éramos antes seus inimigos, esse Espírito tem de ser o Espírito de Deus...
O espírito que...faz dos atributos de Deus, conforme nos são revelados no
Evangelho e manifestados em Cristo, objetos deleitáveis de contemplação, que
leva a alma a anelar por Deus, e por Cristo – pela presença dEles e pela
comunhão com Eles, pela familiaridade e pela conformidade com Eles, fazendo-a
viver afim de agradar e honrar a Eles; o espírito que pacifica desavenças entre
os homens, que confere uma atitude de paz e de boa vontade, que desperta atos
de bondade externa e que deseja ansiosamente a salvação das almas...essa é a
maior evidência da influência do verdadeiro Espírito divino.
*Texto de Jonathan Edwards, conforme citado por J.
I. Packer no livro “Entre os Gigantes de Deus” páginas 346 a 348.
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