A dificuldade de o homem conhecer a si mesmo – Paulo Anglada.


O ser humano – sua origem, natureza, estado, etc. – é o tema deste livro. O assunto não será estudado do ponto de vista do próprio homem (humanista), cujo coração é enganoso e corrupto, mas do ponto de vista do Deus que o criou, conforme revelado na Bíblia.

Pode-se pensar que o assunto é de fácil compreensão. Afinal, nós próprios somos o objeto da presente investigação. Contudo, isso não é verdade. Por se tratar de uma auto-investigação, falta-nos objetividade. É difícil para o ser humano ver-se como realmente é. Conforme reconhece Basílio, “somos mais aptos a conhecer os céus do que a nós mesmos”. Ou, conforme observa Agostinho, “há algo concernente a pessoa humana que é desconhecido até para o próprio espírito do homem, que nele está”.

De fato, entre os diversos ramos da ciência, as ciências humanas são as menos exatas e as que manifestam menor avanço. O progresso das ciências exatas e biológicas é evidente. Contudo, que dizer das ciências humanas e sociais?  Pode-se honestamente afirmar que tem havido real evolução na compreensão da natureza, do comportamento e das relações humanas e, especialmente no desenvolvimento do seu comportamento e das suas relações? Existem hoje menos conflitos sociais do que no passado? Há menos guerras, mais entendimento, mais compreensão? Será que a conduta e os relacionamentos humanos, de fato, evoluíram? Penso que uma breve leitura dos jornais responde essas perguntas. As pessoas não se entendem, as nações se destroem, as famílias se desfazem, as escolas são depredadas, os homens se matam, as instituições humanas em geral encontram-se desacreditadas. Na qualidade de um ser moral e espiritual, o homem, distante do seu criador, é um fracasso.

Como se explica essa situação? Segundo a revelação bíblica, a causa de tudo isso está na queda em Adão, em razão da natureza humana depravada decorrente da desobediência dos nossos primeiros pais. O mundo é o que é hoje porque o homem trocou a verdade de Deus em mentira; porque ele se rebelou contra o conhecimento de Deus. Como resultado, o próprio Deus o entregou a uma disposição mental reprovável para praticar toda sorte de coisas inconvenientes. É por isso que as nações guerreiam, instituições se corrompem e governantes se corrompem. Por causa disso o homem mata, violenta sexualmente, sequestra e rouba. Devido a isso, empregados se revoltam contra os patrões e patrões exploram seus empregados. Por essa razão, filhos desobedecem aos pais e pais desprezam e abandonam seus filhos. Por causa da queda, crianças se drogam, mulheres se prostituem, e cônjuges adulteram. Pela mesma razão, as pessoas não somente se comportam dessa maneira, mas aprovam os que assim procedem, como lemos no capítulo primeiro da carta de Paulo aos Romanos.

A antropologia bíblica é a constatação do elevado estado em que o ser humano foi criado – à imagem de Deus – e o diagnóstico divino da enfermidade espiritual e moral do homem caído. A soterologia bíblica é o remédio divino para essa doença mortal.

Este texto é um excerto do novo livro de Paulo Anglada, Imago Dei – Antropologia Reformada, contido nas páginas dezenove e vinte. Para adquirir o livro clique aqui.

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