PARA QUE TENHAM MINHA ALEGRIA – Manoel Coelho Jr. João 17: 13.


Temos aqui mais um relatório que Nosso Senhor apresenta ao Pai nesta preciosa oração. Afirma que tem falado certas coisas, para que seus discípulos experimentem plena alegria. Ao mesmo tempo, porém, trata-se de mais uma solicitação por eles, para que efetivamente experimentem tal alegria, apesar de um mundo mau, perseguidor e sedutor, que terão que enfrentar. Dessa forma, temos neste texto a apresentação da fonte da alegria cristã. Por outro lado, ao compararmos com outros trechos em que o Senhor trata do assunto no último discurso, descobrimos também o motivo da tristeza dos discípulos. Consequentemente, meu propósito no presente estudo é levá-los a reflexão sobre as seguintes questões: Temos experimentado a alegria cristã? Se não, por qual motivo? Por que andamos tristes? Afinal, como resolver isso? Qual a fonte da alegria cristã? Estas questões, que creio, brotam naturalmente do versículo, nortearão nossas reflexões.

I - Digo isto.
Quando o Senhor afirma que diz certas coisas para a alegria dos discípulos, a que se refere? Trata-se das palavras da oração sacerdotal, ou do último discurso que acabara de proferir? Parece-me claro que é uma referência primordialmente às palavras que acabara de pronunciar na oração. Todavia, quando lembramos de João 15: 11, creio que não exclui de todo as palavras do último discurso. Assim, acredito que o mais seguro é entendermos que a ênfase está nas palavras da oração sacerdotal, sem esquecer o que Ele já ensinou no último discurso, que evidentemente está muito bem relacionado à oração. Mas, enfim, o que sobressai com muita clareza aqui, é que a fonte da alegria dos discípulos é o que Cristo diz. Ou seja, a Palavra de Cristo é o que produz a alegria cristã. Temos aqui o direcionamento para que os discípulos naqueles dias, e nós, os crentes de hoje, saibam exatamente onde buscar a alegria: Na Palavra de Cristo.
Por outro lado, há também uma fonte de tristeza apresentada em João 16: 5, 6. Leiamos:
E agora vou para aquele que me enviou; e nenhum de vós me pergunta: Para onde vais? Antes, porque isto vos tenho dito, o vosso coração se encheu de tristeza
O último discurso, e especialmente a oração sacerdotal, apresenta o eterno propósito de Deus para a salvação daqueles que o Pai deu ao Filho, e como este decreto efetivamente se cumpre, dando a percepção aos discípulos de que há algo muito maior que o sofrimento presente. Este é o ponto de Paulo ao dizer: “E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou a estes também chamou; e aos que chamou a estes também justificou; e aos que justificou a estes também glorificou” Romanos 8: 28-30. Deus tem o propósito de fazer o bem aos seus eleitos, que consiste em levá-los à justificação em Seu Filho, à crescente santificação, e à glória, finalmente, para que estejam em Sua Presença, que é a alegria deles. Tudo está operando para este resultado, mesmo os tristes acontecimentos. Da mesma forma, a partida e morte de Jesus era para que em breve os discípulos pudessem estar com o Senhor para sempre na glória (14: 1-3; 17: 24). No entanto, a atenção deles, conforme João 16: 5, 6, era para o acontecimento em si da partida e morte do Senhor, e não para o que viria em seguida e como resultado, ou seja, o fato de Cristo estar indo para o Pai. Mas eles não perguntavam nada sobre o que significava esta volta de Cristo ao Pai. Eles só pensavam na triste realidade de Cristo sendo tirado deles. Eles não queriam compreender que a volta de Cristo ao Pai era a alegria deles, pois significava a Sua Vitória por consumar a Sua Obra, que também era a vitória deles, pois morria por eles (14: 28; 17: 4, 5). Tudo o que os discípulos faziam, naquela hora, era pensar na morte de Jesus, sem meditar que na verdade, ainda que fosse algo muito triste naquele momento, estava no propósito de Deus, para a salvação deles, e em breve viria a alegria por terem Jesus novamente (16: 16-24). A fonte da tristeza deles, portanto, era sua pequena visão, seu foco no sofrimento presente, sem levar em conta que tudo cooperava para a Glória do Pai em Cristo, e para o bem deles. A vida neste mundo é muito difícil e em breve morreremos, e como cristãos, somos perseguidos e tentados, e podemos até morrer por nossa fé. Se os cristãos apenas meditarem nestas terríveis realidades, sem pensar no propósito divino em tudo, e que neste propósito, o final é a glória com Cristo, ficarão tristes. Não poderão experimentar a alegria cristã. Mas ao contrário, os cristão devem se alegrar no Senhor (Fl 4: 4), por meio de ouvir o que Ele diz, para compreender a gloriosas realidades espirituais de Deus em Seu Filho Jesus, para os seus amados.
Por isso, os cristãos devem meditar com muito cuidado nas seguintes verdades que já temos estudado na oração sacerdotal:
1 - O Pai é glorificado no Filho, na dádiva de Vida Eterna aos que Lhe deu (17: 1-3).
2 - Eles já tem a Vida Eterna no Filho, que é conhecer o Pai nEle. Eles possuem o conhecimento mais importante, o conhecimento do Deus Verdadeiro, a alegria deles, estando já livres de enganosos ídolos (17: 3).
3 - O Filho já consumou a obra do Pai para a salvação deles, e como vencedor, voltou à glória, sendo exaltado (17: 4, 5).
4 - Eles já conhecem que Cristo veio de Deus Pai, por meio de Sua Palavra (17: 7, .
5 - Cristo orou por eles e não pelo mundo, pois são do Pai e do Filho (17: 9, 10).
6 - Cristo orou para que o Pai os guardasse do mundo, para que sejam um (17: 11).
7 - Cristo mesmo os guardou enquanto esteve no mundo, e nenhum se perdeu (17: 12).
8 - Perdeu-se apenas aquele que era o “filho da perdição”, conforme a profecia (17:12), mostrando que Cristo não foi surpreendido.
9 - Finalmente, Cristo orou para que eles tenham Sua Alegria completa (17: 13).
Estas verdades, mais as que ainda vamos estudar na oração, inundam os discípulos da alegria do Senhor, na medida em que pensam, meditam, e se firmam nelas. A Palavra de Cristo era a fonte de alegria, alegria completa, para aqueles primeiros discípulos, assim como a nós hoje.
II - Que tenham minha alegria.
Como vimos na introdução, Cristo aqui está também solicitando aos Pai para que os discípulos sejam plenos de Sua Alegria. Tal solicitação era a grande âncora de sua alma, para que tivessem segurança em solicitar este consolo ao Pai Celestial, conforme a oração do Filho. A alegria do Senhor estava disponível a eles, como também a nós hoje. Dessa forma, meditando na Palavra de Cristo, em suas consoladoras revelações do propósito eterno de Deus para os eleitos, e na realidade do cumprimento completo deste decreto, deveriam orar por esta benção da alegria, e a experimentariam, pois Filho já a solicitou ao Pai.
III - Que tenham minha alegria.
É muito interessante notarmos que tanto neste verso, como em João 15: 11, a bênção mencionada não se refere a qualquer alegria, mas a alegria de Cristo. E mais, isso se repete com relação ao amor e a paz, mostrando um contraste entre o que é do mundo, e o que é de Cristo. Assim, a verdadeira paz é a de Cristo, e não a que o mundo dá (14: 27). O mundo também possui um “amor”. Mas é amor no pecado, portanto falso (15: 19). Apenas em Cristo temos o amor de fato, por ser amor santo, conforme os mandamentos (15: 10). Podemos, portanto, fazer um paralelo em relação à alegria de Cristo, afirmando que é a alegria verdadeira, e não a que o mundo promete nos dar. Temos assim: O amor verdadeiro é de Cristo. A paz verdadeira é de Cristo. A alegria verdadeira é de Cristo (Jo 14: 27; 15: 10 11; 17: 13). Isso é um alerta aos cristão, para que nunca tentem achar amor, a paz, e alegria no mundo, mas apenas em Cristo.
IV - Conselhos:
1 - Meditemos continuamente nas palavras de Cristo nesta oração, e em todo o último discurso, para compreendermos o eterno propósito do Pai para nós em seu Filho, e experimentemos a gloriosa alegria cristã.
2 - Deixemos de olhar os sofrimentos presentes, e a morte, como também as perseguições, fora do contexto deste glorioso e eterno propósito de Deus Pai para nós em Seu Filho. Assim não seremos inundados de tristeza, mas ao contrário, de consolo e alegria na fé.
3 - Lembremos que Cristo orou ao Pai para que tenhamos a Sua Completa Alegria. Portanto, meditando em Sua Palavra, oremos ao Pai para que nos conceda esta maravilhosa bênção, conforme a Oração de seu Filho.
4 - Lembremos que a alegria verdadeira é a alegria de Cristo e não do mundo. Resistamos à tentação de nos alegrarmos no que o mundo oferece, o que não passa de engano. Temos algo infinitamente melhor e verdadeiro, ou seja, o que Cristo diz em Sua Palavra. Nela devemos nos firmar, experimentado assim a alegria dEle. A verdadeira alegria está em Cristo, pois nele temos a Vida Eterna, o conhecimento do Verdadeiro Deus.
5 - Nos alegremos no cuidado de Jesus nesta oração. É extremamente consolador vermos Ele solicitar que sejamos plenos de Sua alegria. Glória ao Redentor que tanto nos amou.
6 - Quero encerrar com um alerta: Tudo o que temos falado é somente para os que estão em Cristo pela fé. Fora dele tudo é ilusão do mundo pecador. Portanto lhe pergunto: Você já creu em Cristo? Já se arrependeu de seus pecados? Você pode ter esta esperança por já ter crido no Salvador, o Filho de Deus. Oh, pecador, creia em Jesus!

*Esboço do sermão do dia do Senhor, 15 de maio de 2022.

Leitura recomendada... A rara joia do contentamento cristão, por Jeremiah Burroughs. Adquira...
 

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